'Eu tinha certeza que não ia sair com vida', diz mulher soterrada por carga de caminhão em Porto Alegre
O pedido foi feito de joelhos, com beijo e abraço. Quando Eduarda e Gabriel ficaram noivos no ano passado, jamais poderiam imaginar o que enfrentariam menos de um mês antes do casamento. “Eu não consigo explicar mesmo. Nos primeiros minutos eu tinha certeza que não ia sair com vida”, afirmou Eduarda. O acidente No dia 7 de outubro, às 11h09 da manhã, uma câmera da concessionária que administra a BR-448, em Porto Alegre, flagrou o tombamento de um caminhão carregado com 28 toneladas de serragem. “Eu lembro de olhar o retrovisor e de pensar: ‘meu Deus, ele tá muito rápido’. Ainda mais aqui, que é uma curva em que a gente reduz a velocidade porque ela é muito acentuada”, disse Eduarda. Antes de se espalhar pela pista, a carga atingiu o carro onde ela estava. Um repórter de rádio que cobria o trânsito narrou a situação ao vivo. “Um caminhão tá tombado, algo que acabou de acontecer. Uma grande carga de serragem caiu inclusive na pista de baixo”, relatou Guilherme Milman. “Eu entrei no ar logo que cheguei à rádio e dei as primeiras informações: caminhão tombado e carga virada bloqueando parcialmente a pista. Era isso”, completou Milman. Mas o acidente era bem mais grave do que parecia. Gabriel tentou salvar a noiva, que estava coberta pela carga do caminhão Reprodução/Fantástico O resgate Naquela manhã, Eduarda estava presa dentro do carro esmagado por toneladas de serragem. O noivo, Gabriel, trabalhava na Arena do Grêmio e só soube do acidente por uma ligação — feita pela própria Eduarda. “Minha visão estava bem embaçada nesse primeiro momento. Eu lembro de enxergar borrão. Consegui colocar a senha e ligar”, relatou Eduarda. Gabriel correu até o local. “Quando eu achei o carro e vi a situação, eu tentava tirar o que tinha, sozinho. Foi a maior sensação de impotência que eu já senti na minha vida”, disse Gabriel. “Ele começa a pedir socorro. Eu pergunto o que houve. Ele diz: ‘minha mulher tá aqui embaixo’”, lembrou Guilherme Milman. “Minha mulher, minha esposa, me ajuda, por favor! Ela não responde uma vez”, disse Gabriel, em desespero. Quando a primeira viatura de suporte avançado chegou, não havia nenhuma visibilidade do veículo. “Ela não tinha nenhuma possibilidade de sair de dentro do carro”, explicou a socorrista Diulia Sana. “Era uma mistura de alívio por ter chego alguém, mas com o desespero de saber que tem gente ali e que ninguém consegue me alcançar”, contou Eduarda. Foram minutos preciosos retirando a serragem até o primeiro contato com ela. “A Eduarda tava bastante nervosa, querendo que a gente retirasse logo ela de lá, pela posição em que estava. Mas ela entendia tudo que a gente dizia”, disse o socorrista Bruno. “A Eduarda é muito forte. Sempre foi. Nesses 10 anos juntos, ela sempre foi forte. Foi isso que me manteve acreditando que ela ia sair de lá com vida”, afirmou Gabriel. “Tô tentando te gravar. Fica acordada comigo, amor”, disse Gabriel, durante o resgate. A cápsula de sobrevivência Eduarda só sobreviveu porque os vidros do carro permaneceram fechados, formando uma espécie de “cápsula de sobrevivência”. Isso impediu que a serragem invadisse o veículo e manteve o oxigênio necessário para sua respiração. Ela foi retirada das ferragens depois de duas horas. “Eles o tempo todo conversavam comigo, tentavam me acalmar. Se revezavam para segurar minha mão, para não me deixar sozinha em momento nenhum”, contou Eduarda. “Quando eu saí, olhei nos olhos de cada um. Agradeci muito todos. E eles falaram: ‘a gente avisou que só ia sair daqui contigo’”, disse Eduarda. “Se ela tá aqui hoje, viva, ao meu lado, na casa dela, existem inúmeros profissionais que são responsáveis. Mas tem uma pessoa que não é responsável, né?”, afirmou Gabriel. “Tem que ser investigado”, LEIA MAIS Uber muda regras e anuncia carros que não serão mais aceitos em 2026; veja lista completa QUIZ: entenda sua personalidade e saiba o tipo de carro que mais combina com você Novo Honda WR-V chega com espaço maior do que a média e preço abaixo de R$ 150 mil; VÍDEO Responsabilidades e investigação Por telefone, o motorista do caminhão disse que foi surpreendido por Eduarda, que teria reduzido a velocidade de forma brusca. “Ela tava na minha frente. Aí ela acelerou. Quando eu 'tô' entrando pra pista de novo, ela segurou o carro. E eu perdi o controle. Tombou o caminhão”, afirmou o motorista. Os dados do rastreamento do veículo, apresentados pelo dono da empresa, mostram que o caminhão estava a 73 km/h em um trecho onde o limite é de 50 km/h. O empresário disse que demitiu o motorista. “Já é visto que o caminhão estava em alta velocidade. Se não, não ia ter tombado, né? O problema foi a falha do motorista”, afirmou o dono da empresa. A Polícia Civil investiga as causas do acidente. “A princípio, a carreta estava acima da velocidade. A lesão corporal culposa foi provocada por ele, que conduzia a carreta que tombou sobre o carro da vítima”, disse o delegado responsável pelo caso. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Carros no WhatsApp Ca


O pedido foi feito de joelhos, com beijo e abraço. Quando Eduarda e Gabriel ficaram noivos no ano passado, jamais poderiam imaginar o que enfrentariam menos de um mês antes do casamento. “Eu não consigo explicar mesmo. Nos primeiros minutos eu tinha certeza que não ia sair com vida”, afirmou Eduarda. O acidente No dia 7 de outubro, às 11h09 da manhã, uma câmera da concessionária que administra a BR-448, em Porto Alegre, flagrou o tombamento de um caminhão carregado com 28 toneladas de serragem. “Eu lembro de olhar o retrovisor e de pensar: ‘meu Deus, ele tá muito rápido’. Ainda mais aqui, que é uma curva em que a gente reduz a velocidade porque ela é muito acentuada”, disse Eduarda. Antes de se espalhar pela pista, a carga atingiu o carro onde ela estava. Um repórter de rádio que cobria o trânsito narrou a situação ao vivo. “Um caminhão tá tombado, algo que acabou de acontecer. Uma grande carga de serragem caiu inclusive na pista de baixo”, relatou Guilherme Milman. “Eu entrei no ar logo que cheguei à rádio e dei as primeiras informações: caminhão tombado e carga virada bloqueando parcialmente a pista. Era isso”, completou Milman. Mas o acidente era bem mais grave do que parecia. Gabriel tentou salvar a noiva, que estava coberta pela carga do caminhão Reprodução/Fantástico O resgate Naquela manhã, Eduarda estava presa dentro do carro esmagado por toneladas de serragem. O noivo, Gabriel, trabalhava na Arena do Grêmio e só soube do acidente por uma ligação — feita pela própria Eduarda. “Minha visão estava bem embaçada nesse primeiro momento. Eu lembro de enxergar borrão. Consegui colocar a senha e ligar”, relatou Eduarda. Gabriel correu até o local. “Quando eu achei o carro e vi a situação, eu tentava tirar o que tinha, sozinho. Foi a maior sensação de impotência que eu já senti na minha vida”, disse Gabriel. “Ele começa a pedir socorro. Eu pergunto o que houve. Ele diz: ‘minha mulher tá aqui embaixo’”, lembrou Guilherme Milman. “Minha mulher, minha esposa, me ajuda, por favor! Ela não responde uma vez”, disse Gabriel, em desespero. Quando a primeira viatura de suporte avançado chegou, não havia nenhuma visibilidade do veículo. “Ela não tinha nenhuma possibilidade de sair de dentro do carro”, explicou a socorrista Diulia Sana. “Era uma mistura de alívio por ter chego alguém, mas com o desespero de saber que tem gente ali e que ninguém consegue me alcançar”, contou Eduarda. Foram minutos preciosos retirando a serragem até o primeiro contato com ela. “A Eduarda tava bastante nervosa, querendo que a gente retirasse logo ela de lá, pela posição em que estava. Mas ela entendia tudo que a gente dizia”, disse o socorrista Bruno. “A Eduarda é muito forte. Sempre foi. Nesses 10 anos juntos, ela sempre foi forte. Foi isso que me manteve acreditando que ela ia sair de lá com vida”, afirmou Gabriel. “Tô tentando te gravar. Fica acordada comigo, amor”, disse Gabriel, durante o resgate. A cápsula de sobrevivência Eduarda só sobreviveu porque os vidros do carro permaneceram fechados, formando uma espécie de “cápsula de sobrevivência”. Isso impediu que a serragem invadisse o veículo e manteve o oxigênio necessário para sua respiração. Ela foi retirada das ferragens depois de duas horas. “Eles o tempo todo conversavam comigo, tentavam me acalmar. Se revezavam para segurar minha mão, para não me deixar sozinha em momento nenhum”, contou Eduarda. “Quando eu saí, olhei nos olhos de cada um. Agradeci muito todos. E eles falaram: ‘a gente avisou que só ia sair daqui contigo’”, disse Eduarda. “Se ela tá aqui hoje, viva, ao meu lado, na casa dela, existem inúmeros profissionais que são responsáveis. Mas tem uma pessoa que não é responsável, né?”, afirmou Gabriel. “Tem que ser investigado”, LEIA MAIS Uber muda regras e anuncia carros que não serão mais aceitos em 2026; veja lista completa QUIZ: entenda sua personalidade e saiba o tipo de carro que mais combina com você Novo Honda WR-V chega com espaço maior do que a média e preço abaixo de R$ 150 mil; VÍDEO Responsabilidades e investigação Por telefone, o motorista do caminhão disse que foi surpreendido por Eduarda, que teria reduzido a velocidade de forma brusca. “Ela tava na minha frente. Aí ela acelerou. Quando eu 'tô' entrando pra pista de novo, ela segurou o carro. E eu perdi o controle. Tombou o caminhão”, afirmou o motorista. Os dados do rastreamento do veículo, apresentados pelo dono da empresa, mostram que o caminhão estava a 73 km/h em um trecho onde o limite é de 50 km/h. O empresário disse que demitiu o motorista. “Já é visto que o caminhão estava em alta velocidade. Se não, não ia ter tombado, né? O problema foi a falha do motorista”, afirmou o dono da empresa. A Polícia Civil investiga as causas do acidente. “A princípio, a carreta estava acima da velocidade. A lesão corporal culposa foi provocada por ele, que conduzia a carreta que tombou sobre o carro da vítima”, disse o delegado responsável pelo caso. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Carros no WhatsApp Casamento mantido Eduarda passou uma semana internada, mas não teve ferimentos graves. Depois de tudo que enfrentaram, ela e o noivo decidiram manter os planos para o casamento, marcado para o dia 1º de novembro. “É mais um motivo, né? Mais um motivo para gente fazer isso, para gente casar. Para gente celebrar a nossa união, o nosso amor”, afirmou Eduarda. Eduarda e noivo em entrevista ao Fantástico Reprodução/Fantástico Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida.