Empresário preso em operação em Ipojuca fez 'conchavo' para combinar preços superfaturados e vencer licitação, diz MPPE

Operação Patranha foi deflagrada na quarta-feira (18). Conforme investigação, município adquiriu 6 milhões de adesivos, quantidade 60 vezes superior à população da cidade. Prefeitura de Ipojuca é alvo de operações do MPPE contra corrupção e organização criminosa Um empresário foi preso durante uma das operações deflagradas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que investigam suspeitas de corrupção no município de Ipojuca, no Grande Recife. Segundo o órgão, eles fizeram um "conchavo" para vencer uma licitação e vender itens superfaturados, como adesivos e outros materiais gráficos, à prefeitura da cidade (veja vídeo acima). Conforme as investigações, entre os produtos adquiridos pela gestão municipal, estavam 6 milhões de adesivos para turistas, número 60 vezes superior à população da cidade, que tem menos de 99 mil habitantes, de acordo com o Censo 2022. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE A Operação Patranha foi deflagrada na quarta-feira (18). No mesmo dia, o MPPE cumpriu diligências de outra ação investigativa, a Operação Habite-se, que apura um esquema criminoso no licenciamento de imóveis no município (saiba mais abaixo). Em ambas, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (19), o promotor Roberto Brayner, que é o coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) da instituição, disse que, no esquema investigado pela Operação Patranha, o prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 21 milhões. "A hipótese que nós trabalhamos é da venda da nota, da contratação, emissão de nota, pagamento pela mercadoria, mas que a mercadoria não era efetivamente entregue. Isso acarreta um prejuízo enorme para o município. E isso, obviamente, só acontece com participação e vantagem de servidores público. Isso é objeto da investigação", afirmou. LEIA TAMBÉM Operações apuram corrupção e desvio de dinheiro em Ipojuca TCE aponta suposto sobrepreço em obras e serviços no Recife A aquisição dos itens superfaturados se deu por meio de uma adesão a uma ata de registro de preços, produzida numa licitação promovida pela Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco (Ammesf), que fica no norte de Minas Gerais. Conforme a investigação, o empresário e uma pessoa ligada a ele repassaram dinheiro para concorrentes colocarem preços mais altos na licitação e, dessa forma, a empresa dele ganhar a disputa. Os dois foram presos durante a operação. Os crimes acontecerem entre 2021 e 2023. "O esquema que é investigado, a hipótese que nós trabalhamos, é que esse empresário se reuniu a outros, produziu essa ata artificialmente lá em Minas Gerais. [...] A gente viu ali tanto preços superfaturados quanto demanda por material gráfico superestimado", explicou Roberto Brayner. Além dos adesivos, a prefeitura de Ipojuca adquiriu, por meio dessa ata, talonários de infrações de trânsito e de construções irregulares. Promotor de Justiça Roberto Brayner é coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Reprodução/TV Globo Operação Habite-se Além da Operação Patranha, o MPPE deflagrou, no mesmo dia, a Operação Habite-se, que apura um suposto esquema criminoso no licenciamento de empreendimentos imobiliários da prefeitura. Segundo a denúncia, um grupo de servidores exigia vantagens para concessão de licenças. De acordo com o Ministério Público, os suspeitos são investigados por exigir propina de um empresário para liberar andamento à construção de um imóvel na praia de Porto de Galinhas. O que diz a prefeitura de Ipojuca Procurada, a prefeitura de Ipojuca disse que: Está colaborando com todo o processo, "fornecendo todos os dados que o MPPE julgar necessários à conclusão do processo"; O próprio Ministério Público admite não existir, até o momento, nada que comprove as irregularidades; Trata-se de uma investigação, ainda no início, que pode concluir que não houve culpa por parte de servidores municipais; A prefeita Célia Sales está aguardando as informações da ação por parte dos órgãos envolvidos e vai se manifestar quando tiver acesso aos autos. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

Dez 19, 2024 - 17:00
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Empresário preso em operação em Ipojuca fez 'conchavo' para combinar preços superfaturados e vencer licitação, diz MPPE

Operação Patranha foi deflagrada na quarta-feira (18). Conforme investigação, município adquiriu 6 milhões de adesivos, quantidade 60 vezes superior à população da cidade. Prefeitura de Ipojuca é alvo de operações do MPPE contra corrupção e organização criminosa Um empresário foi preso durante uma das operações deflagradas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que investigam suspeitas de corrupção no município de Ipojuca, no Grande Recife. Segundo o órgão, eles fizeram um "conchavo" para vencer uma licitação e vender itens superfaturados, como adesivos e outros materiais gráficos, à prefeitura da cidade (veja vídeo acima). Conforme as investigações, entre os produtos adquiridos pela gestão municipal, estavam 6 milhões de adesivos para turistas, número 60 vezes superior à população da cidade, que tem menos de 99 mil habitantes, de acordo com o Censo 2022. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE A Operação Patranha foi deflagrada na quarta-feira (18). No mesmo dia, o MPPE cumpriu diligências de outra ação investigativa, a Operação Habite-se, que apura um esquema criminoso no licenciamento de imóveis no município (saiba mais abaixo). Em ambas, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (19), o promotor Roberto Brayner, que é o coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) da instituição, disse que, no esquema investigado pela Operação Patranha, o prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 21 milhões. "A hipótese que nós trabalhamos é da venda da nota, da contratação, emissão de nota, pagamento pela mercadoria, mas que a mercadoria não era efetivamente entregue. Isso acarreta um prejuízo enorme para o município. E isso, obviamente, só acontece com participação e vantagem de servidores público. Isso é objeto da investigação", afirmou. LEIA TAMBÉM Operações apuram corrupção e desvio de dinheiro em Ipojuca TCE aponta suposto sobrepreço em obras e serviços no Recife A aquisição dos itens superfaturados se deu por meio de uma adesão a uma ata de registro de preços, produzida numa licitação promovida pela Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco (Ammesf), que fica no norte de Minas Gerais. Conforme a investigação, o empresário e uma pessoa ligada a ele repassaram dinheiro para concorrentes colocarem preços mais altos na licitação e, dessa forma, a empresa dele ganhar a disputa. Os dois foram presos durante a operação. Os crimes acontecerem entre 2021 e 2023. "O esquema que é investigado, a hipótese que nós trabalhamos, é que esse empresário se reuniu a outros, produziu essa ata artificialmente lá em Minas Gerais. [...] A gente viu ali tanto preços superfaturados quanto demanda por material gráfico superestimado", explicou Roberto Brayner. Além dos adesivos, a prefeitura de Ipojuca adquiriu, por meio dessa ata, talonários de infrações de trânsito e de construções irregulares. Promotor de Justiça Roberto Brayner é coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Reprodução/TV Globo Operação Habite-se Além da Operação Patranha, o MPPE deflagrou, no mesmo dia, a Operação Habite-se, que apura um suposto esquema criminoso no licenciamento de empreendimentos imobiliários da prefeitura. Segundo a denúncia, um grupo de servidores exigia vantagens para concessão de licenças. De acordo com o Ministério Público, os suspeitos são investigados por exigir propina de um empresário para liberar andamento à construção de um imóvel na praia de Porto de Galinhas. O que diz a prefeitura de Ipojuca Procurada, a prefeitura de Ipojuca disse que: Está colaborando com todo o processo, "fornecendo todos os dados que o MPPE julgar necessários à conclusão do processo"; O próprio Ministério Público admite não existir, até o momento, nada que comprove as irregularidades; Trata-se de uma investigação, ainda no início, que pode concluir que não houve culpa por parte de servidores municipais; A prefeita Célia Sales está aguardando as informações da ação por parte dos órgãos envolvidos e vai se manifestar quando tiver acesso aos autos. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias