'Não somos bem tratados pelo Canadá', diz Trump, após anunciar tarifas contra o país

Em resposta, primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que irá impor taxa de 25% sobre produtos dos EUA. Donald Trump Reuters/Carlos Barria/File Photo O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (3) que os norte-americanos não são "bem tratados" pelo Canadá. A declaração foi feita durante a assinatura de uma ordem executiva, na Casa Branca. "Não somos bem tratados pelo Canadá e temos que ser bem tratados", disse o republicano, que afirmou não precisar dos carros, da madeira e da agricultura canadense. "Eu não me importaria de produzir nossos carros nos EUA", acrescentou. Em entrevista a jornalistas, Trump também comentou que teve uma conversa com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e que voltaria a falar com o líder do país vizinho. As tarifas sobre o Canadá e a China, anunciadas pelo presidente norte-americano, continuam prontas para começar à 00h01 de terça-feira, no horário local. No caso do México, houve um acordo, e as tarifas anunciadas foram suspensas por um mês. Diante da ofensiva, o Canadá anunciou tarifas retaliatórias. O primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou no sábado (1º) a imposição de taxas de 25% sobre produtos dos EUA. Trudeau afirmou que as tarifas prejudicariam os Estados Unidos, um aliado de longa data. Ele encorajou os canadenses a comprar produtos canadenses e passar férias no Canadá, em vez de nos EUA. Trudeau afirmou em entrevista coletiva que US$ 30 bilhões entrarão em vigor na terça-feira (4), enquanto os US$ 125 bilhões restantes serão aplicados em 21 dias. Trudeau mencionou que as tarifas de 25% afetariam uma variedade de produtos, incluindo cerveja, vinho, bourbon, frutas, sucos de frutas (como o suco de laranja da Flórida, estado natal de Trump), além de roupas, equipamentos esportivos e eletrodomésticos. Ele afirmou ainda que o governo estuda medidas não tarifárias, incluindo restrições ligadas a minerais críticos, aquisição de energia e outras parcerias. Trump oficializa tarifas contra Canadá, México e China Donald Trump abriu caminho para uma guerra comercial com os três maiores parceiros dos EUA. A Casa Branca disse que estava aplicando tarifas de 10% aos produtos vindos da China e de 25% para as importações do México e do Canadá — com 10% sobre o petróleo canadense. Nos decretos assinados por Donald Trump na tarde de sábado, uma cláusula indica que se os países impuserem tarifas retaliatórias, os EUA vão aumentar ainda mais as taxas. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, também ordenou neste sábado tarifas retaliatórias em resposta à decisão dos EUA, segundo a agência Reuters. "Instruí meu ministro da economia a implementar o plano B em que estamos trabalhando", postou Sheinbaum no X. A China vai contestar as tarifas de Trump por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC), disse o Ministério do Comércio chinês neste domingo (2). A imposição de tarifas pelos EUA "viola seriamente" as regras da OMC, disse o ministério em um comunicado, pedindo aos EUA que "se envolvam em um diálogo franco e fortaleçam a cooperação". Entenda o tarifaço de Trump A principal argumentação de Trump para justificar as tarifas não são questões comerciais, mas de emergência nacional, de saúde pública e segurança nacional. Neste caso, ele não precisa da aprovação do congresso. Trump acusa o México e o Canadá de não tomarem medidas para impedir a entrada de imigrantes ilegais nos EUA. E acusa os três países de não combaterem o tráfico de fentanil — um analgésico que tem causado uma epidemia de overdose nos EUA. Mais cedo, Trump anunciou a imposição de tarifas alfandegárias até que o México "coopere com os Estados Unidos na luta contra as drogas", alegando que os grupos de narcotraficantes "colocam em risco a segurança nacional e a saúde pública" do país. Os cartéis do narcotráfico "têm uma aliança com o governo do México", acusou a Casa Branca. Em nota publicada no X, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, chamou a acusação dos EUA de calúnia e disse que nação não aceitará ações intervencionistas em seu território.

Fev 3, 2025 - 17:30
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'Não somos bem tratados pelo Canadá', diz Trump, após anunciar tarifas contra o país

Em resposta, primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que irá impor taxa de 25% sobre produtos dos EUA. Donald Trump Reuters/Carlos Barria/File Photo O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (3) que os norte-americanos não são "bem tratados" pelo Canadá. A declaração foi feita durante a assinatura de uma ordem executiva, na Casa Branca. "Não somos bem tratados pelo Canadá e temos que ser bem tratados", disse o republicano, que afirmou não precisar dos carros, da madeira e da agricultura canadense. "Eu não me importaria de produzir nossos carros nos EUA", acrescentou. Em entrevista a jornalistas, Trump também comentou que teve uma conversa com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e que voltaria a falar com o líder do país vizinho. As tarifas sobre o Canadá e a China, anunciadas pelo presidente norte-americano, continuam prontas para começar à 00h01 de terça-feira, no horário local. No caso do México, houve um acordo, e as tarifas anunciadas foram suspensas por um mês. Diante da ofensiva, o Canadá anunciou tarifas retaliatórias. O primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou no sábado (1º) a imposição de taxas de 25% sobre produtos dos EUA. Trudeau afirmou que as tarifas prejudicariam os Estados Unidos, um aliado de longa data. Ele encorajou os canadenses a comprar produtos canadenses e passar férias no Canadá, em vez de nos EUA. Trudeau afirmou em entrevista coletiva que US$ 30 bilhões entrarão em vigor na terça-feira (4), enquanto os US$ 125 bilhões restantes serão aplicados em 21 dias. Trudeau mencionou que as tarifas de 25% afetariam uma variedade de produtos, incluindo cerveja, vinho, bourbon, frutas, sucos de frutas (como o suco de laranja da Flórida, estado natal de Trump), além de roupas, equipamentos esportivos e eletrodomésticos. Ele afirmou ainda que o governo estuda medidas não tarifárias, incluindo restrições ligadas a minerais críticos, aquisição de energia e outras parcerias. Trump oficializa tarifas contra Canadá, México e China Donald Trump abriu caminho para uma guerra comercial com os três maiores parceiros dos EUA. A Casa Branca disse que estava aplicando tarifas de 10% aos produtos vindos da China e de 25% para as importações do México e do Canadá — com 10% sobre o petróleo canadense. Nos decretos assinados por Donald Trump na tarde de sábado, uma cláusula indica que se os países impuserem tarifas retaliatórias, os EUA vão aumentar ainda mais as taxas. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, também ordenou neste sábado tarifas retaliatórias em resposta à decisão dos EUA, segundo a agência Reuters. "Instruí meu ministro da economia a implementar o plano B em que estamos trabalhando", postou Sheinbaum no X. A China vai contestar as tarifas de Trump por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC), disse o Ministério do Comércio chinês neste domingo (2). A imposição de tarifas pelos EUA "viola seriamente" as regras da OMC, disse o ministério em um comunicado, pedindo aos EUA que "se envolvam em um diálogo franco e fortaleçam a cooperação". Entenda o tarifaço de Trump A principal argumentação de Trump para justificar as tarifas não são questões comerciais, mas de emergência nacional, de saúde pública e segurança nacional. Neste caso, ele não precisa da aprovação do congresso. Trump acusa o México e o Canadá de não tomarem medidas para impedir a entrada de imigrantes ilegais nos EUA. E acusa os três países de não combaterem o tráfico de fentanil — um analgésico que tem causado uma epidemia de overdose nos EUA. Mais cedo, Trump anunciou a imposição de tarifas alfandegárias até que o México "coopere com os Estados Unidos na luta contra as drogas", alegando que os grupos de narcotraficantes "colocam em risco a segurança nacional e a saúde pública" do país. Os cartéis do narcotráfico "têm uma aliança com o governo do México", acusou a Casa Branca. Em nota publicada no X, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, chamou a acusação dos EUA de calúnia e disse que nação não aceitará ações intervencionistas em seu território.