Rede de alianças e rivalidades faz do Oriente Médio um barril de pólvora

A comunidade internacional teme que o conflito transborde para uma guerra regional, envolvendo dois países com forças armadas e programas nucleares poderosos. Uma rede de alianças e rivalidades faz do Oriente Médio um barril de pólvora. Há décadas, o regime iraniano dos aiatolás vinha travando a chamada "guerra por procuração", armando terroristas e radicais para que cometessem ataques contra Israel. O Irã financia o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, os extremistas do Hezbollah, no Líbano, e os rebeldes Houthis, no Iêmen. A tensão aumentou depois dos atentados de 7 de outubro de 2023, quando os terroristas do Hamas invadiram o território israelense, assassinaram 1,2 mil pessoas, incluindo mulheres e crianças, e fizeram mais de 250 reféns. Israel declarou guerra ao Hamas. E o Hezbollah e os Houthis começaram ataques contra os israelenses, em apoio aos terroristas. Em abril de 2024, um bombardeio matou integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana, na embaixada do Irã na Síria. O governo iraniano culpou os israelenses e jurou vingança. Dias depois, pela primeira vez na história, o Irã atacou diretamente Israel. Lançou centenas de mísseis e drones. A maioria foi interceptada pelas Forças israelenses e pelos aliados do Ocidente. Uma semana mais tarde, Israel atingiu alvos do Irã, perto da mesma usina nuclear danificada nesta sexta-feira (13). Em julho, outro ataque israelense matou o chefe do grupo terrorista Hamas, na capital iraniana. E em setembro, explosões coordenadas de centenas de pagers e walkie-talkies, no Líbano, destruíram o sistema de comunicação do Hezbollah. No final do mês, Israel matou o chefe do grupo, em um bombardeio na capital libanesa, Beirute. O Irã atacou Israel de novo, com uma barragem de mísseis. Semanas depois, as Forças israelenses revidaram. Rede de alianças e rivalidades faz do Oriente Médio um barril de pólvora Jornal Nacional/ Reprodução Desde então, a tensão parecia ter diminuído - até a madrugada de sexta-feira (13). Cada rodada de ataques acende o alerta no mundo todo. A comunidade internacional teme que o conflito transborde para uma guerra regional, envolvendo dois países com forças armadas e programas nucleares poderosos. O Irã tem mais combatentes, mais tanques. No confronto aéreo, Israel tem uma vantagem significativa. Possui mais aviões de combate, uma frota mais moderna. O sistema antimísseis é dos mais precisos do planeta. Já o sistema de defesa iraniano estava vulnerável. “No ano passado, o Irã atacou diretamente Israel, ou seja, provocou uma guerra direta. E Israel, quando revidou, atacou o sistema de defesa antiaérea do Irã. Então, o Irã ficou sem um escudo. O Irã continuava tendo a espada, que são os mísseis - cerca de 3 mil mísseis -, mas não tinha mais o escudo para se defender. Tanto que esse ataque de Israel foi muito bem-sucedido, porque o sistema de defesa antiaérea do Irã estava bastante falho. Pouco dele foi recuperado depois dos ataques de Israel no ano passado”, diz Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da UFF. LEIA TAMBÉM Por que Israel atacou o Irã: o que se sabe até o momento sobre o conflito entre os dois países Conselho de Segurança da ONU se reúne de emergência para discutir escalada do conflito entre Irã e Israel Bombardeio de Israel ao Irã gera alerta global e temor de conflito nuclear; veja repercussão Conheça o complexo nuclear do Irã que foi atacado por Israel na madrugada de sexta-feira; local abriga usinas de enriquecimento de urânio

Jun 13, 2025 - 21:30
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Rede de alianças e rivalidades faz do Oriente Médio um barril de pólvora

A comunidade internacional teme que o conflito transborde para uma guerra regional, envolvendo dois países com forças armadas e programas nucleares poderosos. Uma rede de alianças e rivalidades faz do Oriente Médio um barril de pólvora. Há décadas, o regime iraniano dos aiatolás vinha travando a chamada "guerra por procuração", armando terroristas e radicais para que cometessem ataques contra Israel. O Irã financia o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, os extremistas do Hezbollah, no Líbano, e os rebeldes Houthis, no Iêmen. A tensão aumentou depois dos atentados de 7 de outubro de 2023, quando os terroristas do Hamas invadiram o território israelense, assassinaram 1,2 mil pessoas, incluindo mulheres e crianças, e fizeram mais de 250 reféns. Israel declarou guerra ao Hamas. E o Hezbollah e os Houthis começaram ataques contra os israelenses, em apoio aos terroristas. Em abril de 2024, um bombardeio matou integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana, na embaixada do Irã na Síria. O governo iraniano culpou os israelenses e jurou vingança. Dias depois, pela primeira vez na história, o Irã atacou diretamente Israel. Lançou centenas de mísseis e drones. A maioria foi interceptada pelas Forças israelenses e pelos aliados do Ocidente. Uma semana mais tarde, Israel atingiu alvos do Irã, perto da mesma usina nuclear danificada nesta sexta-feira (13). Em julho, outro ataque israelense matou o chefe do grupo terrorista Hamas, na capital iraniana. E em setembro, explosões coordenadas de centenas de pagers e walkie-talkies, no Líbano, destruíram o sistema de comunicação do Hezbollah. No final do mês, Israel matou o chefe do grupo, em um bombardeio na capital libanesa, Beirute. O Irã atacou Israel de novo, com uma barragem de mísseis. Semanas depois, as Forças israelenses revidaram. Rede de alianças e rivalidades faz do Oriente Médio um barril de pólvora Jornal Nacional/ Reprodução Desde então, a tensão parecia ter diminuído - até a madrugada de sexta-feira (13). Cada rodada de ataques acende o alerta no mundo todo. A comunidade internacional teme que o conflito transborde para uma guerra regional, envolvendo dois países com forças armadas e programas nucleares poderosos. O Irã tem mais combatentes, mais tanques. No confronto aéreo, Israel tem uma vantagem significativa. Possui mais aviões de combate, uma frota mais moderna. O sistema antimísseis é dos mais precisos do planeta. Já o sistema de defesa iraniano estava vulnerável. “No ano passado, o Irã atacou diretamente Israel, ou seja, provocou uma guerra direta. E Israel, quando revidou, atacou o sistema de defesa antiaérea do Irã. Então, o Irã ficou sem um escudo. O Irã continuava tendo a espada, que são os mísseis - cerca de 3 mil mísseis -, mas não tinha mais o escudo para se defender. Tanto que esse ataque de Israel foi muito bem-sucedido, porque o sistema de defesa antiaérea do Irã estava bastante falho. Pouco dele foi recuperado depois dos ataques de Israel no ano passado”, diz Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da UFF. LEIA TAMBÉM Por que Israel atacou o Irã: o que se sabe até o momento sobre o conflito entre os dois países Conselho de Segurança da ONU se reúne de emergência para discutir escalada do conflito entre Irã e Israel Bombardeio de Israel ao Irã gera alerta global e temor de conflito nuclear; veja repercussão Conheça o complexo nuclear do Irã que foi atacado por Israel na madrugada de sexta-feira; local abriga usinas de enriquecimento de urânio