Milei promove criptomoeda em post, faz valor subir e colapsar em seguida; presidente argentino pode ser alvo de investigação
Economistas, especialistas e políticos da oposição criticaram Milei e apontaram que ativo digital poderia ser uma fraude. Presidente se justificou, dizendo que "não estava ciente dos detalhes do projeto". Após valor da criptomoeda colapsar, ele apagou o post. Presidente da Argentina, Javier Milei, em foto de janeiro Ciro De Luca/ Reuters O presidente da Argentina, Javier Milei, promoveu na sexta-feira (14) em um post na rede social X, um projeto baseado no investimento da criptomoeda $LIBRA para financiar pequenas empresas, fazendo seu valor disparar. Horas depois, contudo, ele recuou e decidiu "não continuar difundindo" a ação, em meio ao colapso da criptomoeda. O presidente pode ser alvo de investigação do Congresso argentino por conta da publicação. "Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, depois que tomei conhecimento, decidi não continuar difundindo-o", explicou Milei depois da meia-noite em sua conta no X, e após excluir a publicação em que apoiava o projeto chamado "Viva La Libertad Project". ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O anúncio original do presidente ultraliberal, com um link para a iniciativa e uma imagem reproduzida na imprensa local, afirmava que a criptomoeda era "um projeto privado" dedicado a "incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos". "O mundo quer investir na Argentina. $LIBRA", encerrou ele com o nome do token, uma unidade de valor digital baseada na tecnologia blockchain sem valor em moeda real. Economistas e especialistas no universo cripto da Argentina, assim como vários políticos da oposição, rapidamente criticaram Milei e apontaram que esse ativo digital poderia ser uma fraude ou um esquema Ponzi. "O Presidente da Nação acaba de lançar publicamente uma fraude global (grosseira e óbvia). E nada vai acontecer", reagiu Javier Smaldone, especialista em informática e influenciador digital conhecido por denunciar esquemas de pirâmide, minutos depois no X. De acordo com Smaldone e outros especialistas em finanças digitais, como a revista de mercados de capitais "The Kobeissi Letter", cerca de 80% do ativo $LIBRA estava nas mãos de poucas pessoas antes do apoio de Milei. Depois da publicação do presidente, seu valor cresceu exponencialmente, de décimos a um pico de US$ 4.978 (cerca de R$ 28.512). Os detentores originais da $LIBRA começaram a vender a criptomoeda com lucro de milhões, mas o valor do ativo despencou logo em seguida. A manobra é conhecida no trading digital como uma "puxada de tapete". Presidente pode ser investigado Líderes da oposição denunciaram o ocorrido, como o senador da UCR (centro) Martín Lousteau, que declarou em sua conta no X que "esta é a segunda vez que, como funcionário, [Milei] anuncia ativos do mundo das criptomoedas que acabam sendo uma fraude". Em 2021, o então deputado e agora presidente promoveu a plataforma CoinX, que oferecia lucros de 8% ao mês em dólares e agora também está sendo investigada por suposta fraude. Para o deputado da Coalizão Cívica Maximiliano Ferraro, o que aconteceu com a $LIBRA "foi uma manobra especulativa que poderia ser alavancada no poder político do Presidente e no uso de informações privilegiadas". O Congresso "deveria criar uma comissão especial de investigação" para "esclarecer os fatos e determinar as responsabilidades", considerou.
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Economistas, especialistas e políticos da oposição criticaram Milei e apontaram que ativo digital poderia ser uma fraude. Presidente se justificou, dizendo que "não estava ciente dos detalhes do projeto". Após valor da criptomoeda colapsar, ele apagou o post. Presidente da Argentina, Javier Milei, em foto de janeiro Ciro De Luca/ Reuters O presidente da Argentina, Javier Milei, promoveu na sexta-feira (14) em um post na rede social X, um projeto baseado no investimento da criptomoeda $LIBRA para financiar pequenas empresas, fazendo seu valor disparar. Horas depois, contudo, ele recuou e decidiu "não continuar difundindo" a ação, em meio ao colapso da criptomoeda. O presidente pode ser alvo de investigação do Congresso argentino por conta da publicação. "Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, depois que tomei conhecimento, decidi não continuar difundindo-o", explicou Milei depois da meia-noite em sua conta no X, e após excluir a publicação em que apoiava o projeto chamado "Viva La Libertad Project". ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O anúncio original do presidente ultraliberal, com um link para a iniciativa e uma imagem reproduzida na imprensa local, afirmava que a criptomoeda era "um projeto privado" dedicado a "incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos". "O mundo quer investir na Argentina. $LIBRA", encerrou ele com o nome do token, uma unidade de valor digital baseada na tecnologia blockchain sem valor em moeda real. Economistas e especialistas no universo cripto da Argentina, assim como vários políticos da oposição, rapidamente criticaram Milei e apontaram que esse ativo digital poderia ser uma fraude ou um esquema Ponzi. "O Presidente da Nação acaba de lançar publicamente uma fraude global (grosseira e óbvia). E nada vai acontecer", reagiu Javier Smaldone, especialista em informática e influenciador digital conhecido por denunciar esquemas de pirâmide, minutos depois no X. De acordo com Smaldone e outros especialistas em finanças digitais, como a revista de mercados de capitais "The Kobeissi Letter", cerca de 80% do ativo $LIBRA estava nas mãos de poucas pessoas antes do apoio de Milei. Depois da publicação do presidente, seu valor cresceu exponencialmente, de décimos a um pico de US$ 4.978 (cerca de R$ 28.512). Os detentores originais da $LIBRA começaram a vender a criptomoeda com lucro de milhões, mas o valor do ativo despencou logo em seguida. A manobra é conhecida no trading digital como uma "puxada de tapete". Presidente pode ser investigado Líderes da oposição denunciaram o ocorrido, como o senador da UCR (centro) Martín Lousteau, que declarou em sua conta no X que "esta é a segunda vez que, como funcionário, [Milei] anuncia ativos do mundo das criptomoedas que acabam sendo uma fraude". Em 2021, o então deputado e agora presidente promoveu a plataforma CoinX, que oferecia lucros de 8% ao mês em dólares e agora também está sendo investigada por suposta fraude. Para o deputado da Coalizão Cívica Maximiliano Ferraro, o que aconteceu com a $LIBRA "foi uma manobra especulativa que poderia ser alavancada no poder político do Presidente e no uso de informações privilegiadas". O Congresso "deveria criar uma comissão especial de investigação" para "esclarecer os fatos e determinar as responsabilidades", considerou.