Prefeitura do Rio decreta luto oficial de três dias pela morte de Bira Presidente

Fundador do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal morreu na noite deste sábado (14). Quadra do Cacique de Ramos de luto pela morte de Bira Presidente Betinho Casas Novas/TV Globo A Prefeitura do Rio decretou luto oficial de três dias pela morte de Ubirajara Félix do Nascimento, o Bira Presidente, um dos fundadores do bloco Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal. Bira morreu na notie deste sábado (14), aos 88 anos. O artista estava em tratamento de um câncer de próstata e tinha Alzheimer. O decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes foi publicado em edição especial do Diário Oficial, na tarde deste domingo (15). O decreto leva em consideração que Bira Presidente era uma espécie de diplomata cultural do Rio, embaixador universal do samba e da alegria, por sua vida dedicada à construção da identidade cultural carioca. "Flamenguista e mangueirense, Bira Presidente foi responsável por formar gerações de sambistas e cariocas ao longo de mais de 60 anos de vida dedicados aos blocos carnavalescos. Maestro e colaborador criativo de compositores, intérpretes e músicos de todos os gêneros da música popular brasileira, foi pai de uma nação que tem como membros baluartes do samba como Beth Carvalho, Leci Brandão, Jorge Aragão, Marquinhos de Oswaldo Cruz e Teresa Cristina", diz o texto da prefeitura. Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal, morre no Rio Além de fundar o Cacique, um dos blocos de carnaval e centro cultural mais importantes do Rio, Bira, que era percussionista, cantor e compositor, ajudou a transformar as rodas de samba do subúrbio carioca em um movimento musical que revolucionou o samba tradicional. Filho de Domingos Félix do Nascimento e Conceição de Souza Nascimento, Bira cresceu no bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio. Desde cedo, foi envolvido pelo universo do samba e do choro, frequentando rodas com figuras lendárias como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Sua mãe, uma mãe de santo da Umbanda, também influenciou a espiritualidade e a musicalidade das festas familiares, que misturavam rituais e samba. Aos sete anos, teve seu "batismo no samba" na Estação Primeira de Mangueira, escola que sempre considerou sua de coração. Em 20 de janeiro de 1961, Bira fundou, junto com amigos e familiares, o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, bloco carnavalesco que se tornaria um dos maiores centros culturais do samba no Brasil. O Cacique nasceu da fusão de pequenos blocos do bairro de Ramos e rapidamente se destacou pelas rodas de samba que promovia em sua sede, apelidada de “Doce Refúgio”. Com desfiles no próprio bairro de Ramos e no Centro do Rio de Janeiro, o grupo, que incluía Bira e seu irmão Ubirany, se tornou um dos blocos de carnaval mais importantes da cidade. Bira foi o primeiro e único presidente da agremiação até sua morte, sendo conhecido como “o próprio Cacique". No final dos anos 1970, das rodas do Cacique de Ramos surgiu o grupo Fundo de Quintal, com Bira como um dos fundadores. O grupo inovou ao incorporar instrumentos como tantã, repique de mão e banjo, criando uma nova sonoridade que revolucionou o samba de raiz. Entre os sucessos do Fundo de Quintal com Bira estão: "O Show Tem Que Continuar" "A Amizade" "Do Fundo do Nosso Quintal" "Lucidez" "Nosso Grito" Bira era conhecido por seu carisma, seu pandeiro inconfundível e sua presença marcante nos palcos e nas rodas de samba. Um dos momentos aguardados dos shows do Fundo de Quintal era quando ele dançava o "miudinho", com sua elegância característica. Bira tocou pandeiro em gravações históricas, como no álbum De Pé No Chão de Beth Carvalho, e acompanhou diversos artistas renomados da MPB. Sua versatilidade e domínio do instrumento o tornaram requisitado em estúdios e shows, consolidando sua reputação como um dos maiores pandeiristas do samba. Além da música, Bira trabalhou por décadas como servidor público antes de se dedicar exclusivamente à carreira artística. Era pai de duas filhas, avô de dois netos e bisavô de uma menina chamada Lua.

Jun 15, 2025 - 19:00
 0  0
Prefeitura do Rio decreta luto oficial de três dias pela morte de Bira Presidente

Fundador do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal morreu na noite deste sábado (14). Quadra do Cacique de Ramos de luto pela morte de Bira Presidente Betinho Casas Novas/TV Globo A Prefeitura do Rio decretou luto oficial de três dias pela morte de Ubirajara Félix do Nascimento, o Bira Presidente, um dos fundadores do bloco Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal. Bira morreu na notie deste sábado (14), aos 88 anos. O artista estava em tratamento de um câncer de próstata e tinha Alzheimer. O decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes foi publicado em edição especial do Diário Oficial, na tarde deste domingo (15). O decreto leva em consideração que Bira Presidente era uma espécie de diplomata cultural do Rio, embaixador universal do samba e da alegria, por sua vida dedicada à construção da identidade cultural carioca. "Flamenguista e mangueirense, Bira Presidente foi responsável por formar gerações de sambistas e cariocas ao longo de mais de 60 anos de vida dedicados aos blocos carnavalescos. Maestro e colaborador criativo de compositores, intérpretes e músicos de todos os gêneros da música popular brasileira, foi pai de uma nação que tem como membros baluartes do samba como Beth Carvalho, Leci Brandão, Jorge Aragão, Marquinhos de Oswaldo Cruz e Teresa Cristina", diz o texto da prefeitura. Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal, morre no Rio Além de fundar o Cacique, um dos blocos de carnaval e centro cultural mais importantes do Rio, Bira, que era percussionista, cantor e compositor, ajudou a transformar as rodas de samba do subúrbio carioca em um movimento musical que revolucionou o samba tradicional. Filho de Domingos Félix do Nascimento e Conceição de Souza Nascimento, Bira cresceu no bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio. Desde cedo, foi envolvido pelo universo do samba e do choro, frequentando rodas com figuras lendárias como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Sua mãe, uma mãe de santo da Umbanda, também influenciou a espiritualidade e a musicalidade das festas familiares, que misturavam rituais e samba. Aos sete anos, teve seu "batismo no samba" na Estação Primeira de Mangueira, escola que sempre considerou sua de coração. Em 20 de janeiro de 1961, Bira fundou, junto com amigos e familiares, o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, bloco carnavalesco que se tornaria um dos maiores centros culturais do samba no Brasil. O Cacique nasceu da fusão de pequenos blocos do bairro de Ramos e rapidamente se destacou pelas rodas de samba que promovia em sua sede, apelidada de “Doce Refúgio”. Com desfiles no próprio bairro de Ramos e no Centro do Rio de Janeiro, o grupo, que incluía Bira e seu irmão Ubirany, se tornou um dos blocos de carnaval mais importantes da cidade. Bira foi o primeiro e único presidente da agremiação até sua morte, sendo conhecido como “o próprio Cacique". No final dos anos 1970, das rodas do Cacique de Ramos surgiu o grupo Fundo de Quintal, com Bira como um dos fundadores. O grupo inovou ao incorporar instrumentos como tantã, repique de mão e banjo, criando uma nova sonoridade que revolucionou o samba de raiz. Entre os sucessos do Fundo de Quintal com Bira estão: "O Show Tem Que Continuar" "A Amizade" "Do Fundo do Nosso Quintal" "Lucidez" "Nosso Grito" Bira era conhecido por seu carisma, seu pandeiro inconfundível e sua presença marcante nos palcos e nas rodas de samba. Um dos momentos aguardados dos shows do Fundo de Quintal era quando ele dançava o "miudinho", com sua elegância característica. Bira tocou pandeiro em gravações históricas, como no álbum De Pé No Chão de Beth Carvalho, e acompanhou diversos artistas renomados da MPB. Sua versatilidade e domínio do instrumento o tornaram requisitado em estúdios e shows, consolidando sua reputação como um dos maiores pandeiristas do samba. Além da música, Bira trabalhou por décadas como servidor público antes de se dedicar exclusivamente à carreira artística. Era pai de duas filhas, avô de dois netos e bisavô de uma menina chamada Lua.