Famílias de vítimas da tragédia da Voepass falam em alívio e indignação após cassação pela Anac: 'Tarde demais para os nossos'
Decisão impede companhia aérea de realizar transporte aéreo de passageiros. Há 10 meses, queda de avião da empresa causou 62 mortes. Anac cassa certificado de operação de voos da Voepass A Associação dos Familiares das Vítimas do voo 2283 da Voepass falaram em alívio e indignação nesta terça-feira (24) após a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que cassou, em definitivo, o Certificado de Operador Aéreo (COA) da companhia aérea. "Infelizmente, tarde demais para os nossos", diz trecho do comunicado. Com a decisão, a companhia aérea fica impedida de realizar o transporte aéreo de passageiros, ou seja, operar voos. A empresa não pode mais recorrer da decisão. Em 9 de agosto de 2024, a queda de um avião operado pela Voepass deixou 62 mortos - 58 passageiros e quatro tripulantes - em Vinhedo (SP). O documento dos familiares destaca que a decisão da Anac fez com que fossem "invadidos por um misto de sentimentos". "É inevitável que muitos dos nossos questionamentos, hoje, ganham respostas ainda mais fortes sobre a tragédia aérea, na qual perdemos nossos familiares amados. No momento, um conjunto de sentimentos, incompreensão, indignação, raiva, em razão do fato que de que as vidas dos nossos familiares foram interrompidas, mas, igualmente, um alívio pela decisão de cassação definitiva, que, dentro de nós, reflete uma sensação, ainda que pequena, de justiça e de que outras famílias não sentirão o que sentimos desde 09 de agosto de 2024". Relembre acidente com avião da Voepass que deixou 62 mortos O texto destaca que as respostas sobre como e porque a tragédia ocorreu estão surgindo. "Grita, dentro de nossos pensamentos e orações, o fato doloroso de que restou necessário a perda dos nossos entes queridos para que medidas, como essa, fossem tomadas, com finalidade de garantir a condição segura de aeronavegabilidade para a sociedade. Infelizmente, tarde demais para os nossos". Cassação unânime A Anac já havia cassado, em maio, a operação da Voepass em decisão de primeira instância, mas a empresa recorreu e o caso foi para o plenário da diretoria da agência. Na reunião desta terça (24), o relator do processo, diretor Luiz Ricardo Nascimento, votou pela manutenção da cassação. O voto de Nascimento foi acompanhado por todos os diretores, que mantiveram a cassação de forma unânime. Segundo o relator, depois do desastre aéreo de 2024, a agência iniciou um acompanhamento da operação da Voepass - procedimento chamado de operação assistida - e identificou diversas irregularidades. "No curso da operação assistida, a Anac verificou falhas na execução de itens de inspeção obrigatória de manutenção, que não foram detectadas nem corrigidas pelos controles internos da empresa — um indício de que o sistema de supervisão da companhia havia se degradado, comprometendo sua capacidade de atuar preventivamente", afirmou a agência, em nota. A agência pontuou que alguns problemas operacionais podem ser corrigidos pelas empresas aéreas, mas o caso da Voepass vai além, já que houve a "perda de confiabilidade dos mecanismos internos de detecção e correção" do erros. "Ou seja, a estrutura da empresa deixou de oferecer garantias de que eventuais falhas seriam tratadas antes de comprometer a segurança das operações", completou a Anac. 'Um marco' Segundo a Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 2283, as irregularidades apontadas pela Anac "são com base em uma fiscalização e investigação concreta, com embasamento probatório extenso". "Para nós, esse fato é um marco, do início das respostas aos nossos questionamentos. Nossa luta continua, por eles, por nós e por toda a sociedade para que tragédias, na forma como essa aconteceu, sejam evitadas. Nossa luta é por TODOS". "Por derradeiro, reiteramos a crença de que todos os nossos questionamentos serão respondidos, na forma e no tempo adequados. Não desistiremos. Não cansaremos. O amor que ficou é a nossa maior FORÇA e não se esgotará", conclui o comunicado. Aeronave da Voepass em Fernando de Noronha Ana Clara Marinho/TV Globo O que diz a Voepass? O g1 procurou a empresa para comentar a cassação, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. Na reunião da diretoria da Anac desta terça, o advogado da Voepass, Gustavo de Albuquerque, defendeu que a cassação do COA "veio a galope" e pode significar "pena perpétua" à companhia. "Será o mesmo que uma pena capital, a pena de cassação de um COA, que é uma pena praticamente perpétua. Na nova resolução, ela tem uma duração de dois anos, mas imaginemos nós que uma empresa aérea mais robusta que a Passaredo tenha seu COA cassado e depois, sendo isso revisto por qualquer medida, ela vai simplesmente falir", afirmou o advogado.


Decisão impede companhia aérea de realizar transporte aéreo de passageiros. Há 10 meses, queda de avião da empresa causou 62 mortes. Anac cassa certificado de operação de voos da Voepass A Associação dos Familiares das Vítimas do voo 2283 da Voepass falaram em alívio e indignação nesta terça-feira (24) após a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que cassou, em definitivo, o Certificado de Operador Aéreo (COA) da companhia aérea. "Infelizmente, tarde demais para os nossos", diz trecho do comunicado. Com a decisão, a companhia aérea fica impedida de realizar o transporte aéreo de passageiros, ou seja, operar voos. A empresa não pode mais recorrer da decisão. Em 9 de agosto de 2024, a queda de um avião operado pela Voepass deixou 62 mortos - 58 passageiros e quatro tripulantes - em Vinhedo (SP). O documento dos familiares destaca que a decisão da Anac fez com que fossem "invadidos por um misto de sentimentos". "É inevitável que muitos dos nossos questionamentos, hoje, ganham respostas ainda mais fortes sobre a tragédia aérea, na qual perdemos nossos familiares amados. No momento, um conjunto de sentimentos, incompreensão, indignação, raiva, em razão do fato que de que as vidas dos nossos familiares foram interrompidas, mas, igualmente, um alívio pela decisão de cassação definitiva, que, dentro de nós, reflete uma sensação, ainda que pequena, de justiça e de que outras famílias não sentirão o que sentimos desde 09 de agosto de 2024". Relembre acidente com avião da Voepass que deixou 62 mortos O texto destaca que as respostas sobre como e porque a tragédia ocorreu estão surgindo. "Grita, dentro de nossos pensamentos e orações, o fato doloroso de que restou necessário a perda dos nossos entes queridos para que medidas, como essa, fossem tomadas, com finalidade de garantir a condição segura de aeronavegabilidade para a sociedade. Infelizmente, tarde demais para os nossos". Cassação unânime A Anac já havia cassado, em maio, a operação da Voepass em decisão de primeira instância, mas a empresa recorreu e o caso foi para o plenário da diretoria da agência. Na reunião desta terça (24), o relator do processo, diretor Luiz Ricardo Nascimento, votou pela manutenção da cassação. O voto de Nascimento foi acompanhado por todos os diretores, que mantiveram a cassação de forma unânime. Segundo o relator, depois do desastre aéreo de 2024, a agência iniciou um acompanhamento da operação da Voepass - procedimento chamado de operação assistida - e identificou diversas irregularidades. "No curso da operação assistida, a Anac verificou falhas na execução de itens de inspeção obrigatória de manutenção, que não foram detectadas nem corrigidas pelos controles internos da empresa — um indício de que o sistema de supervisão da companhia havia se degradado, comprometendo sua capacidade de atuar preventivamente", afirmou a agência, em nota. A agência pontuou que alguns problemas operacionais podem ser corrigidos pelas empresas aéreas, mas o caso da Voepass vai além, já que houve a "perda de confiabilidade dos mecanismos internos de detecção e correção" do erros. "Ou seja, a estrutura da empresa deixou de oferecer garantias de que eventuais falhas seriam tratadas antes de comprometer a segurança das operações", completou a Anac. 'Um marco' Segundo a Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 2283, as irregularidades apontadas pela Anac "são com base em uma fiscalização e investigação concreta, com embasamento probatório extenso". "Para nós, esse fato é um marco, do início das respostas aos nossos questionamentos. Nossa luta continua, por eles, por nós e por toda a sociedade para que tragédias, na forma como essa aconteceu, sejam evitadas. Nossa luta é por TODOS". "Por derradeiro, reiteramos a crença de que todos os nossos questionamentos serão respondidos, na forma e no tempo adequados. Não desistiremos. Não cansaremos. O amor que ficou é a nossa maior FORÇA e não se esgotará", conclui o comunicado. Aeronave da Voepass em Fernando de Noronha Ana Clara Marinho/TV Globo O que diz a Voepass? O g1 procurou a empresa para comentar a cassação, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. Na reunião da diretoria da Anac desta terça, o advogado da Voepass, Gustavo de Albuquerque, defendeu que a cassação do COA "veio a galope" e pode significar "pena perpétua" à companhia. "Será o mesmo que uma pena capital, a pena de cassação de um COA, que é uma pena praticamente perpétua. Na nova resolução, ela tem uma duração de dois anos, mas imaginemos nós que uma empresa aérea mais robusta que a Passaredo tenha seu COA cassado e depois, sendo isso revisto por qualquer medida, ela vai simplesmente falir", afirmou o advogado.