Posto fornecia legging 'levanta bumbum' como uniforme e pedia que frentistas aprendessem dancinhas de TikTok, diz ex-funcionária
Justiça proíbe posto de combustíveis de exigir uniforme inapropriado para frentistas
Uma ex-funcionária do posto de combustíveis que foi impedido pela Justiça de obrigar frentistas a usarem legging e cropped contou ao g1 que a empresa prezava por um "padrão de corpo". As mudanças no uniforme começaram em setembro, após uma troca de gestão na empresa, ainda de acordo com a profissional, que não quis ser identificada.
Segundo a mulher, a equipe antiga foi demitida e substituída por funcionárias que já seguiam o modelo de vestimenta atualizado. A nova recomendação permitia o uso de tênis, customização da camisa, que poderia ter decote ou ser encurtada, além de calças justas.
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As novas frentistas, que já estavam adaptadas ao novo modelo, chegaram explicando sobre atendimento e uniforme.
"A gente falou sobre o uniforme, ela fez: 'Esse é o nosso uniforme padrão. O que é que a gente pode fazer na blusa? A blusa a gente pode fazer decote em V, pode amarrar para ficar curtinha ou pode cortar (...) E a legging ele [posto] dá, que esse é o modelo de legging que a gente usa'. O modelo de legging que elas usavam é um modelo de legging de academia. Um tecido até fino, que é aquele modelo que chamam 'levanta bumbum'", disse a ex-funcionária.
Durante o "treinamento", ficou sendo reforçado que as funcionárias deveriam ter uma determinada aparência. "Começaram a falar dessa questão de padrão (...) De um corpo de academia", afirmou.
Além disso, foram feitas recomendações para atrair mais clientes. "Eu escutei uma das meninas falando: 'Olha, faz o seguinte, vai ali para a bomba [de combustíveis] e vira o bumbum para a pista. Porque tu botando o bumbum para pista, chama atenção e vai vir cliente'", lembrou.
Outro incentivo era para que as funcionárias aprendessem a fazer vídeos dançando para as redes sociais, que seriam gravados durante o expediente enquanto usavam o uniforme. "Até uma das falas de uma das meninas foi: 'Olha, quem não sabe, eu aconselho a aprender a dançar a dancinha do TikTok para gravar'", contou.
Até a chegada dessas novas funcionárias, as frentistas que já trabalhavam no posto não sabiam das mudanças. Todas foram demitidas no mesmo dia em que a equipe nova chegou. A ex-funcionária relatou ao g1 que foi uma situação humilhante e que a empresa não deu suporte.
Imagens anexadas ao processo mostram mulheres trabalhando de legging e cropped
Sinpospetro-PE/Divulgação
Violação à dignidade
O estabelecimento denunciado foi o Posto Power, também registrado como FFP Comércio de Combustíveis, que fica no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife. A ação na Justiça foi proposta pelo Sindicato dos Empregados em Postos de Combustíveis de Pernambuco.
A liminar proibindo a exigência de roupas inadequadas como uniforme foi assinada na sexta-feira (7), pela 10ª Vara do Trabalho do Recife do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6). Caso a proibição não seja respeitada, o posto fica sujeito à multa diária de R$ 500 por funcionária.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) Melícia Carvalho Mesel, em entrevista ao g1, considerou que a exigência do uso de leggins, blusas curtas e decotadas fere o princípio norteador das relações trabalhistas, que é a dignidade da pessoa humana.
Melícia Carvalho Mesel também lembrou que o fornecimento de uniformes adequados ao risco e função é dever constitucional do empregador. E em casos de violação aos direitos de trabalhadores, as denúncias podem ser feitas tanto aos sindicatos, quanto ao Ministério Público do Trabalho.
O que diz o posto de gasolina
Procurada pelo g1, a FFP Comércio de Combustíveis afirmou que a decisão da Justiça "não reflete a realidade dos fatos e será objeto de impugnação pelos meios legais cabíveis". Em nota, afirmou que as fotografias apresentadas "não dizem respeito a funcionárias da empresa, tratando-se de imagens de pessoas completamente estranhas ao quadro de empregados do posto".
Já a distribuidora Petrobahia, bandeira do Posto Power, enviou uma nota de esclarecimento em que disse que a imagem "trata-se de um registro antigo e não reflete as práticas atuais da empresa nem de seus parceiros".
Disse, também, que desde outubro o Posto Power está sob gestão de novos administradores, e que "cumpre rigorosamente todas as normas e exigências de segurança e saúde no trabalho, mantendo um padrão de fardamento adequado e incentivando seu uso em todas as unidades da rede, inclusive naquelas que não operam sob a bandeira Petrobahia".
Infográfico - Decisão judicial proíbe posto de combustíveis de exigir que frentistas trabalhem de cropped e legging
Arte/g1
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Justiça proíbe posto de combustíveis de exigir uniforme inapropriado para frentistas
Uma ex-funcionária do posto de combustíveis que foi impedido pela Justiça de obrigar frentistas a usarem legging e cropped contou ao g1 que a empresa prezava por um "padrão de corpo". As mudanças no uniforme começaram em setembro, após uma troca de gestão na empresa, ainda de acordo com a profissional, que não quis ser identificada.
Segundo a mulher, a equipe antiga foi demitida e substituída por funcionárias que já seguiam o modelo de vestimenta atualizado. A nova recomendação permitia o uso de tênis, customização da camisa, que poderia ter decote ou ser encurtada, além de calças justas.
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As novas frentistas, que já estavam adaptadas ao novo modelo, chegaram explicando sobre atendimento e uniforme.
"A gente falou sobre o uniforme, ela fez: 'Esse é o nosso uniforme padrão. O que é que a gente pode fazer na blusa? A blusa a gente pode fazer decote em V, pode amarrar para ficar curtinha ou pode cortar (...) E a legging ele [posto] dá, que esse é o modelo de legging que a gente usa'. O modelo de legging que elas usavam é um modelo de legging de academia. Um tecido até fino, que é aquele modelo que chamam 'levanta bumbum'", disse a ex-funcionária.
Durante o "treinamento", ficou sendo reforçado que as funcionárias deveriam ter uma determinada aparência. "Começaram a falar dessa questão de padrão (...) De um corpo de academia", afirmou.
Além disso, foram feitas recomendações para atrair mais clientes. "Eu escutei uma das meninas falando: 'Olha, faz o seguinte, vai ali para a bomba [de combustíveis] e vira o bumbum para a pista. Porque tu botando o bumbum para pista, chama atenção e vai vir cliente'", lembrou.
Outro incentivo era para que as funcionárias aprendessem a fazer vídeos dançando para as redes sociais, que seriam gravados durante o expediente enquanto usavam o uniforme. "Até uma das falas de uma das meninas foi: 'Olha, quem não sabe, eu aconselho a aprender a dançar a dancinha do TikTok para gravar'", contou.
Até a chegada dessas novas funcionárias, as frentistas que já trabalhavam no posto não sabiam das mudanças. Todas foram demitidas no mesmo dia em que a equipe nova chegou. A ex-funcionária relatou ao g1 que foi uma situação humilhante e que a empresa não deu suporte.
Imagens anexadas ao processo mostram mulheres trabalhando de legging e cropped
Sinpospetro-PE/Divulgação
Violação à dignidade
O estabelecimento denunciado foi o Posto Power, também registrado como FFP Comércio de Combustíveis, que fica no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife. A ação na Justiça foi proposta pelo Sindicato dos Empregados em Postos de Combustíveis de Pernambuco.
A liminar proibindo a exigência de roupas inadequadas como uniforme foi assinada na sexta-feira (7), pela 10ª Vara do Trabalho do Recife do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6). Caso a proibição não seja respeitada, o posto fica sujeito à multa diária de R$ 500 por funcionária.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) Melícia Carvalho Mesel, em entrevista ao g1, considerou que a exigência do uso de leggins, blusas curtas e decotadas fere o princípio norteador das relações trabalhistas, que é a dignidade da pessoa humana.
Melícia Carvalho Mesel também lembrou que o fornecimento de uniformes adequados ao risco e função é dever constitucional do empregador. E em casos de violação aos direitos de trabalhadores, as denúncias podem ser feitas tanto aos sindicatos, quanto ao Ministério Público do Trabalho.
O que diz o posto de gasolina
Procurada pelo g1, a FFP Comércio de Combustíveis afirmou que a decisão da Justiça "não reflete a realidade dos fatos e será objeto de impugnação pelos meios legais cabíveis". Em nota, afirmou que as fotografias apresentadas "não dizem respeito a funcionárias da empresa, tratando-se de imagens de pessoas completamente estranhas ao quadro de empregados do posto".
Já a distribuidora Petrobahia, bandeira do Posto Power, enviou uma nota de esclarecimento em que disse que a imagem "trata-se de um registro antigo e não reflete as práticas atuais da empresa nem de seus parceiros".
Disse, também, que desde outubro o Posto Power está sob gestão de novos administradores, e que "cumpre rigorosamente todas as normas e exigências de segurança e saúde no trabalho, mantendo um padrão de fardamento adequado e incentivando seu uso em todas as unidades da rede, inclusive naquelas que não operam sob a bandeira Petrobahia".
Infográfico - Decisão judicial proíbe posto de combustíveis de exigir que frentistas trabalhem de cropped e legging
Arte/g1
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