Entre a 'farda' e o carinho: cadela assume missão de espalhar esperança e amor a pacientes com câncer no interior de SP

Entre a 'farda' e o carinho: Kira tem missão de espalhar amor a pacientes com câncer "Amor" e "esperança" não são apenas palavras estampadas na coleira da cadela Kira. Elas ganham vida toda vez que a pastora belga malinois cruza os corredores do Hospital de Esperança, em Presidente Prudente (SP). Integrante do Canil do 8º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), ela deixa por instantes a rotina de combate ao crime para assumir outra missão: oferecer afeto e conforto a pacientes em tratamento contra o câncer. O Hospital de Esperança atende, em média, 150 pessoas por dia, entre pacientes, familiares e acompanhantes. Periodicamente, todos eles ganham uma visita especial: a da Kira. A cada 15 dias, durante uma ou duas horas, ela espalha afeto pelos corredores da unidade. Anísio Marcelino se emociona com a visita de Kira, o fazendo lembrar de sua cadelinha em casa Stephanie Fonseca/g1 Um desses encontros emocionou profundamente Anísio Marcelino, que conheceu a cadela nesta semana e descreveu a experiência como "maravilhosa". "O animal é uma criatura de Deus, ainda mais cachorro. Emociona. Quando ele tem amor e carinho, é de verdade", afirmou ao g1. Ele reforça que a relação com os animais deve ser de respeito: "As pessoas têm que tratar com o maior carinho. É criatura de Deus e não tem maldade com ninguém, né? É uma criatura maravilhosa. Eu gosto muito". Outro paciente, Dorival Tampellini, também destaca o bem-estar trazido pela visita. "Isso é irreparável. É uma coisa que é muito boa", resumiu. Junto da esposa, Dorival Tampellini destaca o bem-estar trazido pela visita: 'É uma coisa que é muito boa' Stephanie Fonseca/g1 Unidade ganha leveza Em apenas cinco meses de ação, Kira já se tornou um fenômeno dentro do hospital. A presença dela ajuda a transformar um ambiente de desafios e angústias em um espaço mais leve e acolhedor — tanto para pacientes quanto para acompanhantes, familiares e profissionais de saúde. "No meio de tanta tensão que a gente encontra, com o passeio da Kira pelos nossos corredores, a gente consegue trazer um momento de descontração, um momento de alegria. Ela vai levando a felicidade e um pouco de sorriso de volta para o rosto desses pacientes que, muitas vezes, já estão muito angustiados", compartilha Isabela Oliveira Monteiro, psicóloga hospitalar. Kira espalha afeto a pacientes com câncer pelos espaços do Hospital de Esperança Stephanie Fonseca/g1 Segundo Isabela, a equipe se surpreendeu com a receptividade do projeto "cão de terapia", realizado pela primeira vez no Hospital de Esperança. "Foi um mundo novo a ser desbravado, mas foi muito bem aceito pelos pacientes." Nos dias de visita, os internados descem até o ambulatório para se juntar a quem tem consultas agendadas. Dependendo do clima, o encontro pode se estender a outros espaços, como a recepção ou a área externa. Após a despedida da Kira, a equipe faz uma escuta com os participantes, especialmente os que estão em internação. "Muitas vezes é manifestada bastante a saudade de casa. Ela relembra muito os animais que eles têm em casa e, muitas vezes, é o conforto que eles precisam. Então, lembrar dos seus próprios animais e poder ter uma recordação deles aqui no hospital. Muitos deles estão afastados já há bastante tempo de suas casas e poder ter alguém que traz essa memória de casa é muito importante para eles", completa a psicóloga. Kira espalha afeto a pacientes com câncer pelos espaços do Hospital de Esperança Stephanie Fonseca/g1 Missão dada, missão cumprida Antes de embarcar na viatura para sua missão especial, Kira passa por um "dia de spa". Cheirosa e preparada, ela recebe seus acessórios: o peitoral com as palavras "amor" e "esperança", a coleira de enfermeira e até um crachá. Esses símbolos funcionam como marcadores de comportamento — e a pastora belga já entende que, dali em diante, está pronta para dar amor incondicional. Quando chega ao hospital, Kira já sabe que está pronta para dar amor incondicional Stephanie Fonseca/g1 "No momento em que a gente chega com a Kira, já percebe a expectativa das pessoas. A gente chega encostando com a viatura e todo mundo já sai, já fica naquela expectativa: 'Ó, é a Kira que está aí! É a Kira que chegou'", conta o cabo da Polícia Militar e condutor da K9, José Roberto Vesco. A equipe ainda conta com a soldado Lígia Berbert. Mas como Kira foi escolhida para essa missão? Vesco explica que a ideia surgiu de uma veterinária, que apresentou o projeto e questionou se algum cão do plantel poderia ser preparado para visitas ao hospital. O perfil da cadela, observado desde os 45 dias de vida, foi determinante. "A Kira é uma cachorra bem sociável", recorda. "Aqui [no hospital] tem que ser um cão que seja bem sociável, que não vai apresentar nenhum tipo de agressividade e que goste de carinho, que receba [carinho], que aceite que as pessoas toquem nela e que as pessoas interajam com ela. E falei: 'a Kira vai se adequar a esse projeto'", conta ao g1. Com a seleção definida, veio a primeir

Set 19, 2025 - 07:30
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Entre a 'farda' e o carinho: cadela assume missão de espalhar esperança e amor a pacientes com câncer no interior de SP

Entre a 'farda' e o carinho: Kira tem missão de espalhar amor a pacientes com câncer "Amor" e "esperança" não são apenas palavras estampadas na coleira da cadela Kira. Elas ganham vida toda vez que a pastora belga malinois cruza os corredores do Hospital de Esperança, em Presidente Prudente (SP). Integrante do Canil do 8º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), ela deixa por instantes a rotina de combate ao crime para assumir outra missão: oferecer afeto e conforto a pacientes em tratamento contra o câncer. O Hospital de Esperança atende, em média, 150 pessoas por dia, entre pacientes, familiares e acompanhantes. Periodicamente, todos eles ganham uma visita especial: a da Kira. A cada 15 dias, durante uma ou duas horas, ela espalha afeto pelos corredores da unidade. Anísio Marcelino se emociona com a visita de Kira, o fazendo lembrar de sua cadelinha em casa Stephanie Fonseca/g1 Um desses encontros emocionou profundamente Anísio Marcelino, que conheceu a cadela nesta semana e descreveu a experiência como "maravilhosa". "O animal é uma criatura de Deus, ainda mais cachorro. Emociona. Quando ele tem amor e carinho, é de verdade", afirmou ao g1. Ele reforça que a relação com os animais deve ser de respeito: "As pessoas têm que tratar com o maior carinho. É criatura de Deus e não tem maldade com ninguém, né? É uma criatura maravilhosa. Eu gosto muito". Outro paciente, Dorival Tampellini, também destaca o bem-estar trazido pela visita. "Isso é irreparável. É uma coisa que é muito boa", resumiu. Junto da esposa, Dorival Tampellini destaca o bem-estar trazido pela visita: 'É uma coisa que é muito boa' Stephanie Fonseca/g1 Unidade ganha leveza Em apenas cinco meses de ação, Kira já se tornou um fenômeno dentro do hospital. A presença dela ajuda a transformar um ambiente de desafios e angústias em um espaço mais leve e acolhedor — tanto para pacientes quanto para acompanhantes, familiares e profissionais de saúde. "No meio de tanta tensão que a gente encontra, com o passeio da Kira pelos nossos corredores, a gente consegue trazer um momento de descontração, um momento de alegria. Ela vai levando a felicidade e um pouco de sorriso de volta para o rosto desses pacientes que, muitas vezes, já estão muito angustiados", compartilha Isabela Oliveira Monteiro, psicóloga hospitalar. Kira espalha afeto a pacientes com câncer pelos espaços do Hospital de Esperança Stephanie Fonseca/g1 Segundo Isabela, a equipe se surpreendeu com a receptividade do projeto "cão de terapia", realizado pela primeira vez no Hospital de Esperança. "Foi um mundo novo a ser desbravado, mas foi muito bem aceito pelos pacientes." Nos dias de visita, os internados descem até o ambulatório para se juntar a quem tem consultas agendadas. Dependendo do clima, o encontro pode se estender a outros espaços, como a recepção ou a área externa. Após a despedida da Kira, a equipe faz uma escuta com os participantes, especialmente os que estão em internação. "Muitas vezes é manifestada bastante a saudade de casa. Ela relembra muito os animais que eles têm em casa e, muitas vezes, é o conforto que eles precisam. Então, lembrar dos seus próprios animais e poder ter uma recordação deles aqui no hospital. Muitos deles estão afastados já há bastante tempo de suas casas e poder ter alguém que traz essa memória de casa é muito importante para eles", completa a psicóloga. Kira espalha afeto a pacientes com câncer pelos espaços do Hospital de Esperança Stephanie Fonseca/g1 Missão dada, missão cumprida Antes de embarcar na viatura para sua missão especial, Kira passa por um "dia de spa". Cheirosa e preparada, ela recebe seus acessórios: o peitoral com as palavras "amor" e "esperança", a coleira de enfermeira e até um crachá. Esses símbolos funcionam como marcadores de comportamento — e a pastora belga já entende que, dali em diante, está pronta para dar amor incondicional. Quando chega ao hospital, Kira já sabe que está pronta para dar amor incondicional Stephanie Fonseca/g1 "No momento em que a gente chega com a Kira, já percebe a expectativa das pessoas. A gente chega encostando com a viatura e todo mundo já sai, já fica naquela expectativa: 'Ó, é a Kira que está aí! É a Kira que chegou'", conta o cabo da Polícia Militar e condutor da K9, José Roberto Vesco. A equipe ainda conta com a soldado Lígia Berbert. Mas como Kira foi escolhida para essa missão? Vesco explica que a ideia surgiu de uma veterinária, que apresentou o projeto e questionou se algum cão do plantel poderia ser preparado para visitas ao hospital. O perfil da cadela, observado desde os 45 dias de vida, foi determinante. "A Kira é uma cachorra bem sociável", recorda. "Aqui [no hospital] tem que ser um cão que seja bem sociável, que não vai apresentar nenhum tipo de agressividade e que goste de carinho, que receba [carinho], que aceite que as pessoas toquem nela e que as pessoas interajam com ela. E falei: 'a Kira vai se adequar a esse projeto'", conta ao g1. Com a seleção definida, veio a primeira visita: "Para a nossa grata surpresa foi bem recebido e bem aceito por quem estava aqui, principalmente funcionários e pacientes, e a gente resolveu dar continuidade". Para o condutor, a experiência é de troca. "É um ambiente, vamos dizer assim, pesado, carregado, um ambiente que não é um lugar que qualquer pessoa queria estar. Então, tendo esse momento de interação com a Kira aqui, para eles [pacientes] está sendo um alívio, um jeito de esquecer, um distrativo para a cabeça deles", explica. "Aqui, a gente mais aprende com eles do que a gente traz alguma coisa. Então, é gratificante demais", acrescenta. Kira espalha afeto e recebe carinho; todos gostam de interagir com a K9 Stephanie Fonseca/g1 Laços estreitados Além de transformar o hospital, a iniciativa também aproxima a corporação da comunidade. Segundo o cabo Vesco, o projeto e esse laço estreitado ajudam a quebrar a visão de que a polícia atua apenas de forma repressiva. "Isso aqui é uma experiência única. Que nem no meu caso, que eu estou com a Kira e me aproximo das pessoas, eu ouço cada história aqui dentro. Às vezes a pessoa conta uma história, que tem um cachorro igual a esse, que está internado há 20 dias, 30 dias. Então a gente traz isso, traz esse momento de fazer a pessoa ter lembranças boas e afetuosas. Isso não tem preço", finaliza. Soldado Lígia e cabo Vesco, junto a Kira, do Canil do 8º Baep, em Presidente Prudente (SP) Stephanie Fonseca/g1 O projeto "cão de terapia" A médica veterinária Giovana K. Vilela Spolador contou ao g1 que a ideia surgiu em 2024, após a morte de um tio por leucemia. Ele sempre viajava para Barretos para fazer quimioterapia, e, nesse período, Giovana passou a acompanhar mais de perto a rotina dos hospitais de câncer. Foi então que conheceu projetos como os dos Doutores da Alegria, que cantavam, tocavam violão e faziam brincadeiras para animar os pacientes. "Daí eu tive a ideia de fazer com cães, porque, por mais que minha profissão seja estressante e bem puxada, o fato de estar no meio dos animais é muito satisfatório. Eu vejo a pureza, o amor, a alegria nos olhos deles e a vontade de viver, e era tudo o que as pessoas que vivem em um ambiente tão pesado, às vezes com a esperança chegando ao fim e desanimados com a vida, precisavam", lembra. Em 2025, a veterinária levou a proposta ao Canil, que "abraçou a causa" junto à Fraternidade São Damião, responsável por apoiar a chegada do projeto ao hospital. A iniciativa foi aceita e as atividades começaram neste ano. "Hoje temos resultados muito positivos, melhores do que imaginávamos", celebra. Além de levar alegria aos pacientes, a cadela Kira também é beneficiada. "A interação que ela tem com os pacientes, vemos que ela se sente confortável ao receber carinho. Ela entende que é um momento de troca de energia, carinho e confiança entre ela e os pacientes. Tanto é que, nas fotos e vídeos, vemos ela deitando de barriga para cima para receber carinho, o que, no comportamento animal, quer dizer que o animal está relaxado, confiante e confortável com o ambiente." "Nos sentimos realizados e até nos emocionamos, pois não imaginávamos o quão incrível seria esse projeto, que só tem coisas positivas a nos oferecer", ressalta ao g1. Sorrisos e afeto se espalham pelo Hospital de Esperança com a visita de Kira Stephanie Fonseca/g1 Veja mais notícias no g1 Presidente Prudente e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM