'Aquilo que parecia impossível deixou de ser', diz Lula sobre encontro com Trump

O presidente Lula se manifestou, nesta quarta-feira (24), publicamente, sobre o encontro que teve com o americano Donald Trump na Assembleia Geral das Nações Unidas. A foto publicada pela ONU mostra Donald Trump atento ao discurso do presidente Lula na Assembleia Geral na terça-feira (23). Lula não citou diretamente o presidente americano ou o tarifaço, mas criticou ataques às instituições e à economia do Brasil. Trump discursou logo depois. De improviso, disse que tinha acabado de encontrar o presidente brasileiro na saída do plenário, que os dois tiveram uma química excelente e que concordaram em se encontrar semana que vem. Nesta quarta-feira (24), em uma entrevista coletiva, Lula comentou o encontro antes mesmo de ser questionado pelos jornalistas: "Eu tive uma outra satisfação de ter um encontro com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu. E eu fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós. Eu torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente. Temos muitos interesses empresariais. Nós temos muitos interesses industriais. Nós temos muitos interesses tecnológicos e científicos. Nós temos muito interesse no debate sobre a questão digital e Inteligência Artificial. Nós temos muito interesse na questão comercial”. 'Aquilo que parecia impossível deixou de ser', diz Lula sobre encontro com Trump Jornal Nacional/ Reprodução O presidente também afirmou que Trump tem recebido informações erradas sobre o Brasil: "Acho que ele está mal informado com relação ao Brasil e, possivelmente, isso tenha levado ele a tomar algumas decisões que não são aceitáveis na relação de dois países que têm relação diplomática há mais de 200 anos. Então, na hora que a gente tiver um encontro, acho que tudo isso ficará resolvido, e Brasil e Estados Unidos voltarão a viver em harmonia e quimicamente estáveis”. Lula voltou a defender a soberania e a democracia brasileiras: "O que não é discutível é a soberania brasileira e a nossa democracia. Isso não é discutível nem com o presidente Trump nem com nenhum presidente do mundo. Quando tiver eleições nos Estados Unidos, eu não me meto. E quando tiver eleições no Brasil, ele não se mete. É assim que a gente faz. A gente acata o resultado da soberania do povo nas urnas de cada país". O governo brasileiro viu como positivo o gesto de Donald Trump. É que o viés político por trás do tarifaço americano de 50% contra parte das exportações do Brasil vinha impedindo o avanço do diálogo. Mas a diplomacia brasileira está tratando um eventual encontro com cautela. 'Aquilo que parecia impossível deixou de ser', diz Lula sobre encontro com Trump Jornal Nacional/ Reprodução A grande preocupação é evitar que Lula fique exposto a situações vividas por outros presidentes, como o sul-africano Cyril Ramaphosa e o ucraniano Volodymyr Zelensky. Os dois foram humilhados por Trump no Salão Oval da Casa Branca. Questionado se teme algum constrangimento, Lula disse que tem certeza de que os dois vão se tratar com respeito e que está otimista: "Somos dois homens de 80 anos e não há porque ter brincadeira em uma relação entre dois homens de 80 anos de idade. Eu vou tratá-lo com respeito que merece o presidente dos Estados Unidos e ele, certamente, vai me tratar com o respeito que merece o presidente da República Federativa do Brasil”. Lula disse ainda que pode fazer uma reunião presencial e pública, porque não vai discutir segredos de Estado. O correspondente Nilson Klava perguntou ao presidente sobre a pauta que será discutida no encontro. Nilson Klava, correspondente: O senhor disse que o Brasil não está disposto a negociar soberania e democracia. A minha pergunta é: o que o Brasil estaria disposto a negociar? Lula, presidente do Brasil: O que está em jogo? Discutimos com o mundo inteiro nossas terras raras, queremos discutir com o mundo inteiro nossos minerais críticos. Disse ao Trump o seguinte: não tem limite à nossa conversa. Vamos colocar na mesa tudo que acha que tem que conversar. Questionado sobre se planeja voltar aos Estados Unidos semana que vem, Lula não confirmou: "Então, eu prefiro, regressando ao Brasil, colocar meu pessoal para trabalhar com o pessoal do Trump e ver quando a gente marca isso. Não tem pressa. Não precisa ser amanhã ou depois de amanhã. Vai ser quando ele achar que devemos conversar, nós vamos conversar. É como eu disse: eu estou disposto a conversar”. LEIA TAMBÉM Em NY, Lula questiona crescimento da extrema direita: 'É virtude deles ou incompetência nossa?' Lula se encontra com Zelensky em NY, diz que não vê saída militar para a guerra e defende 'Clube da Paz'

Set 24, 2025 - 21:00
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'Aquilo que parecia impossível deixou de ser', diz Lula sobre encontro com Trump

O presidente Lula se manifestou, nesta quarta-feira (24), publicamente, sobre o encontro que teve com o americano Donald Trump na Assembleia Geral das Nações Unidas. A foto publicada pela ONU mostra Donald Trump atento ao discurso do presidente Lula na Assembleia Geral na terça-feira (23). Lula não citou diretamente o presidente americano ou o tarifaço, mas criticou ataques às instituições e à economia do Brasil. Trump discursou logo depois. De improviso, disse que tinha acabado de encontrar o presidente brasileiro na saída do plenário, que os dois tiveram uma química excelente e que concordaram em se encontrar semana que vem. Nesta quarta-feira (24), em uma entrevista coletiva, Lula comentou o encontro antes mesmo de ser questionado pelos jornalistas: "Eu tive uma outra satisfação de ter um encontro com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu. E eu fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós. Eu torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente. Temos muitos interesses empresariais. Nós temos muitos interesses industriais. Nós temos muitos interesses tecnológicos e científicos. Nós temos muito interesse no debate sobre a questão digital e Inteligência Artificial. Nós temos muito interesse na questão comercial”. 'Aquilo que parecia impossível deixou de ser', diz Lula sobre encontro com Trump Jornal Nacional/ Reprodução O presidente também afirmou que Trump tem recebido informações erradas sobre o Brasil: "Acho que ele está mal informado com relação ao Brasil e, possivelmente, isso tenha levado ele a tomar algumas decisões que não são aceitáveis na relação de dois países que têm relação diplomática há mais de 200 anos. Então, na hora que a gente tiver um encontro, acho que tudo isso ficará resolvido, e Brasil e Estados Unidos voltarão a viver em harmonia e quimicamente estáveis”. Lula voltou a defender a soberania e a democracia brasileiras: "O que não é discutível é a soberania brasileira e a nossa democracia. Isso não é discutível nem com o presidente Trump nem com nenhum presidente do mundo. Quando tiver eleições nos Estados Unidos, eu não me meto. E quando tiver eleições no Brasil, ele não se mete. É assim que a gente faz. A gente acata o resultado da soberania do povo nas urnas de cada país". O governo brasileiro viu como positivo o gesto de Donald Trump. É que o viés político por trás do tarifaço americano de 50% contra parte das exportações do Brasil vinha impedindo o avanço do diálogo. Mas a diplomacia brasileira está tratando um eventual encontro com cautela. 'Aquilo que parecia impossível deixou de ser', diz Lula sobre encontro com Trump Jornal Nacional/ Reprodução A grande preocupação é evitar que Lula fique exposto a situações vividas por outros presidentes, como o sul-africano Cyril Ramaphosa e o ucraniano Volodymyr Zelensky. Os dois foram humilhados por Trump no Salão Oval da Casa Branca. Questionado se teme algum constrangimento, Lula disse que tem certeza de que os dois vão se tratar com respeito e que está otimista: "Somos dois homens de 80 anos e não há porque ter brincadeira em uma relação entre dois homens de 80 anos de idade. Eu vou tratá-lo com respeito que merece o presidente dos Estados Unidos e ele, certamente, vai me tratar com o respeito que merece o presidente da República Federativa do Brasil”. Lula disse ainda que pode fazer uma reunião presencial e pública, porque não vai discutir segredos de Estado. O correspondente Nilson Klava perguntou ao presidente sobre a pauta que será discutida no encontro. Nilson Klava, correspondente: O senhor disse que o Brasil não está disposto a negociar soberania e democracia. A minha pergunta é: o que o Brasil estaria disposto a negociar? Lula, presidente do Brasil: O que está em jogo? Discutimos com o mundo inteiro nossas terras raras, queremos discutir com o mundo inteiro nossos minerais críticos. Disse ao Trump o seguinte: não tem limite à nossa conversa. Vamos colocar na mesa tudo que acha que tem que conversar. Questionado sobre se planeja voltar aos Estados Unidos semana que vem, Lula não confirmou: "Então, eu prefiro, regressando ao Brasil, colocar meu pessoal para trabalhar com o pessoal do Trump e ver quando a gente marca isso. Não tem pressa. Não precisa ser amanhã ou depois de amanhã. Vai ser quando ele achar que devemos conversar, nós vamos conversar. É como eu disse: eu estou disposto a conversar”. LEIA TAMBÉM Em NY, Lula questiona crescimento da extrema direita: 'É virtude deles ou incompetência nossa?' Lula se encontra com Zelensky em NY, diz que não vê saída militar para a guerra e defende 'Clube da Paz'