Ex-braço direito de Dilma, presidente do PT e militante de esquerda: quem é a nova ministra Gleisi Hoffmann

Deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT) afirmou ser contra taxar combustíveis. Reuters via BBC Ex-braço direito de Dilma Rousseff, militante de esquerda e fiel ao presidente Lula até nos momentos mais difíceis, Gleisi Hoffmann (PT-PR) assume um novo papel no governo: será a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política entre o Planalto e o Congresso. Atual presidente do PT, Gleisi sempre esteve na linha de frente da defesa do partido e de seus principais líderes. No impeachment de Dilma, foi uma das últimas a abandonar o Palácio do Planalto, tentando resistir até o fim. Durante os 580 dias de prisão de Lula, em Curitiba, foi presença constante ao lado do petista, reforçando sua lealdade. Agora, volta ao governo com um perfil que divide opiniões: é combativa, direta e crítica da agenda econômica de Fernando Haddad, frequentemente se posicionando contra medidas que buscam conciliar o governo com o mercado financeiro. A trajetória de Gleisi Nascida em Curitiba, em 1965, Gleisi se formou em Direito e entrou na política pelo movimento estudantil. Filiou-se ao PT em 1989 e, ao longo dos anos, ocupou cargos técnicos e políticos dentro da administração pública. Itaipu Binacional (2003-2006): foi diretora financeira da estatal durante o primeiro governo Lula. Senadora (2011-2018): foi eleita pelo Paraná e, no primeiro mandato, licenciou-se para ser ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff entre 2011 e 2014. Presidente do PT (desde 2017): comandou o partido durante a Lava Jato, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro. Deputada federal (desde 2019): voltou à política parlamentar, mantendo forte atuação na defesa do governo e do ex-presidente. Fiel ao PT, mas crítica da economia Dentro do partido, Gleisi é um dos nomes mais respeitados pela militância de esquerda. Sua escolha para o governo não foi um movimento para fortalecer a articulação política no Congresso, mas sim para reforçar a base petista nos estados e garantir a mobilização para as eleições de 2026. Apesar da lealdade a Lula, ela tem um histórico de atritos com setores do governo, especialmente com a equipe econômica de Fernando Haddad. Gleisi defende maior intervenção do Estado na economia e já criticou publicamente a política fiscal e monetária adotada pela Fazenda e pelo Banco Central. O que esperar da nova ministra? Diferente de antecessores na Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi não tem o perfil tradicional de negociadora de bastidores. Seu estilo é de embate, o que pode gerar desafios na relação com o Congresso, onde a pasta precisa dialogar com partidos de centro e centro-direita para garantir apoio ao governo. Por outro lado, sua presença no Planalto dá um recado claro sobre os planos de Lula: mais do que negociar votos no dia a dia, a prioridade é a mobilização do PT e da base social para 2026.

Fev 28, 2025 - 15:00
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Ex-braço direito de Dilma, presidente do PT e militante de esquerda: quem é a nova ministra Gleisi Hoffmann

Deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT) afirmou ser contra taxar combustíveis. Reuters via BBC Ex-braço direito de Dilma Rousseff, militante de esquerda e fiel ao presidente Lula até nos momentos mais difíceis, Gleisi Hoffmann (PT-PR) assume um novo papel no governo: será a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política entre o Planalto e o Congresso. Atual presidente do PT, Gleisi sempre esteve na linha de frente da defesa do partido e de seus principais líderes. No impeachment de Dilma, foi uma das últimas a abandonar o Palácio do Planalto, tentando resistir até o fim. Durante os 580 dias de prisão de Lula, em Curitiba, foi presença constante ao lado do petista, reforçando sua lealdade. Agora, volta ao governo com um perfil que divide opiniões: é combativa, direta e crítica da agenda econômica de Fernando Haddad, frequentemente se posicionando contra medidas que buscam conciliar o governo com o mercado financeiro. A trajetória de Gleisi Nascida em Curitiba, em 1965, Gleisi se formou em Direito e entrou na política pelo movimento estudantil. Filiou-se ao PT em 1989 e, ao longo dos anos, ocupou cargos técnicos e políticos dentro da administração pública. Itaipu Binacional (2003-2006): foi diretora financeira da estatal durante o primeiro governo Lula. Senadora (2011-2018): foi eleita pelo Paraná e, no primeiro mandato, licenciou-se para ser ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff entre 2011 e 2014. Presidente do PT (desde 2017): comandou o partido durante a Lava Jato, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro. Deputada federal (desde 2019): voltou à política parlamentar, mantendo forte atuação na defesa do governo e do ex-presidente. Fiel ao PT, mas crítica da economia Dentro do partido, Gleisi é um dos nomes mais respeitados pela militância de esquerda. Sua escolha para o governo não foi um movimento para fortalecer a articulação política no Congresso, mas sim para reforçar a base petista nos estados e garantir a mobilização para as eleições de 2026. Apesar da lealdade a Lula, ela tem um histórico de atritos com setores do governo, especialmente com a equipe econômica de Fernando Haddad. Gleisi defende maior intervenção do Estado na economia e já criticou publicamente a política fiscal e monetária adotada pela Fazenda e pelo Banco Central. O que esperar da nova ministra? Diferente de antecessores na Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi não tem o perfil tradicional de negociadora de bastidores. Seu estilo é de embate, o que pode gerar desafios na relação com o Congresso, onde a pasta precisa dialogar com partidos de centro e centro-direita para garantir apoio ao governo. Por outro lado, sua presença no Planalto dá um recado claro sobre os planos de Lula: mais do que negociar votos no dia a dia, a prioridade é a mobilização do PT e da base social para 2026.