Ministra Sonia Guajajara vence prêmio de liderança ambiental da ONU

Prêmio Campeões da Terra 2024 homenageou defensores do meio ambiente e soluções sustentáveis. Guajajara é reconhecida internacionalmente por dezenas de denúncias sobre violações de direitos dos povos indígenas no Brasil. Ministra do Povos Indígenas, Sônia Guajajara, durante sessão na Comissão dos Direitos Humanos, em 2023. WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foi anunciada nesta terça-feira (10) como uma das vencedoras do Prêmio Campeões da Terra 2024. A premiação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) homenageia lideranças ambientais em todo o mundo desde 2005. Guajajara é reconhecida internacionalmente por dezenas de denúncias que já fez à Organização das Nações Unidas (ONU), ao Parlamento Europeu e às Conferências Mundiais do Clima (COP) sobre violações de direitos dos povos indígenas no Brasil. (saiba mais sobre a ministra abaixo) Neste ano, os ganhadores foram homenageados por "sua liderança excepcional, ações corajosas e soluções sustentáveis para combates a degradação da terra, a seca e a desertificação". Além da ministra, foram premiados um defensor do meio ambiente, uma iniciativa de agricultura sustentável, uma defensora dos direitos indígenas, um cientista focado em florestamento e um ecologista. Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, afirma que quase 40% das terras do mundo já estão degradas, com o aumento da desertificação e secas muito intensas se tornando cada vez mais regulares. "A boa notícia é que as soluções já existem hoje e, em todo mundo, indivíduos e organizações extraordinárias estão demonstrando que é possível defender e curar nosso planeta", disse em comunicado. LEIA TAMBÉM: Primeiro dia sem gelo no Ártico pode acontecer em 2027, alerta estudo 2024 é o ano mais quente já visto na Terra, segundo observatório europeu Quem é Sonia Guajajara Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara é uma reconhecida liderança indígena do Maranhão, que ganhou notoriedade pela luta dos direitos dos povos indígenas. É a primeira ministra indígena do país, ocupando o cargo desde 2023. Em 2022, a ministra foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Guajajara se destaca também pelo ativismo ambiental, na linha de frente na luta contra projetos que ameaçam as florestas e os modos de vida dos povos indígenas. 'Recuperação pode levar décadas', diz ministra Sônia Guajajara sobre degradação das terras indígenas Yanomami e contaminação por mercúrio Nascida em 1974 na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, Sônia é do povo Guajajara/Tentehar. Filha de pais analfabetos, aos 15 anos foi cursar o ensino médio em Minas Gerais. É formada em letras e em enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), e fez pós-graduação em Educação Especial. Em 2009, foi eleita vice-coordenadora da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Em 2013, tornou-se coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), onde passou a atuar no movimento indígena em âmbito nacional. Vencedores do Prêmio Campeões da Terra Além da ministra Sonia Guajajara, outras cinco pessoas foram homenageadas com o prêmio neste ano: Amy Bowers Cordalis Defensora dos direitos indígenas, Cordalis foi homenageada na categoria "Inspiração e Ação". Ela usa sua experiência jurídica e paixão pela restauração para garantir um futuro melhor para a tribo Yurok e o rio Klamath nos Estados Unidos. De acordo com o prêmio, o trabalho de Cordalis para restaurar o ecossistema fluvial e incentivar a adoção de práticas de pesca sustentáveis demonstra como uma ação ambiental ousada pode trazer mudanças positivas significativas, ao mesmo tempo em que defende os direitos e meios de subsistência dos povos indígenas. Gabriel Paun O defensor ambiental romeno foi homenageado na categoria "Inspiração e Ação". Ele é fundador da ONG Agent Green, que tem ajudado a salvar milhares de hectares de biodiversidade na cordilheira dos Cárpatos desde 2009, expondo a destruição e a extração ilegal de madeira da última floresta antiga da Europa. Paun recebeu ameaças de morte e foi atacado fisicamente por seu trabalho em documentar o desmatamento em uma área que é vital para o ecossistema e suporta uma biodiversidade única, como linces e lobos. Lu Qi Homenageado na categoria "Ciência e Inovação", o cientista chinês trabalhou nos setores de ciência e política por três décadas, ajudando a China a reverter a degradação e encolher seus desertos. Como cientista-chefe da Academia Chinesa de Silvicultura e presidente fundador do Instituto da Grande Muralha Verde, Lu desempenhou um papel fundamental na implementação do maior projeto de florestamento do mundo, estabelecendo redes e parcerias de pesquisa especializadas e impulsionando a cooperação multilateral para conter a desertificação, a degradação da terra e a seca. Madhav Gadgil Ecologista indiano, foi homenageado na categoria "Conquista de Uma Vida". Ele passou décadas pr

Dez 10, 2024 - 03:30
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Ministra Sonia Guajajara vence prêmio de liderança ambiental da ONU

Prêmio Campeões da Terra 2024 homenageou defensores do meio ambiente e soluções sustentáveis. Guajajara é reconhecida internacionalmente por dezenas de denúncias sobre violações de direitos dos povos indígenas no Brasil. Ministra do Povos Indígenas, Sônia Guajajara, durante sessão na Comissão dos Direitos Humanos, em 2023. WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foi anunciada nesta terça-feira (10) como uma das vencedoras do Prêmio Campeões da Terra 2024. A premiação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) homenageia lideranças ambientais em todo o mundo desde 2005. Guajajara é reconhecida internacionalmente por dezenas de denúncias que já fez à Organização das Nações Unidas (ONU), ao Parlamento Europeu e às Conferências Mundiais do Clima (COP) sobre violações de direitos dos povos indígenas no Brasil. (saiba mais sobre a ministra abaixo) Neste ano, os ganhadores foram homenageados por "sua liderança excepcional, ações corajosas e soluções sustentáveis para combates a degradação da terra, a seca e a desertificação". Além da ministra, foram premiados um defensor do meio ambiente, uma iniciativa de agricultura sustentável, uma defensora dos direitos indígenas, um cientista focado em florestamento e um ecologista. Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, afirma que quase 40% das terras do mundo já estão degradas, com o aumento da desertificação e secas muito intensas se tornando cada vez mais regulares. "A boa notícia é que as soluções já existem hoje e, em todo mundo, indivíduos e organizações extraordinárias estão demonstrando que é possível defender e curar nosso planeta", disse em comunicado. LEIA TAMBÉM: Primeiro dia sem gelo no Ártico pode acontecer em 2027, alerta estudo 2024 é o ano mais quente já visto na Terra, segundo observatório europeu Quem é Sonia Guajajara Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara é uma reconhecida liderança indígena do Maranhão, que ganhou notoriedade pela luta dos direitos dos povos indígenas. É a primeira ministra indígena do país, ocupando o cargo desde 2023. Em 2022, a ministra foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Guajajara se destaca também pelo ativismo ambiental, na linha de frente na luta contra projetos que ameaçam as florestas e os modos de vida dos povos indígenas. 'Recuperação pode levar décadas', diz ministra Sônia Guajajara sobre degradação das terras indígenas Yanomami e contaminação por mercúrio Nascida em 1974 na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, Sônia é do povo Guajajara/Tentehar. Filha de pais analfabetos, aos 15 anos foi cursar o ensino médio em Minas Gerais. É formada em letras e em enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), e fez pós-graduação em Educação Especial. Em 2009, foi eleita vice-coordenadora da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Em 2013, tornou-se coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), onde passou a atuar no movimento indígena em âmbito nacional. Vencedores do Prêmio Campeões da Terra Além da ministra Sonia Guajajara, outras cinco pessoas foram homenageadas com o prêmio neste ano: Amy Bowers Cordalis Defensora dos direitos indígenas, Cordalis foi homenageada na categoria "Inspiração e Ação". Ela usa sua experiência jurídica e paixão pela restauração para garantir um futuro melhor para a tribo Yurok e o rio Klamath nos Estados Unidos. De acordo com o prêmio, o trabalho de Cordalis para restaurar o ecossistema fluvial e incentivar a adoção de práticas de pesca sustentáveis demonstra como uma ação ambiental ousada pode trazer mudanças positivas significativas, ao mesmo tempo em que defende os direitos e meios de subsistência dos povos indígenas. Gabriel Paun O defensor ambiental romeno foi homenageado na categoria "Inspiração e Ação". Ele é fundador da ONG Agent Green, que tem ajudado a salvar milhares de hectares de biodiversidade na cordilheira dos Cárpatos desde 2009, expondo a destruição e a extração ilegal de madeira da última floresta antiga da Europa. Paun recebeu ameaças de morte e foi atacado fisicamente por seu trabalho em documentar o desmatamento em uma área que é vital para o ecossistema e suporta uma biodiversidade única, como linces e lobos. Lu Qi Homenageado na categoria "Ciência e Inovação", o cientista chinês trabalhou nos setores de ciência e política por três décadas, ajudando a China a reverter a degradação e encolher seus desertos. Como cientista-chefe da Academia Chinesa de Silvicultura e presidente fundador do Instituto da Grande Muralha Verde, Lu desempenhou um papel fundamental na implementação do maior projeto de florestamento do mundo, estabelecendo redes e parcerias de pesquisa especializadas e impulsionando a cooperação multilateral para conter a desertificação, a degradação da terra e a seca. Madhav Gadgil Ecologista indiano, foi homenageado na categoria "Conquista de Uma Vida". Ele passou décadas protegendo as pessoas e o planeta por meio de pesquisas e envolvimento da comunidade. De avaliações de impacto ambiental de políticas estaduais e nacionais ao engajamento ambiental de base, o trabalho de Gadgil influenciou a opinião pública e as políticas oficiais sobre a proteção dos recursos naturais. Ele é conhecido por seu trabalho na região ecologicamente frágil dos Gates Ocidentais da Índia, que é um ponto crítico global único de biodiversidade. SEKEM Uma iniciativa de agricultura sustentável, a SEKEM foi homenageada na categoria "Visão Empreendedora". A ação ajuda agricultores em todo o Egito a fazer a transição para uma produção mais sustentável até 2025. Sua promoção da agricultura biodinâmica, além do trabalho de florestamento e reflorestamento, tem transformado grandes áreas de deserto em prósperos negócios agrícolas, promovendo o desenvolvimento sustentável em todo o país.