'Não fala nada, a polícia tá aqui': filha de suspeito de participar da execução de ex-delegado alerta o pai durante ligação com o tio
Umberto Alberto Gomes foi identificado por meio de impressões digitais encontradas em uma casa em Mongaguá Reprodução e Reprodução/TV Globo Umberto Alberto Gomes, o oitavo suspeito identificado por participar da execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes em Praia Grande, no litoral de São Paulo, ligou para o irmão enquanto a polícia cumpria um mandado de busca e apreensão no endereço dele na capital paulista. Conforme apurado pelo g1, a filha do homem, de 14 anos, chegou a gritar para o pai não dizer nada durante a ligação. "Não fala nada, a polícia está aqui", gritou a menina ao telefone. Ruy foi morto na noite do último dia 15, após cumprir expediente como secretário de Administração na Prefeitura de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Até o momento, Dahesly Oliveira Pires, Luiz Henrique Santos Batista (Fofão), Rafael Marcell Dias Simões (Jaguar) e Willian Silva Marques foram presos sob suspeita de participação no homicídio. Além de Umberto, outros três investigados já foram identificados e estão foragidos: Felipe Avelino da Silva, Flávio Henrique Ferreira de Souza e Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (saiba quem são adiante). ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Umberto foi identificado por meio de impressões digitais encontradas em uma casa que teria sido usada pelos criminosos em Mongaguá, também no litoral paulista. Ele teve a prisão decretada pela Justiça de São Paulo na última terça-feira (23). Ligação telefônica Um boletim de ocorrência, obtido pelo g1, indica que um mandado de busca e apreensão em endereços vinculados a Umberto foi cumprido na manhã de terça-feira (23), na capital paulista. Na ocasião, os policiais apreenderam cartões bancários, chip e caixas de celulares, um aparelho de monitoramento e gravação DVR, além de documentos como contratos, notas promissórias e cheques. Segundo o registro policial, o endereço descrito no mandado era um apartamento relacionado ao homem no bairro Jardim Novo Jau. As equipes, porém, não encontraram nada de ilícito no imóvel e o proprietário também informou não conhecer Umberto. Outros moradores alertaram os policiais que Umberto vivia em outro apartamento no mesmo condomínio. As equipes foram até o local, onde encontraram a filha dele, de 14 anos. A menina disse que o pai esteve na casa pela última vez no domingo (21), mas não sabia do paradeiro dele. Os vizinhos acrescentaram que Umberto também tinha vínculo em outro endereço, no Grajaú, e um grupo de policiais foi ao local. Momentos depois, o irmão de Umberto chegou e foi informado sobre o mandado de prisão. Em seguida, ele recebeu uma ligação do parente, mas foi interrompido pela menina, que gritou: "Não fala nada, a polícia está aqui". A ligação foi encerrada. O irmão de Umberto foi encaminhado para a delegacia a fim de prestar declarações sobre as investigações e acompanhar a apreensão de alguns itens. Conforme relatado no BO, os agentes deslocados para a segunda casa ligada a Umberto descobriram que na primeira havia compartimentos secretos onde ele poderia guardar armas. Sendo assim, a equipe voltou ao local, mas foi informada que a filha de Umberto havia fugido. Apesar disso, os policiais entraram no imóvel e encontraram o compartimento secreto em um armário, onde foram localizados apenas documentos. Segundo o boletim de ocorrência, o cumprimento de mandado de busca e apreensão ocorreu em um endereço diferente de forma legítima, levando em consideração as circunstâncias para garantir a efetividade da decisão judicial. Ficha criminal O g1 apurou que Umberto tem ficha criminal desde dezembro de 2008, quando tinha 22 anos e foi indiciado por tentativa de roubo, associação criminosa e corrupção de menores em São Paulo. Ele foi preso na ocasião e condenado no ano seguinte. Umberto ficou detido até janeiro de 2010, quando teve a pena alterada para prisão domiciliar. No entanto, em junho de 2014, foi novamente preso por roubo, também na capital paulista. O homem ficou preso por um ano e três meses e, em setembro de 2015, obteve o benefício da liberdade condicional. Umberto Alberto Gomes foi identificado por meio de impressões digitais encontradas em uma casa em Mongaguá g1 Santos e Reprodução/TV Globo Casa em Praia Grande Uma casa em Praia Grande foi o primeiro imóvel a ser investigado por ter ligação com a quadrilha. A polícia chegou até o local após o depoimento de Dahesly — a única mulher suspeita de participação no crime até a última atualização desta reportagem. De acordo com o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Dahesly saiu de Diadema, no ABC Paulista, para buscar um dos fuzis usados no assassinato de Ruy dentro da residência. A ordem teria sido dada por Luiz Antonio, mas os fuzis não foram encontrados. A casa está localizada na Rua Campos de Jordão, no bairro Jardim Imperador, e fica a aproximadamente dez minutos do local do crime. A fachada da residência foi pichada com a frase 'Justiça tarda + não falha'. Vídeo e fotos obtid


Umberto Alberto Gomes foi identificado por meio de impressões digitais encontradas em uma casa em Mongaguá Reprodução e Reprodução/TV Globo Umberto Alberto Gomes, o oitavo suspeito identificado por participar da execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes em Praia Grande, no litoral de São Paulo, ligou para o irmão enquanto a polícia cumpria um mandado de busca e apreensão no endereço dele na capital paulista. Conforme apurado pelo g1, a filha do homem, de 14 anos, chegou a gritar para o pai não dizer nada durante a ligação. "Não fala nada, a polícia está aqui", gritou a menina ao telefone. Ruy foi morto na noite do último dia 15, após cumprir expediente como secretário de Administração na Prefeitura de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Até o momento, Dahesly Oliveira Pires, Luiz Henrique Santos Batista (Fofão), Rafael Marcell Dias Simões (Jaguar) e Willian Silva Marques foram presos sob suspeita de participação no homicídio. Além de Umberto, outros três investigados já foram identificados e estão foragidos: Felipe Avelino da Silva, Flávio Henrique Ferreira de Souza e Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (saiba quem são adiante). ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Umberto foi identificado por meio de impressões digitais encontradas em uma casa que teria sido usada pelos criminosos em Mongaguá, também no litoral paulista. Ele teve a prisão decretada pela Justiça de São Paulo na última terça-feira (23). Ligação telefônica Um boletim de ocorrência, obtido pelo g1, indica que um mandado de busca e apreensão em endereços vinculados a Umberto foi cumprido na manhã de terça-feira (23), na capital paulista. Na ocasião, os policiais apreenderam cartões bancários, chip e caixas de celulares, um aparelho de monitoramento e gravação DVR, além de documentos como contratos, notas promissórias e cheques. Segundo o registro policial, o endereço descrito no mandado era um apartamento relacionado ao homem no bairro Jardim Novo Jau. As equipes, porém, não encontraram nada de ilícito no imóvel e o proprietário também informou não conhecer Umberto. Outros moradores alertaram os policiais que Umberto vivia em outro apartamento no mesmo condomínio. As equipes foram até o local, onde encontraram a filha dele, de 14 anos. A menina disse que o pai esteve na casa pela última vez no domingo (21), mas não sabia do paradeiro dele. Os vizinhos acrescentaram que Umberto também tinha vínculo em outro endereço, no Grajaú, e um grupo de policiais foi ao local. Momentos depois, o irmão de Umberto chegou e foi informado sobre o mandado de prisão. Em seguida, ele recebeu uma ligação do parente, mas foi interrompido pela menina, que gritou: "Não fala nada, a polícia está aqui". A ligação foi encerrada. O irmão de Umberto foi encaminhado para a delegacia a fim de prestar declarações sobre as investigações e acompanhar a apreensão de alguns itens. Conforme relatado no BO, os agentes deslocados para a segunda casa ligada a Umberto descobriram que na primeira havia compartimentos secretos onde ele poderia guardar armas. Sendo assim, a equipe voltou ao local, mas foi informada que a filha de Umberto havia fugido. Apesar disso, os policiais entraram no imóvel e encontraram o compartimento secreto em um armário, onde foram localizados apenas documentos. Segundo o boletim de ocorrência, o cumprimento de mandado de busca e apreensão ocorreu em um endereço diferente de forma legítima, levando em consideração as circunstâncias para garantir a efetividade da decisão judicial. Ficha criminal O g1 apurou que Umberto tem ficha criminal desde dezembro de 2008, quando tinha 22 anos e foi indiciado por tentativa de roubo, associação criminosa e corrupção de menores em São Paulo. Ele foi preso na ocasião e condenado no ano seguinte. Umberto ficou detido até janeiro de 2010, quando teve a pena alterada para prisão domiciliar. No entanto, em junho de 2014, foi novamente preso por roubo, também na capital paulista. O homem ficou preso por um ano e três meses e, em setembro de 2015, obteve o benefício da liberdade condicional. Umberto Alberto Gomes foi identificado por meio de impressões digitais encontradas em uma casa em Mongaguá g1 Santos e Reprodução/TV Globo Casa em Praia Grande Uma casa em Praia Grande foi o primeiro imóvel a ser investigado por ter ligação com a quadrilha. A polícia chegou até o local após o depoimento de Dahesly — a única mulher suspeita de participação no crime até a última atualização desta reportagem. De acordo com o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Dahesly saiu de Diadema, no ABC Paulista, para buscar um dos fuzis usados no assassinato de Ruy dentro da residência. A ordem teria sido dada por Luiz Antonio, mas os fuzis não foram encontrados. A casa está localizada na Rua Campos de Jordão, no bairro Jardim Imperador, e fica a aproximadamente dez minutos do local do crime. A fachada da residência foi pichada com a frase 'Justiça tarda + não falha'. Vídeo e fotos obtidos pelo g1 mostram o momento em que um homem picha o imóvel. Ele marcou o portão da casa com diversos símbolos e palavras como 'D+S', 'É Noix' e '25' (veja abaixo). Casa usada como base de grupo que matou ex-delegado é pichada no litoral de SP Veja como é a casa de Praia Grande por dentro As fotos foram registradas no dia 18 de setembro durante a perícia no imóvel. Nas imagens, é possível ver diferentes cômodos do imóvel, como um quarto, sala, cozinha e banheiro. Em uma das fotos, duas garrafas de bebida alcoólica aparecem sobre uma mesa. Também é possível ver sujeira em paredes, móveis e eletrodomésticos (veja abaixo). Imagens mostram casa usada como base para grupo que matou ex-delegado Quem são os suspeitos Na parte de cima, os foragidos Luis Antonio Rodrigues de Miranda, Felipe Avelino da Silva e Flávio Henrique Ferreira de Souza. Na parte de baixo, os presos Rafael Marcell Dias Simões, Dahesly Oliveira Pires e Luiz Henrique Santos Batista Polícia Civil/Divulgação Felipe Avelino da Silva (foragido), conhecido no Primeiro Comando da Capital (PCC) como Mascherano, de 33 anos, teve o DNA encontrado em um dos carros usados no crime. Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (foragido), de 43 anos, é procurado por suspeita de ter ordenado que uma mulher fosse buscar um dos fuzis usados no crime. Flávio Henrique Ferreira de Souza (foragido), de 24 anos, também teve o DNA encontrado em um dos carros. Willian Silva Marques (preso), de 36 anos, é proprietário da casa apontada como base dos criminosos em Praia Grande. Dahesly Oliveira Pires (presa), de 25 anos, foi detida na quinta-feira (18) por suspeita de ser a mulher que foi buscar o fuzil usado no crime na Baixada Santista. Luiz Henrique Santos Batista (preso), conhecido como Fofão, de 38 anos, foi preso na sexta-feira (19) em São Vicente (SP), por ser suspeito de participar da logística da execução de Ruy Ferraz Fontes. Rafael Marcell Dias Simões (preso), conhecido como Jaguar, de 42 anos, foi preso na madrugada de sábado (20) após se entregar no DP Sede de São Vicente, por ser suspeito de participar do assassinato. Umberto Alberto Gomes (foragido), 39 anos, teve o DNA encontrado na casa que teria sido usada pelos criminosos em Mongaguá. Crime Cronologia da execução: ação contra ex-delegado durou menos de 40 segundos O assassinato de Ruy Ferraz Fontes ocorreu momentos após ele cumprir expediente na Prefeitura de Praia Grande como secretário de Administração. Ele estava aposentado da Polícia Civil. Câmeras flagraram o momento em que três criminosos portando fuzis desembarcam de uma caminhonete, que estava logo atrás do carro de Ruy Ferraz, e atiram contra o ex-delegado (veja abaixo a cronologia do crime). Infográfico: criminosos fazem tocaia antes de iniciar ataque e perseguição ao delegado Arte/g1 Quem era Ruy Ferraz Fontes Ruy Fontes foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022 e atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil. Teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC). Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Fontes comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). Foi justamente no Deic, no início dos anos 2000, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, que ele iniciou investigações sobre o PCC, sendo responsável por prender lideranças da facção e mapear sua estrutura criminosa. Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes Sua atuação foi decisiva durante os ataques de maio de 2006, quando o PCC promoveu uma série de ações violentas contra forças de segurança em São Paulo. Entre 2019 e 2022, comandou a Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Nesse período, liderou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, medida considerada estratégica para enfraquecer o poder da facção dentro das cadeias. Ruy Fontes participou de cursos no Brasil, na França e no Canadá, e também foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal. Ele estava aposentado da Polícia Civil. Em janeiro de 2023, assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até agora, quando foi assassinado. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos