Série do JN mostra como a educação pode aproveitar benefícios da inteligência artificial

O Piauí é uma das primeiras regiões em todo o continente americano a adotar o ensino de IA como uma disciplina no currículo da educação básica. Série do JN mostra como a educação pode aproveitar benefícios da inteligência artificial O Jornal Nacional abordou os desafios de conciliar tecnologia e aprendizado dos alunos na sala de aula. Nesta sexta-feira (31), os repórteres Vladimir Netto e Lúcio Alves mostraram como a educação pode se beneficiar com o uso da inteligência artificial. “Hoje, nós vamos falar sobre um assunto que é bem relevante no mundo da inteligência artificial: são as deep fakes”, diz David Abreu, professor de inteligência artificial. Na aula, os estudantes aprendem a usar a inteligência artificial para identificar, por exemplo, informações falsas na internet, sinais de que um vídeo foi manipulado, de que voz e imagens foram alteradas. O Piauí é uma das primeiras regiões em todo o continente americano a adotar o ensino de inteligência artificial como uma disciplina no currículo da educação básica. “A gente vem já pensando que vai ter de novidade ali, que é todo dia uma novidade diferente aqui na escola”, diz a estudante Lays de Souza Cunha. Mais de 120 mil estudantes do último ano do ensino fundamental e do ensino médio da rede pública têm essa aula desde o início de 2024. A Unesco reconheceu a iniciativa como uma prática inovadora na educação. “Foi boa a evolução, do ano passado para cá foi realmente bom. Com o ambiente aqui, dá para ir longe”, diz o estudante Anael Victor Pereira Marinho. Série do JN mostra como a educação pode aproveitar benefícios da inteligência artificial Jornal Nacional/ Reprodução Aulas mais interessantes, com robótica, impressoras 3D e óculos de realidade virtual tiveram impacto no desempenho. Em uma escola pública - que agora é integral - nenhum aluno foi reprovado em 2024. Antes, a taxa de reprovação era de 20% a 30%. “Na primeira aula que eu tive aqui, o professor mostrou uns óculos de realidade virtual. Isso foi para mim totalmente novo. Ele ter dado nas nossas mãos, na nossa experiência, a gente realmente ver que a gente pode alcançar o que a gente deseja foi muito novo e muito legal, muito legal mesmo”, conta a estudante Ana Graciara de Araújo. “Quando eles chegam na escola, que é aula de IA, que eu apresento alguma coisa nova, que eu vejo aquele brilho no olhar deles, aquilo ali já ganhei meu dia. Essa tecnologia toda puxa o aluno para a escola, mas também devolve um profissional para o mundo”, afirma David Abreu, professor de IA. SÉRIE ESPECIAL Série especial do JN mostra os resultados práticos da retirada dos celulares das salas de aula Falta de laboratórios e de treinamento para professores atrasa preparo de alunos para mundo digital nas escolas brasileiras Distração ou recurso pedagógico? Como especialistas avaliam o uso de celulares nas escolas; veja perguntas e respostas A inteligência artificial pode mudar a forma como aprendemos? Quem estuda o tema afirma que a tecnologia promete uma personalização do ensino: poderia identificar as maiores dificuldades de cada estudante, ajudar o professor a preparar as aulas e até auxiliar na gestão da escola. A inteligência artificial pode usar dados como o local onde o estudante mora, os índices de criminalidade da região, a frequência, as notas. E, assim, identificar de forma precoce a necessidade de intervenção para evitar o risco de repetência ou abandono escolar. Pode ajudar o professor a corrigir provas e a fornecer análises sobre o desempenho do aluno. Além disso, a tecnologia pode apoiar o aluno, fazendo perguntas sobre a matéria e identificando em que ponto e porque ele errou. E, depois, ainda sugerir a revisão de alguns conteúdos para que ele possa melhorar o desempenho. “Vai fazendo perguntas, vai melhorando as perguntas. Tanto quando você erra, ele corrige e quando você acerta, ele dá mais outra coisa para você ir melhor. Ele vai melhorando a qualidade”, afirma o estudante Anael Victor Pereira Marinho. Como funciona projeto que proíbe celular nas escolas; veja perguntas e respostas Mas especialistas alertam que é preciso prudência na hora de adotar a tecnologia no ensino. Sem controle, a inteligência artificial pode oferecer respostas tendenciosas. “O processamento das informações ser orientado por perguntas que têm a priori de leituras do conjunto de informações disponíveis na sociedade. Isso pode dar vieses raciais, pode dar vieses misóginos, podem não ser tão explícitos assim... Podem ser vieses culturais. É um risco enorme. Sociedades ou regimes mais autocráticos, mais autoritários, podem usar a tecnologia para produzir uma leitura sobre a realidade só sobre a lente de uma determinada visão, de um determinado campo de valores”, afirma Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco. Por outro lado, em um mundo extremamente conectado, a escola pode ter uma importância ainda maior: ser uma ilha de tranquilidade em meio a um mundo em transformação. "Agora, imagina um mundo que se

Jan 31, 2025 - 22:30
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Série do JN mostra como a educação pode aproveitar benefícios da inteligência artificial

O Piauí é uma das primeiras regiões em todo o continente americano a adotar o ensino de IA como uma disciplina no currículo da educação básica. Série do JN mostra como a educação pode aproveitar benefícios da inteligência artificial O Jornal Nacional abordou os desafios de conciliar tecnologia e aprendizado dos alunos na sala de aula. Nesta sexta-feira (31), os repórteres Vladimir Netto e Lúcio Alves mostraram como a educação pode se beneficiar com o uso da inteligência artificial. “Hoje, nós vamos falar sobre um assunto que é bem relevante no mundo da inteligência artificial: são as deep fakes”, diz David Abreu, professor de inteligência artificial. Na aula, os estudantes aprendem a usar a inteligência artificial para identificar, por exemplo, informações falsas na internet, sinais de que um vídeo foi manipulado, de que voz e imagens foram alteradas. O Piauí é uma das primeiras regiões em todo o continente americano a adotar o ensino de inteligência artificial como uma disciplina no currículo da educação básica. “A gente vem já pensando que vai ter de novidade ali, que é todo dia uma novidade diferente aqui na escola”, diz a estudante Lays de Souza Cunha. Mais de 120 mil estudantes do último ano do ensino fundamental e do ensino médio da rede pública têm essa aula desde o início de 2024. A Unesco reconheceu a iniciativa como uma prática inovadora na educação. “Foi boa a evolução, do ano passado para cá foi realmente bom. Com o ambiente aqui, dá para ir longe”, diz o estudante Anael Victor Pereira Marinho. Série do JN mostra como a educação pode aproveitar benefícios da inteligência artificial Jornal Nacional/ Reprodução Aulas mais interessantes, com robótica, impressoras 3D e óculos de realidade virtual tiveram impacto no desempenho. Em uma escola pública - que agora é integral - nenhum aluno foi reprovado em 2024. Antes, a taxa de reprovação era de 20% a 30%. “Na primeira aula que eu tive aqui, o professor mostrou uns óculos de realidade virtual. Isso foi para mim totalmente novo. Ele ter dado nas nossas mãos, na nossa experiência, a gente realmente ver que a gente pode alcançar o que a gente deseja foi muito novo e muito legal, muito legal mesmo”, conta a estudante Ana Graciara de Araújo. “Quando eles chegam na escola, que é aula de IA, que eu apresento alguma coisa nova, que eu vejo aquele brilho no olhar deles, aquilo ali já ganhei meu dia. Essa tecnologia toda puxa o aluno para a escola, mas também devolve um profissional para o mundo”, afirma David Abreu, professor de IA. SÉRIE ESPECIAL Série especial do JN mostra os resultados práticos da retirada dos celulares das salas de aula Falta de laboratórios e de treinamento para professores atrasa preparo de alunos para mundo digital nas escolas brasileiras Distração ou recurso pedagógico? Como especialistas avaliam o uso de celulares nas escolas; veja perguntas e respostas A inteligência artificial pode mudar a forma como aprendemos? Quem estuda o tema afirma que a tecnologia promete uma personalização do ensino: poderia identificar as maiores dificuldades de cada estudante, ajudar o professor a preparar as aulas e até auxiliar na gestão da escola. A inteligência artificial pode usar dados como o local onde o estudante mora, os índices de criminalidade da região, a frequência, as notas. E, assim, identificar de forma precoce a necessidade de intervenção para evitar o risco de repetência ou abandono escolar. Pode ajudar o professor a corrigir provas e a fornecer análises sobre o desempenho do aluno. Além disso, a tecnologia pode apoiar o aluno, fazendo perguntas sobre a matéria e identificando em que ponto e porque ele errou. E, depois, ainda sugerir a revisão de alguns conteúdos para que ele possa melhorar o desempenho. “Vai fazendo perguntas, vai melhorando as perguntas. Tanto quando você erra, ele corrige e quando você acerta, ele dá mais outra coisa para você ir melhor. Ele vai melhorando a qualidade”, afirma o estudante Anael Victor Pereira Marinho. Como funciona projeto que proíbe celular nas escolas; veja perguntas e respostas Mas especialistas alertam que é preciso prudência na hora de adotar a tecnologia no ensino. Sem controle, a inteligência artificial pode oferecer respostas tendenciosas. “O processamento das informações ser orientado por perguntas que têm a priori de leituras do conjunto de informações disponíveis na sociedade. Isso pode dar vieses raciais, pode dar vieses misóginos, podem não ser tão explícitos assim... Podem ser vieses culturais. É um risco enorme. Sociedades ou regimes mais autocráticos, mais autoritários, podem usar a tecnologia para produzir uma leitura sobre a realidade só sobre a lente de uma determinada visão, de um determinado campo de valores”, afirma Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco. Por outro lado, em um mundo extremamente conectado, a escola pode ter uma importância ainda maior: ser uma ilha de tranquilidade em meio a um mundo em transformação. "Agora, imagina um mundo que seja ainda mais centrado na inteligência artificial no qual as coisas continuem mudando em um ritmo muito rápido. Onde uma criança pode ter um ambiente estável e estimulante? Deveria ser a escola, pode ser a escola", afirma Charles Fadel, pesquisador de inteligência artificial em Harvard. Série do JN mostra como a educação pode aproveitar benefícios da inteligência artificial Jornal Nacional/ Reprodução A inteligência artificial também é aliada na hora da merenda em Maricá, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A rede pública usa a tecnologia para evitar desperdício. Cada pequeno estudante passa por reconhecimento facial antes de receber o prato. E, depois do almoço, diz do que gostou mais. E as nutricionistas acompanham o desenvolvimento das crianças. “Através do software, a gente consegue fazer esse diagnóstico de cada aluno, trazendo para ele um cardápio dentro daquilo que ele precisa, porque um aluno bem alimentado vai ter um rendimento escolar de excelência”, afirma a nutricionista Josiane Azevedo. De acordo com especialistas, mesmo com toda a tecnologia, a escola precisa continuar sendo um lugar essencialmente de experiências humanas, com família e professores atuando juntos, para que os alunos desenvolvam as habilidades necessárias para os desafios crescentes de uma sociedade digital. “A escola do futuro com inteligência artificial é uma escola que exige mais da presença das pessoas no espaço vivido da escola, que exige mais da presença do aluno, do professor, do coordenador pedagógico, das famílias, do território em torno da escola. É essa escola que a gente precisa ter para que as nossas crianças, os nossos adolescentes, nossos jovens possam não só se transformar em sujeitos inteiros, cidadãos que possam dialogar com o entorno, e também jovens que tenham condições de disputar o mercado de trabalho. Uma inclusão produtiva de qualidade”, diz Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú. 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