MP denuncia quatro pessoas por incêndio em clínica no DF
DF: 5 pessoas morrem em incêndio em clínica irregular de recuperação de dependentes O Ministério Público do Distrito Federal denunciou para a Justiça, nesta segunda-feira (1°), quatro responsáveis pelo incêndio que atingiu uma unidade da clínica Liberte-se, voltada para dependentes químicos. Seis pessoas morreram e outras 10 ficaram feridos após as chamas. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. A denúncia do MP acontece após a Polícia Civil concluir a investigação do caso e indiciar os envolvidos. Investigação da Polícia Civil Veja como ficou clínica atingida por incêndio no DF TV Globo A investigação confirmou que as vítimas estavam trancadas nos alojamentos quando as chamas começaram e, por isso, tiveram dificuldade para escapar. De acordo com o delegado Bruno Cunha, da 6ª Delegacia de Polícia, os internos também estavam sedados por medicamentos – o que reduziu ainda mais a chance de fuga. A hipótese de que o fogo tenha começado em razão de um curto-circuito foi descartada. A Polícia Civil acredita que as chamas foram acidentais, mas não conseguiu cravar a origem. A clínica tinha como diretor e proprietário Douglas Costa de Oliveira Ramos. Em nota, o advogado de parte dos indiciados disse que o "delegado cometeu um grande equívoco", pois, de acordo com ele, "existe o dolo direto". Denúncia do MP Os envolvidos foram denunciados por 6 homicídios qualificados e 15 tentativas de homicídio qualificadas. Dois deles também podem responder por fraude processual, por supostamente terem inserido extintores de incêndio na cena do crime após o ocorrido, com a intenção de modificar o cenário e induzir o juízo ao erro. De acordo com a denúncia, dois gestores, uma administradora e um funcionário agiram em comunhão de esforços, e com dolo eventual, ao manterem portas e janelas da clínica trancadas por fora, o que teria impedido a fuga das vítimas durante o incêndio. A prática de trancar a casa por fora era adotada para impedir fugas e furtos. Na noite do ocorrido, um funcionário teria colocado o cadeado na porta antes de dormir, seguindo orientação dos gestores da unidade O Ministério Público apontou que o crime ocorreu por motivo fútil, já que os bloqueios eram realizados para impedir fugas e furtos de objetos; com emprego de fogo; e ainda mediante o recurso que dificultou a defesa das vítimas, que estavam presas no interior da residência. Ainda de acordo com a denúncia, no caso dos sobreviventes, a morte só não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos denunciados, "na medida em que terceiras pessoas intervieram e conseguiram resgatá-los do interior da casa em chamas". Incêndio revelou série de problemas O incêndio na Chácara 420, no Paranoá, abriu uma série de investigações sobre a atuação das clínicas do Instituto Terapêutico Liberte-se no Distrito Federal. O Instituto Liberte-se possui três clínicas: Paranoá (Chácara 420): unidade que pegou fogo e estava sem licença e sem laudos do Corpo de Bombeiros. Paranoá (Chácara 470): interditada após fiscalização, operava com licença da Vigilância Sanitária vencida; mantinha 63 internos. Lago Oeste (Sobradinho II): funcionava sem alvará e já tinha ordem de interdição desde 2024, mas ainda assim seguia recebendo pacientes. A Defesa Civil realizou uma vistoria técnica na clínica após o incêndio e constatou: graves danos estruturais com risco de colapso do telhado; fissuras e trincas nas paredes; madeiramento danificado pelo fogo; janelas sem vidros e grades parcialmente arrancadas. A Defesa Civil apontou risco de colapso estrutural na chácara 420 e determinou interdição total. Incêndio em casa de recuperação de dependentes químicos no Paranoá. CBMDF/Divulgação Irregularidades e informações desencontradas O caso expôs falhas de fiscalização. Inicialmente, o DF Legal afirmou que a unidade incendiada estava regular, mas depois reconheceu que houve confusão entre os endereços das chácaras 420 e 470, que ficam separados por 500 metros de distância. "A validade da licença para funcionamento da clínica na chácara 470 venceu no mês passado. Dessa forma, a chácara 470 está irregular no momento, mas as licenças não estavam vencidas no ano passado, quando foi feita a fiscalização. O funcionamento na chácara 420 também não está previsto no licenciamento existente para o CNPJ da empresa localizada na 470. Dessa forma um funcionamento na 420 também seria irregular”, afirmou o DF Legal. A reportagem do g1 também teve acesso ao parecer de viabilidade da clínica situada no Lago Oeste, com vistorias de vários órgãos. Apesar das graves denúncias, a única irregularidade apontada no documento é a ausência de licenciamento para a produção de ovos no local, o que motivou a pedido de interdição. Além disso, órgãos do GDF admitiram não ter realizado fiscalizações nas semanas entre o incêndio e a prisão de três responsáveis pela unidade do Lago Oeste. LEIA TAMBÉM: COMPRA DO BANCO MASTER: depoimento do ex-presidente do BRB à Polícia Federal é adiado TCDF AUTORIZOU:

DF: 5 pessoas morrem em incêndio em clínica irregular de recuperação de dependentes O Ministério Público do Distrito Federal denunciou para a Justiça, nesta segunda-feira (1°), quatro responsáveis pelo incêndio que atingiu uma unidade da clínica Liberte-se, voltada para dependentes químicos. Seis pessoas morreram e outras 10 ficaram feridos após as chamas. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. A denúncia do MP acontece após a Polícia Civil concluir a investigação do caso e indiciar os envolvidos. Investigação da Polícia Civil Veja como ficou clínica atingida por incêndio no DF TV Globo A investigação confirmou que as vítimas estavam trancadas nos alojamentos quando as chamas começaram e, por isso, tiveram dificuldade para escapar. De acordo com o delegado Bruno Cunha, da 6ª Delegacia de Polícia, os internos também estavam sedados por medicamentos – o que reduziu ainda mais a chance de fuga. A hipótese de que o fogo tenha começado em razão de um curto-circuito foi descartada. A Polícia Civil acredita que as chamas foram acidentais, mas não conseguiu cravar a origem. A clínica tinha como diretor e proprietário Douglas Costa de Oliveira Ramos. Em nota, o advogado de parte dos indiciados disse que o "delegado cometeu um grande equívoco", pois, de acordo com ele, "existe o dolo direto". Denúncia do MP Os envolvidos foram denunciados por 6 homicídios qualificados e 15 tentativas de homicídio qualificadas. Dois deles também podem responder por fraude processual, por supostamente terem inserido extintores de incêndio na cena do crime após o ocorrido, com a intenção de modificar o cenário e induzir o juízo ao erro. De acordo com a denúncia, dois gestores, uma administradora e um funcionário agiram em comunhão de esforços, e com dolo eventual, ao manterem portas e janelas da clínica trancadas por fora, o que teria impedido a fuga das vítimas durante o incêndio. A prática de trancar a casa por fora era adotada para impedir fugas e furtos. Na noite do ocorrido, um funcionário teria colocado o cadeado na porta antes de dormir, seguindo orientação dos gestores da unidade O Ministério Público apontou que o crime ocorreu por motivo fútil, já que os bloqueios eram realizados para impedir fugas e furtos de objetos; com emprego de fogo; e ainda mediante o recurso que dificultou a defesa das vítimas, que estavam presas no interior da residência. Ainda de acordo com a denúncia, no caso dos sobreviventes, a morte só não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos denunciados, "na medida em que terceiras pessoas intervieram e conseguiram resgatá-los do interior da casa em chamas". Incêndio revelou série de problemas O incêndio na Chácara 420, no Paranoá, abriu uma série de investigações sobre a atuação das clínicas do Instituto Terapêutico Liberte-se no Distrito Federal. O Instituto Liberte-se possui três clínicas: Paranoá (Chácara 420): unidade que pegou fogo e estava sem licença e sem laudos do Corpo de Bombeiros. Paranoá (Chácara 470): interditada após fiscalização, operava com licença da Vigilância Sanitária vencida; mantinha 63 internos. Lago Oeste (Sobradinho II): funcionava sem alvará e já tinha ordem de interdição desde 2024, mas ainda assim seguia recebendo pacientes. A Defesa Civil realizou uma vistoria técnica na clínica após o incêndio e constatou: graves danos estruturais com risco de colapso do telhado; fissuras e trincas nas paredes; madeiramento danificado pelo fogo; janelas sem vidros e grades parcialmente arrancadas. A Defesa Civil apontou risco de colapso estrutural na chácara 420 e determinou interdição total. Incêndio em casa de recuperação de dependentes químicos no Paranoá. CBMDF/Divulgação Irregularidades e informações desencontradas O caso expôs falhas de fiscalização. Inicialmente, o DF Legal afirmou que a unidade incendiada estava regular, mas depois reconheceu que houve confusão entre os endereços das chácaras 420 e 470, que ficam separados por 500 metros de distância. "A validade da licença para funcionamento da clínica na chácara 470 venceu no mês passado. Dessa forma, a chácara 470 está irregular no momento, mas as licenças não estavam vencidas no ano passado, quando foi feita a fiscalização. O funcionamento na chácara 420 também não está previsto no licenciamento existente para o CNPJ da empresa localizada na 470. Dessa forma um funcionamento na 420 também seria irregular”, afirmou o DF Legal. A reportagem do g1 também teve acesso ao parecer de viabilidade da clínica situada no Lago Oeste, com vistorias de vários órgãos. Apesar das graves denúncias, a única irregularidade apontada no documento é a ausência de licenciamento para a produção de ovos no local, o que motivou a pedido de interdição. Além disso, órgãos do GDF admitiram não ter realizado fiscalizações nas semanas entre o incêndio e a prisão de três responsáveis pela unidade do Lago Oeste. LEIA TAMBÉM: COMPRA DO BANCO MASTER: depoimento do ex-presidente do BRB à Polícia Federal é adiado TCDF AUTORIZOU: concurso da Caesb suspenso desde setembro tem prova marcada Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

