Romenos votam em segundo turno presidencial que pode ampliar divisões na União Europeia

O nacionalista de extrema-direita George Simion, de 38 anos, que se opõe à ajuda militar à vizinha Ucrânia e é crítico da liderança da União Europeia, venceu de forma decisiva o primeiro turno das eleições presidenciais, provocando o colapso de um governo de coalizão pró-Ocidente. O candidato presidencial George Simion caminha com sua esposa, Ilinca Simion, durante o segundo turno da eleição presidencial da Romênia, em Mogosoaia Reuters/Andreea Campeanu Os romenos votam neste domingo (18) pelo segundo turno da eleição presidencial que opõe um eurocético de extrema-direita a um centrista independente, e cujo resultado pode ter implicações tanto para a economia fragilizada do país quanto para a unidade da União Europeia (UE). O nacionalista de extrema-direita George Simion, de 38 anos, que se opõe à ajuda militar à vizinha Ucrânia e é crítico da liderança da União Europeia, venceu de forma decisiva o primeiro turno das eleições presidenciais, provocando o colapso de um governo de coalizão pró-Ocidente. Isso levou a uma saída significativa de capitais. O centrista e prefeito de Bucareste, Nicușor Dan, de 55 anos, prometeu combater a corrupção, é firmemente pró-UE e pró-OTAN, e afirmou que o apoio da Romênia à Ucrânia é vital para sua própria segurança diante da crescente ameaça russa. O presidente do país, que é membro da UE e da OTAN, possui poderes consideráveis, incluindo o comando do conselho de defesa que decide sobre ajuda militar. Ele também supervisiona a política externa, com poder de veto em votações da UE que exigem unanimidade. LEIA MAIS: VÍDEO: Haojue DL 160 é mais uma chinesa atrás do público de Honda Bros e Yamaha Crosser; conheça A supermoto de Francisco: papa teve uma Harley-Davidson leiloada por 241 mil euros; veja FOTOS Italiana Moto Morini inicia a produção de três modelos de motocicletas no Brasil; veja os planos Quem for eleito também precisará nomear um primeiro-ministro para negociar uma nova maioria no parlamento, a fim de reduzir o déficit orçamentário da Romênia — o maior da UE —, além de tranquilizar os investidores e tentar evitar um rebaixamento da classificação de crédito. Uma pesquisa de opinião divulgada na sexta-feira mostrou Dan ligeiramente à frente de Simion pela primeira vez desde o primeiro turno, em uma disputa acirrada que dependerá da participação dos eleitores e da expressiva diáspora romena. “Ao contrário dos Estados ocidentais, que podem se dar ao luxo de cometer erros, a confiança na Romênia pode ser perdida muito mais facilmente e pode levar gerações para ser recuperada”, disse Radu Burnete, diretor do maior grupo de empregadores do país. "Não podemos nos dar ao luxo de nos desviar.” A votação coemçou às 7h (01h pelo horário de Brasília) e termina às 21h (15h), com pesquisas de boca de urna divulgadas imediatamente após. Desinformação Analistas políticos afirmam que uma vitória de Simion, apoiador do ex-presidente dos EUA Donald Trump, poderia isolar o país no cenário internacional, reduzir investimentos privados e desestabilizar o flanco leste da OTAN. A votação ocorre no mesmo dia do primeiro turno das eleições presidenciais da Polônia, que devem ser lideradas pelo prefeito pró-UE de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, e pelo historiador conservador Karol Nawrocki. Uma vitória de Simion e/ou Nawrocki ampliaria o grupo de líderes eurocéticos que já inclui os primeiros-ministros da Hungria e da Eslováquia, em meio a uma mudança política na Europa Central que pode aprofundar divisões na UE. “O que os (nacionalistas) querem é uma União Europeia o menos integrada possível”, disse o analista político e historiador Ion M. Ionita. “Uma que seja muito pouco unida do ponto de vista legislativo, em que as decisões sejam tomadas apenas nacionalmente, mas que ainda se beneficie do dinheiro europeu.” A votação na Romênia ocorre quase seis meses após o cancelamento do pleito inicial devido a suposta interferência russa — negada por Moscou — em favor do candidato de extrema-direita Calin Georgescu, que depois foi impedido de concorrer novamente. O cancelamento foi criticado pelo governo Trump, e Simion deve grande parte de seu sucesso à indignação popular contra essa decisão, além da frustração com os partidos tradicionais, culpados pelo alto custo de vida e pela corrupção. Simion afirmou que seu indicado para primeiro-ministro seria Georgescu, que defende nacionalizações e uma postura mais aberta em relação à Rússia. Alguns analistas alertam que a desinformação online voltou a se espalhar antes da votação de domingo. “Estamos vendo a desinformação se espalhar como fogo nas redes sociais — por meio de bots e compartilhamentos estratégicos que imitam postagens autênticas”, disse Roxana Radu, especialista da Blavatnik School of Government da Universidade de Oxford.

Mai 18, 2025 - 03:30
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Romenos votam em segundo turno presidencial que pode ampliar divisões na União Europeia

O nacionalista de extrema-direita George Simion, de 38 anos, que se opõe à ajuda militar à vizinha Ucrânia e é crítico da liderança da União Europeia, venceu de forma decisiva o primeiro turno das eleições presidenciais, provocando o colapso de um governo de coalizão pró-Ocidente. O candidato presidencial George Simion caminha com sua esposa, Ilinca Simion, durante o segundo turno da eleição presidencial da Romênia, em Mogosoaia Reuters/Andreea Campeanu Os romenos votam neste domingo (18) pelo segundo turno da eleição presidencial que opõe um eurocético de extrema-direita a um centrista independente, e cujo resultado pode ter implicações tanto para a economia fragilizada do país quanto para a unidade da União Europeia (UE). O nacionalista de extrema-direita George Simion, de 38 anos, que se opõe à ajuda militar à vizinha Ucrânia e é crítico da liderança da União Europeia, venceu de forma decisiva o primeiro turno das eleições presidenciais, provocando o colapso de um governo de coalizão pró-Ocidente. Isso levou a uma saída significativa de capitais. O centrista e prefeito de Bucareste, Nicușor Dan, de 55 anos, prometeu combater a corrupção, é firmemente pró-UE e pró-OTAN, e afirmou que o apoio da Romênia à Ucrânia é vital para sua própria segurança diante da crescente ameaça russa. O presidente do país, que é membro da UE e da OTAN, possui poderes consideráveis, incluindo o comando do conselho de defesa que decide sobre ajuda militar. Ele também supervisiona a política externa, com poder de veto em votações da UE que exigem unanimidade. LEIA MAIS: VÍDEO: Haojue DL 160 é mais uma chinesa atrás do público de Honda Bros e Yamaha Crosser; conheça A supermoto de Francisco: papa teve uma Harley-Davidson leiloada por 241 mil euros; veja FOTOS Italiana Moto Morini inicia a produção de três modelos de motocicletas no Brasil; veja os planos Quem for eleito também precisará nomear um primeiro-ministro para negociar uma nova maioria no parlamento, a fim de reduzir o déficit orçamentário da Romênia — o maior da UE —, além de tranquilizar os investidores e tentar evitar um rebaixamento da classificação de crédito. Uma pesquisa de opinião divulgada na sexta-feira mostrou Dan ligeiramente à frente de Simion pela primeira vez desde o primeiro turno, em uma disputa acirrada que dependerá da participação dos eleitores e da expressiva diáspora romena. “Ao contrário dos Estados ocidentais, que podem se dar ao luxo de cometer erros, a confiança na Romênia pode ser perdida muito mais facilmente e pode levar gerações para ser recuperada”, disse Radu Burnete, diretor do maior grupo de empregadores do país. "Não podemos nos dar ao luxo de nos desviar.” A votação coemçou às 7h (01h pelo horário de Brasília) e termina às 21h (15h), com pesquisas de boca de urna divulgadas imediatamente após. Desinformação Analistas políticos afirmam que uma vitória de Simion, apoiador do ex-presidente dos EUA Donald Trump, poderia isolar o país no cenário internacional, reduzir investimentos privados e desestabilizar o flanco leste da OTAN. A votação ocorre no mesmo dia do primeiro turno das eleições presidenciais da Polônia, que devem ser lideradas pelo prefeito pró-UE de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, e pelo historiador conservador Karol Nawrocki. Uma vitória de Simion e/ou Nawrocki ampliaria o grupo de líderes eurocéticos que já inclui os primeiros-ministros da Hungria e da Eslováquia, em meio a uma mudança política na Europa Central que pode aprofundar divisões na UE. “O que os (nacionalistas) querem é uma União Europeia o menos integrada possível”, disse o analista político e historiador Ion M. Ionita. “Uma que seja muito pouco unida do ponto de vista legislativo, em que as decisões sejam tomadas apenas nacionalmente, mas que ainda se beneficie do dinheiro europeu.” A votação na Romênia ocorre quase seis meses após o cancelamento do pleito inicial devido a suposta interferência russa — negada por Moscou — em favor do candidato de extrema-direita Calin Georgescu, que depois foi impedido de concorrer novamente. O cancelamento foi criticado pelo governo Trump, e Simion deve grande parte de seu sucesso à indignação popular contra essa decisão, além da frustração com os partidos tradicionais, culpados pelo alto custo de vida e pela corrupção. Simion afirmou que seu indicado para primeiro-ministro seria Georgescu, que defende nacionalizações e uma postura mais aberta em relação à Rússia. Alguns analistas alertam que a desinformação online voltou a se espalhar antes da votação de domingo. “Estamos vendo a desinformação se espalhar como fogo nas redes sociais — por meio de bots e compartilhamentos estratégicos que imitam postagens autênticas”, disse Roxana Radu, especialista da Blavatnik School of Government da Universidade de Oxford.