Como funciona o poder no Irã, país comandado por aiatolás
Apesar de atacar o país, Trump diz que não busca uma mudança de regime com a ação militar. País é uma república teocrática, que une princípios religiosos aos do governo e é comandado por um líder supremo. Veja imagens do avião B-2, usado nos ataques dos EUA contra instalações nucleares do Irã Os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares do Irã neste sábado (21), juntando-se à guerra ao lado de Israel. Apesar da ofensiva, o presidente norte-americano diz que não busca uma mudança de regime com a ação militar. O regime do país é uma república teocrática, que une princípios religiosos aos do governo. Com capital em Teerã, a república do Irã surgiu em 1979, após a monarquia ser derrubada durante a revolução. Depois de Mohammad Reza Pahlavi — o último rei, chamado de xá —, ter sido exilado, Ruhollah Khomeini foi estabelecido como o primeiro líder supremo. Veja a seguir: Quem comanda o Irã? Qual o papel do presidente? Como funciona o Parlamento? O que é o Conselho dos Guardiães? Quem media a relação entre o Parlamento e o Conselho dos Guardiães? Como funciona a Guarda Revolucionária do Irã? Quem comanda o Irã? Apesar de ter um presidente, o aiatolá é o líder supremo do Irã. O cargo é determinado por clérigos islâmicos, que são encarregados de selecionar, supervisionar e, se necessário, derrubar o líder. Ocupado atualmente por Ali Khamenei, o aiatolá detém poder direto ou indireto sobre todos os assuntos do Estado — da política externa à política interna. É ele quem nomeia os principais funcionários, incluindo os chefes da mídia estatal e do Judiciário e tem representantes em quase todas as principais organizações. O artigo 110 da Constituição descreve os deveres e poderes do líder supremo, incluindo a declaração de guerra e de paz, bem como a mobilização das Forças Armadas. Leia também: Imagens mostram instalação nuclear de Fordow, no Irã, após ataque dos EUA; VEJA Qual o papel do presidente? O presidente do Irã fica responsável pela gestão cotidiana do governo e pela representação do país na diplomacia internacional. Contudo, o ocupante do cargo não pode se sobrepor ao líder supremo em questões de importância estratégica. Assim como no Brasil, os presidentes iranianos têm mandatos de 4 anos. A última eleição aconteceu em julho de 2024, tendo como vencedor Masoud Pezeshkian. A votação aconteceu após a morte repentina do então presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero dois meses antes. Nono presidente da república islâmica, Pezeshkian é conhecido por sua postura moderada. Ele fez campanha prometendo promover reformas sociais limitadas, retomar as negociações com o Ocidente sobre o programa nuclear do Irã e responder ao descontentamento público provocado pela morte de Jina Amini em 2022. A mulher, que era curda, morreu aos 22 anos sob custódia policial após ser presa por supostamente usar seu lenço de cabeça de forma muito frouxa. Como funciona o Parlamento? O Parlamento iraniano é conhecido como Majlis, ou ICA. São eles os responsáveis pela elaboração de leis, aprovação do orçamento nacional e pela ratificação de acordos internacionais. Contudo, as grandes decisões dependem do chamado Conselho dos Guardiões. Ele examina todos os candidatos ao Parlamento e tem o poder de rejeitar legislação que considere inconsistente com a Constituição ou os princípios islâmicos. Veja mais abaixo. Ao todo, há 290 parlamentares eleitos para mandatos de 4 anos por meio de eleições nacionais diretas. Mohammad Bagher Qalibaf, um conservador linha-dura, é presidente do Parlamento desde 2020 e foi reeleito para o cargo em maio de 2025. Ex-general da IRGC, ex-chefe da polícia nacional e ex-prefeito de Teerã, Qalibaf é considerado uma das figuras mais influentes do establishment político iraniano. O que é o Conselho dos Guardiães? O Conselho dos Guardiães é um órgão composto por 12 membros, que devem garantir que toda a legislação aprovada pelo Parlamento está de acordo com os princípios islâmicos e com a Constituição. Também cabe ao Conselho examinar as pessoas eleitas a cargos importantes, como a presidência e o Parlamento. O grupo é formado da seguinte maneira: 6 clérigos islâmicos nomeados pelo líder supremo; 6 juristas selecionados pelo Parlamento. Ahmad Jannati, um clérigo linha-dura e aliado do líder supremo, preside o Conselho dos Guardiães desde 1992. Conhecido por suas opiniões conservadoras, Jannati desempenha um papel central na avaliação de candidatos e na formulação de legislação em consonância com os princípios da República Islâmica. Quem media a relação entre o Parlamento e o Conselho dos Guardiães? As disputas entre o Parlamento e o Conselho dos Guardiães é mediada pelo Conselho de Discernimento. Eles interferem, por exemplo, quando as leis propostas entram em conflito com a lei islâmica ou a Constituição. Oficialmente, se trata de um órgão que realiza consultas, mas ele frequentemente funciona como uma extensão da autoridade do líder supremo, influenciando a política nacional e garantindo


Apesar de atacar o país, Trump diz que não busca uma mudança de regime com a ação militar. País é uma república teocrática, que une princípios religiosos aos do governo e é comandado por um líder supremo. Veja imagens do avião B-2, usado nos ataques dos EUA contra instalações nucleares do Irã Os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares do Irã neste sábado (21), juntando-se à guerra ao lado de Israel. Apesar da ofensiva, o presidente norte-americano diz que não busca uma mudança de regime com a ação militar. O regime do país é uma república teocrática, que une princípios religiosos aos do governo. Com capital em Teerã, a república do Irã surgiu em 1979, após a monarquia ser derrubada durante a revolução. Depois de Mohammad Reza Pahlavi — o último rei, chamado de xá —, ter sido exilado, Ruhollah Khomeini foi estabelecido como o primeiro líder supremo. Veja a seguir: Quem comanda o Irã? Qual o papel do presidente? Como funciona o Parlamento? O que é o Conselho dos Guardiães? Quem media a relação entre o Parlamento e o Conselho dos Guardiães? Como funciona a Guarda Revolucionária do Irã? Quem comanda o Irã? Apesar de ter um presidente, o aiatolá é o líder supremo do Irã. O cargo é determinado por clérigos islâmicos, que são encarregados de selecionar, supervisionar e, se necessário, derrubar o líder. Ocupado atualmente por Ali Khamenei, o aiatolá detém poder direto ou indireto sobre todos os assuntos do Estado — da política externa à política interna. É ele quem nomeia os principais funcionários, incluindo os chefes da mídia estatal e do Judiciário e tem representantes em quase todas as principais organizações. O artigo 110 da Constituição descreve os deveres e poderes do líder supremo, incluindo a declaração de guerra e de paz, bem como a mobilização das Forças Armadas. Leia também: Imagens mostram instalação nuclear de Fordow, no Irã, após ataque dos EUA; VEJA Qual o papel do presidente? O presidente do Irã fica responsável pela gestão cotidiana do governo e pela representação do país na diplomacia internacional. Contudo, o ocupante do cargo não pode se sobrepor ao líder supremo em questões de importância estratégica. Assim como no Brasil, os presidentes iranianos têm mandatos de 4 anos. A última eleição aconteceu em julho de 2024, tendo como vencedor Masoud Pezeshkian. A votação aconteceu após a morte repentina do então presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero dois meses antes. Nono presidente da república islâmica, Pezeshkian é conhecido por sua postura moderada. Ele fez campanha prometendo promover reformas sociais limitadas, retomar as negociações com o Ocidente sobre o programa nuclear do Irã e responder ao descontentamento público provocado pela morte de Jina Amini em 2022. A mulher, que era curda, morreu aos 22 anos sob custódia policial após ser presa por supostamente usar seu lenço de cabeça de forma muito frouxa. Como funciona o Parlamento? O Parlamento iraniano é conhecido como Majlis, ou ICA. São eles os responsáveis pela elaboração de leis, aprovação do orçamento nacional e pela ratificação de acordos internacionais. Contudo, as grandes decisões dependem do chamado Conselho dos Guardiões. Ele examina todos os candidatos ao Parlamento e tem o poder de rejeitar legislação que considere inconsistente com a Constituição ou os princípios islâmicos. Veja mais abaixo. Ao todo, há 290 parlamentares eleitos para mandatos de 4 anos por meio de eleições nacionais diretas. Mohammad Bagher Qalibaf, um conservador linha-dura, é presidente do Parlamento desde 2020 e foi reeleito para o cargo em maio de 2025. Ex-general da IRGC, ex-chefe da polícia nacional e ex-prefeito de Teerã, Qalibaf é considerado uma das figuras mais influentes do establishment político iraniano. O que é o Conselho dos Guardiães? O Conselho dos Guardiães é um órgão composto por 12 membros, que devem garantir que toda a legislação aprovada pelo Parlamento está de acordo com os princípios islâmicos e com a Constituição. Também cabe ao Conselho examinar as pessoas eleitas a cargos importantes, como a presidência e o Parlamento. O grupo é formado da seguinte maneira: 6 clérigos islâmicos nomeados pelo líder supremo; 6 juristas selecionados pelo Parlamento. Ahmad Jannati, um clérigo linha-dura e aliado do líder supremo, preside o Conselho dos Guardiães desde 1992. Conhecido por suas opiniões conservadoras, Jannati desempenha um papel central na avaliação de candidatos e na formulação de legislação em consonância com os princípios da República Islâmica. Quem media a relação entre o Parlamento e o Conselho dos Guardiães? As disputas entre o Parlamento e o Conselho dos Guardiães é mediada pelo Conselho de Discernimento. Eles interferem, por exemplo, quando as leis propostas entram em conflito com a lei islâmica ou a Constituição. Oficialmente, se trata de um órgão que realiza consultas, mas ele frequentemente funciona como uma extensão da autoridade do líder supremo, influenciando a política nacional e garantindo a continuidade do sistema político durante conflitos internos ou crises. De mesmo modo, os membros são diretamente pelo aiatolá. Como funciona a Guarda Revolucionária do Irã? A Guarda Revolucionária do Irã é uma força militar paralela. Ela tem a missão de defender o regime, tanto internamente como no exterior. Sua milícia Basij monitora a dissidência interna, enquanto a força de elite Quds supervisiona as operações em toda a região. O braço de inteligência da Guarda rivaliza com os serviços de segurança oficiais e desempenha um papel fundamental no combate às ameaças internas e externas. Sob o comando do líder supremo aiatolá Ali Khamenei, os papéis políticos e de segurança da IRGC se expandiram significativamente. Analistas estimam que o grupo controla de 20% a 40% da economia iraniana, principalmente por meio de seu braço de engenharia, Khatam al-Anbiya, e de interesses abrangentes em setores como energia, agricultura e finanças – oferecendo empregos e influência política. A Guarda Revolucionária surgiu em 1979, após a Revolução Islâmica do Irã. A princípio, tratava-se de uma milícia voluntária encarregada de proteger o regime recém-estabelecido. Após o ataque aéreo israelense de 13 de junho que matou o comandante da IRGC Hossein Salami e vários outros generais de alto escalão, Khamenei nomeou o brigadeiro-general Mohammad Pakpour, um veterano da Guerra Irã-Iraque e chefe de longa data das forças terrestres, como novo líder da organização. Saiba mais: Parlamento do Irã aprova fechamento do Estreito de Ormuz após ofensiva dos EUA, diz mídia local 'Washington é o principal motor por trás dos ataques israelenses', diz presidente do Irã após bombardeio americano Veja também: Pentágono diz que bombardeio de Fordow 'obliterou' programa nuclear iraniano Israel divulga imagens da operação que matou chefe da Guarda Revolucionária