O que o sal faz com nosso corpo
O sal é essencial para vivermos. No entanto, consumir muito aumenta a pressão arterial e pode levar a outras complicações de saúde. A maioria de nós consome mais sal do que o necessário Getty Images via BBC O sal torna nossa comida mais saborosa. Ele também é essencial para a vida. O sódio que está presente nesse tempero é primordial para manter a quantidade correta de água no corpo. Ele também ajuda as células a absorver nutrientes. O programa The Food Chain ("A Cadeia da Comida", em tradução livre), do Serviço Mundial da BBC, analisou o papel que o sal desempenha no corpo humano e o que acontece quando exageramos nas pitadas desse ingrediente. A importância do sal "O sal é necessário para a vida", resume Paul Breslin, professor de ciências nutricionais na Universidade Rutgers, nos Estados Unidos. Os produtores de vários alimentos foram forçados por lei a reduzir a quantidade de sal em diversos países do globo Getty Images via BBC "O sal é especialmente importante para células eletricamente ativas, o que inclui todos os neurônios, outras partes do sistema nervoso e os nossos músculos. Ele também é um componente fundamental para a pele e os ossos". O professor Breslin alerta que, se não tivermos sódio suficiente no organismo, morremos. A deficiência de sódio leva a um quadro conhecido como hiponatremia, que pode causar confusão, irritabilidade, baixa nos reflexos, vômitos, convulsões e até coma. LEIA TAMBÉM: Comida da 'felicidade'? Entenda como o triptofano atua e saiba onde achar o aminoácido que ajuda no bem-estar Vontade por doces não é só tentação, mas necessidade física, diz médico As revelações do maior estudo sobre exercício físico e boa forma já realizado A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma ingestão diária de sal de cinco gramas, com um máximo de dois gramas de sódio. Isso é mais ou menos equivalente a uma colher de chá do tempero. Mas a ingestão global média é de quase 11 gramas — mais que o dobro. Isso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, câncer gástrico, obesidade, osteoporose e doença renal. A OMS estima que 1,89 milhão de pessoas morrem a cada ano por causa do consumo excessivo de sal. No Cazaquistão, grandes quantidades de sal são usadas para conservar as carnes para o inverno Getty Images via BBC Principal consumidor de sal Em muitos países, o consumo excessivo de sal é motivado pela quantidade do ingrediente escondida em alimentos processados e industrializados. Mas as razões para esse exagero também podem ser históricas. No Cazaquistão, por exemplo, as pessoas consomem cerca de 17 gramas de sal por dia, mais de três vezes a quantidade recomendada pela OMS. Maryam mora em Astana, a capital do Cazaquistão. "Isso se deve à nossa herança", justifica ela. "Por séculos, vagamos pelas estepes, carregando muita carne que precisava ser preservada utilizando o sal." "As famílias estocavam a carne para o inverno. Elas podiam preservar uma vaca inteira, uma ovelha e até meio cavalo", complementa Maryam. Oito anos atrás, a filha de Maryam teve alguns problemas de saúde. Um médico a aconselhou a reduzir alimentos ricos em açúcar, gordura e sal. A família parou imediatamente de adicionar sal à comida. "No dia seguinte, quando começamos a nova dieta, o gosto era nojento. Você experimentava a comida, mas não a reconhecia." Mas essa dramática aversão não durou muito. A família de Maryam logo se acostumou à vida sem adição de sal. Maryam diz que as pessoas no Cazaquistão consomem muito sal devido a uma cultura alimentar moldada pela vida nômade de seus ancestrais Getty Images via BBC Como o corpo reage ao sal Quando ingerimos sal, ele é detectado pelas papilas gustativas da nossa língua e pelo palato mole da garganta. "O sal eletrifica o corpo e a mente", diz o professor Breslin. "Os íons de sódio que compõem os cristais de sal se dissolvem na saliva", detalha o especialista. Esses íons então entram nas células das papilas gustativas e ativam diretamente essas unidades do organismo. "Isso gera uma pequena faísca elétrica." O sal transmite sinais elétricos que fundamentam pensamentos e sensações —então o corpo e a mente ficam excitados. Quanto sal é demais? O impacto preciso dos níveis de sal no corpo depende da constituição genética de cada um. Mais de um bilhão de pessoas no mundo sofrem com pressão alta. Reduzir a ingestão de sal pode ajudar a prevenir e a tratar esse problema. "Quando você tem muito sal no organismo, a primeira coisa que seu corpo faz é diluí-lo. Com isso, o corpo retém água, e a pressão arterial sobe para bombear essa quantidade extra de fluidos", explica Claire Collins, professora de Nutrição e Dietética da Universidade de Newcastle, na Austrália. Essas consequências são potencialmente devastadoras. "Se você tem alguma fraqueza em vasos sanguíneos, como os que irrigam do cérebro, eles podem estourar e causar um derrame", alerta a especialista. No Brasil, o consumo médio de sal fica em 9,34 gramas por dia — um pouco abaixo do resto do mundo, mas ai
O sal é essencial para vivermos. No entanto, consumir muito aumenta a pressão arterial e pode levar a outras complicações de saúde. A maioria de nós consome mais sal do que o necessário Getty Images via BBC O sal torna nossa comida mais saborosa. Ele também é essencial para a vida. O sódio que está presente nesse tempero é primordial para manter a quantidade correta de água no corpo. Ele também ajuda as células a absorver nutrientes. O programa The Food Chain ("A Cadeia da Comida", em tradução livre), do Serviço Mundial da BBC, analisou o papel que o sal desempenha no corpo humano e o que acontece quando exageramos nas pitadas desse ingrediente. A importância do sal "O sal é necessário para a vida", resume Paul Breslin, professor de ciências nutricionais na Universidade Rutgers, nos Estados Unidos. Os produtores de vários alimentos foram forçados por lei a reduzir a quantidade de sal em diversos países do globo Getty Images via BBC "O sal é especialmente importante para células eletricamente ativas, o que inclui todos os neurônios, outras partes do sistema nervoso e os nossos músculos. Ele também é um componente fundamental para a pele e os ossos". O professor Breslin alerta que, se não tivermos sódio suficiente no organismo, morremos. A deficiência de sódio leva a um quadro conhecido como hiponatremia, que pode causar confusão, irritabilidade, baixa nos reflexos, vômitos, convulsões e até coma. LEIA TAMBÉM: Comida da 'felicidade'? Entenda como o triptofano atua e saiba onde achar o aminoácido que ajuda no bem-estar Vontade por doces não é só tentação, mas necessidade física, diz médico As revelações do maior estudo sobre exercício físico e boa forma já realizado A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma ingestão diária de sal de cinco gramas, com um máximo de dois gramas de sódio. Isso é mais ou menos equivalente a uma colher de chá do tempero. Mas a ingestão global média é de quase 11 gramas — mais que o dobro. Isso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, câncer gástrico, obesidade, osteoporose e doença renal. A OMS estima que 1,89 milhão de pessoas morrem a cada ano por causa do consumo excessivo de sal. No Cazaquistão, grandes quantidades de sal são usadas para conservar as carnes para o inverno Getty Images via BBC Principal consumidor de sal Em muitos países, o consumo excessivo de sal é motivado pela quantidade do ingrediente escondida em alimentos processados e industrializados. Mas as razões para esse exagero também podem ser históricas. No Cazaquistão, por exemplo, as pessoas consomem cerca de 17 gramas de sal por dia, mais de três vezes a quantidade recomendada pela OMS. Maryam mora em Astana, a capital do Cazaquistão. "Isso se deve à nossa herança", justifica ela. "Por séculos, vagamos pelas estepes, carregando muita carne que precisava ser preservada utilizando o sal." "As famílias estocavam a carne para o inverno. Elas podiam preservar uma vaca inteira, uma ovelha e até meio cavalo", complementa Maryam. Oito anos atrás, a filha de Maryam teve alguns problemas de saúde. Um médico a aconselhou a reduzir alimentos ricos em açúcar, gordura e sal. A família parou imediatamente de adicionar sal à comida. "No dia seguinte, quando começamos a nova dieta, o gosto era nojento. Você experimentava a comida, mas não a reconhecia." Mas essa dramática aversão não durou muito. A família de Maryam logo se acostumou à vida sem adição de sal. Maryam diz que as pessoas no Cazaquistão consomem muito sal devido a uma cultura alimentar moldada pela vida nômade de seus ancestrais Getty Images via BBC Como o corpo reage ao sal Quando ingerimos sal, ele é detectado pelas papilas gustativas da nossa língua e pelo palato mole da garganta. "O sal eletrifica o corpo e a mente", diz o professor Breslin. "Os íons de sódio que compõem os cristais de sal se dissolvem na saliva", detalha o especialista. Esses íons então entram nas células das papilas gustativas e ativam diretamente essas unidades do organismo. "Isso gera uma pequena faísca elétrica." O sal transmite sinais elétricos que fundamentam pensamentos e sensações —então o corpo e a mente ficam excitados. Quanto sal é demais? O impacto preciso dos níveis de sal no corpo depende da constituição genética de cada um. Mais de um bilhão de pessoas no mundo sofrem com pressão alta. Reduzir a ingestão de sal pode ajudar a prevenir e a tratar esse problema. "Quando você tem muito sal no organismo, a primeira coisa que seu corpo faz é diluí-lo. Com isso, o corpo retém água, e a pressão arterial sobe para bombear essa quantidade extra de fluidos", explica Claire Collins, professora de Nutrição e Dietética da Universidade de Newcastle, na Austrália. Essas consequências são potencialmente devastadoras. "Se você tem alguma fraqueza em vasos sanguíneos, como os que irrigam do cérebro, eles podem estourar e causar um derrame", alerta a especialista. No Brasil, o consumo médio de sal fica em 9,34 gramas por dia — um pouco abaixo do resto do mundo, mas ainda assim muito acima das metas da OMS (de 5 gramas diários). Mas como saber quanto sal você consome no dia a dia? Um teste de urina pode detectar se o corpo está com muito ou com pouco sal. Para ajudar nessa estimativa, você pode também usar um diário alimentar ou um aplicativo que calcula o teor de sódio, como informado nos rótulos de muitos alimentos. Nenhum dos métodos é particularmente preciso, diz Collins, mas cada um pode ser um indicador útil, para ver se é necessário reduzir nas pitadas ou no consumo de produtos industrializados. Maryam ainda gosta de pratos de carne como o beshbarmak, que tradicionalmente carrega muito sal Getty Images via BBC Dicas para reduzir o sal Mesmo que seus níveis de consumo sal estejam elevados, reduzi-los pode não ser tão fácil quanto parece. Em Astana, Maryam ainda luta para resistir ao prato nacional do Cazaquistão, o beshbarmak, que é uma carne cozida com uma massa. Os pais dela também não ficaram entusiasmados em abrir mão do sal, apesar de saberem dos riscos. O professor Collins incentiva a sempre procurar opções de pão, macarrão ou qualquer outro alimento que apresentem um menor teor de sal. "Se você cozinhar sua própria refeição, adicione ervas e temperos em vez de sal", sugere ele. LEIA TAMBÉM: Qual tipo e quantidade máxima de sal devemos usar para reduzir riscos à saúde? 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