A neuromodulação será capaz de recuperar pacientes que sofreram AVC, diz neurocirurgião
O médico Marcelo Valadares, que é pesquisador da Unicamp, afirma que assistimos a uma revolução nesse campo do conhecimento Saiba como identificar os sinais do AVC O médico Marcelo Valadares é neurocirurgião do Hospital Albert Einstein e pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Uma de suas principais áreas de atuação é a neuromodulação cerebral, que, apesar do nome difícil, não tem nada de ficção científica. Trata-se de uma técnica de reabilitação que utiliza estímulos elétricos ou magnéticos para alterar a atividade cerebral, podendo ser aplicada em diversas condições neurológicas e psiquiátricas. Na sua opinião, estamos assistindo a uma revolução nesse campo do conhecimento: Marcelo Valadares, neurocirurgião do Hospital Albert Einstein e pesquisador da Unicamp Divulgação “A tecnologia já evoluiu muito, viabilizando que, através da neuromodulação, possamos influenciar e modificar o funcionamento das estruturas do cérebro, com o objetivo de tratar e reabilitar pessoas com lesões graves”, contou em entrevista ao blog. Ele explicou que há dois tipos de neuromodulação cerebral: a invasiva, que demanda uma cirurgia para a implantação de eletrodos responsáveis pelos contatos elétricos; e a não invasiva, que não exige procedimento cirúrgico. Para quem treme diante da palavra “invasiva”, é bom esclarecer que não se trata de uma operação de grande porte – a intervenção é para possibilitar a inserção cirúrgica de um fio (strip) que chega ao cérebro; ou de uma pequena placa na medula espinhal, normalmente para o manejo da dor. “Pacientes com Parkinson que não respondem à medicação para o controle dos sintomas, ou que apresentam severos efeitos colaterais, podem se beneficiar com a neuromodulação cerebral. No entanto, não usamos a técnica nos estágios iniciais da doença, porque não há provas científicas de que ela retarde a progressão da enfermidade. A primeira linha de abordagem são os medicamentos e apenas 20% têm indicação para esse tipo de tratamento”, detalha. Na neuromodulação cerebral não invasiva, não é preciso furar ou cortar nada. Há duas modalidades e a mais conceituada é a estimulação magnética transcraniana: usando uma touca, a pessoa se submete a aplicações com o aparelho, que tem uma bobina magnética que envia pulsos magnéticos. “O procedimento faz com que os neurônios mudem sua condutividade elétrica, isto é, eles podem se despolarizar ou se hiperpolarizar, o que vai surtir um efeito na rede neural. Ele modifica seu funcionamento não somente durante, mas depois da aplicação. As evidências científicas indicam que auxilia nos tratamentos para dor, depressão e também para a reabilitação”, enumerou Valadares. A outra opção de neuromodulação cerebral não invasiva é a estimulação elétrica transcraniana, na qual o paciente recebe um pulso elétrico (e não magnético). O problema é que pacotes com cerca de 20 sessões custam entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. O médico lamenta que as técnicas disponíveis ainda sejam caras para o sistema público de saúde. Embora a implantação de eletrodos para o tratamento da Doença de Parkinson faça parte da cobertura obrigatória do SUS, está restrita a poucos centros e inacessível para a maioria. Quando se leva em conta que o procedimento aumenta a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade do órgão de se adaptar após uma lesão, e favorece a recuperação de tecidos danificados, vemos que estamos diante de uma ferramenta poderosa de reabilitação. A neuromodulação é uma grande aliada para a recuperação do acidente vascular cerebral (AVC), que é a primeira causa de incapacitação funcional no mundo ocidental – boa parte dos sobreviventes apresenta deficiências neurológicas e incapacidades significativas – enfatiza o pesquisador: “A técnica estimula vias do cérebro para que reconectem funções perdidas, como as de movimento e fala, e, secundariamente, inibe que áreas sãs bloqueiem a recuperação daquelas que sofreram danos, permitindo que se regenerem. Em dez anos, teremos condições de reabilitar muitas lesões do sistema nervoso central: uma pessoa que teve AVC terá chances de andar e se comunicar, assim como os que sofreram lesões medulares. Será revolucionário”.
O médico Marcelo Valadares, que é pesquisador da Unicamp, afirma que assistimos a uma revolução nesse campo do conhecimento Saiba como identificar os sinais do AVC O médico Marcelo Valadares é neurocirurgião do Hospital Albert Einstein e pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Uma de suas principais áreas de atuação é a neuromodulação cerebral, que, apesar do nome difícil, não tem nada de ficção científica. Trata-se de uma técnica de reabilitação que utiliza estímulos elétricos ou magnéticos para alterar a atividade cerebral, podendo ser aplicada em diversas condições neurológicas e psiquiátricas. Na sua opinião, estamos assistindo a uma revolução nesse campo do conhecimento: Marcelo Valadares, neurocirurgião do Hospital Albert Einstein e pesquisador da Unicamp Divulgação “A tecnologia já evoluiu muito, viabilizando que, através da neuromodulação, possamos influenciar e modificar o funcionamento das estruturas do cérebro, com o objetivo de tratar e reabilitar pessoas com lesões graves”, contou em entrevista ao blog. Ele explicou que há dois tipos de neuromodulação cerebral: a invasiva, que demanda uma cirurgia para a implantação de eletrodos responsáveis pelos contatos elétricos; e a não invasiva, que não exige procedimento cirúrgico. Para quem treme diante da palavra “invasiva”, é bom esclarecer que não se trata de uma operação de grande porte – a intervenção é para possibilitar a inserção cirúrgica de um fio (strip) que chega ao cérebro; ou de uma pequena placa na medula espinhal, normalmente para o manejo da dor. “Pacientes com Parkinson que não respondem à medicação para o controle dos sintomas, ou que apresentam severos efeitos colaterais, podem se beneficiar com a neuromodulação cerebral. No entanto, não usamos a técnica nos estágios iniciais da doença, porque não há provas científicas de que ela retarde a progressão da enfermidade. A primeira linha de abordagem são os medicamentos e apenas 20% têm indicação para esse tipo de tratamento”, detalha. Na neuromodulação cerebral não invasiva, não é preciso furar ou cortar nada. Há duas modalidades e a mais conceituada é a estimulação magnética transcraniana: usando uma touca, a pessoa se submete a aplicações com o aparelho, que tem uma bobina magnética que envia pulsos magnéticos. “O procedimento faz com que os neurônios mudem sua condutividade elétrica, isto é, eles podem se despolarizar ou se hiperpolarizar, o que vai surtir um efeito na rede neural. Ele modifica seu funcionamento não somente durante, mas depois da aplicação. As evidências científicas indicam que auxilia nos tratamentos para dor, depressão e também para a reabilitação”, enumerou Valadares. A outra opção de neuromodulação cerebral não invasiva é a estimulação elétrica transcraniana, na qual o paciente recebe um pulso elétrico (e não magnético). O problema é que pacotes com cerca de 20 sessões custam entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. O médico lamenta que as técnicas disponíveis ainda sejam caras para o sistema público de saúde. Embora a implantação de eletrodos para o tratamento da Doença de Parkinson faça parte da cobertura obrigatória do SUS, está restrita a poucos centros e inacessível para a maioria. Quando se leva em conta que o procedimento aumenta a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade do órgão de se adaptar após uma lesão, e favorece a recuperação de tecidos danificados, vemos que estamos diante de uma ferramenta poderosa de reabilitação. A neuromodulação é uma grande aliada para a recuperação do acidente vascular cerebral (AVC), que é a primeira causa de incapacitação funcional no mundo ocidental – boa parte dos sobreviventes apresenta deficiências neurológicas e incapacidades significativas – enfatiza o pesquisador: “A técnica estimula vias do cérebro para que reconectem funções perdidas, como as de movimento e fala, e, secundariamente, inibe que áreas sãs bloqueiem a recuperação daquelas que sofreram danos, permitindo que se regenerem. Em dez anos, teremos condições de reabilitar muitas lesões do sistema nervoso central: uma pessoa que teve AVC terá chances de andar e se comunicar, assim como os que sofreram lesões medulares. Será revolucionário”.