Boletim Focus: pela 1ª vez neste ano, mercado financeiro estima que não haverá estouro da meta de inflação em 2025

Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação de 2025 de 4,55% para 4,46%. A expectativa faz parte do boletim "Focus", divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central (BC), com base em pesquisa realizada com mais de 100 instituições financeiras na última semana. É a primeira vez desde dezembro do ano passado que a projeção dos economistas dos bancos fica abaixo do teto de 4,5% do sistema de metas de inflação. Desde o início de 2025, com a adoção do sistema de meta contínua, o objetivo é manter a inflação em 3%, sendo considerado dentro da meta se variar entre 1,5% e 4,5%. Isso quer dizer que, se confirmada a expectativa, não haverá "estouro" da meta de inflação neste ano fechado. No ano de 2024 fechado, e em doze meses até junho deste ano, a inflação ficou acima do teto do sistema de metas. ➡️A revisão na expectativa do mercado para um patamar abaixo do teto da meta aconteceu após a divulgação do IPCA de outubro, que somou 0,09%. Foi a menor taxa para o mês em 27 anos, algo que surpreendeu os economistas dos bancos (que projetavam um índice maior, de 0,26% no mês passado). O resultado foi influenciado, principalmente, pela queda de preço da energia elétrica residencial, que ficou 2,39% mais barata em outubro. Isso aconteceu porque a bandeira tarifária da vermelha patamar 2, para o patamar 1, com cobrança extra menor. A contenção das expectativas de inflação também é resultado do elevado patamar da taxa de juros, atualmente em 15% ao ano - o maior nível em quase 20 anos. De acordo com o BC, as decisões sobre a taxa de juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia, o chamado "horizonte relevante" para a política de juros. Deste modo, a convergência das expectativas de inflação para abaixo do teto do sistema de metas, em 2025, é resultado de decisões sobre a taxa de juros tomadas também nos últimos anos. Até o fim de 2024, o Banco Central era chefiado por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como a maior parte da diretoria da instituição. Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu o comando da instituição somente em 2025. E a partir deste momento, os indicados por Lula também passaram a ser maioria na diretoria do BC.

Nov 17, 2025 - 08:30
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Boletim Focus: pela 1ª vez neste ano, mercado financeiro estima que não haverá estouro da meta de inflação em 2025
Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação de 2025 de 4,55% para 4,46%. A expectativa faz parte do boletim "Focus", divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central (BC), com base em pesquisa realizada com mais de 100 instituições financeiras na última semana. É a primeira vez desde dezembro do ano passado que a projeção dos economistas dos bancos fica abaixo do teto de 4,5% do sistema de metas de inflação. Desde o início de 2025, com a adoção do sistema de meta contínua, o objetivo é manter a inflação em 3%, sendo considerado dentro da meta se variar entre 1,5% e 4,5%. Isso quer dizer que, se confirmada a expectativa, não haverá "estouro" da meta de inflação neste ano fechado. No ano de 2024 fechado, e em doze meses até junho deste ano, a inflação ficou acima do teto do sistema de metas. ➡️A revisão na expectativa do mercado para um patamar abaixo do teto da meta aconteceu após a divulgação do IPCA de outubro, que somou 0,09%. Foi a menor taxa para o mês em 27 anos, algo que surpreendeu os economistas dos bancos (que projetavam um índice maior, de 0,26% no mês passado). O resultado foi influenciado, principalmente, pela queda de preço da energia elétrica residencial, que ficou 2,39% mais barata em outubro. Isso aconteceu porque a bandeira tarifária da vermelha patamar 2, para o patamar 1, com cobrança extra menor. A contenção das expectativas de inflação também é resultado do elevado patamar da taxa de juros, atualmente em 15% ao ano - o maior nível em quase 20 anos. De acordo com o BC, as decisões sobre a taxa de juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia, o chamado "horizonte relevante" para a política de juros. Deste modo, a convergência das expectativas de inflação para abaixo do teto do sistema de metas, em 2025, é resultado de decisões sobre a taxa de juros tomadas também nos últimos anos. Até o fim de 2024, o Banco Central era chefiado por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como a maior parte da diretoria da instituição. Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu o comando da instituição somente em 2025. E a partir deste momento, os indicados por Lula também passaram a ser maioria na diretoria do BC.