Acessibilidade e equidade na saúde vão depender de muita tecnologia
Na semana passada, acompanhei o primeiro dia da FISweek 2025, descrita por seus organizadores como o maior evento de inovação e tendências da saúde na América Latina. Os números são expressivos: ao longo de três dias, 700 palestrantes se apresentaram em 14 palcos. Muito se discutiu sobre o papel da tecnologia para garantir acessibilidade e equidade, como desafogar o sistema de saúde – e, claro, sobre a inteligência artificial como o elemento indispensável para atingir tais metas.
Sistema de saúde é voltado para quadros agudos, mas o que mais cresce são as doenças crônicas e as relacionadas ao envelhecimento
Ageing without limits
Estudos e diretrizes internacionais apontam que o ideal é um país ter entre três e cinco leitos por mil habitantes para oferecer uma cobertura adequada em situações normais e emergenciais. Nações com sistemas de saúde robustos, como Alemanha e Japão, costumam ter mais de oito leitos por mil habitantes. Já o Brasil dispõe de cerca de dois leitos por mil habitantes – o que inclui o SUS e a rede privada.
Diante desse cenário, o ecossistema da saúde tenta se ajustar para melhorar o atendimento. Michelle Fabiani, diretora médica da Roche Farma Brasil, afirmou que a empresa está focada em proporcionar conveniência e qualidade de vida aos pacientes:
“O objetivo é criar um sistema que funcione num ambiente de menor complexidade, se possível na própria casa da pessoa, com uma equipe de apoio fazendo o monitoramento remotamente. Na nossa área, um bom exemplo disso é disponibilizar medicamentos cujas doses possam ser mais espaçadas, com até seis meses de intervalo, sem prejuízo para o tratamento”.
Fernando Pares, fundador ISA Saúde, empresa de atendimento domiciliar, ratificou a ideia: “o sistema é todo voltado para quadros agudos, mas o que mais cresce são as doenças crônicas e as relacionadas ao envelhecimento. Cerca de metade das internações é de pacientes que poderiam ser tratados em casa. Precisamos trabalhar para que esse novo modelo seja aceito pelas operadoras de saúde, pela comunidade médica e pelos próprios pacientes”.
O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão apresentou uma lista de iniciativas que, segundo ele, deveriam nortear as políticas públicas, enfatizando a necessidade de reduzir a dependência tecnológica: “no Brasil, 90% dos princípios ativos para a fabricação de medicamentos são importados. Temos que deixar de ser consumidores passivos”.
Ele também destacou a importância de novas modalidades de compras públicas e citou, como um exemplo de sucesso, a ação conjunta entre o Estado brasileiro (Fiocruz) e a iniciativa privada na aquisição da vacina contra a Covid-19. “Saúde é um direito garantido na Constituição, é inadmissível que o acesso não seja para todos”, afirmou.
Na coluna de domingo, “Como a ética deve reger o uso da inteligência artificial na medicina”.
Veja os vídeos que estão em alta no g1
Na semana passada, acompanhei o primeiro dia da FISweek 2025, descrita por seus organizadores como o maior evento de inovação e tendências da saúde na América Latina. Os números são expressivos: ao longo de três dias, 700 palestrantes se apresentaram em 14 palcos. Muito se discutiu sobre o papel da tecnologia para garantir acessibilidade e equidade, como desafogar o sistema de saúde – e, claro, sobre a inteligência artificial como o elemento indispensável para atingir tais metas.
Sistema de saúde é voltado para quadros agudos, mas o que mais cresce são as doenças crônicas e as relacionadas ao envelhecimento
Ageing without limits
Estudos e diretrizes internacionais apontam que o ideal é um país ter entre três e cinco leitos por mil habitantes para oferecer uma cobertura adequada em situações normais e emergenciais. Nações com sistemas de saúde robustos, como Alemanha e Japão, costumam ter mais de oito leitos por mil habitantes. Já o Brasil dispõe de cerca de dois leitos por mil habitantes – o que inclui o SUS e a rede privada.
Diante desse cenário, o ecossistema da saúde tenta se ajustar para melhorar o atendimento. Michelle Fabiani, diretora médica da Roche Farma Brasil, afirmou que a empresa está focada em proporcionar conveniência e qualidade de vida aos pacientes:
“O objetivo é criar um sistema que funcione num ambiente de menor complexidade, se possível na própria casa da pessoa, com uma equipe de apoio fazendo o monitoramento remotamente. Na nossa área, um bom exemplo disso é disponibilizar medicamentos cujas doses possam ser mais espaçadas, com até seis meses de intervalo, sem prejuízo para o tratamento”.
Fernando Pares, fundador ISA Saúde, empresa de atendimento domiciliar, ratificou a ideia: “o sistema é todo voltado para quadros agudos, mas o que mais cresce são as doenças crônicas e as relacionadas ao envelhecimento. Cerca de metade das internações é de pacientes que poderiam ser tratados em casa. Precisamos trabalhar para que esse novo modelo seja aceito pelas operadoras de saúde, pela comunidade médica e pelos próprios pacientes”.
O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão apresentou uma lista de iniciativas que, segundo ele, deveriam nortear as políticas públicas, enfatizando a necessidade de reduzir a dependência tecnológica: “no Brasil, 90% dos princípios ativos para a fabricação de medicamentos são importados. Temos que deixar de ser consumidores passivos”.
Ele também destacou a importância de novas modalidades de compras públicas e citou, como um exemplo de sucesso, a ação conjunta entre o Estado brasileiro (Fiocruz) e a iniciativa privada na aquisição da vacina contra a Covid-19. “Saúde é um direito garantido na Constituição, é inadmissível que o acesso não seja para todos”, afirmou.
Na coluna de domingo, “Como a ética deve reger o uso da inteligência artificial na medicina”.
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