Crime em São Pedro: casal é assassinado e ex-advogados viram principais suspeitos; entenda
Polícia identificou esquema de falsificação e apropriação de bens milionários; quatro suspeitos foram presos, entre eles segurança ligado a escritório de advocacia. Advogados são suspeitos de mandar matar clientes para tomar posse de patrimônio milionário Esta semana, a polícia prendeu os suspeitos pela morte de um casal no interior de São Paulo. A principal hipótese é de que os próprios advogados das vítimas tenham mandado matá-los. A investigação revelou uma trama de mentiras e traições motivada por um patrimônio milionário. São Pedro é um município de 38 mil habitantes, cenário de descanso e tranquilidade. Mas que, nos últimos meses, se viu no centro de um mistério. José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, era engenheiro e empresário de uma das famílias mais tradicionais do setor de açúcar e álcool do interior de São Paulo. E Rosana Ferrari, de 61 anos, formada em pedagogia, era diretora de uma escola infantil. José Eduardo e Rosana costumavam passar os fins de semana na chácara em São Pedro, um local turístico, em cima da serra. No dia 6 de abril, um vizinho estranhou o portão aberto. Ao entrar, ele encontrou o casal morto dentro do carro e chamou a polícia. Os dois foram mortos a tiros e a polícia refez os últimos passos do casal. Na sexta-feira, 4 de abril, José Eduardo saiu da Araraquara, parou para abastecer em um posto. Na sequência, dez quilômetros adiante, já tinha um pedágio. A polícia recuperou imagens de boa parte do trajeto do carro do casal pelas câmeras entre Araraquara e São Pedro. Parentes afirmaram que José Eduardo dirigia devagar e era bem cauteloso. Por isso, a família estranhou a velocidade com que o carro passa perto da propriedade. Em seguida, ao fundo de outra imagem, um homem abandona a chácara a pé, correndo. “Uma pessoa que conhecia o ambiente, porque a nossa equipe de investigação quando esteve no local, o alarme tocava. E aí, o alarme nem disparado foi”, conta William Marchi, delegado de polícia. Os celulares e carteiras das vítimas desapareceram. Por que as vítimas teriam sido mortas em um ambiente externo e levadas e abandonadas dentro da sua própria propriedade? Quando o casal foi visto com vida pela última vez? “Uma testemunha viu a vítima com outras pessoas na estância Morro Verde e achou que ele estava negociando a locação. Ela viu um dos executores no local, viu a vítima”, explica a delegada. A estância Morro Verde fica perto da chácara onde os corpos foram encontrados. “O celular parou de funcionar, as próprias vítimas, foram mortas, dentro dessa propriedade que é delas. E levados até o local já apontado”, conta o delegado. A partir deste ponto, a polícia fez um levantamento cibernético. Rastreou, identificou e analisou todas as pessoas que passaram por esse território naquele momento com um celular. E chegou, primeiro, a dois suspeitos. Edinaldo José Vieira veio de Praia Grande, litoral de São Paulo para a região. Carlos Cesar de Oliveira - o Césão - saiu de São Carlos. "A investigação cibernética indicou à polícia que os executores estavam ali juntamente com as vítimas naquele intervalo de tempo. Cesão trabalha como segurança", conta Juliana Ricci, delegada de polícia. O segurança não tem qualquer relação com as vítimas. E o outro é uma pessoa ligada a esse segurança. Amigo pessoal dele. Mas a mando de quem eles teriam feito isso? Segundo a polícia, César é segurança dos advogados Fernanda e Hércules Barroso. O escritório deles prestava serviços a José Eduardo e Rosana. E a análise de dados dos celulares mostrou que os advogados, Césão e Edinaldo estiveram juntos na estância Morro Verde cinco dias antes do crime. A polícia acredita que eles estavam planejando os assassinatos. “E não só a investigação cibernética indicou eles ali, como teve uma testemunha que também os viu ali, junto com as vítimas”, diz a delegada. Fernanda foi ao velório do casal. Quando que a polícia começou a suspeitar desse casal? "A família já tinha nos falado que a advogada queria ter acesso ao escritório da vítima antes da polícia ter acesso. Eu determinei que não, e nós encontramos em cima da mesa da vítima a escritura do sítio de São Pedro", diz Ricci. Mas a motivação - segundo a polícia - vai muito além de um pedaço de terra em São Pedro. Essa história começa em 2013: José Eduardo comprou 16 unidades de um apart hotel em São Carlos, mas a obra foi paralisada por problemas estruturais. Como ele era engenheiro - e não queria perder o investimento - assumiu a responsabilidade do projeto. "Só que o projeto também não foi pra frente. Os outros responsáveis acabaram falindo, passaram a cobrar dele, porque ele era um dos responsáveis e a justiça entendeu que era cabível", diz Ricci. Para blindar o patrimônio, ele abriu uma empresa que administraria seus bens. A justiça entendeu que isso era uma fraude, já que ele tinha dívidas. José Eduardo abriu então outra empresa - agora em parceria com os advogados. "A vítima passou a holding para o nome da advogada. Eles mascararam com


Polícia identificou esquema de falsificação e apropriação de bens milionários; quatro suspeitos foram presos, entre eles segurança ligado a escritório de advocacia. Advogados são suspeitos de mandar matar clientes para tomar posse de patrimônio milionário Esta semana, a polícia prendeu os suspeitos pela morte de um casal no interior de São Paulo. A principal hipótese é de que os próprios advogados das vítimas tenham mandado matá-los. A investigação revelou uma trama de mentiras e traições motivada por um patrimônio milionário. São Pedro é um município de 38 mil habitantes, cenário de descanso e tranquilidade. Mas que, nos últimos meses, se viu no centro de um mistério. José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, era engenheiro e empresário de uma das famílias mais tradicionais do setor de açúcar e álcool do interior de São Paulo. E Rosana Ferrari, de 61 anos, formada em pedagogia, era diretora de uma escola infantil. José Eduardo e Rosana costumavam passar os fins de semana na chácara em São Pedro, um local turístico, em cima da serra. No dia 6 de abril, um vizinho estranhou o portão aberto. Ao entrar, ele encontrou o casal morto dentro do carro e chamou a polícia. Os dois foram mortos a tiros e a polícia refez os últimos passos do casal. Na sexta-feira, 4 de abril, José Eduardo saiu da Araraquara, parou para abastecer em um posto. Na sequência, dez quilômetros adiante, já tinha um pedágio. A polícia recuperou imagens de boa parte do trajeto do carro do casal pelas câmeras entre Araraquara e São Pedro. Parentes afirmaram que José Eduardo dirigia devagar e era bem cauteloso. Por isso, a família estranhou a velocidade com que o carro passa perto da propriedade. Em seguida, ao fundo de outra imagem, um homem abandona a chácara a pé, correndo. “Uma pessoa que conhecia o ambiente, porque a nossa equipe de investigação quando esteve no local, o alarme tocava. E aí, o alarme nem disparado foi”, conta William Marchi, delegado de polícia. Os celulares e carteiras das vítimas desapareceram. Por que as vítimas teriam sido mortas em um ambiente externo e levadas e abandonadas dentro da sua própria propriedade? Quando o casal foi visto com vida pela última vez? “Uma testemunha viu a vítima com outras pessoas na estância Morro Verde e achou que ele estava negociando a locação. Ela viu um dos executores no local, viu a vítima”, explica a delegada. A estância Morro Verde fica perto da chácara onde os corpos foram encontrados. “O celular parou de funcionar, as próprias vítimas, foram mortas, dentro dessa propriedade que é delas. E levados até o local já apontado”, conta o delegado. A partir deste ponto, a polícia fez um levantamento cibernético. Rastreou, identificou e analisou todas as pessoas que passaram por esse território naquele momento com um celular. E chegou, primeiro, a dois suspeitos. Edinaldo José Vieira veio de Praia Grande, litoral de São Paulo para a região. Carlos Cesar de Oliveira - o Césão - saiu de São Carlos. "A investigação cibernética indicou à polícia que os executores estavam ali juntamente com as vítimas naquele intervalo de tempo. Cesão trabalha como segurança", conta Juliana Ricci, delegada de polícia. O segurança não tem qualquer relação com as vítimas. E o outro é uma pessoa ligada a esse segurança. Amigo pessoal dele. Mas a mando de quem eles teriam feito isso? Segundo a polícia, César é segurança dos advogados Fernanda e Hércules Barroso. O escritório deles prestava serviços a José Eduardo e Rosana. E a análise de dados dos celulares mostrou que os advogados, Césão e Edinaldo estiveram juntos na estância Morro Verde cinco dias antes do crime. A polícia acredita que eles estavam planejando os assassinatos. “E não só a investigação cibernética indicou eles ali, como teve uma testemunha que também os viu ali, junto com as vítimas”, diz a delegada. Fernanda foi ao velório do casal. Quando que a polícia começou a suspeitar desse casal? "A família já tinha nos falado que a advogada queria ter acesso ao escritório da vítima antes da polícia ter acesso. Eu determinei que não, e nós encontramos em cima da mesa da vítima a escritura do sítio de São Pedro", diz Ricci. Mas a motivação - segundo a polícia - vai muito além de um pedaço de terra em São Pedro. Essa história começa em 2013: José Eduardo comprou 16 unidades de um apart hotel em São Carlos, mas a obra foi paralisada por problemas estruturais. Como ele era engenheiro - e não queria perder o investimento - assumiu a responsabilidade do projeto. "Só que o projeto também não foi pra frente. Os outros responsáveis acabaram falindo, passaram a cobrar dele, porque ele era um dos responsáveis e a justiça entendeu que era cabível", diz Ricci. Para blindar o patrimônio, ele abriu uma empresa que administraria seus bens. A justiça entendeu que isso era uma fraude, já que ele tinha dívidas. José Eduardo abriu então outra empresa - agora em parceria com os advogados. "A vítima passou a holding para o nome da advogada. Eles mascararam como doação em pagamento, como se eles devessem honorários para a advogada. Só que o valor nos chamou muito a atenção, porque são R$ 12 milhões. É um valor irreal. Todos os demais imóveis foram transferidos para os seus advogados", diz Ricci. No dia 27 de março, houve uma decisão da justiça falando que era lícito a passagem dos bens das vítimas para os advogados. Dois dias depois, todos os investigados já estavam na estância Morro Verde, que é o local do crime. Cinco dias depois, as vítimas foram assassinadas. Além de ficar com os imóveis do casal, os advogados - segundo a polícia - também falsificaram decisões judiciais e cobraram custas processuais que nunca existiram. Emitiam guias com custas processuais que não existiam. Eles depositavam o dinheiro e os advogados se apropriavam desse dinheiro. Os quatro suspeitos pelos assassinatos foram presos terça-feira (17). "Levavam uma vida de luxo, com viagens, bebidas de luxo, bolsas de luxo, relógios de luxo. Ressaltando que não são advogados conhecidos na cidade". Casal é assassinado e ex-advogados viram principais suspeitos; entenda TV Globo/ Reprodução A polícia apreendeu três armas na casa dos advogados. Em nota, o advogado de Fernanda e Hércules disse que: O caso ainda está em fase de inquérito. E não há nenhum fato concreto sobre a participação deles no crime. Ele afirma que Fernanda e hércules Estão colaborando com as investigações. E que já entrou com pedido de habeas corpus para que eles respondam à investigação em liberdade. O Fantástico não localizou a defesa de Edinaldo e Cesar. Além deles, segundo a polícia, uma terceira pessoa ajudou a executar o casal. A polícia investiga quem seria ela. “Sabemos muito pouco dele, soubemos agora, depois do acontecido, muito mais nós tivemos conhecimento deles do que antes, eles sempre foram muito reservados, na casa deles. Não tinham contato com ninguém”, diz o vizinho e Empresário Ariadson Andrade. O caso que tirou o sossego da pequena São Pedro, segundo a polícia - foi motivado por uma traição. Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida. 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