Cientista dá ‘receita’ para combater o estado inflamatório do organismo

Combater o estado inflamatório do organismo. Esse foi o mantra da 12ª. edição do Aging Research Drug Discovery (ARDD 2025), realizada na última semana de agosto, em Copenhagen. O tema está intimamente ligado ao processo de envelhecimento, durante o qual o corpo perde gradualmente a capacidade de se defender. Por isso, havia grande expectativa em relação à palestra da médica e PhD Miriam Merad, imunologista de renome mundial e reitora de Inovação Terapêutica da Escola de Medicina Hospital Mount Sinai. Miriam Merad, imunologista de renome mundial e reitora de Inovação Terapêutica da Escola de Medicina Hospital Mount Sinai Divulgação “A inflamação influencia todas as doenças humanas. O estado inflamatório se manifesta nas condições patológicas do coração e dos pulmões, em infecções, na neurodegeneração e na degeneração do sistema imunológico, que favorece o surgimento e crescimento de tumores. Combater a inflamação é a melhor arma contra o envelhecimento e as doenças”, afirmou. Merad inclusive utilizou a expressão inflammaging – junção das palavras inflamação e envelhecimento – para destacar que, com o avanço da idade, ficamos suscetíveis a condições de inflamação crônica. E como combater esse quadro? Segundo a pesquisadora, a resposta está nos macrófagos. Pausa para breve lição de biologia: macrófagos são células do sistema imunológico presentes em todo o organismo, com mecanismos sofisticados para detectar e modular a resposta inflamatória a ameaças. Alguns vivem permanentemente em tecidos específicos do corpo, como cérebro, fígado, pulmões, pele e intestinos. Diferentemente dos que circulam no sangue e migram em resposta a infecções, esses já se encontram nos tecidos, como guardiões locais. Merad vem apostando suas fichas na suplementação de espermidina, uma poliamina natural produzida pelo corpo e presente em alimentos como trigo germinado, soja fermentada, cogumelos e queijos envelhecidos. Ela participa de processos celulares essenciais, especialmente a autofagia — o “programa de limpeza” das células, que remove componentes danificados e é indispensável para manter a saúde celular. Também reduz o estresse oxidativo, preserva a função mitocondrial (melhorando a energia e vitalidade) e contribui para a integridade genética ao proteger o DNA e os telômeros. No entanto, a cientista ressaltou que a suplementação de espermidina que as pessoas utilizam está bem aquém das necessidades do organismo para realizar todas essas tarefas: “os estudos mostram que a suplementação disponível no mercado está muito abaixo do necessário”. Seu objetivo é desenvolver um diagnóstico preciso dos níveis de inflamação no organismo com foco na imunoprevenção, ou seja, em estratégias para prevenir doenças por meio da modulação do sistema imunológico.

Set 16, 2025 - 04:30
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Cientista dá ‘receita’ para combater o estado inflamatório do organismo

Combater o estado inflamatório do organismo. Esse foi o mantra da 12ª. edição do Aging Research Drug Discovery (ARDD 2025), realizada na última semana de agosto, em Copenhagen. O tema está intimamente ligado ao processo de envelhecimento, durante o qual o corpo perde gradualmente a capacidade de se defender. Por isso, havia grande expectativa em relação à palestra da médica e PhD Miriam Merad, imunologista de renome mundial e reitora de Inovação Terapêutica da Escola de Medicina Hospital Mount Sinai. Miriam Merad, imunologista de renome mundial e reitora de Inovação Terapêutica da Escola de Medicina Hospital Mount Sinai Divulgação “A inflamação influencia todas as doenças humanas. O estado inflamatório se manifesta nas condições patológicas do coração e dos pulmões, em infecções, na neurodegeneração e na degeneração do sistema imunológico, que favorece o surgimento e crescimento de tumores. Combater a inflamação é a melhor arma contra o envelhecimento e as doenças”, afirmou. Merad inclusive utilizou a expressão inflammaging – junção das palavras inflamação e envelhecimento – para destacar que, com o avanço da idade, ficamos suscetíveis a condições de inflamação crônica. E como combater esse quadro? Segundo a pesquisadora, a resposta está nos macrófagos. Pausa para breve lição de biologia: macrófagos são células do sistema imunológico presentes em todo o organismo, com mecanismos sofisticados para detectar e modular a resposta inflamatória a ameaças. Alguns vivem permanentemente em tecidos específicos do corpo, como cérebro, fígado, pulmões, pele e intestinos. Diferentemente dos que circulam no sangue e migram em resposta a infecções, esses já se encontram nos tecidos, como guardiões locais. Merad vem apostando suas fichas na suplementação de espermidina, uma poliamina natural produzida pelo corpo e presente em alimentos como trigo germinado, soja fermentada, cogumelos e queijos envelhecidos. Ela participa de processos celulares essenciais, especialmente a autofagia — o “programa de limpeza” das células, que remove componentes danificados e é indispensável para manter a saúde celular. Também reduz o estresse oxidativo, preserva a função mitocondrial (melhorando a energia e vitalidade) e contribui para a integridade genética ao proteger o DNA e os telômeros. No entanto, a cientista ressaltou que a suplementação de espermidina que as pessoas utilizam está bem aquém das necessidades do organismo para realizar todas essas tarefas: “os estudos mostram que a suplementação disponível no mercado está muito abaixo do necessário”. Seu objetivo é desenvolver um diagnóstico preciso dos níveis de inflamação no organismo com foco na imunoprevenção, ou seja, em estratégias para prevenir doenças por meio da modulação do sistema imunológico.