Profissionais e entidades da saúde criticam desativação total do principal pronto-socorro de Belém

MPF realiza consulta pública sobre o futuro do PSM da 14 de Março, em Belém Funcionários do Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti e entidades da área da saúde se posicionaram contrários à desativação total da unidade, nesta quarta-feira (13), durante um encontro na sede do Ministério Público Federal (MPF), em Belém. A escuta pública foi organizada pelo MPF após a Prefeitura de Belém anunciar que o PSM da 14 de Maio passará por reforma total e que os pacientes devem ser atendidos na rede privada enquanto durarem as obras. Durante a escuta, a prefeitura defendeu a transferência temporária do atendimento por cerca de dois anos para requalificar a unidade e garantiu a continuidade do serviço com a mesma capacidade, conforme diretrizes do Ministério da Saúde. Segundo o superintendente estadual do Ministério da Saúde, Delcimar de Sousa Viana, todas as reivindicações expostas serão encaminhadas ao ministro da Saúde. "Oito unidades de saúde estão no processo de requalificação. Isso é produto da discussão que estamos tendo junto com o prefeito", afirmou. PSM Mário Pinotti, na tv. 14 de Março, em Belém. Agência Belém O MPF informou que o objetivo da audiência pública foi ouvir usuários do sistema de saúde, profissionais da área e representantes de órgãos sobre os impactos da possível desativação do Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti. A maioria dos participantes declarou não ser contra a reforma do hospital, mas teme que a desativação completa da unidade comprometa o atendimento à população que depende da unidade, que opera em condições precárias e atende mais de 12 mil pacientes por mês. "O que será feito, primeiramente, com o atendimento dos usuários que são atendidos aqui no pronto-socorro?", questiona Nazaré Ferreira, técnica de enfermagem do PSM da 14 de Maio. Nazaré Ferreira também questiona a precariedade de insumos e materiais, que dificultam a prestação de um bom serviço. "Precisamos de material para trabalhar, precisamos de condições para prestar um serviço melhor à população", afirma. Profissionais de saúde e entidades criticam reforma e privatização do PSM em Belém. Thaís Neves/g1 Pará Participaram da audiência representantes de conselhos da área da odontologia, nutrição, enfermagem, medicina, farmácia, psicologia e serviço social. Antônia Trindade, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Pará, se declarou contra a possibilidade de privatização do local. "O que acontece numa privatização? O serviço pode ser 'de qualidade', mas o atendimento à humanização e o respeito ao trabalhador do setor privado é péssimo", afirma. Teresa Cristina, presidente do Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) falou sobre as "mínimas condições" de trabalho no local. "São heróis todos os profissionais de saúde que estão atuando lá. Sem as mínimas condições de trabalho - por exemplo, há um papelão no banheiro escrito 'ocupado/desocupado' porque não tem fechadura", denuncia a profissional. Posicionamento da Prefeitura Em sua fala, o secretário de Saúde de Belém, Rômulo Azevedo, reconheceu que o sistema de saúde municipal possui problemas sistêmicos e anomalias que se arrastam há muitos anos. Para o secretário, a estrutura do pronto-socorro precisa de requalificação para oferecer o que os munícipes de Belém merecem. "A estrutura do pronto-socorro precisa de requalificação, igual à que vocês mesmos mencionaram comparativamente com outros hospitais, coisa que nós merecemos", declarou. Rômulo Azevedo defendeu que a transferência temporária do atendimento de toda a capacidade do pronto-socorro, estimada em dois anos, é a maneira mais rápida de requalificar a estrutura, resolver a questão dos medicamentos e melhorar o ambiente de trabalho. "Estamos tendo coragem de implantar o modelo de gestão que vai promover essas mudanças. Infelizmente, elas causam desconforto", afirmou. VÍDEOS: veja todas as notícias do Pará Confira outras notícias do estado no g1 PA

Ago 14, 2025 - 00:00
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Profissionais e entidades da saúde criticam desativação total do principal pronto-socorro de Belém

MPF realiza consulta pública sobre o futuro do PSM da 14 de Março, em Belém Funcionários do Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti e entidades da área da saúde se posicionaram contrários à desativação total da unidade, nesta quarta-feira (13), durante um encontro na sede do Ministério Público Federal (MPF), em Belém. A escuta pública foi organizada pelo MPF após a Prefeitura de Belém anunciar que o PSM da 14 de Maio passará por reforma total e que os pacientes devem ser atendidos na rede privada enquanto durarem as obras. Durante a escuta, a prefeitura defendeu a transferência temporária do atendimento por cerca de dois anos para requalificar a unidade e garantiu a continuidade do serviço com a mesma capacidade, conforme diretrizes do Ministério da Saúde. Segundo o superintendente estadual do Ministério da Saúde, Delcimar de Sousa Viana, todas as reivindicações expostas serão encaminhadas ao ministro da Saúde. "Oito unidades de saúde estão no processo de requalificação. Isso é produto da discussão que estamos tendo junto com o prefeito", afirmou. PSM Mário Pinotti, na tv. 14 de Março, em Belém. Agência Belém O MPF informou que o objetivo da audiência pública foi ouvir usuários do sistema de saúde, profissionais da área e representantes de órgãos sobre os impactos da possível desativação do Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti. A maioria dos participantes declarou não ser contra a reforma do hospital, mas teme que a desativação completa da unidade comprometa o atendimento à população que depende da unidade, que opera em condições precárias e atende mais de 12 mil pacientes por mês. "O que será feito, primeiramente, com o atendimento dos usuários que são atendidos aqui no pronto-socorro?", questiona Nazaré Ferreira, técnica de enfermagem do PSM da 14 de Maio. Nazaré Ferreira também questiona a precariedade de insumos e materiais, que dificultam a prestação de um bom serviço. "Precisamos de material para trabalhar, precisamos de condições para prestar um serviço melhor à população", afirma. Profissionais de saúde e entidades criticam reforma e privatização do PSM em Belém. Thaís Neves/g1 Pará Participaram da audiência representantes de conselhos da área da odontologia, nutrição, enfermagem, medicina, farmácia, psicologia e serviço social. Antônia Trindade, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Pará, se declarou contra a possibilidade de privatização do local. "O que acontece numa privatização? O serviço pode ser 'de qualidade', mas o atendimento à humanização e o respeito ao trabalhador do setor privado é péssimo", afirma. Teresa Cristina, presidente do Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) falou sobre as "mínimas condições" de trabalho no local. "São heróis todos os profissionais de saúde que estão atuando lá. Sem as mínimas condições de trabalho - por exemplo, há um papelão no banheiro escrito 'ocupado/desocupado' porque não tem fechadura", denuncia a profissional. Posicionamento da Prefeitura Em sua fala, o secretário de Saúde de Belém, Rômulo Azevedo, reconheceu que o sistema de saúde municipal possui problemas sistêmicos e anomalias que se arrastam há muitos anos. Para o secretário, a estrutura do pronto-socorro precisa de requalificação para oferecer o que os munícipes de Belém merecem. "A estrutura do pronto-socorro precisa de requalificação, igual à que vocês mesmos mencionaram comparativamente com outros hospitais, coisa que nós merecemos", declarou. Rômulo Azevedo defendeu que a transferência temporária do atendimento de toda a capacidade do pronto-socorro, estimada em dois anos, é a maneira mais rápida de requalificar a estrutura, resolver a questão dos medicamentos e melhorar o ambiente de trabalho. "Estamos tendo coragem de implantar o modelo de gestão que vai promover essas mudanças. Infelizmente, elas causam desconforto", afirmou. VÍDEOS: veja todas as notícias do Pará Confira outras notícias do estado no g1 PA