Jogadores do Palmeiras Sub-20 são vítimas de racismo no Paraguai: ‘Até quando?’

Luighi, de 18 anos, foi agredido com xingamentos e com um cuspe por um torcedor do Cerro Porteño. O jogador imediatamente chamou a atenção do árbitro, mas o jogo seguiu. Jogadores do Palmeiras Sub-20 são vítimas de racismo no Paraguai: ‘Até quando?’ Os jogadores do Palmeiras foram vítimas de racismo na Conmebol Libertadores Sub-20. Quase 24 horas não apagaram a dor de ser ofendido pela cor da pele. Luighi, atacante do Palmeiras, falou nesta sexta-feira (7) no hotel em que o Palmeiras está hospedado no Paraguai: "O recado que eu mandaria para as pessoas que fazem esse tipo de racismo, que parem. Você não está no corpo da pessoa que sofreu racismo. É uma dor que eu peço para que poucas pessoas sofram. Nenhuma na verdade”. A competição está sendo disputada por 12 equipes. O Palmeiras vencia o Cerro Porteño, do Paraguai, por 3 a 0 e fez três substituições nos minutos finais. Figueiredo saiu de campo e recebeu xingamentos dos torcedores. O de amarelo, com uma criança no colo, chegou a imitar um macaco. Jogadores do Palmeiras Sub-20 são vítimas de racismo no Paraguai Jornal Nacional/ Reprodução Luighi saiu logo depois. Foi agredido com xingamentos e com um cuspe pelo mesmo torcedor de amarelo, que logo depois repetiu o gesto que fez para Figueiredo. O jogador imediatamente chamou a atenção do árbitro e avisou: "Macaco. Macaco". Mas o jogo seguiu – e Luighi desabou no banco de reservas. Depois da partida, o repórter da transmissão internacional da Conmebol foi entrevistar o Luighi e perguntou ao jogador apenas sobre o resultado. "Não, não. É sério isso? Você não vai perguntar sobre o ato de racismo? Sério comigo? É sério? Até quando a gente vai passar por isso? Até quando? Fala, até quando a gente vai passar por isso? O que fizeram comigo foi um crime. Você não vai perguntar isso? Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? CBF, sei lá. Você não vai perguntar sobre isso? Não ia, né? Você não ia perguntar sobre isso. O que fizeram comigo foi um crime. A gente é formação, aqui é formação. A gente está aprendendo aqui", desabafou Luighi. Jogadores do Palmeiras Sub-20 são vítimas de racismo no Paraguai Jornal Nacional/ Reprodução Luighi tem 18 anos e já disputou 11 partidas pelo time principal do Palmeiras. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, disse que vai cobrar uma atitude da Conmebol e descartou retirar o clube da competição: "Nós vamos solicitar a exclusão do Cerro Porteño da competição. E outra coisa que me cobram também é para os nossos atletas se retirarem da competição. Não! Eu sou totalmente contra. Aí vocês estariam punindo a vítima”. No documento que enviou à Conmebol, o palmeiras formaliza a denúncia de infração disciplinar pelos atos de racismo cometidos pelos torcedores. Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, confirmou que a entidade reforçou à Conmebol o pedido de exclusão do Cerro Porteño: "O que a gente espera é rigor da Conmebol e da FIFA na punição. Basta de racismo e basta de multas que não levam a nada”. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse estar profundamente indignado com o abuso racista e que o futebol deve ser um espaço de respeito, inclusão e união, e tudo começa com os jovens e a base. Todos os times brasileiros da Série A se posicionaram a favor do palmeirense, entre eles os rivais Corinthians, Santos e São Paulo. Vinicius Junior, melhor jogador do mundo pela Fifa, ligou para Luighi. Nas redes sociais, Vini cobrou: "Até quando, Conmebol? Vocês nunca fazem nada". Em nota, a Conmebol disse rejeitar todo ato de racismo e que medidas disciplinares apropriadas serão implementadas - mas não deixa claro quais seriam. Em uma rede social, o presidente Lula escreveu: “Racismo significa o fracasso da humanidade. Basta de ódio disfarçado de rivalidade". O que ocorreu com o jogador palmeirense faz parte de uma estatística mundial que infelizmente vem crescendo. Há dez anos, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol monitora casos de racismo. São quase 700 denúncias. Em 2025, em menos de três meses, 12 episódios já foram registrados. “O movimento que Luighi fez ontem é um movimento que nos mostra que os atletas brasileiros estão percebendo a gravidade do racismo e não estão mais silenciando. E, a partir disso, a gente vai ver uma reação em cadeia”, diz Marcelo Carvalho, presidente do Observatório da Discriminação Racial no Futebol. "Até quando vai existir pessoas assim? Até quando o futebol vai admitir isso?", pergunta Luighi.

Mar 7, 2025 - 22:30
 0  0
Jogadores do Palmeiras Sub-20 são vítimas de racismo no Paraguai: ‘Até quando?’

Luighi, de 18 anos, foi agredido com xingamentos e com um cuspe por um torcedor do Cerro Porteño. O jogador imediatamente chamou a atenção do árbitro, mas o jogo seguiu. Jogadores do Palmeiras Sub-20 são vítimas de racismo no Paraguai: ‘Até quando?’ Os jogadores do Palmeiras foram vítimas de racismo na Conmebol Libertadores Sub-20. Quase 24 horas não apagaram a dor de ser ofendido pela cor da pele. Luighi, atacante do Palmeiras, falou nesta sexta-feira (7) no hotel em que o Palmeiras está hospedado no Paraguai: "O recado que eu mandaria para as pessoas que fazem esse tipo de racismo, que parem. Você não está no corpo da pessoa que sofreu racismo. É uma dor que eu peço para que poucas pessoas sofram. Nenhuma na verdade”. A competição está sendo disputada por 12 equipes. O Palmeiras vencia o Cerro Porteño, do Paraguai, por 3 a 0 e fez três substituições nos minutos finais. Figueiredo saiu de campo e recebeu xingamentos dos torcedores. O de amarelo, com uma criança no colo, chegou a imitar um macaco. Jogadores do Palmeiras Sub-20 são vítimas de racismo no Paraguai Jornal Nacional/ Reprodução Luighi saiu logo depois. Foi agredido com xingamentos e com um cuspe pelo mesmo torcedor de amarelo, que logo depois repetiu o gesto que fez para Figueiredo. O jogador imediatamente chamou a atenção do árbitro e avisou: "Macaco. Macaco". Mas o jogo seguiu – e Luighi desabou no banco de reservas. Depois da partida, o repórter da transmissão internacional da Conmebol foi entrevistar o Luighi e perguntou ao jogador apenas sobre o resultado. "Não, não. É sério isso? Você não vai perguntar sobre o ato de racismo? Sério comigo? É sério? Até quando a gente vai passar por isso? Até quando? Fala, até quando a gente vai passar por isso? O que fizeram comigo foi um crime. Você não vai perguntar isso? Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? CBF, sei lá. Você não vai perguntar sobre isso? Não ia, né? Você não ia perguntar sobre isso. O que fizeram comigo foi um crime. A gente é formação, aqui é formação. A gente está aprendendo aqui", desabafou Luighi. Jogadores do Palmeiras Sub-20 são vítimas de racismo no Paraguai Jornal Nacional/ Reprodução Luighi tem 18 anos e já disputou 11 partidas pelo time principal do Palmeiras. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, disse que vai cobrar uma atitude da Conmebol e descartou retirar o clube da competição: "Nós vamos solicitar a exclusão do Cerro Porteño da competição. E outra coisa que me cobram também é para os nossos atletas se retirarem da competição. Não! Eu sou totalmente contra. Aí vocês estariam punindo a vítima”. No documento que enviou à Conmebol, o palmeiras formaliza a denúncia de infração disciplinar pelos atos de racismo cometidos pelos torcedores. Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, confirmou que a entidade reforçou à Conmebol o pedido de exclusão do Cerro Porteño: "O que a gente espera é rigor da Conmebol e da FIFA na punição. Basta de racismo e basta de multas que não levam a nada”. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse estar profundamente indignado com o abuso racista e que o futebol deve ser um espaço de respeito, inclusão e união, e tudo começa com os jovens e a base. Todos os times brasileiros da Série A se posicionaram a favor do palmeirense, entre eles os rivais Corinthians, Santos e São Paulo. Vinicius Junior, melhor jogador do mundo pela Fifa, ligou para Luighi. Nas redes sociais, Vini cobrou: "Até quando, Conmebol? Vocês nunca fazem nada". Em nota, a Conmebol disse rejeitar todo ato de racismo e que medidas disciplinares apropriadas serão implementadas - mas não deixa claro quais seriam. Em uma rede social, o presidente Lula escreveu: “Racismo significa o fracasso da humanidade. Basta de ódio disfarçado de rivalidade". O que ocorreu com o jogador palmeirense faz parte de uma estatística mundial que infelizmente vem crescendo. Há dez anos, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol monitora casos de racismo. São quase 700 denúncias. Em 2025, em menos de três meses, 12 episódios já foram registrados. “O movimento que Luighi fez ontem é um movimento que nos mostra que os atletas brasileiros estão percebendo a gravidade do racismo e não estão mais silenciando. E, a partir disso, a gente vai ver uma reação em cadeia”, diz Marcelo Carvalho, presidente do Observatório da Discriminação Racial no Futebol. "Até quando vai existir pessoas assim? Até quando o futebol vai admitir isso?", pergunta Luighi.