Conferência preparatória da COP30 deixa principais impasses de Belém sem solução; entenda em 5 pontos

Evento-chave da cúpula climática terminou nesta quinta-feira (26), na Alemanha, frustrando expectativas de ambientalistas e elevando a pressão sobre o Brasil para entregar resultados concretos na próxima rodada global de negociações do clima. Registro de um evento conjunto no último dia 24 de junho entre os países que organizaram a última, organizam a atual e vão sediar a próxima conferência do clima (COP 28, COP 29 e COP 30). IISD/ENB - Kiara Worth As negociações preparatórias para a COP30 terminaram nesta quinta-feira (26) em Bonn, na Alemanha, sem resolver questões centrais para a conferência climática que acontecerá em Belém em novembro deste ano. Durante duas semanas, delegados de 200 países discutiram documentos que servirão de base para as negociações na capital paraense. Contudo, a conferência alemã que deveria preparar o terreno para acordos na COP30 esbarrou em impasses sobre financiamento climático, adaptação e transição energética. Com isso, o Brasil, que presidirá a COP30, não conseguiu destravar agendas fundamentais. Na segunda semana da pré-conferência, as delegações avançaram em alguns textos, como os de transição justa e mitigação e um consenso sobre indicadores globais de adaptação foi alcançado após dias de discussões. Ao fim, os países também aprovaram um aumento de 10% no orçamento do órgão climático da ONU (entenda mais ABAIXO). No entanto, questões-chave que travam há anos as negociações climáticas continuaram sem solução e, por causa disso, a COP30 enfrentará esses mesmos impasses estruturais. “Não vou embelezar a realidade, ainda há muito a fazer antes de nos encontrarmos em Belém”, disse Simon Stiell, secretário da ONU para o Clima, ao fim das reuniões preparatórias. Abaixo, entenda em 5 pontos os resultados de Bonn e as expectativas em torno da conferência brasileira: Por que o financiamento climático travou as negociações? O que aconteceu com a agenda de adaptação climática? Como ficou a questão dos combustíveis fósseis? Qual foi o papel do Brasil nas negociações? O que esperar da COP30 após os resultados de Bonn? 1. Por que o financiamento climático travou as negociações? De modo geral, o financiamento para ações climáticas em países em desenvolvimento foi o principal obstáculo da conferência, oficialmente chamada de 62ª Sessão dos Órgãos Subsidiários da UNFCCC (SB62). Apesar da meta de mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2030, mesmo após semanas de negociação, ainda não existem mecanismos claros dessa implementação. A questão permanece sem solução há anos e, na COP29, em Baku, os países em desenvolvimento já haviam expressado forte insatisfação com as metas financeiras apresentadas. O texto final da conferência previu US$ 300 bilhões anuais, muito abaixo do que esses países consideram necessário.

Jun 27, 2025 - 00:30
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Conferência preparatória da COP30 deixa principais impasses de Belém sem solução; entenda em 5 pontos

Evento-chave da cúpula climática terminou nesta quinta-feira (26), na Alemanha, frustrando expectativas de ambientalistas e elevando a pressão sobre o Brasil para entregar resultados concretos na próxima rodada global de negociações do clima. Registro de um evento conjunto no último dia 24 de junho entre os países que organizaram a última, organizam a atual e vão sediar a próxima conferência do clima (COP 28, COP 29 e COP 30). IISD/ENB - Kiara Worth As negociações preparatórias para a COP30 terminaram nesta quinta-feira (26) em Bonn, na Alemanha, sem resolver questões centrais para a conferência climática que acontecerá em Belém em novembro deste ano. Durante duas semanas, delegados de 200 países discutiram documentos que servirão de base para as negociações na capital paraense. Contudo, a conferência alemã que deveria preparar o terreno para acordos na COP30 esbarrou em impasses sobre financiamento climático, adaptação e transição energética. Com isso, o Brasil, que presidirá a COP30, não conseguiu destravar agendas fundamentais. Na segunda semana da pré-conferência, as delegações avançaram em alguns textos, como os de transição justa e mitigação e um consenso sobre indicadores globais de adaptação foi alcançado após dias de discussões. Ao fim, os países também aprovaram um aumento de 10% no orçamento do órgão climático da ONU (entenda mais ABAIXO). No entanto, questões-chave que travam há anos as negociações climáticas continuaram sem solução e, por causa disso, a COP30 enfrentará esses mesmos impasses estruturais. “Não vou embelezar a realidade, ainda há muito a fazer antes de nos encontrarmos em Belém”, disse Simon Stiell, secretário da ONU para o Clima, ao fim das reuniões preparatórias. Abaixo, entenda em 5 pontos os resultados de Bonn e as expectativas em torno da conferência brasileira: Por que o financiamento climático travou as negociações? O que aconteceu com a agenda de adaptação climática? Como ficou a questão dos combustíveis fósseis? Qual foi o papel do Brasil nas negociações? O que esperar da COP30 após os resultados de Bonn? 1. Por que o financiamento climático travou as negociações? De modo geral, o financiamento para ações climáticas em países em desenvolvimento foi o principal obstáculo da conferência, oficialmente chamada de 62ª Sessão dos Órgãos Subsidiários da UNFCCC (SB62). Apesar da meta de mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2030, mesmo após semanas de negociação, ainda não existem mecanismos claros dessa implementação. A questão permanece sem solução há anos e, na COP29, em Baku, os países em desenvolvimento já haviam expressado forte insatisfação com as metas financeiras apresentadas. O texto final da conferência previu US$ 300 bilhões anuais, muito abaixo do que esses países consideram necessário.