Educação e desenvolvimento: primeira infância é pouco valorizada no Brasil
Desde a alfabetização, o desempenho escolar das crianças é acompanhado de perto pelos pais. A fase de maior cobrança vem na adolescência, quando são preparadas para a faculdade e a escolha de uma carreira profissional. No entanto, a maior parte da população brasileira desconhece que a fase mais importante do desenvolvimento humano acontece antes disso, na primeira infância. A pesquisa “Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida”, realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Datafolha e divulgada em agosto deste ano, revela que 84% da população brasileira não considera os anos iniciais como fundamentais para o desenvolvimento humano. A baixa percepção sobre a importância dessa fase da vida vai além: 42% dos entrevistados sequer sabem o que significa o termo “primeira infância”. Sobre os aspectos fundamentais no desenvolvimento, destacam-se os vínculos emocionais com amor (43%) e carinho (33%). Já frequentar creches e pré-escolas é tido como fundamental para apenas 14% da população. No que se refere às principais práticas para o desenvolvimento infantil, o respeito aos mais velhos aparece como o item mais importante (96%), à frente de frequentar creche e pré-escola (81%) e de deixar a criança livre para brincar (63%). Para Goretti Meirelles, Coordenadora Pedagógica do Salesiano Dom Bosco Salvador, esses dados apontam para uma forte valorização de princípios éticos e familiares, como o respeito aos mais velhos, que é essencial. No entanto, também podem indicar uma falta de entendimento sobre o papel complementar da educação formal nos primeiros anos de vida. “A pré-escola não tem como objetivo substituir os valores familiares, mas sim promover o crescimento da criança por meio de estímulos pedagógicos específicos, como o brincar livre e orientado, que são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, emocionais e sociais.” Brincar contribui com socialização, estimulando a coordenação motora e o desenvolvimento de habilidades Divulgação Janela do desenvolvimento humano É na primeira infância, fase que vai do nascimento aos seis anos de vida, que 90% das conexões cerebrais ocorrem, sendo o momento de maior desenvolvimento do cérebro humano, segundo a ciência. Nessa fase, oferecer condições favoráveis ao desenvolvimento infantil pode ter efeitos diretos sobre a capacidade intelectual, a personalidade e até o comportamento social no futuro. “Ainda há um entendimento de que, nessa fase, a criança vai à escola apenas para brincar, desvalorizando a importância do brincar lúdico. Através das vivências e da socialização, a criança desenvolve habilidades fundamentais para seu desenvolvimento integral”, elencou Luciana Lima, Orientadora Educacional do Salesiano Dom Bosco Camaçari. O Brasil reconhece o direito à educação infantil desde o nascimento – inclusive com oferta de creches públicas para crianças de zero a três anos – e sua obrigatoriedade a partir dos quatro anos, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Algumas instituições educacionais, a exemplo dos Salesianos Bahia, oferecem a educação infantil para crianças a partir de dois anos de idade. Até completarem quatro anos, as crianças recebem cuidados e estímulos para as primeiras interações sociais e cognitivas. A partir dessa fase, as aprendizagens cognitivas, motoras e sociais vão preparar a criança para o Ensino Fundamental, estimulando a linguagem, o raciocínio lógico e a autonomia. “No ambiente escolar, o brincar é direcionado à socialização, à vivência com outras crianças, estimulando a coordenação motora e o desenvolvimento de habilidades. Na primeira infância, a criança faz grandes descobertas dentro de seu processo de desenvolvimento, seja no aspecto cognitivo, comportamental ou emocional, e quanto mais estímulos ela receber, mais ela desenvolve seu potencial”, concluiu Luciana. Trajetória contínua A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) incorpora habilidades como criatividade, pensamento crítico, autonomia e empreendedorismo como competências fundamentais na formação de cidadãos conscientes e ativos, o que perpassa o ambiente escolar e o protagonismo do aluno. Tais habilidades devem ser estimuladas desde a primeira infância, orientadas por projetos educacionais planejados, com atividades recreativas e cognitivas desenvolvidas em ambientes que ajudem a despertar o senso de exploração e pesquisa. “Uma instituição que oferece educação desde a primeira infância até o ensino médio assegura o crescimento constante e aprofundado da criança. Essa trajetória contínua fortalece vínculos e resulta em aprendizado mais profundo, formando valores como cidadania e responsabilidade”, frisou Goretti Meirelles. Projeto pedagógico para a pré-escola deve contemplar o desenvolvimento de habilidades como criatividade, pensamento crítico, autonomia e empreendedorismo Divulgação Para a coordenadora, antes de fazer a matrícula, pais c


Desde a alfabetização, o desempenho escolar das crianças é acompanhado de perto pelos pais. A fase de maior cobrança vem na adolescência, quando são preparadas para a faculdade e a escolha de uma carreira profissional. No entanto, a maior parte da população brasileira desconhece que a fase mais importante do desenvolvimento humano acontece antes disso, na primeira infância. A pesquisa “Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida”, realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Datafolha e divulgada em agosto deste ano, revela que 84% da população brasileira não considera os anos iniciais como fundamentais para o desenvolvimento humano. A baixa percepção sobre a importância dessa fase da vida vai além: 42% dos entrevistados sequer sabem o que significa o termo “primeira infância”. Sobre os aspectos fundamentais no desenvolvimento, destacam-se os vínculos emocionais com amor (43%) e carinho (33%). Já frequentar creches e pré-escolas é tido como fundamental para apenas 14% da população. No que se refere às principais práticas para o desenvolvimento infantil, o respeito aos mais velhos aparece como o item mais importante (96%), à frente de frequentar creche e pré-escola (81%) e de deixar a criança livre para brincar (63%). Para Goretti Meirelles, Coordenadora Pedagógica do Salesiano Dom Bosco Salvador, esses dados apontam para uma forte valorização de princípios éticos e familiares, como o respeito aos mais velhos, que é essencial. No entanto, também podem indicar uma falta de entendimento sobre o papel complementar da educação formal nos primeiros anos de vida. “A pré-escola não tem como objetivo substituir os valores familiares, mas sim promover o crescimento da criança por meio de estímulos pedagógicos específicos, como o brincar livre e orientado, que são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, emocionais e sociais.” Brincar contribui com socialização, estimulando a coordenação motora e o desenvolvimento de habilidades Divulgação Janela do desenvolvimento humano É na primeira infância, fase que vai do nascimento aos seis anos de vida, que 90% das conexões cerebrais ocorrem, sendo o momento de maior desenvolvimento do cérebro humano, segundo a ciência. Nessa fase, oferecer condições favoráveis ao desenvolvimento infantil pode ter efeitos diretos sobre a capacidade intelectual, a personalidade e até o comportamento social no futuro. “Ainda há um entendimento de que, nessa fase, a criança vai à escola apenas para brincar, desvalorizando a importância do brincar lúdico. Através das vivências e da socialização, a criança desenvolve habilidades fundamentais para seu desenvolvimento integral”, elencou Luciana Lima, Orientadora Educacional do Salesiano Dom Bosco Camaçari. O Brasil reconhece o direito à educação infantil desde o nascimento – inclusive com oferta de creches públicas para crianças de zero a três anos – e sua obrigatoriedade a partir dos quatro anos, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Algumas instituições educacionais, a exemplo dos Salesianos Bahia, oferecem a educação infantil para crianças a partir de dois anos de idade. Até completarem quatro anos, as crianças recebem cuidados e estímulos para as primeiras interações sociais e cognitivas. A partir dessa fase, as aprendizagens cognitivas, motoras e sociais vão preparar a criança para o Ensino Fundamental, estimulando a linguagem, o raciocínio lógico e a autonomia. “No ambiente escolar, o brincar é direcionado à socialização, à vivência com outras crianças, estimulando a coordenação motora e o desenvolvimento de habilidades. Na primeira infância, a criança faz grandes descobertas dentro de seu processo de desenvolvimento, seja no aspecto cognitivo, comportamental ou emocional, e quanto mais estímulos ela receber, mais ela desenvolve seu potencial”, concluiu Luciana. Trajetória contínua A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) incorpora habilidades como criatividade, pensamento crítico, autonomia e empreendedorismo como competências fundamentais na formação de cidadãos conscientes e ativos, o que perpassa o ambiente escolar e o protagonismo do aluno. Tais habilidades devem ser estimuladas desde a primeira infância, orientadas por projetos educacionais planejados, com atividades recreativas e cognitivas desenvolvidas em ambientes que ajudem a despertar o senso de exploração e pesquisa. “Uma instituição que oferece educação desde a primeira infância até o ensino médio assegura o crescimento constante e aprofundado da criança. Essa trajetória contínua fortalece vínculos e resulta em aprendizado mais profundo, formando valores como cidadania e responsabilidade”, frisou Goretti Meirelles. Projeto pedagógico para a pré-escola deve contemplar o desenvolvimento de habilidades como criatividade, pensamento crítico, autonomia e empreendedorismo Divulgação Para a coordenadora, antes de fazer a matrícula, pais com crianças na primeira infância devem avaliar cuidadosamente a proposta pedagógica e sua progressão, da educação infantil até o ensino médio. Priorizar um ambiente que é acolhedor e de confiança proporciona segurança e conexões com a comunidade escolar. “Desde a primeira infância, os fundamentos pedagógicos salesianos manifestam-se na atenção à educação integral, que visa ao desenvolvimento físico, emocional, intelectual e espiritual da criança. A aquisição de conhecimento se dá de maneira significativa, através de experiências práticas e lúdicas que incentivam o ‘aprender fazendo’”, pontuou. “Estimular o protagonismo da criança, desde a primeira infância, favorece sua autonomia e a expressão de suas opiniões ao longo do processo de aprendizado”, concluiu.