Às vésperas do tarifaço, Fernando Haddad diz que há sinais de interesse do governo dos EUA em negociar

Fernando Haddad diz que há sinais de interesse do governo dos EUA em negociar Reprodução/TV Globo Entre as autoridades do governo brasileiro, as declarações sobre a crise têm mudado de tom. Quatro dias atrás, o presidente Lula dizia que os americanos não queriam negociar. Nesta terça-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que há sinais de que o governo dos Estados Unidos está disposto a discutir o tarifaço. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se mostrou mais otimista nesta terça-feira (29) sobre a abertura de diálogo com o governo americano. Na semana passada, o presidente Lula falou várias vezes sobre a dificuldade de negociação e chegou a dizer que o vice-presidente Geraldo Alckmin ligava para autoridades nos Estados Unidos, mas ninguém queria conversar com ele. Na segunda-feira (28), Alckmin já tinha dito que estava conseguindo dialogar. Nesta terça-feira (29), Haddad citou uma longa conversa que o vice-presidente Geraldo Alckmin teve ontem com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnik, a terceira desde o anúncio do tarifaço. E afirmou que pode haver um contato direto do presidente Lula para Donald Trump, mas que essa ligação tem que seguir um protocolo. “Eu acredito que essa semana já há algum sinal de interesse em conversar e há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que talvez tenham se passado um pouquinho e querendo conversar. É papel nosso, dos ministros, justamente azeitar os canais para que a conversa, quando ocorrer, seja mais dignificante, edificante possível. Tem que haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação, não haja um sentimento de viralatismo, de subordinação. Então preparar isso é respeito ao povo brasileiro, à soberania do povo", ressaltou Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Haddad também falou sobre a ajuda que o governo prepara às empresas que podem ser afetadas pelo tarifaço. Disse que entre as medidas em estudo está um plano de proteção ao emprego, nos moldes do adotado durante a pandemia — quando o governo complementou parte do salário de empregados do setor privado que tiveram contrato suspenso ou redução de jornada. Em troca, as empresas se comprometeram a manter os empregos. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforçou a disposição do Brasil para o diálogo. Disse que Lula está pronto para conversar com Trump desde que o presidente americano demonstre interesse em dialogar. “Vamos recordar que o presidente Trump disse que não quer conversar agora, então não adianta o presidente Lula buscar a conversa. Uma negociação entre dois chefes de Estado tem uma preparação. O presidente Lula nunca ficou indisposto em conversar, mas obviamente isso só vai acontecer quando tiver condições de que os EUA também ofereçam para nós abertura para essa conversação e a negociação comercial que nós desejamos fazer", destaca Gleisi Hoffmann, ministra de Secretaria de Relações Institucionais. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria mostra o peso das exportações para os Estados Unidos em cada estado. Quase metade das exportações do Ceará tem como destino o mercado americano (44,9%). Em seguida, os Estados Unidos têm maior participação nas vendas externas do Espírito Santo (28,6), Paraíba (21,6%), São Paulo (19%) e Sergipe (17,1%). O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, vice-presidente Geraldo Alckmin voltou a se reunir hoje com representantes das big techs – Meta, Google, Apple, Amazon e dos cartões Visa. E, dessa vez – atendendo a um pedido do secretário do Comércio dos Estados Unidos – nesta terça-feira, pela primeira vez, um representante do governo americano também participou da reunião por videoconferência. Ao impor a chantagem tarifária, Trump citou um suposto ataque à liberdade de expressão no Brasil e censura a plataformas de mídia social dos Estados Unidos. O presidente Lula rebateu as acusações e defendeu a regulação com cobrança de imposto. Na reunião desta terça-feira (29), as empresas levaram uma pauta de negociação. Alckmin disse que o governo brasileiro está disposto a conversar em busca de um acordo. "Eles trouxeram uma pauta: segurança jurídica, inovação tecnológica, ambiente regulatório. Essa questão de regulamentação de big techs, redes sociais, é uma questão que está em discussão no mundo. Então vamos aprender: onde é que já foi implementado? Na Europa? O que deu certo? O que levou à crítica? Não devemos ter muita pressa nisso. Acho que devemos verificar a legislação comparada e ouvir e dialogar." LEIA TAMBÉM: Tarifaço: 'Executivo não tem nenhuma interferência no Judiciário', diz Alckmin após reunião sobre big techs com secretário dos EUA Com o tarifaço, Brasil corre risco de perder US$ 1 bilhão em 2025 na venda de carne bovina aos EUA Tarifaço de Trump: governo brasileiro diz buscar diálogo sem 'contaminação política ou ideológica'

Jul 29, 2025 - 21:00
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Às vésperas do tarifaço, Fernando Haddad diz que há sinais de interesse do governo dos EUA em negociar

Fernando Haddad diz que há sinais de interesse do governo dos EUA em negociar Reprodução/TV Globo Entre as autoridades do governo brasileiro, as declarações sobre a crise têm mudado de tom. Quatro dias atrás, o presidente Lula dizia que os americanos não queriam negociar. Nesta terça-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que há sinais de que o governo dos Estados Unidos está disposto a discutir o tarifaço. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se mostrou mais otimista nesta terça-feira (29) sobre a abertura de diálogo com o governo americano. Na semana passada, o presidente Lula falou várias vezes sobre a dificuldade de negociação e chegou a dizer que o vice-presidente Geraldo Alckmin ligava para autoridades nos Estados Unidos, mas ninguém queria conversar com ele. Na segunda-feira (28), Alckmin já tinha dito que estava conseguindo dialogar. Nesta terça-feira (29), Haddad citou uma longa conversa que o vice-presidente Geraldo Alckmin teve ontem com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnik, a terceira desde o anúncio do tarifaço. E afirmou que pode haver um contato direto do presidente Lula para Donald Trump, mas que essa ligação tem que seguir um protocolo. “Eu acredito que essa semana já há algum sinal de interesse em conversar e há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que talvez tenham se passado um pouquinho e querendo conversar. É papel nosso, dos ministros, justamente azeitar os canais para que a conversa, quando ocorrer, seja mais dignificante, edificante possível. Tem que haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação, não haja um sentimento de viralatismo, de subordinação. Então preparar isso é respeito ao povo brasileiro, à soberania do povo", ressaltou Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Haddad também falou sobre a ajuda que o governo prepara às empresas que podem ser afetadas pelo tarifaço. Disse que entre as medidas em estudo está um plano de proteção ao emprego, nos moldes do adotado durante a pandemia — quando o governo complementou parte do salário de empregados do setor privado que tiveram contrato suspenso ou redução de jornada. Em troca, as empresas se comprometeram a manter os empregos. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforçou a disposição do Brasil para o diálogo. Disse que Lula está pronto para conversar com Trump desde que o presidente americano demonstre interesse em dialogar. “Vamos recordar que o presidente Trump disse que não quer conversar agora, então não adianta o presidente Lula buscar a conversa. Uma negociação entre dois chefes de Estado tem uma preparação. O presidente Lula nunca ficou indisposto em conversar, mas obviamente isso só vai acontecer quando tiver condições de que os EUA também ofereçam para nós abertura para essa conversação e a negociação comercial que nós desejamos fazer", destaca Gleisi Hoffmann, ministra de Secretaria de Relações Institucionais. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria mostra o peso das exportações para os Estados Unidos em cada estado. Quase metade das exportações do Ceará tem como destino o mercado americano (44,9%). Em seguida, os Estados Unidos têm maior participação nas vendas externas do Espírito Santo (28,6), Paraíba (21,6%), São Paulo (19%) e Sergipe (17,1%). O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, vice-presidente Geraldo Alckmin voltou a se reunir hoje com representantes das big techs – Meta, Google, Apple, Amazon e dos cartões Visa. E, dessa vez – atendendo a um pedido do secretário do Comércio dos Estados Unidos – nesta terça-feira, pela primeira vez, um representante do governo americano também participou da reunião por videoconferência. Ao impor a chantagem tarifária, Trump citou um suposto ataque à liberdade de expressão no Brasil e censura a plataformas de mídia social dos Estados Unidos. O presidente Lula rebateu as acusações e defendeu a regulação com cobrança de imposto. Na reunião desta terça-feira (29), as empresas levaram uma pauta de negociação. Alckmin disse que o governo brasileiro está disposto a conversar em busca de um acordo. "Eles trouxeram uma pauta: segurança jurídica, inovação tecnológica, ambiente regulatório. Essa questão de regulamentação de big techs, redes sociais, é uma questão que está em discussão no mundo. Então vamos aprender: onde é que já foi implementado? Na Europa? O que deu certo? O que levou à crítica? Não devemos ter muita pressa nisso. Acho que devemos verificar a legislação comparada e ouvir e dialogar." LEIA TAMBÉM: Tarifaço: 'Executivo não tem nenhuma interferência no Judiciário', diz Alckmin após reunião sobre big techs com secretário dos EUA Com o tarifaço, Brasil corre risco de perder US$ 1 bilhão em 2025 na venda de carne bovina aos EUA Tarifaço de Trump: governo brasileiro diz buscar diálogo sem 'contaminação política ou ideológica'