Irmão de ídolo do Botafogo e Paraná Clube brilha no futevôlei após lesão gravíssima

Ídolo do Paraná Clube e do Botafogo, Lucio Flavio é a referência de uma família que vive do esporte. Aposentado dos gramados desde 2017, o meia que fez história no futebol paranaense hoje segue a carreira de treinador no Aparecidense. Agora, a família conta com uma nova estrela, da geração Z: Vinicius Rossa, irmão do […]

Mai 16, 2025 - 12:30
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Irmão de ídolo do Botafogo e Paraná Clube brilha no futevôlei após lesão gravíssima

Ídolo do Paraná Clube e do Botafogo, Lucio Flavio é a referência de uma família que vive do esporte. Aposentado dos gramados desde 2017, o meia que fez história no futebol paranaense hoje segue a carreira de treinador no Aparecidense. Agora, a família conta com uma nova estrela, da geração Z: Vinicius Rossa, irmão do craque.

Aos 25 anos, Vina, como é conhecido, vive uma trajetória de grande ascensão no esporte de areia, com conquistas marcantes como o Mundial da Áustria em 2024, o campeonato nacional em 2023 e mais de 60 títulos regionais. Todas elas ao lado do parceiro Lapiseira, dupla de Vinicius no esporte desde a infância.

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Ainda criança, Vina tentou seguir os passos do irmão, com quem aprendeu o que era a fama de um jogador de futebol e viu Lucio Flavio carregar pequenas multidões em um simples passeio no shopping.

Porém, ele rompeu o Ligamento Cruzado Anterior (LCA), uma lesão séria comum em jogadores adultos, mas rara em crianças. Aos 11 anos, precisou passar por cirurgia e durante a recuperação conheceu os primeiros fundamentos do futevôlei. Desde então, não voltou mais para o futebol.

“Eu estava começando a fazer essa transição [de futsal para futebol] com o Paraná também. Mas foi algo bem curto mesmo, não deu tempo de eu mostrar os meus talentos no gramado”, brinca o atleta em entrevista ao UmDois Esportes.

“Eu fui em vários médicos, isso é uma coisa que o Lúcio conseguiu me ajudar muito. Ele conseguiu me indicar pessoas de confiança que realmente quisessem fazer uma cirurgia numa criança de 11 anos. Porque é algo difícil. Do meio para o final da recuperação, eu comecei a fazer alguns trabalhos na areia. Foi então que eu conheci o futevôlei. A gente começou a jogar e chegou um momento que o futevôlei dominou”, conta.

Assista à entrevista com Vinicius Rossa

Confira trechos da entrevista com Vinícius Rossa

Você já está há 12 anos no futebol. Eu imagino que você viu o esporte dar uma guinada, um boom nos últimos anos. É muito diferente de quando você começou?

É muito diferente. Eu posso dizer que, com 24 anos, peguei o esporte começando. Quando a gente começou, o futevôlei era basicamente em clubes. Era algo mais restrito. Mais restrito a ex-jogadores de futebol. Era um esporte mais conhecido entre os boleiros. E nesses últimos três, quatro anos, que deu um boom. Depois da pandemia, vem crescendo de uma forma absurda. No começo era bem difícil. A gente jogou muito tempo num grupo que tinha aqui em Curitiba, nos Padrinhos do Futevôlei, que era ali na Avenida Arthur Bernardes. Se você, por exemplo, passasse, visse e quisesse começar a jogar, esqueça. Não tinha escolas, era algo bem restrito.

Você começou a praticar o esporte na infância. Como foi este início?

A minha história, quando eu comecei, foi um pouco difícil. Eu jogava futebol também. Eu estava naquela transição de sair do futsal e ir para o futebol de campo. Com 11 para 12 anos, eu tive uma ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA). Demorei muito para descobrir o que era, porque não é muito comum uma criança de 11 anos estourar um ligamento cruzado.

Então eu fui em vários médicos, várias coisas. Isso é uma coisa que o Lúcio Flávio conseguiu me ajudar muito. Ele conseguiu me indicar pessoas de confiança que realmente quisessem fazer uma cirurgia numa criança de 11 anos. Porque é algo difícil.

Fiz a recuperação toda. Do meio pro final da recuperação, eu comecei a fazer alguns trabalhos na areia. Com bola, esse tipo de coisa. Foi então que eu conheci o futevôlei. Através do meu irmão Almir, que hoje é meu treinador. Nessa fase final, a gente começou a jogar e foi indo até que chegou um momento que o futevôlei dominou.

Você tem o esporte na família. É irmão do Lucio Flavio, tem irmãos que jogaram. Como é crescer nesse meio? O Lucio te influenciou muito nessa caminhada?

A minha família inteira é do esporte. Eu tenho desde o meu pai também, que foi jogador. Até mesmo a minha mãe jogava futebol de areia. Mas eu cresci em volta do esporte, não tinha como. Ou a gente estava acompanhando o Lucio pela TV, nos clubes que ele jogava, ou a gente estava interagindo com um dos meus irmãos, Almir e Bruno, que sempre vinham de férias da Itália. Eu cresci vendo como era a parte boa e a parte ruim. Me ajudou muito a entender como funciona o esporte.

Eu acho que o esporte tem dois lados. Tem a parte boa, a fama, tudo isso, mas também acho que foge para um outro lado. E quando eu era pequeno, eu peguei um pouco disso. Por exemplo, a gente ia ao Rio de Janeiro com o Lucio, ia no shopping, era uma loucura. Parava tudo. Você meio que perdia um pouco daquela privacidade. Só que na época que eu tinha seis, sete anos, para mim aquilo era ‘meu Deus do céu’.

Eu lembro que, às vezes, ele descia na piscina do prédio dele para levar o filho na piscina, tinha gente olhando, tirando foto. Então, desde cedo eu acho que consegui ver esses dois lados do esporte. Crescer em volta disso, eu acho que é uma experiência muito gratificante.

Vinicius e Lucio Flavio juntos. Foto: Arquivo Pessoal

O futevôlei é um esporte que vive um momento de grande expansão?

Eu costumo falar aqui com a galera que é impressionante o que está acontecendo. Eu acho que o futevôlei está criando ramificações e que está finalmente se tornando um esporte. Então tem o atleta profissional que se dedica 100% a isso, vai ter o atleta profissional que está começando, vai ter aquele atleta que está querendo se profissionalizar, iniciantes que querem virar profissionais.

Hoje tem crianças aqui na quadra que eu dou aula, de 10 a 14 anos, que em vez de querer jogar futebol profissional querem jogar futevôlei. Isso é uma coisa que diz muito, porque as crianças são o futuro do esporte.

Sua dupla no futevôlei é o Lapiseira, como começou essa parceria?

A história minha e do Lapiseira começou em 2009. A gente começou jogando futsal juntos, amizade de criança, assim, só que a gente sempre chegava muito antes do treino e a gente virou melhor amigo. A gente começou no futevôlei na mesma época, mas ele ainda estava no futebol. E aí chegou um momento que a gente sentou e falou ou é agora ou é agora. Aí ele sabiamente deixou o futebol de lado e estamos aí até hoje na correria.

E como é que funciona a atuação em duplas no futebol? Vocês têm características que se complementam? Um se dedica mais ao ataque e outro à defesa?

Isso é algo que também faz parte da evolução do esporte porque antes tinha muito essa diferença. Então na dupla era sempre um atacante e um defensor. Normalmente um rapaz mais alto que tem o foco no ataque e um baixinho igual eu assim que faz a quadra inteira, corre, levanta e faz de tudo. Mas, hoje o esporte evoluiu a ponto de você se obrigar a ser completo.

Quanto menos brecha você deixar dentro de uma quadra, melhor. O jogador que tem a estatura mais alta é obrigado a defender, é obrigado a consertar a bola, a levantar assim como o baixinho também é obrigado a ir lá na rede e se virar.

Vocês venceram o Mundial da Áustria em 2024. Foi o título mais marcante da carreira até agora?

Eu acho que posso dizer que sim, porque a galera não tem a dimensão do tamanho do futevôlei, do tamanho da organização que existe na Áustria em relação ao futevôlei. Existe uma empresa que se chama Bolao Sports, de três irmãos, e é impressionante a organização que eles têm.

Eles fornecem aulas de futebol, são um dos principais organizadores do League of Champions, que é esse evento que está tendo na Europa. Eles estão sempre inovando buscando jogadores brasileiros para levar para a Europa para fazer workshops. Os eventos eu posso afirmar que eu já vi a etapa de campeonato brasileiro não ser tão organizada quanto os eventos deles.

Como é a questão do investimento aqui no Brasil? Como vocês se financiam? Existe espaço para bolsa atleta, auxílios governamentais ou vocês fazem por conta?

O bolsa atleta existia há uns anos atrás, antes da gente virar profissional, mas acho que má gestão, má administração fez com que não fosse para frente o projeto. Mas hoje, além das aulas que damos, a gente tem as premiações dos eventos que a gente vai todo final de semana e também tem o cachê que a gente recebe por jogar um evento, ou apresentações, esse tipo de coisa.

Agora a gente começou a vasculhar algumas coisas no Governo do Estado do Paraná, na Secretaria de Esportes também, e a gente viu que existem muitas formas de a gente ter esse apoio do Estado. A gente teve uma reunião hoje, viu quais são os caminhos que a gente pode seguir para chegar nesse auxílio, nessa verba e estamos trabalhando.

Vocês vão viajar no próximo mês para a Europa. Como será essa turnê pelos campeonatos de futevôlei?

A gente vai dia 10 de junho, chega em Madrid aí já vai direto para a Albânia. Temos um torneio para jogar na Albânia, os organizadores são albaneses, mas eles moram na Itália e recebemos o convite para ir. Vamos representando o Brasil, eu acho que vai ter também mais uma dupla brasileira que vai estar dentro.

Saindo de lá, a gente volta direto para Roma e joga o Elite Cup, que é um dos maiores eventos. E no dia 18 de julho a gente joga na Cervia (Itália) e a gente fecha nosso calendário com um evento em Copenhagen.

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