Dólar despenca mundialmente após Trump anunciar que pensa em demitir diretor do banco central americano

Moeda é desvalorizada globalmente como consequência das tentativas de Trump de intervir no Fed. Na última sexta (18), a Casa Branca anunciou que avalia se pode demitir Jerome Powell, alvo de Trump. Notas de dólar. Dado Ruvic/ Reuters O dólar despencou nesta segunda-feira (21), à medida que a confiança dos investidores na economia dos Estados Unidos caiu após o presidente Donald Trump revelar seus planos de intervir no Federal Reserve (o Fed, banco central amerciano), o que impactaria a independência do banco. O dólar caiu para o menor nível em uma década frente ao franco suíço, o euro (EUR=EBS) alcançou US$ 1,15 o nível mais alto desde novembro de 2021. Enquanto o dólar neozelandês voltou ao nível de US$ 0,6000 pela primeira vez em mais de cinco meses. O dólar também atingiu uma mínima de sete meses frente ao iene, a 140,615 ienes (JPY=EBS). Dados da CFTC mostraram que as posições líquidas compradas em iene japonês atingiram um recorde na semana encerrada em 15 de abril. A libra esterlina (GBP=D3) subiu para o nível mais alto desde setembro, a US$ 1,3395, enquanto o dólar australiano (AUD=D3) alcançou uma máxima de quatro meses, cotado a US$ 0,6430. Frente a uma cesta de moedas, o dólar caiu para o menor nível em três anos, a 98.164 (índice DXY). O dólar neozelandês (NZD=D3) saltou mais de 1%, chegando a US$ 0,6013. Em outros lugares, o yuan onshore (CNY=CFXS) subiu para uma máxima de duas semanas antes de devolver parte dos ganhos, sendo cotado por último a 7,2904 por dólar. O yuan offshore (CNH=D3) também tocou a máxima de uma semana, a 7,2835 por dólar. A liquidez do mercado estava reduzida, com a maioria das bolsas europeias e os mercados da Austrália e de Hong Kong fechados nesta segunda-feira de Páscoa. A maioria dos mercados globais também permaneceu fechada na sexta-feira por conta do feriado. LEIA MAIS Trump chama presidente do BC americano de 'atrasado e errado' Powell diz que tarifas 'maiores do que o esperado' podem impactar metas de inflação do Fed Trump analisa demitir Powell Trump chama presidente do BC americano de 'atrasado e errado' Na sexta-feira (18), o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hasset, disse que a administração estuda se demitir Jerome Powell, presidente do Fed, é uma opção. Isso um dia após Trump declarar que a saída de Powell “não pode acontecer rápido o suficiente”, enquanto pressionava por cortes nas taxas de juros. “Powell não responde diretamente a Trump, então (Trump) não pode realmente demiti-lo. Ele só pode ser removido do cargo sob certos procedimentos, que normalmente exigem um critério mais rigoroso. Mas o presidente pode acionar mecanismos para minar a percepção de independência do Fed? Sem dúvida,” disse Vishnu Varathan, chefe de pesquisa macroeconômica para a Ásia (excluindo Japão) no Mizuho. “Eu diria que nem é necessário demitir Powell imediatamente,” acrescentou Varathan. “Basta criar a percepção de que se pode alterar fundamentalmente a ideia de um Fed independente.” “É praticamente um banquete para qualquer vendedor do dólar... desde a crescente incerteza com o autossabotamento causado pelas tarifas até a perda de confiança mesmo antes da notícia sobre Powell,” disse Varathan. As tarifas generalizadas de Trump e a incerteza sobre suas políticas comerciais abalaram os mercados globais e escureceram as perspectivas da maior economia do mundo, enfraquecendo o dólar à medida que os investidores retiram dinheiro dos ativos americanos. A China manteve suas taxas de juros de referência inalteradas nesta segunda-feira pelo sexto mês consecutivo, em linha com as expectativas. No entanto, o mercado aposta que novos estímulos devem ser anunciados em breve, diante do agravamento da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Trump x Powell Na quinta-feira (17), Trump criticou a gestão de Jerome Powell e disse que ele está "sempre muito atrasado e errado" na condução da política de juros do país. A declaração veio apenas um dia após Powell criticar publicamente o tarifaço do presidente americano. Na quarta (16), Powell disse que o nível das tarifas anunciadas por Trump é muito maior do que o Fed esperava, mesmo nos cenários "mais extremos". O presidente do Fed também disse que a guerra tarifária iniciada pelos EUA pode dificultar o trabalho do BC americano, que toma suas decisões sempre guiado pelo objetivo de controlar a inflação e fortalecer o mercado de trabalho. Trump reclamou do tempo que falta para o fim do mandato de Powell à frente do Fed, dizendo que esse momento "não chega rápido o suficiente". A importância de um BC independente O Fed é uma instituição independente e o governo não pode interferir nas decisões sobre os juros, o que evita o uso das taxas de juros para aquecer a economia em um momento de inflação acelerada. "É muito importante o Fed ser independente porque é a instituição responsável por olhar para a economia de um jeito técnico", explica o analista de investimentos Vitor Miziara. "Os governos, de forma geral, torcem para juros mu

Abr 21, 2025 - 04:30
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Dólar despenca mundialmente após  Trump anunciar que pensa em demitir diretor do banco central americano

Moeda é desvalorizada globalmente como consequência das tentativas de Trump de intervir no Fed. Na última sexta (18), a Casa Branca anunciou que avalia se pode demitir Jerome Powell, alvo de Trump. Notas de dólar. Dado Ruvic/ Reuters O dólar despencou nesta segunda-feira (21), à medida que a confiança dos investidores na economia dos Estados Unidos caiu após o presidente Donald Trump revelar seus planos de intervir no Federal Reserve (o Fed, banco central amerciano), o que impactaria a independência do banco. O dólar caiu para o menor nível em uma década frente ao franco suíço, o euro (EUR=EBS) alcançou US$ 1,15 o nível mais alto desde novembro de 2021. Enquanto o dólar neozelandês voltou ao nível de US$ 0,6000 pela primeira vez em mais de cinco meses. O dólar também atingiu uma mínima de sete meses frente ao iene, a 140,615 ienes (JPY=EBS). Dados da CFTC mostraram que as posições líquidas compradas em iene japonês atingiram um recorde na semana encerrada em 15 de abril. A libra esterlina (GBP=D3) subiu para o nível mais alto desde setembro, a US$ 1,3395, enquanto o dólar australiano (AUD=D3) alcançou uma máxima de quatro meses, cotado a US$ 0,6430. Frente a uma cesta de moedas, o dólar caiu para o menor nível em três anos, a 98.164 (índice DXY). O dólar neozelandês (NZD=D3) saltou mais de 1%, chegando a US$ 0,6013. Em outros lugares, o yuan onshore (CNY=CFXS) subiu para uma máxima de duas semanas antes de devolver parte dos ganhos, sendo cotado por último a 7,2904 por dólar. O yuan offshore (CNH=D3) também tocou a máxima de uma semana, a 7,2835 por dólar. A liquidez do mercado estava reduzida, com a maioria das bolsas europeias e os mercados da Austrália e de Hong Kong fechados nesta segunda-feira de Páscoa. A maioria dos mercados globais também permaneceu fechada na sexta-feira por conta do feriado. LEIA MAIS Trump chama presidente do BC americano de 'atrasado e errado' Powell diz que tarifas 'maiores do que o esperado' podem impactar metas de inflação do Fed Trump analisa demitir Powell Trump chama presidente do BC americano de 'atrasado e errado' Na sexta-feira (18), o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hasset, disse que a administração estuda se demitir Jerome Powell, presidente do Fed, é uma opção. Isso um dia após Trump declarar que a saída de Powell “não pode acontecer rápido o suficiente”, enquanto pressionava por cortes nas taxas de juros. “Powell não responde diretamente a Trump, então (Trump) não pode realmente demiti-lo. Ele só pode ser removido do cargo sob certos procedimentos, que normalmente exigem um critério mais rigoroso. Mas o presidente pode acionar mecanismos para minar a percepção de independência do Fed? Sem dúvida,” disse Vishnu Varathan, chefe de pesquisa macroeconômica para a Ásia (excluindo Japão) no Mizuho. “Eu diria que nem é necessário demitir Powell imediatamente,” acrescentou Varathan. “Basta criar a percepção de que se pode alterar fundamentalmente a ideia de um Fed independente.” “É praticamente um banquete para qualquer vendedor do dólar... desde a crescente incerteza com o autossabotamento causado pelas tarifas até a perda de confiança mesmo antes da notícia sobre Powell,” disse Varathan. As tarifas generalizadas de Trump e a incerteza sobre suas políticas comerciais abalaram os mercados globais e escureceram as perspectivas da maior economia do mundo, enfraquecendo o dólar à medida que os investidores retiram dinheiro dos ativos americanos. A China manteve suas taxas de juros de referência inalteradas nesta segunda-feira pelo sexto mês consecutivo, em linha com as expectativas. No entanto, o mercado aposta que novos estímulos devem ser anunciados em breve, diante do agravamento da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Trump x Powell Na quinta-feira (17), Trump criticou a gestão de Jerome Powell e disse que ele está "sempre muito atrasado e errado" na condução da política de juros do país. A declaração veio apenas um dia após Powell criticar publicamente o tarifaço do presidente americano. Na quarta (16), Powell disse que o nível das tarifas anunciadas por Trump é muito maior do que o Fed esperava, mesmo nos cenários "mais extremos". O presidente do Fed também disse que a guerra tarifária iniciada pelos EUA pode dificultar o trabalho do BC americano, que toma suas decisões sempre guiado pelo objetivo de controlar a inflação e fortalecer o mercado de trabalho. Trump reclamou do tempo que falta para o fim do mandato de Powell à frente do Fed, dizendo que esse momento "não chega rápido o suficiente". A importância de um BC independente O Fed é uma instituição independente e o governo não pode interferir nas decisões sobre os juros, o que evita o uso das taxas de juros para aquecer a economia em um momento de inflação acelerada. "É muito importante o Fed ser independente porque é a instituição responsável por olhar para a economia de um jeito técnico", explica o analista de investimentos Vitor Miziara. "Os governos, de forma geral, torcem para juros muito baixos porque estimulam a economia, trazem dívidas com custos menores e facilitam a vida das pessoas. Mas isso só funciona no curto prazo porque juros muito baixos sem uma base técnica para isso trazem inflação. A conta sempre chega lá na frente", pontua. "A independência do banco central é importante para que a instituição não tome decisões com base no populismo, mas sim tentando assegurar uma economia saudável no médio e longo prazo, e não apenas no curto prazo para beneficiar o presidente da vez", destaca Miziara. *Com informações da agência de notícias Reuters