Incentivo à automutilação, estupro virtual, conteúdos violentos: como crianças e jovens têm sido vítimas ou acusadas de crimes na internet
Um dos casos mais recentes envolveu um adolescente que ateou fogo contra um homem em situação de rua que dormia em uma calçada no Rio de Janeiro. O ataque foi filmado e transmitido ao vivo. Edição de 20/05/2025
O Profissão Repórter desta terça-feira (20) mostrou como crianças e adolescentes têm sido vítimas ou acusadas de crimes virtuais em redes sociais e plataformas de jogos online.
'Nunca achei que minha filha tivesse contato com esse tipo de gente', diz mãe de adolescente acusada de cometer crimes cibernéticos
Em São Paulo, a equipe do programa acompanhou uma ação da Polícia Civil na casa de uma adolescente de 14 anos. Ela é apontada como integrante de um grupo investigado por atear fogo em um morador de rua na zona oeste do Rio. O crime foi transmitido ao vivo por uma rede social.
A jovem também é suspeita de envolvimento em outros crimes cibernéticos graves, como incentivo à automutilação, estupro virtual, maus-tratos a animais e divulgação de conteúdos violentos. Durante a operação, os repórteres conversaram com a mãe da adolescente, que demonstrou surpresa com as acusações.
“Nunca achei que minha filha tivesse contato com esse tipo de gente”, disse.
A mãe relatou que a filha sofreu bullying na infância e começou a se automutilar.
“Ela é magra, branca. O apelido era tipo ‘macaca albina’. Também falavam do nariz dela. Levei para a psicóloga e ela toma remédio para ansiedade e depressão”, contou.
'Era um escape para mim'
'Era um escape para mim', diz jovem sentenciado por cometer crimes no Discord
No Rio, o programa acompanhou audiências na Vara da Infância e Juventude envolvendo adolescentes acusados de crimes virtuais. Um dos jovens foi sentenciado por armazenar e vender imagens pornográficas de crianças e adolescentes, além de incentivar a automutilação em grupos no Discord, plataforma popular entre os mais jovens. Ele negou as acusações, mas foi internado no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase).
“Eu era usuário do Discord. Era um escape para mim. Buscava amizades que me levaram até aqui”, afirmou o jovem.
Para a juíza Vanessa Cavalieri, os adolescentes envolvidos nesses crimes geralmente têm dificuldade de se adaptar ao mundo real e buscam pertencimento nas redes.
“Eles são captados pelo afeto. Começam cometendo pequenos delitos, e isso vai crescendo até porque eles vão ganhando status no grupo quanto mais coisas horrorosas eles fazem”, explicou.
'Justiceiros digitais'
'Justiceiros digitais': entenda atuação de jovem que investiga crimes cibernéticos
Um jovem de 21 anos, que prefere ser chamado de “Mistério”, criou com três amigos uma “equipe de investigação” para denunciar crimes de ódio no Discord. Usando máscara, luvas e roupas que escondem o rosto, ele diz que recebe denúncias anônimas e documenta os casos com prints, datas, horários e IDs dos envolvidos. Depois, envia relatórios para as autoridades.
Um dos casos mais recentes envolveu um adolescente de 17 anos que ateou fogo contra um homem em situação de rua que dormia em uma calçada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O ataque foi filmado e transmitido ao vivo.
“A gente conseguiu identificar ele e o amigo dele que estava gravando”, relatou.
O delegado Flávio Rolim da polícia federal vê com ressalvas a atuação dos "justiceiros da internet".
“Me preocupa muito o surgimento de pessoas que se autodeterminam 'justiceiros' no ambiente cibernético. Ele não pode armazenar material, ele não pode adotar uma série de medidas investigativas que o estado pode e há um risco até para a integridade física dele. Esses grupos muitas vezes são grupos estruturados, grupos com repercussões internacionais. Então, até a própria integridade desse investigador pode estar em risco dependendo da atividade que ele adota”, afirmou.
Confira as últimas reportagens do Profissão Repórter:
Um dos casos mais recentes envolveu um adolescente que ateou fogo contra um homem em situação de rua que dormia em uma calçada no Rio de Janeiro. O ataque foi filmado e transmitido ao vivo. Edição de 20/05/2025
O Profissão Repórter desta terça-feira (20) mostrou como crianças e adolescentes têm sido vítimas ou acusadas de crimes virtuais em redes sociais e plataformas de jogos online.
'Nunca achei que minha filha tivesse contato com esse tipo de gente', diz mãe de adolescente acusada de cometer crimes cibernéticos
Em São Paulo, a equipe do programa acompanhou uma ação da Polícia Civil na casa de uma adolescente de 14 anos. Ela é apontada como integrante de um grupo investigado por atear fogo em um morador de rua na zona oeste do Rio. O crime foi transmitido ao vivo por uma rede social.
A jovem também é suspeita de envolvimento em outros crimes cibernéticos graves, como incentivo à automutilação, estupro virtual, maus-tratos a animais e divulgação de conteúdos violentos. Durante a operação, os repórteres conversaram com a mãe da adolescente, que demonstrou surpresa com as acusações.
“Nunca achei que minha filha tivesse contato com esse tipo de gente”, disse.
A mãe relatou que a filha sofreu bullying na infância e começou a se automutilar.
“Ela é magra, branca. O apelido era tipo ‘macaca albina’. Também falavam do nariz dela. Levei para a psicóloga e ela toma remédio para ansiedade e depressão”, contou.
'Era um escape para mim'
'Era um escape para mim', diz jovem sentenciado por cometer crimes no Discord
No Rio, o programa acompanhou audiências na Vara da Infância e Juventude envolvendo adolescentes acusados de crimes virtuais. Um dos jovens foi sentenciado por armazenar e vender imagens pornográficas de crianças e adolescentes, além de incentivar a automutilação em grupos no Discord, plataforma popular entre os mais jovens. Ele negou as acusações, mas foi internado no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase).
“Eu era usuário do Discord. Era um escape para mim. Buscava amizades que me levaram até aqui”, afirmou o jovem.
Para a juíza Vanessa Cavalieri, os adolescentes envolvidos nesses crimes geralmente têm dificuldade de se adaptar ao mundo real e buscam pertencimento nas redes.
“Eles são captados pelo afeto. Começam cometendo pequenos delitos, e isso vai crescendo até porque eles vão ganhando status no grupo quanto mais coisas horrorosas eles fazem”, explicou.
'Justiceiros digitais'
'Justiceiros digitais': entenda atuação de jovem que investiga crimes cibernéticos
Um jovem de 21 anos, que prefere ser chamado de “Mistério”, criou com três amigos uma “equipe de investigação” para denunciar crimes de ódio no Discord. Usando máscara, luvas e roupas que escondem o rosto, ele diz que recebe denúncias anônimas e documenta os casos com prints, datas, horários e IDs dos envolvidos. Depois, envia relatórios para as autoridades.
Um dos casos mais recentes envolveu um adolescente de 17 anos que ateou fogo contra um homem em situação de rua que dormia em uma calçada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O ataque foi filmado e transmitido ao vivo.
“A gente conseguiu identificar ele e o amigo dele que estava gravando”, relatou.
O delegado Flávio Rolim da polícia federal vê com ressalvas a atuação dos "justiceiros da internet".
“Me preocupa muito o surgimento de pessoas que se autodeterminam 'justiceiros' no ambiente cibernético. Ele não pode armazenar material, ele não pode adotar uma série de medidas investigativas que o estado pode e há um risco até para a integridade física dele. Esses grupos muitas vezes são grupos estruturados, grupos com repercussões internacionais. Então, até a própria integridade desse investigador pode estar em risco dependendo da atividade que ele adota”, afirmou.
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