Acusações, herança e contradição: o que alegam médico e mãe indiciados por morte de professora envenenada no interior de SP

Polícia indiciou Luiz Garnica e Elizabete Arrabaça por homicídio qualificado contra Larissa Rodrigues, em Ribeirão Preto (SP). Suspeita também é investigada pela morte da filha. Polícia aprofunda investigação e suspeita de envenenamento no caso Larissa Rodrigues Antes de serem indiciados por homicídio qualificado pela morte por envenenamento da professora de pilates Larissa Rodrigues, o médico Luiz Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça, foram novamente interrogados pela Polícia Civil em Ribeirão Preto (SP) nesta semana. À época do crime, em março deste ano, eles já haviam prestado depoimento, mas apenas como testemunhas. Os dois estão presos desde o começo de maio. Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Elizabete ainda é investigada pela morte, também por envenenamento, da filha Nathália Garnica, em fevereiro. Exames periciais apontaram que tanto Nathália quanto Larissa foram mortas por ingestão de "chumbinho", veneno ilegal usado para matar ratos (veja abaixo detalhes). Durante os novos interrogatórios, Luiz e Elizabete se declararam inocentes. O médico imputou os crimes à mãe, que, por sua vez, negou que tenha planejado qualquer uma das mortes, mas apresentou contradições na hora de prestar os esclarecimentos. Veja abaixo trechos. O que disse Luiz? No trecho do interrogatório ao qual a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso, Luiz afirma que a mãe matou a própria filha, Nathália, para ficar com uma herança. O médico também diz acreditar que Elizabete matou Larissa, esposa dele, mas sem detalhar as motivações. Durante os esclarecimentos, que duraram cerca de duas horas, Luiz pontuou que poderia ser a próxima vítima da mãe, também devido a questões patrimoniais e dívidas de Elizabete, que chegavam a R$ 320 mil. "Acredito que, depois de tudo isso, eu seria o próximo, até pela quantia que ela precisava. Se ela teve coragem de matar a própria filha, que morou com ela a vida toda, qual a dificuldade de matar eu também? [...] É muito difícil você pensar que a pessoa que te criou e criou suas irmãs é capaz de fazer uma coisa dessa, tanto com a própria filha ou a sua esposa", afirmou à Polícia Civil. O médico ainda negou a suspeita de que tenha criado um álibi para não ser relacionado ao crime quando, na noite que antecedeu a morte de Larissa, foi fotografado levando a amante ao cinema. "Eu não sei quem tirou [a foto]. Eu até vi essa foto depois. Eu estava olhando para algum lugar, provavelmente, para uma sala de cinema, mas eu não sei quem tiraria essa foto." O médico Luiz Antonio Garnica ao lado da amante em cinema de Ribeirão Preto (SP) Reprodução/EPTV O que disse Elizabete? Elizabete Arrabaça, por sua vez, iniciou o interrogatório contando como encontrou a filha morta, segundo o advogado dela, Bruno Corrêa. "Ela esclarece que já estava na casa da filha, porque a filha estaria com dengue, então ela foi lá para ajudar a cuidar da filha. Durante o início da noite, ela ouviu a filha aparentemente engasgando, ela segue até o quarto, e a filha alega que teria engasgado ao tomar água. Então ela [Elizabete] sai [do quarto] e retorna mais à noite, onde a filha já estaria desfalecida", afirma. No início de junho, quando já estava presa, Elizabete escreveu uma carta para afirmar que a nora, Larissa, morreu após tomar um remédio que estava com veneno de rato na noite anterior à morte. De acordo com a suspeita, na carta, nem ela nem Larissa sabiam que o remédio estava com o veneno e que as duas tomaram por estarem com dor no estômago. Além disso, na ocasião, Elizabete chegou a dizer que "a conclusão que cheguei nesses dias é de que Nathália havia colocado o veneno nas cápsulas de omeprazol". No entanto, no novo interrogatório, a suspeita voltou atrás e descartou a possibilidade de a filha ter envenenado os medicamentos. "A Nathália tinha muito tremor. Ela tinha tremor nas duas mãos, eu tenho mais na direita e fraqueza na esquerda. Eu tive dengue na cadeia e pensava: 'será que não tinha alguma coisa nesse remédio da Nathália?'. Mas depois eu pensei bem e falei: 'é impossível isso, não tem cabimento, porque a Nathália não teria condição, pelo tremor dela, de pôr alguma coisa. Foi uma ilusão da minha cabeça", citou. Ao fim do interrogatório, Elizabete pediu que seja concedida prisão domiciliar a ela, pelo fato de enfrentar problemas de saúde. Esse pedido já havia sido feito e negado pela Justiça anteriormente. O médico Luiz Antonio Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça Arquivo pessoal LEIA TAMBÉM Suspeita de matar nora envenenada também é investigada pela morte da filha em Ribeirão Preto, SP Exame em penitenciária não aponta doença grave em Elizabete Arrabaça, suspeita de envenenar a filha e a nora Professora morta com veneno: sogra presa acumula dívida de R$ 320 mil em financiamentos, diz advogado Irmã de médico suspeito de matar esposa envenenada também morreu após ingerir chumbinho, confirma IML O que disseram as defesas? Júlio Mossin, advogado de Luiz, apontou contradições em trechos da fala de Elizabete, o que

Jun 28, 2025 - 04:30
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Acusações, herança e contradição: o que alegam médico e mãe indiciados por morte de professora envenenada no interior de SP

Polícia indiciou Luiz Garnica e Elizabete Arrabaça por homicídio qualificado contra Larissa Rodrigues, em Ribeirão Preto (SP). Suspeita também é investigada pela morte da filha. Polícia aprofunda investigação e suspeita de envenenamento no caso Larissa Rodrigues Antes de serem indiciados por homicídio qualificado pela morte por envenenamento da professora de pilates Larissa Rodrigues, o médico Luiz Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça, foram novamente interrogados pela Polícia Civil em Ribeirão Preto (SP) nesta semana. À época do crime, em março deste ano, eles já haviam prestado depoimento, mas apenas como testemunhas. Os dois estão presos desde o começo de maio. Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Elizabete ainda é investigada pela morte, também por envenenamento, da filha Nathália Garnica, em fevereiro. Exames periciais apontaram que tanto Nathália quanto Larissa foram mortas por ingestão de "chumbinho", veneno ilegal usado para matar ratos (veja abaixo detalhes). Durante os novos interrogatórios, Luiz e Elizabete se declararam inocentes. O médico imputou os crimes à mãe, que, por sua vez, negou que tenha planejado qualquer uma das mortes, mas apresentou contradições na hora de prestar os esclarecimentos. Veja abaixo trechos. O que disse Luiz? No trecho do interrogatório ao qual a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso, Luiz afirma que a mãe matou a própria filha, Nathália, para ficar com uma herança. O médico também diz acreditar que Elizabete matou Larissa, esposa dele, mas sem detalhar as motivações. Durante os esclarecimentos, que duraram cerca de duas horas, Luiz pontuou que poderia ser a próxima vítima da mãe, também devido a questões patrimoniais e dívidas de Elizabete, que chegavam a R$ 320 mil. "Acredito que, depois de tudo isso, eu seria o próximo, até pela quantia que ela precisava. Se ela teve coragem de matar a própria filha, que morou com ela a vida toda, qual a dificuldade de matar eu também? [...] É muito difícil você pensar que a pessoa que te criou e criou suas irmãs é capaz de fazer uma coisa dessa, tanto com a própria filha ou a sua esposa", afirmou à Polícia Civil. O médico ainda negou a suspeita de que tenha criado um álibi para não ser relacionado ao crime quando, na noite que antecedeu a morte de Larissa, foi fotografado levando a amante ao cinema. "Eu não sei quem tirou [a foto]. Eu até vi essa foto depois. Eu estava olhando para algum lugar, provavelmente, para uma sala de cinema, mas eu não sei quem tiraria essa foto." O médico Luiz Antonio Garnica ao lado da amante em cinema de Ribeirão Preto (SP) Reprodução/EPTV O que disse Elizabete? Elizabete Arrabaça, por sua vez, iniciou o interrogatório contando como encontrou a filha morta, segundo o advogado dela, Bruno Corrêa. "Ela esclarece que já estava na casa da filha, porque a filha estaria com dengue, então ela foi lá para ajudar a cuidar da filha. Durante o início da noite, ela ouviu a filha aparentemente engasgando, ela segue até o quarto, e a filha alega que teria engasgado ao tomar água. Então ela [Elizabete] sai [do quarto] e retorna mais à noite, onde a filha já estaria desfalecida", afirma. No início de junho, quando já estava presa, Elizabete escreveu uma carta para afirmar que a nora, Larissa, morreu após tomar um remédio que estava com veneno de rato na noite anterior à morte. De acordo com a suspeita, na carta, nem ela nem Larissa sabiam que o remédio estava com o veneno e que as duas tomaram por estarem com dor no estômago. Além disso, na ocasião, Elizabete chegou a dizer que "a conclusão que cheguei nesses dias é de que Nathália havia colocado o veneno nas cápsulas de omeprazol". No entanto, no novo interrogatório, a suspeita voltou atrás e descartou a possibilidade de a filha ter envenenado os medicamentos. "A Nathália tinha muito tremor. Ela tinha tremor nas duas mãos, eu tenho mais na direita e fraqueza na esquerda. Eu tive dengue na cadeia e pensava: 'será que não tinha alguma coisa nesse remédio da Nathália?'. Mas depois eu pensei bem e falei: 'é impossível isso, não tem cabimento, porque a Nathália não teria condição, pelo tremor dela, de pôr alguma coisa. Foi uma ilusão da minha cabeça", citou. Ao fim do interrogatório, Elizabete pediu que seja concedida prisão domiciliar a ela, pelo fato de enfrentar problemas de saúde. Esse pedido já havia sido feito e negado pela Justiça anteriormente. O médico Luiz Antonio Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça Arquivo pessoal LEIA TAMBÉM Suspeita de matar nora envenenada também é investigada pela morte da filha em Ribeirão Preto, SP Exame em penitenciária não aponta doença grave em Elizabete Arrabaça, suspeita de envenenar a filha e a nora Professora morta com veneno: sogra presa acumula dívida de R$ 320 mil em financiamentos, diz advogado Irmã de médico suspeito de matar esposa envenenada também morreu após ingerir chumbinho, confirma IML O que disseram as defesas? Júlio Mossin, advogado de Luiz, apontou contradições em trechos da fala de Elizabete, o que aumentaria a suspeita de que ela agiu sozinha ao matar Larissa. Um dos pontos abordados por Mossin foi sobre como a suspeita relatou a visita feita à nora horas antes da morte. "Nós indagamos ela se ela chegou com bolsa, sacola. Ela falou que não levou nada. Porém, ela disse agora que um dos motivos que ela teria ido lá seria de que a Larissa iria doar algumas roupas da mãe para ela, então eu questiono se ela sai com algo do apartamento. Ela disse que sai, sim, em tese, com roupas dentro de uma sacola e vai embora." Já Bruno Corrêa se disse surpreso com a contradição apresentada pela cliente no interrogatório. "Novamente, mais uma surpresa para a defesa que tivemos, porque a própria carta que ela traz uma conclusão, no próprio interrogatório, ela desconstrói essa própria conclusão dela, falando que foi um momento meio que fantasioso na cabeça dela, acreditando que ela estava prestes a morrer dentro da própria cadeia." Mortes por envenenamento A professora de pilates Larissa Rodrigues, de 37 anos, foi encontrada morta no apartamento em que vivia com o médico Luiz Antonio Garnica em Ribeirão Preto em 22 de março deste ano. O laudo toxicológico apontou envenenamento pela substância conhecida popularmente como "chumbinho". O exame necroscópico descartou sinais de violência, mas apontou que ela teve lesões no pulmão e no coração, assim como a irmã de Garnica, Nathalia, que morreu aos 42 anos em fevereiro deste ano em Pontal, após um infarto, mesmo não tendo problemas de saúde aparentes. Diante da proximidade das mortes, a Polícia Civil realizou uma exumação e a perícia nos restos morais de Nathalia concluiu que ela também morreu por ingestão de "chumbinho". A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que um pedido de divórcio de Larissa, que pouco tempo antes havia descoberto uma relação extraconjugal do marido, pode ter motivado o crime. A sogra, por sua vez, foi a última pessoa a estar no apartamento da professora antes da morte. Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, uma denúncia por feminicídio contra os suspeitos deve ser formalizada à Justiça. Nathália Guarnica e Larissa Rodrigues eram cunhadas e morreram envenenadas em Ribeirão Preto, SP Reprodução/g1 Crime premeditado Nesta sexta-feira (27), a Polícia Civil concluiu as investigações sobre a morte de Larissa Rodrigues e indiciou Luiz Garnica e Elizabete Arrabaça. Segundo a polícia, o marido e a sogra da vítima agiram por estarem passando por problemas financeiros. Em uma coletiva de imprensa, os delegados Fernando Bravo e José Carvalho de Araújo Junior informaram que os suspeitos foram indiciados por homicídio doloso qualificado com uso de veneno no crime contra Larissa. Já as investigações da morte de Nathália seguem em andamento. O inquérito policial foi enviado ao Ministério Público (MP), que deve formalizar uma denúncia à Justiça nos próximos dias. "Demos por encerrado o inquérito policial, ele já foi encaminhado para a Justiça. A conclusão que tivemos é de que o Luiz e a Elizabete foram os causadores da morte da Larissa. Nós conseguimos recuperar em um dos telefones os horários do crime. Eles demonstraram várias inconsistências em relação aos depoimentos prestados pelo Luiz. Isso faz com que a gente possa afirmar que ele e a Elizabete concorreram por esse crime", afirmou Bravo. De acordo com o delegado, a morte da professora foi premeditada. "Os dois teriam interesses financeiros. É muito evidenciado para a gente, através de trocas de mensagens. Toda a cronologia que o Luiz colocou no computador dele, as provas que ele apresentou, isso ficou bem claro para a gente que o crime foi premeditado. A Larissa já vinha passando mal ao longo da semana. O Luiz, de acordo com relatos de testemunhas, a impediu que procurasse exame médico." A professora de pilates Larissa Rodrigues morreu em Ribeirão Preto, SP, em março deste ano Arquivo pessoal Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região