Banda de pagode gospel celebra ter vencido rejeição ao ritmo 'mais criticado da igreja'
Grupo Marcados diz que, apesar do preconceito, pagode cristão vive 'momento chave', com eventos destinados ao estilo. Série do g1 mostra como gospel vai além do louvor de adoração. Os vários ritmos da música gospel Há 18 anos, alguns garotos decidiram se reunir para tocar pagode gospel. A ideia inicial era se apresentar apenas nos eventos da igreja local. Mas, com o passar do tempo, a demanda do grupo foi crescendo e mais integrantes foram se juntando. Hoje, os shows com os 11 membros da banda Marcados reúnem milhares de pessoas em eventos pelo país. Naturais de São Luís, no Maranhão, os artistas se mudaram para São Paulo há um ano. Com quase 1 milhão de seguidores no Instagram e mais de 480 mil inscritos em seu canal no YouTube, eles dizem que sofreram preconceito -- até dentro da igreja -- por investir no ritmo. "As pessoas viam como algo errado, como algo que era destinado só ao secular", conta Givanilson Costa, o Gil, vocalista do grupo, em entrevista ao g1. Nesta semana, o g1 apresenta artistas de vários estilos da música gospel, mostrando que o gênero vai além do louvor de adoração e se mistura com todos os ritmos e batidas. Banda Marcados Pedro Baruk/Divulgação Nos últimos anos, porém, a rejeição diminuiu. Um sinal disso, segundo o cantor, é que as igrejas têm convidado o grupo para participar de eventos aos domingos, dia destinado ao culto da família. "Ou seja, as pessoas têm olhado com o outro olhar. Isso é bem legal", afirma "Deus tem feito grandes coisas nas nossas vidas. Escolhemos a vertente mais brasileira, mas que as pessoas mais têm preconceito. Estamos conseguindo alcançar um feito histórico, porque somos doze homens [além dos 11 membros, há o produtor, Guto], que vivem através de uma vertente que é a mais criticada hoje dentro da igreja." "O pagode é o mais criticado. Eu acredito que é mais criticado até do que o funk", aponta Gil. Diretor musical do Marcados, Wendell Cosme explica que, para o público mais tradicional, a música gospel padrão é o louvor de adoração – conhecida também como "worship". "Quando você vai ouvir o louvor que eles acham que é o padrão, se parece muito com U2 e outras bandas americanas, que são seculares. Mas eles preferem bater no pagode. É até difícil tentar entender a cabeça das pessoas." Inspiração no secular Grupo Sorriso maroto foi referência para a banda Marcados no início da carreira Tulio Barros/Divulgação Wendell, que também toca cavaco no grupo, começou na música no mercado secular. Dali, surgiu sua maior referência para o Marcados: a banda Sorriso Maroto. "Antigamente a gente ouvia algumas coisas seculares para trazer o que era bom e agregar. Mas, hoje, não mais, porque a gente criou um estilo próprio. Criamos uma concepção musical." "Hoje em dia, a gente ouve a música cristã, traz essas influências e soma com a nossa batucada", explica o diretor musical. O vocalista Gil se inspirava em Bruno Cardoso, líder do Sorriso Maroto, para cantar, mas diz que também deixou de ouvir músicas seculares -- até para abandonar vícios no canto, segundo ele. "O Bruno faz muito falsete. Quando eu ouvia, eu tinha mania de tentar fazer o que ele fazia, reproduzir o que ele fazia. Mas, depois de um tempo, a gente vai estudando, conhecendo um pouco sobre aquilo que você é, aquilo que você pode entregar." "Eu sou um cantor de igreja e, geralmente, o cantor de igreja usa mais a voz plena, aquela voz mais forte. Eu não preciso pegar referências no pagode secular, porque a nossa intenção é outra." "No início, a gente tinha dificuldade de ter grupos do gospel como referência. A gente tinha o PraGod Rio, que a gente ouvia, e o pastor Waguinho [ex-vocalista do grupo Os Morenos] também", analisa o pandeirista Diogenes Assunção Pulo, sorriso e choro Initial plugin text Nas redes sociais da banda, são frequentes comentários de pessoas falando que não é necessário consumir álcool para se divertir nos shows. A ausência da bebida alcoólica em eventos cristãos é um costume que, segundo os integrantes, não precisa nem ser comunicado ao público. "Teve uma vez que a gente foi passar o som em um evento e só tinha a gente de gospel, o resto era secular. E o sonoplasta estava fumando", relembra Édson Reis, que toca surdo no grupo. "Sem a gente falar, por ele mesmo, ele parou de fumar e ficou curtindo nosso show até o final, se emocionando. Foi muito legal." Ao falar sobre a emoção dos shows do grupo, Igor Moreira, do tantan, analisa: "Nosso show é muito diversificado. Você começa pulando, no meio está sorrindo e, no final, já está chorando. A gente tem que ter um preparo físico bem legal, porque nosso show é bem para cima". "E as crianças também gostam muito", completa Diogenes. 'Momento chave' Banda Marcados Reprodução/Instagram Além de igrejas, o grupo Marcados também participa de grandes eventos de pagode gospel, cada vez mais comuns. Entre os mais recentes, estão o projeto 100 Preconceito e o Tardizinha Gospel. "Eu acredito que esse é o momento chave do pagode gospel", celebra
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Grupo Marcados diz que, apesar do preconceito, pagode cristão vive 'momento chave', com eventos destinados ao estilo. Série do g1 mostra como gospel vai além do louvor de adoração. Os vários ritmos da música gospel Há 18 anos, alguns garotos decidiram se reunir para tocar pagode gospel. A ideia inicial era se apresentar apenas nos eventos da igreja local. Mas, com o passar do tempo, a demanda do grupo foi crescendo e mais integrantes foram se juntando. Hoje, os shows com os 11 membros da banda Marcados reúnem milhares de pessoas em eventos pelo país. Naturais de São Luís, no Maranhão, os artistas se mudaram para São Paulo há um ano. Com quase 1 milhão de seguidores no Instagram e mais de 480 mil inscritos em seu canal no YouTube, eles dizem que sofreram preconceito -- até dentro da igreja -- por investir no ritmo. "As pessoas viam como algo errado, como algo que era destinado só ao secular", conta Givanilson Costa, o Gil, vocalista do grupo, em entrevista ao g1. Nesta semana, o g1 apresenta artistas de vários estilos da música gospel, mostrando que o gênero vai além do louvor de adoração e se mistura com todos os ritmos e batidas. Banda Marcados Pedro Baruk/Divulgação Nos últimos anos, porém, a rejeição diminuiu. Um sinal disso, segundo o cantor, é que as igrejas têm convidado o grupo para participar de eventos aos domingos, dia destinado ao culto da família. "Ou seja, as pessoas têm olhado com o outro olhar. Isso é bem legal", afirma "Deus tem feito grandes coisas nas nossas vidas. Escolhemos a vertente mais brasileira, mas que as pessoas mais têm preconceito. Estamos conseguindo alcançar um feito histórico, porque somos doze homens [além dos 11 membros, há o produtor, Guto], que vivem através de uma vertente que é a mais criticada hoje dentro da igreja." "O pagode é o mais criticado. Eu acredito que é mais criticado até do que o funk", aponta Gil. Diretor musical do Marcados, Wendell Cosme explica que, para o público mais tradicional, a música gospel padrão é o louvor de adoração – conhecida também como "worship". "Quando você vai ouvir o louvor que eles acham que é o padrão, se parece muito com U2 e outras bandas americanas, que são seculares. Mas eles preferem bater no pagode. É até difícil tentar entender a cabeça das pessoas." Inspiração no secular Grupo Sorriso maroto foi referência para a banda Marcados no início da carreira Tulio Barros/Divulgação Wendell, que também toca cavaco no grupo, começou na música no mercado secular. Dali, surgiu sua maior referência para o Marcados: a banda Sorriso Maroto. "Antigamente a gente ouvia algumas coisas seculares para trazer o que era bom e agregar. Mas, hoje, não mais, porque a gente criou um estilo próprio. Criamos uma concepção musical." "Hoje em dia, a gente ouve a música cristã, traz essas influências e soma com a nossa batucada", explica o diretor musical. O vocalista Gil se inspirava em Bruno Cardoso, líder do Sorriso Maroto, para cantar, mas diz que também deixou de ouvir músicas seculares -- até para abandonar vícios no canto, segundo ele. "O Bruno faz muito falsete. Quando eu ouvia, eu tinha mania de tentar fazer o que ele fazia, reproduzir o que ele fazia. Mas, depois de um tempo, a gente vai estudando, conhecendo um pouco sobre aquilo que você é, aquilo que você pode entregar." "Eu sou um cantor de igreja e, geralmente, o cantor de igreja usa mais a voz plena, aquela voz mais forte. Eu não preciso pegar referências no pagode secular, porque a nossa intenção é outra." "No início, a gente tinha dificuldade de ter grupos do gospel como referência. A gente tinha o PraGod Rio, que a gente ouvia, e o pastor Waguinho [ex-vocalista do grupo Os Morenos] também", analisa o pandeirista Diogenes Assunção Pulo, sorriso e choro Initial plugin text Nas redes sociais da banda, são frequentes comentários de pessoas falando que não é necessário consumir álcool para se divertir nos shows. A ausência da bebida alcoólica em eventos cristãos é um costume que, segundo os integrantes, não precisa nem ser comunicado ao público. "Teve uma vez que a gente foi passar o som em um evento e só tinha a gente de gospel, o resto era secular. E o sonoplasta estava fumando", relembra Édson Reis, que toca surdo no grupo. "Sem a gente falar, por ele mesmo, ele parou de fumar e ficou curtindo nosso show até o final, se emocionando. Foi muito legal." Ao falar sobre a emoção dos shows do grupo, Igor Moreira, do tantan, analisa: "Nosso show é muito diversificado. Você começa pulando, no meio está sorrindo e, no final, já está chorando. A gente tem que ter um preparo físico bem legal, porque nosso show é bem para cima". "E as crianças também gostam muito", completa Diogenes. 'Momento chave' Banda Marcados Reprodução/Instagram Além de igrejas, o grupo Marcados também participa de grandes eventos de pagode gospel, cada vez mais comuns. Entre os mais recentes, estão o projeto 100 Preconceito e o Tardizinha Gospel. "Eu acredito que esse é o momento chave do pagode gospel", celebra Wendell. "Ele está chegando a muitas pessoas, está viralizando. A mensagem está chegando em muita gente. As pessoas estão se identificando, estão sendo tocadas." Além da popularização pagode, eles também analisam o crescimento do gospel entre artistas da música secular -- recentemente, Caetano Veloso incluiu "Deus cuida de mim" no repertório da turnê que faz em parceria com a irmã, Maria Bethânia. "A nossa fé nos leva a acreditar que Deus tem usado vários artifícios para que as pessoas possam ser tocadas", reflete Gil. "Essa questão de cantores seculares cantarem músicas gospel não é nada mais nada menos do que um plano de Deus para que mais vidas sejam alcançadas." "Eu fico muito feliz com o crescimento, em ver o quanto Deus tem trabalhado na vida das pessoas através da música gospel, não somente através do pagode. Já tem gente cantando piseiro, arrocha gospel. A galera está começando a ter coragem", acrescenta o vocalista. "Nós já recebemos mensagens de gente falando que, através do nosso ministério, criou coragem para cantar outras vertentes, de outros estilos", completa Édson Reis. "A gente não defende uma vertente. A gente glorifica a Deus através de um ritmo, é só isso. Tudo aquilo que você faz direcionado ao Senhor, com coração, pode ser do funk ao reggae, eu creio que Ele recebe", analisa Igor. Banda Marcados Pedro Baruk/Divulgação