PM dá 'mata-leão' e chutes em homem no Centro de SP durante atendimento da Prefeitura a moradores de rua
Uma mulher grávida aparece desacordada nas imagens e diz que também foi agredida por policiais. Uma agente da Prefeitura ficou espantada com a abordagem da PM. 'Mata-leão' é proibido desde 2020. PM dá mata-leão em homem na Praça do Patriarca Reprodução Um homem foi agredido e detido por policiais militares neste sábado (7) durante atendimento da Prefeitura de São Paulo a moradores de rua na Praça do Patriarca, no Centro da capital, perto das sedes da Secretaria da Segurança Pública do estado e da administração municipal. Testemunhas gravaram a abordagem e em uma das imagens é possível ver que um policial militar dá chutes e aplica um "mata-leão" em Rafael Floriano Nunes. O uso do "mata-leão" em abordagens policiais foi proibido pela corporação em 2020. Apesar disso, o golpe já foi utilizado em mais de um caso, apenas nesta semana. "Está dando um mata-leão no homem. O que é que é isso? O que é que é isso? Gente, o que é que é isso. Está enforcando o homem. A própria polícia, que despreparo é esse", diz uma testemunha. Nas gravações é possível ver que uma agente da Prefeitura fica espantada com a abordagem da PM. "Olha isso. O homem não está fazendo nada. Ele não estava fazendo nada. A gente acabou de atender ele. Meu, a polícia está demais, olha lá, está enforcando ele. Olha lá. Não gente, isso não pode acontecer", diz. A vítima é levada, então, para o lado da viatura da corporação e dois policiais tentam imobilizar o homem que já está caído. Pessoas que estavam próximas ficam desesperadas e tentam ajudar a vítima, mas um policial com cassetete contém os moradores de rua. Rafael foi levado ao 8º Distrito Policial e depois foi liberado. Segundo testemunhas, agentes municipais atendiam pessoas em situação de rua, quando uma mulher teria sido agredida por policiais militares que estavam na praça. O homem que levou o mata-leão teria ido questionar a conduta dos policiais. Nas imagens, a mulher grávida já está caída no chão, desacordada, ao lado de uma criança que chora sem parar. "Gente olha aí, olha aí o que vocês fizeram. Olha o despreparo que aconteceu. Chama uma ambulância", diz a pessoa que grava o vídeo. À TV Globo, Rafael contou que questionou a abordagem a mulher e foi agredido por já ter sido presidiário. "A polícia estava fazendo uma abordagem indevida a um morador de rua que se encontrava bêbado. Quando eu questionei, que o serviço dele não seria adequado, que ele deveria estar atrás de criminosos e não de pessoas que se encontram em vulnerabilidade. Na qual ele me chamou para ser abordado, eu vim até ele, pra ser abordado, respeitei todo os questionamentos que ele me fez. Quando ele puxou o meu histórico presidiário, fez essa covardia que ele fez contra mim", disse. A mulher grávida de dois meses disse que também levou um golpe de cassetete na barriga e mostrou à TV Globo um hematoma na perna. "A militar chegou nos agredindo, tacando spray de pimenta sem nem saber o que estava acontecendo, já chegou jogando a viatura em cima da gente, tacando spray de pimenta. Eu tenho aqui que levei cacetada aqui. Uma na barriga. E isso é desnecessário. Porque até mesmo pode acontecer alguma coisa com meu filho. Eles vão pagar um processo muito carom, porque apesar da gente estar na rua, a gente tem leis e justiça. Que a gente tem que gritar e nossa voz não vai ser calada, nem pela polícia e em por ninguém", diz Antônia Paulino. O diretor da Federação das Associações Comunitárias do estado de São Paulo (Facesp), Ricardo Luciano Lima, repudiou a forma como a PM atuou na abordagem. "A Facesp repudia esse tipo de ato em qualquer circunstância. Seja qualquer cidadão que for. Pode ser população em situação de rua, ou cidadão de bem que estiver passando na rua. Estamos vivendo encarcerado. A Polícia Militar está nos oprimindo. Está nos privando de andar nas ruas. Não podemos mais andar, não temos mais o direito de ir e vir. Então, assim, até quando vamos tolerar isso? Essa é a polícia do Tarcísio, é a polícia que ele queria tirar a câmera, pra que não fosse flagrada nesses momentos. Eu repudio todos esses atos. Não aceito. E eu como cidadão eu exijo que sejamos tratados com dignidade e com respeito", diz. Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social confirmou que atendia pessoas em situação de vulnerabilidade quando a PM deteve um homem em situação de rua. A pasta lamentou o ocorrido e disse que o trabalho da Secretaria "tem como objetivo a busca ativa de pessoas em situação de rua e vulnerabilidade, garantindo escuta, ofertando acolhimento e encaminhamento para os serviços da rede socioassistencial de São Paulo." A Secretaria da Segurança Pública não se posicionou até a publicação desta reportagem. Nesta sexta-feira (6), após sucessivos casos de violência policial, o governador Tarcísio de Freitas Republicanos) afirmou que se arrepende da "postura reativa" que teve sobre o uso das câmeras corporais em policiais, que podem coibir casos de violência ou ajudar a investigá-los. Em
Uma mulher grávida aparece desacordada nas imagens e diz que também foi agredida por policiais. Uma agente da Prefeitura ficou espantada com a abordagem da PM. 'Mata-leão' é proibido desde 2020. PM dá mata-leão em homem na Praça do Patriarca Reprodução Um homem foi agredido e detido por policiais militares neste sábado (7) durante atendimento da Prefeitura de São Paulo a moradores de rua na Praça do Patriarca, no Centro da capital, perto das sedes da Secretaria da Segurança Pública do estado e da administração municipal. Testemunhas gravaram a abordagem e em uma das imagens é possível ver que um policial militar dá chutes e aplica um "mata-leão" em Rafael Floriano Nunes. O uso do "mata-leão" em abordagens policiais foi proibido pela corporação em 2020. Apesar disso, o golpe já foi utilizado em mais de um caso, apenas nesta semana. "Está dando um mata-leão no homem. O que é que é isso? O que é que é isso? Gente, o que é que é isso. Está enforcando o homem. A própria polícia, que despreparo é esse", diz uma testemunha. Nas gravações é possível ver que uma agente da Prefeitura fica espantada com a abordagem da PM. "Olha isso. O homem não está fazendo nada. Ele não estava fazendo nada. A gente acabou de atender ele. Meu, a polícia está demais, olha lá, está enforcando ele. Olha lá. Não gente, isso não pode acontecer", diz. A vítima é levada, então, para o lado da viatura da corporação e dois policiais tentam imobilizar o homem que já está caído. Pessoas que estavam próximas ficam desesperadas e tentam ajudar a vítima, mas um policial com cassetete contém os moradores de rua. Rafael foi levado ao 8º Distrito Policial e depois foi liberado. Segundo testemunhas, agentes municipais atendiam pessoas em situação de rua, quando uma mulher teria sido agredida por policiais militares que estavam na praça. O homem que levou o mata-leão teria ido questionar a conduta dos policiais. Nas imagens, a mulher grávida já está caída no chão, desacordada, ao lado de uma criança que chora sem parar. "Gente olha aí, olha aí o que vocês fizeram. Olha o despreparo que aconteceu. Chama uma ambulância", diz a pessoa que grava o vídeo. À TV Globo, Rafael contou que questionou a abordagem a mulher e foi agredido por já ter sido presidiário. "A polícia estava fazendo uma abordagem indevida a um morador de rua que se encontrava bêbado. Quando eu questionei, que o serviço dele não seria adequado, que ele deveria estar atrás de criminosos e não de pessoas que se encontram em vulnerabilidade. Na qual ele me chamou para ser abordado, eu vim até ele, pra ser abordado, respeitei todo os questionamentos que ele me fez. Quando ele puxou o meu histórico presidiário, fez essa covardia que ele fez contra mim", disse. A mulher grávida de dois meses disse que também levou um golpe de cassetete na barriga e mostrou à TV Globo um hematoma na perna. "A militar chegou nos agredindo, tacando spray de pimenta sem nem saber o que estava acontecendo, já chegou jogando a viatura em cima da gente, tacando spray de pimenta. Eu tenho aqui que levei cacetada aqui. Uma na barriga. E isso é desnecessário. Porque até mesmo pode acontecer alguma coisa com meu filho. Eles vão pagar um processo muito carom, porque apesar da gente estar na rua, a gente tem leis e justiça. Que a gente tem que gritar e nossa voz não vai ser calada, nem pela polícia e em por ninguém", diz Antônia Paulino. O diretor da Federação das Associações Comunitárias do estado de São Paulo (Facesp), Ricardo Luciano Lima, repudiou a forma como a PM atuou na abordagem. "A Facesp repudia esse tipo de ato em qualquer circunstância. Seja qualquer cidadão que for. Pode ser população em situação de rua, ou cidadão de bem que estiver passando na rua. Estamos vivendo encarcerado. A Polícia Militar está nos oprimindo. Está nos privando de andar nas ruas. Não podemos mais andar, não temos mais o direito de ir e vir. Então, assim, até quando vamos tolerar isso? Essa é a polícia do Tarcísio, é a polícia que ele queria tirar a câmera, pra que não fosse flagrada nesses momentos. Eu repudio todos esses atos. Não aceito. E eu como cidadão eu exijo que sejamos tratados com dignidade e com respeito", diz. Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social confirmou que atendia pessoas em situação de vulnerabilidade quando a PM deteve um homem em situação de rua. A pasta lamentou o ocorrido e disse que o trabalho da Secretaria "tem como objetivo a busca ativa de pessoas em situação de rua e vulnerabilidade, garantindo escuta, ofertando acolhimento e encaminhamento para os serviços da rede socioassistencial de São Paulo." A Secretaria da Segurança Pública não se posicionou até a publicação desta reportagem. Nesta sexta-feira (6), após sucessivos casos de violência policial, o governador Tarcísio de Freitas Republicanos) afirmou que se arrepende da "postura reativa" que teve sobre o uso das câmeras corporais em policiais, que podem coibir casos de violência ou ajudar a investigá-los. Em 2022, antes mesmo de ser eleito governador, Tarcísio já criticava o uso de câmeras corporais em policiais. "Eu particularmente me arrependo muito da postura reativa que eu tive lá atrás. Uma postura que partiu da percepção que aquilo poderia tirar a segurança jurídica do agente ou mesmo causar excitação no momento em que ele precisava atuar. Hoje eu percebo que estava enganado, que ela [a câmera corporal] ajuda o agente", afirmou.