Duda Brack se irmana com Simone no Rio em show feliz de vozes, violões e harmonização de universos musicais
Simone (à esquerda) se harmoniza com Duda Brack ao participar do show 'Voz & solidão' no Blue Note Rio Rodrigo Goffredo ♫ OPINIÃO SOBRE SHOW Título: Voz & solidão Artista: Duda Brack – com participação de Simone Data e local: 25 de setembro de 2025 no Blue Note Rio (Rio de Janeiro, RJ) – sessão das 22h30m Cotação: ★ ★ ★ ★ ♬ Originado de live feita por Duda Brack na pandemia de covid-19, o show Voz & solidão vem sendo apresentado pelo Brasil desde 2022 com roteiro flexível pelo fato de, no palco, a cantora, compositora e instrumentista ficar a sós com a voz e o violão. Gaúcha de 32 anos que mora desde os 18 no Rio de Janeiro (RJ), Duda debutou no mercado fonográfico há dez anos com álbum, É (2015), que chamou a atenção para a potencia da voz da artista, também atriz. Nos dois álbuns seguintes, Caco de vidro (2021) e Proibido não gostar (2024), a cantora procurou falar a língua mais pop do mercado musical do século XX, sobretudo no último. Na noite de quinta-feira, 25 de setembro, Duda equilibrou estilos e universos musicais em apresentação do show Voz & solidão turbinada pela generosa participação da cantora Simone como convidada. A simples presença de Simone alterou o ambiente. Boa parte do público estava ali para ver a Cigarra e Duda tinha tanta consciência disso que se apresentou para a plateia no início do show. “Para quem não me conhece, sou Duda Brack”, avisou. Quem já a conhecia certamente nem se surpreendeu com a desconstrução rítmica a capella do samba A dança da solidão (Paulinho da Vila) no número de abertura. Na era digital de artistas e cantos fakes, moldados no estúdio, Duda Brack é cantora do time seleto que se garante no gogó em show de voz e violão. Tão forte quanto a voz, a personalidade da intérprete ficou evidenciada logo no início do show, quando Duda encarou música menos badalada dos Beatles, Dear prudence (John Lennon & Paul McCartney, 1968), com citação de Na hora do almoço (Belchior, 1971). As músicas inéditas do roteiro, Não vai rolar e Open source, ambas da lavra da artista, sinalizaram que Duda Brack vai continuar na linha do álbum Proibido não gostar, de cujo repertório a cantora rebobinou Neném (Duda Brack e Romero Ferro, 2024) – com o refrão fácil cantado pela plateia, a pedido da artista – e Romance (Duda Brack, Romero Ferro e Felipe Cordeiro, 2024). Duda Brack canta músicas inéditas, como 'Não vai rolar' e 'Open source', no Blue Note Rio Rodrigo Goffredo Justiça seja feita: no palco do Blue Note Rio, a artista suavizou pela intensidade da intepretação o desnível entre essas músicas autorais e temas alheios como I never loved a man (the way I love you) – música de Ronnie Shannon que deu nome ao álbum que consagrou Aretha Franklin (1942 – 2018) ao longo de 1967 – e Muito romântico (Caetano Veloso, 1977), além de Amor e sexo (Rita Lee e Roberto de Carvalho com base em crônica de Arnaldo Jabor, 2003), música escolhida pelo público da sessão das 22h30m (houve sessão às 20h) dentre três opções do cancioneiro de Rita Lee (1947 – 2023). Justiça seja feita novamente: a participação de Simone superou as já altas expectativas e mudou a atmosfera íntima do show. Até porque, com a cantora, entraram em cena Ana Costa (no violão) e o tecladista Chico Lira. O dueto em Trocando em miúdos (Francis Hime e Chico Buarque, 1977) bateu na trave, mas a lembrança de Escândalo (Caetano Veloso, 1981) – em saudação a Angela Ro Ro (1949 – 2025) – foi emocionante e preparou o clima para o auge do encontro das artistas no canto sensual de Condenados (Fátima Guedes, 1979). Irmanadas em cena, as cantoras reiteraram a afinidade em Yolanda (Pablo Milanés, 1970, em versão em português de Chico Buarque, 1984). No bis, ainda houve duetos no bolero Sob medida (Chico Buarque, 1979) e no samba Canta canta, minha gente (Martinho da Villa, 1974), este praticamente solado por Simone, com pequenas intervenções de Duda, em clima de congraçamento com a plateia. Simone estava bem, bonita, em alto astral. A leveza e a disposição da cantora favoreceram o set solo da Cigarra com o bolero Começaria tudo outra vez (Gonzaguinha, 1976), a balada Separação (José Augusto e Paulo Sérgio Valle, 1988) – já definitivamente reincorporada ao repertório de Simone – e Gente aberta (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1971), música na qual Simone também tocou violão. Enfim, embora Duda Brack tenha seduzido o público na solidão do palco pela força da voz que harmonizou músicas de universos e quilates distintos, a entrada de Simone injetou ainda mais energia em show que deixou todo mundo feliz. Duda Brack canta e toca violão no show 'Voz e solidão', com o qual percorre o Brasil desde 2022 Rodrigo Goffredo


Simone (à esquerda) se harmoniza com Duda Brack ao participar do show 'Voz & solidão' no Blue Note Rio Rodrigo Goffredo ♫ OPINIÃO SOBRE SHOW Título: Voz & solidão Artista: Duda Brack – com participação de Simone Data e local: 25 de setembro de 2025 no Blue Note Rio (Rio de Janeiro, RJ) – sessão das 22h30m Cotação: ★ ★ ★ ★ ♬ Originado de live feita por Duda Brack na pandemia de covid-19, o show Voz & solidão vem sendo apresentado pelo Brasil desde 2022 com roteiro flexível pelo fato de, no palco, a cantora, compositora e instrumentista ficar a sós com a voz e o violão. Gaúcha de 32 anos que mora desde os 18 no Rio de Janeiro (RJ), Duda debutou no mercado fonográfico há dez anos com álbum, É (2015), que chamou a atenção para a potencia da voz da artista, também atriz. Nos dois álbuns seguintes, Caco de vidro (2021) e Proibido não gostar (2024), a cantora procurou falar a língua mais pop do mercado musical do século XX, sobretudo no último. Na noite de quinta-feira, 25 de setembro, Duda equilibrou estilos e universos musicais em apresentação do show Voz & solidão turbinada pela generosa participação da cantora Simone como convidada. A simples presença de Simone alterou o ambiente. Boa parte do público estava ali para ver a Cigarra e Duda tinha tanta consciência disso que se apresentou para a plateia no início do show. “Para quem não me conhece, sou Duda Brack”, avisou. Quem já a conhecia certamente nem se surpreendeu com a desconstrução rítmica a capella do samba A dança da solidão (Paulinho da Vila) no número de abertura. Na era digital de artistas e cantos fakes, moldados no estúdio, Duda Brack é cantora do time seleto que se garante no gogó em show de voz e violão. Tão forte quanto a voz, a personalidade da intérprete ficou evidenciada logo no início do show, quando Duda encarou música menos badalada dos Beatles, Dear prudence (John Lennon & Paul McCartney, 1968), com citação de Na hora do almoço (Belchior, 1971). As músicas inéditas do roteiro, Não vai rolar e Open source, ambas da lavra da artista, sinalizaram que Duda Brack vai continuar na linha do álbum Proibido não gostar, de cujo repertório a cantora rebobinou Neném (Duda Brack e Romero Ferro, 2024) – com o refrão fácil cantado pela plateia, a pedido da artista – e Romance (Duda Brack, Romero Ferro e Felipe Cordeiro, 2024). Duda Brack canta músicas inéditas, como 'Não vai rolar' e 'Open source', no Blue Note Rio Rodrigo Goffredo Justiça seja feita: no palco do Blue Note Rio, a artista suavizou pela intensidade da intepretação o desnível entre essas músicas autorais e temas alheios como I never loved a man (the way I love you) – música de Ronnie Shannon que deu nome ao álbum que consagrou Aretha Franklin (1942 – 2018) ao longo de 1967 – e Muito romântico (Caetano Veloso, 1977), além de Amor e sexo (Rita Lee e Roberto de Carvalho com base em crônica de Arnaldo Jabor, 2003), música escolhida pelo público da sessão das 22h30m (houve sessão às 20h) dentre três opções do cancioneiro de Rita Lee (1947 – 2023). Justiça seja feita novamente: a participação de Simone superou as já altas expectativas e mudou a atmosfera íntima do show. Até porque, com a cantora, entraram em cena Ana Costa (no violão) e o tecladista Chico Lira. O dueto em Trocando em miúdos (Francis Hime e Chico Buarque, 1977) bateu na trave, mas a lembrança de Escândalo (Caetano Veloso, 1981) – em saudação a Angela Ro Ro (1949 – 2025) – foi emocionante e preparou o clima para o auge do encontro das artistas no canto sensual de Condenados (Fátima Guedes, 1979). Irmanadas em cena, as cantoras reiteraram a afinidade em Yolanda (Pablo Milanés, 1970, em versão em português de Chico Buarque, 1984). No bis, ainda houve duetos no bolero Sob medida (Chico Buarque, 1979) e no samba Canta canta, minha gente (Martinho da Villa, 1974), este praticamente solado por Simone, com pequenas intervenções de Duda, em clima de congraçamento com a plateia. Simone estava bem, bonita, em alto astral. A leveza e a disposição da cantora favoreceram o set solo da Cigarra com o bolero Começaria tudo outra vez (Gonzaguinha, 1976), a balada Separação (José Augusto e Paulo Sérgio Valle, 1988) – já definitivamente reincorporada ao repertório de Simone – e Gente aberta (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1971), música na qual Simone também tocou violão. Enfim, embora Duda Brack tenha seduzido o público na solidão do palco pela força da voz que harmonizou músicas de universos e quilates distintos, a entrada de Simone injetou ainda mais energia em show que deixou todo mundo feliz. Duda Brack canta e toca violão no show 'Voz e solidão', com o qual percorre o Brasil desde 2022 Rodrigo Goffredo