Ministério Público de SP denuncia suspeito de ataque hacker ao sistema que liga bancos ao PIX

Polícia Civil prende em SP suspeito envolvido em ataque hacker contra o Banco Central O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ofereceu denúncia à Justiça contra João Nazareno Roque, suspeito de facilitar um dos maiores ataques hackers ao sistema financeiro brasileiro por meio de empresa que presta serviços a bancos menores e fintechs para realizar operações com o Banco Central, entre elas, o PIX. O suspeito, preso no início do mês, foi denunciado pelo crime de furto qualificado mediante fraude eletrônica. O MP também concordou com a instauração de um inquérito à parte para investigar o crime de associação criminosa, dada a complexidade e o número de agentes envolvidos. O ataque cibernético que afetou pelo menos seis bancos causou alvoroço no mercado financeiro no começo de julho. Mais de R$ 500 milhões de um dos bancos foram desviados via PIX em apenas duas horas e meia. Na ação, o MP solicitou que a prisão temporária de João Nazareno Roque seja convertida a prisão preventiva para garantir a ordem pública e econômica, a instrução criminal (risco de destruição de provas eletrônicas) e a aplicação da lei penal (risco de fuga). "A custódia cautelar é indispensável para quebrar o sistema comunicativo da associação criminosa e garantir a eficaz identificação de todos os envolvidos", diz trecho da ação assinada pelo promotor Rafael Adeo Lapeiz. Segundo o MP, entre 22 e 30 de junho, João Nazareno Roque, que trabalhava como operador de computador júnior na empresa C&M Software (responsável pela intermediação técnica de transações PIX para instituições financeiras como o Banco BMP), utilizou seu acesso privilegiado e violou seus deveres profissionais para subtrair quase meio bilhão de reais (R$ 479.388.468,03) do Banco BMP. Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o preso deu acesso pela máquina dele ao sistema sigiloso para os hackers que efetuaram o ataque. Aos 48 anos, ele começou como eletricista predial, foi técnico de instalação de TV a cabo e entrou na faculdade de tecnologia aos 42. Ele foi preso no bairro de City Jaraguá, na Zona Norte de São Paulo. Um vídeo mostra o momento da prisão dele. O g1 não conseguiu contato com a defesa do acusado. Em nota, a C&M Software diz que colabora com as investigações e que, desde que foi identificado o incidente, adotou "todas as medidas técnicas e legais cabíveis". A empresa diz também que a plataforma continua plenamente operacional e que, em respeito ao trabalho das autoridades, não se pronunciará publicamente enquanto os procedimentos estiverem em andamento. (Leia a íntegra abaixo.) LEIA MAIS: PERFIL: De eletricista a pivô de um golpe milionário no sistema financeiro: saiba quem é o operador de TI que entregou senha a hackers VÍDEO: Veja o momento da prisão de suspeito de vender a senha para ataque hacker a bancos INVESTIGAÇÃO: Hackers que cooptaram desenvolvedor trocavam celular a cada 15 dias ATAQUE AO PIX: Operador de TI recebeu R$ 15 mil para entregar senha a hackers, diz polícia; HISTÓRICO: Ataque hacker é um dos mais graves já registrados no Brasil À polícia, Roque disse que vendeu a sua senha por R$ 5 mil a hackers em maio e depois, por mais R$ 10 mil, participou da criação de um sistema para permitir os desvios. Ele relatou ainda que só se comunicava com os criminosos por celular e não os conhece pessoalmente. Além disso, contou que trocou de celular a cada 15 dias para não ser rastreado. Uma conta com R$ 270 milhões usada receber o dinheiro desviado já foi bloqueada. A investigação policial apura o envolvimento de outras pessoas. O caso veio a público quando a BMP, empresa que é cliente da C&M, registrou um boletim de ocorrência relatando que havia sido alvo de desvios milionários, e a C&M que reportou às autoridades um ataque às suas infraestruturas. A BMP perdeu, sozinha, R$ 541 milhões, segundo a polícia. De acordo com a C&M, criminosos usaram credenciais, como senhas, de seus clientes para tentar acessar seus sistemas e serviços de forma fraudulenta. Isso permitiu o acesso indevido a informações e contas de reserva de pelo menos seis instituições financeiras. O BC ainda não informou o nome de todas as instituições afetadas. Também não há confirmação oficial sobre os valores envolvidos no ataque, mas fontes da TV Globo estimam que a quantia pode chegar a R$ 800 milhões. João Nazareno Roque foi preso suspeito de envolvimento no ataque hacker ao sistema que liga bancos ao PIX Reprodução Abaixo, veja o que se sabe e o que ainda falta saber sobre o ataque hacker. O que aconteceu? A C&M Software reportou para o Banco Central um ataque às suas infraestruturas digitais. Esse tipo de ataque é conhecido pelo mercado como “cadeia de suprimentos” (“supply chain attack”, em inglês). Nele, invasores acessam sistemas de terceiros usando credenciais (como senhas) privilegiadas para realizar operações financeiras.

Jul 23, 2025 - 21:00
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Ministério Público de SP denuncia suspeito de ataque hacker ao sistema que liga bancos ao PIX

Polícia Civil prende em SP suspeito envolvido em ataque hacker contra o Banco Central O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ofereceu denúncia à Justiça contra João Nazareno Roque, suspeito de facilitar um dos maiores ataques hackers ao sistema financeiro brasileiro por meio de empresa que presta serviços a bancos menores e fintechs para realizar operações com o Banco Central, entre elas, o PIX. O suspeito, preso no início do mês, foi denunciado pelo crime de furto qualificado mediante fraude eletrônica. O MP também concordou com a instauração de um inquérito à parte para investigar o crime de associação criminosa, dada a complexidade e o número de agentes envolvidos. O ataque cibernético que afetou pelo menos seis bancos causou alvoroço no mercado financeiro no começo de julho. Mais de R$ 500 milhões de um dos bancos foram desviados via PIX em apenas duas horas e meia. Na ação, o MP solicitou que a prisão temporária de João Nazareno Roque seja convertida a prisão preventiva para garantir a ordem pública e econômica, a instrução criminal (risco de destruição de provas eletrônicas) e a aplicação da lei penal (risco de fuga). "A custódia cautelar é indispensável para quebrar o sistema comunicativo da associação criminosa e garantir a eficaz identificação de todos os envolvidos", diz trecho da ação assinada pelo promotor Rafael Adeo Lapeiz. Segundo o MP, entre 22 e 30 de junho, João Nazareno Roque, que trabalhava como operador de computador júnior na empresa C&M Software (responsável pela intermediação técnica de transações PIX para instituições financeiras como o Banco BMP), utilizou seu acesso privilegiado e violou seus deveres profissionais para subtrair quase meio bilhão de reais (R$ 479.388.468,03) do Banco BMP. Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o preso deu acesso pela máquina dele ao sistema sigiloso para os hackers que efetuaram o ataque. Aos 48 anos, ele começou como eletricista predial, foi técnico de instalação de TV a cabo e entrou na faculdade de tecnologia aos 42. Ele foi preso no bairro de City Jaraguá, na Zona Norte de São Paulo. Um vídeo mostra o momento da prisão dele. O g1 não conseguiu contato com a defesa do acusado. Em nota, a C&M Software diz que colabora com as investigações e que, desde que foi identificado o incidente, adotou "todas as medidas técnicas e legais cabíveis". A empresa diz também que a plataforma continua plenamente operacional e que, em respeito ao trabalho das autoridades, não se pronunciará publicamente enquanto os procedimentos estiverem em andamento. (Leia a íntegra abaixo.) LEIA MAIS: PERFIL: De eletricista a pivô de um golpe milionário no sistema financeiro: saiba quem é o operador de TI que entregou senha a hackers VÍDEO: Veja o momento da prisão de suspeito de vender a senha para ataque hacker a bancos INVESTIGAÇÃO: Hackers que cooptaram desenvolvedor trocavam celular a cada 15 dias ATAQUE AO PIX: Operador de TI recebeu R$ 15 mil para entregar senha a hackers, diz polícia; HISTÓRICO: Ataque hacker é um dos mais graves já registrados no Brasil À polícia, Roque disse que vendeu a sua senha por R$ 5 mil a hackers em maio e depois, por mais R$ 10 mil, participou da criação de um sistema para permitir os desvios. Ele relatou ainda que só se comunicava com os criminosos por celular e não os conhece pessoalmente. Além disso, contou que trocou de celular a cada 15 dias para não ser rastreado. Uma conta com R$ 270 milhões usada receber o dinheiro desviado já foi bloqueada. A investigação policial apura o envolvimento de outras pessoas. O caso veio a público quando a BMP, empresa que é cliente da C&M, registrou um boletim de ocorrência relatando que havia sido alvo de desvios milionários, e a C&M que reportou às autoridades um ataque às suas infraestruturas. A BMP perdeu, sozinha, R$ 541 milhões, segundo a polícia. De acordo com a C&M, criminosos usaram credenciais, como senhas, de seus clientes para tentar acessar seus sistemas e serviços de forma fraudulenta. Isso permitiu o acesso indevido a informações e contas de reserva de pelo menos seis instituições financeiras. O BC ainda não informou o nome de todas as instituições afetadas. Também não há confirmação oficial sobre os valores envolvidos no ataque, mas fontes da TV Globo estimam que a quantia pode chegar a R$ 800 milhões. João Nazareno Roque foi preso suspeito de envolvimento no ataque hacker ao sistema que liga bancos ao PIX Reprodução Abaixo, veja o que se sabe e o que ainda falta saber sobre o ataque hacker. O que aconteceu? A C&M Software reportou para o Banco Central um ataque às suas infraestruturas digitais. Esse tipo de ataque é conhecido pelo mercado como “cadeia de suprimentos” (“supply chain attack”, em inglês). Nele, invasores acessam sistemas de terceiros usando credenciais (como senhas) privilegiadas para realizar operações financeiras.