Festival de Inverno de Campina Grande celebra 50 anos: 'mais que resistência, fé no poder da arte'
Eneida Agra Maracajá, idealizadora do Festival de Inverno de Campina Grande, celebra jubileu de ouro do evento Divulgação/FICG O Festival de Inverno de Campina Grande, no Agreste da Paraíba, chega aos 50 anos de existência em 2025. A edição que marca o jubileu de ouro do evento tem início nesta quinta-feira (14) com shows gratuitos de Elba Ramalho e Luís Kiari no Parque Evaldo Cruz (confira a programação completa abaixo). Confira a programação completa do Festival de Inverno 2025 de Campina Grande Símbolo cultural de Campina Grande, o Festival de Inverno acompanha a história da cidade, sendo, inclusive, mais antigo que o próprio Maior São João do Mundo. A história longínqua tem relação com a resistência de Eneida Agra Maracajá, professora e ativista cultural que fundou o festival e segue trabalhando nele até hoje. O evento foi realizado pela primeira vez em julho de 1974, como Festival Nacional de Teatro, o FENAT. Já nesta primeira edição, Eneida recebeu apoio de nomes como a dramaturga Lourdes Ramalho e a atriz Nair Belo. Naquele momento, o festival foi impulsionado por políticos, como o então prefeito de Campina Grande, Evaldo Cruz, e empresários locais. Nair Belo e Lourdes Ramalho participaram a primeira edição do FENAT, que anos depois se tornaria Festival de Inverno de Campina Grande Divulgação/FICG O FICG nasceu no Teatro Municipal Severino Cabral, que tem mais de 60 anos de existência. No texto que escreveu e leu na abertura da primeira edição do evento, Eneida Agra Maracajá, que já tinha uma história com o Teatro, relatou que estava realizando, na verdade, um sonho (leia abaixo). "Aqui está um sonho É um sonho de não despertar nunca, é alegria de não se desfazer em lábios cerrados, é contentamento de não se mesclar em lágrimas, é um transbordar de alma, tão inesgotável quanto a fonte de amor que a inspirou (...) Que no encontro de hoje, não amadureçam sugestões de desencontros, para que o amanhã seja uma certeza de novas ambições e um seguro caminho de mesmos passos (...) E este I Festival Nacional de Teatro de Campina Grande não será com certeza, uma explosão de vaidades, mas uma atitude de compromisso, de todos nós, para com a sobrevivência desta mais elevada forma de arte que é o teatro". Eneida Agra Maracajá na primeira edição do FENAT, que anos depois se tornaria Festival de Inverno de Campina Grande Divulgação/FICG A partir de 1976 o festival recebeu o nome que tem hoje, com a ampla programação de cultura popular, folclore, cinema, música, dança, teatro e artesanato. Na época o Brasil vivia a ditadura militar e o FICG também foi alvo de censura. Segundo Eneida, a programação chegou a ser interrompida em uma das noites daquele ano, e voluntários que trabalhavam no festival foram convocados para depor. "Fazer um Festival, naquele contexto foi um gesto para abrir as portas de nossa cidade à liberdade de expressão, mesmo sob o rigor e a vigilância da Ditadura Militar. A repressão não iria ficar sem dar tom, chegou a fechar o teatro em uma das noites, proibindo apresentações e convocando artistas, coordenadores, e etc para depor na 5º Companhia de Infantaria, sob a alegação que subversivos estavam agitando os bastidores, com reunião e panfletos", escreveu Eneida Agra Maracajá no material gráfico comemorativo aos 49 anos do FICG, em 2024. Mas, o FICG resistiu à repressão e as muitas outras dificuldades de cada época de sua história. Nos anos seguintes, o festival cresceu e fortaleceu a cultura de Campina Grande e da Paraíba, recebendo nomes como Humberto Magnani, Regina Duarte, Ana Botafogo e tantos outros artistas que vieram à Rainha da Borborema para se apresentar no evento. Humberto Magnani e Regina Duarte, no III FICG, e Ana Botafogo no festival em 1989 Divulgação/FICG No ano de 2000, quando o festival chegou aos 25 anos e celebrou jubileu de prata, Eneida Agra Maracajá escreveu no material gráfico da programação daquele ano que o evento estava "com alma de prata e coração de ouro". "25 anos cultivando o imaginário, oferecendo ao homem o estímulo à sua humanidade, à dúvida, à inquietação e ao mistério. Evoé! Festival de Inverno de Campina Grande, 25 anos de travessia na construção de sonhos, superando os limites do cotidiano pelo domínio da Arte. É Jubileu!", escreveu a ativista cultural. Eneida Agra e o Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande Divulgação/FICG Agora, a partir desta quinta-feira (14), o FICG celebra 50 anos de existência e resistência que, para Eneida, revela a paixão do poder da arte. “Chegar aos 50 anos, mais do que resistência, eu acredito que seja um atestado muito grande de fé no poder das artes. Paixão! Ninguém não faz nada sem se apaixonar. Eu acredito que o amor é o que fica de tudo. Então um dia nós iremos. Tudo passa no passarás da vida e o amor permanece. A arte é o amor”, relata Eneida Agra Maracajá. Os frutos do festival Com tantos anos de história, o Festival de Inverno de Campina Grande ultrapassou as paredes do Teatro Municipal e frutificou atrav


Eneida Agra Maracajá, idealizadora do Festival de Inverno de Campina Grande, celebra jubileu de ouro do evento Divulgação/FICG O Festival de Inverno de Campina Grande, no Agreste da Paraíba, chega aos 50 anos de existência em 2025. A edição que marca o jubileu de ouro do evento tem início nesta quinta-feira (14) com shows gratuitos de Elba Ramalho e Luís Kiari no Parque Evaldo Cruz (confira a programação completa abaixo). Confira a programação completa do Festival de Inverno 2025 de Campina Grande Símbolo cultural de Campina Grande, o Festival de Inverno acompanha a história da cidade, sendo, inclusive, mais antigo que o próprio Maior São João do Mundo. A história longínqua tem relação com a resistência de Eneida Agra Maracajá, professora e ativista cultural que fundou o festival e segue trabalhando nele até hoje. O evento foi realizado pela primeira vez em julho de 1974, como Festival Nacional de Teatro, o FENAT. Já nesta primeira edição, Eneida recebeu apoio de nomes como a dramaturga Lourdes Ramalho e a atriz Nair Belo. Naquele momento, o festival foi impulsionado por políticos, como o então prefeito de Campina Grande, Evaldo Cruz, e empresários locais. Nair Belo e Lourdes Ramalho participaram a primeira edição do FENAT, que anos depois se tornaria Festival de Inverno de Campina Grande Divulgação/FICG O FICG nasceu no Teatro Municipal Severino Cabral, que tem mais de 60 anos de existência. No texto que escreveu e leu na abertura da primeira edição do evento, Eneida Agra Maracajá, que já tinha uma história com o Teatro, relatou que estava realizando, na verdade, um sonho (leia abaixo). "Aqui está um sonho É um sonho de não despertar nunca, é alegria de não se desfazer em lábios cerrados, é contentamento de não se mesclar em lágrimas, é um transbordar de alma, tão inesgotável quanto a fonte de amor que a inspirou (...) Que no encontro de hoje, não amadureçam sugestões de desencontros, para que o amanhã seja uma certeza de novas ambições e um seguro caminho de mesmos passos (...) E este I Festival Nacional de Teatro de Campina Grande não será com certeza, uma explosão de vaidades, mas uma atitude de compromisso, de todos nós, para com a sobrevivência desta mais elevada forma de arte que é o teatro". Eneida Agra Maracajá na primeira edição do FENAT, que anos depois se tornaria Festival de Inverno de Campina Grande Divulgação/FICG A partir de 1976 o festival recebeu o nome que tem hoje, com a ampla programação de cultura popular, folclore, cinema, música, dança, teatro e artesanato. Na época o Brasil vivia a ditadura militar e o FICG também foi alvo de censura. Segundo Eneida, a programação chegou a ser interrompida em uma das noites daquele ano, e voluntários que trabalhavam no festival foram convocados para depor. "Fazer um Festival, naquele contexto foi um gesto para abrir as portas de nossa cidade à liberdade de expressão, mesmo sob o rigor e a vigilância da Ditadura Militar. A repressão não iria ficar sem dar tom, chegou a fechar o teatro em uma das noites, proibindo apresentações e convocando artistas, coordenadores, e etc para depor na 5º Companhia de Infantaria, sob a alegação que subversivos estavam agitando os bastidores, com reunião e panfletos", escreveu Eneida Agra Maracajá no material gráfico comemorativo aos 49 anos do FICG, em 2024. Mas, o FICG resistiu à repressão e as muitas outras dificuldades de cada época de sua história. Nos anos seguintes, o festival cresceu e fortaleceu a cultura de Campina Grande e da Paraíba, recebendo nomes como Humberto Magnani, Regina Duarte, Ana Botafogo e tantos outros artistas que vieram à Rainha da Borborema para se apresentar no evento. Humberto Magnani e Regina Duarte, no III FICG, e Ana Botafogo no festival em 1989 Divulgação/FICG No ano de 2000, quando o festival chegou aos 25 anos e celebrou jubileu de prata, Eneida Agra Maracajá escreveu no material gráfico da programação daquele ano que o evento estava "com alma de prata e coração de ouro". "25 anos cultivando o imaginário, oferecendo ao homem o estímulo à sua humanidade, à dúvida, à inquietação e ao mistério. Evoé! Festival de Inverno de Campina Grande, 25 anos de travessia na construção de sonhos, superando os limites do cotidiano pelo domínio da Arte. É Jubileu!", escreveu a ativista cultural. Eneida Agra e o Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande Divulgação/FICG Agora, a partir desta quinta-feira (14), o FICG celebra 50 anos de existência e resistência que, para Eneida, revela a paixão do poder da arte. “Chegar aos 50 anos, mais do que resistência, eu acredito que seja um atestado muito grande de fé no poder das artes. Paixão! Ninguém não faz nada sem se apaixonar. Eu acredito que o amor é o que fica de tudo. Então um dia nós iremos. Tudo passa no passarás da vida e o amor permanece. A arte é o amor”, relata Eneida Agra Maracajá. Os frutos do festival Com tantos anos de história, o Festival de Inverno de Campina Grande ultrapassou as paredes do Teatro Municipal e frutificou através de muitos projetos culturais que mudaram a vida de gerações. Um dos mais conhecidos deles é o Tamanquinho das Artes, que oferece cursos culturais gratuitos a crianças e adolescentes em vulnerabilidade social que moram em Campina Grande. Além dele, o Festival também realiza, através do Instituto Solidarium, os projetos Circo da Cultura, Polo de Extensão, Bloco da Saudade, Cultura no Presídio, São João do Carneirinho, Folias de Natal e Cine Memorial. Crianças se apresentando no Festival de Inverno de Campina Grande Divulgação/FICG Indicação para patrimônio imaterial e cultural da Paraíba Como forma de reconhecer a importância do evento para a cultura paraibana, a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aprovou, em junho deste ano, um Projeto de Lei que concede ao Festival de Inverno de Campina Grande o título de Patrimônio Imaterial e Cultural da Paraíba. O projeto aguarda sanção do governador para se tornar lei. Teatro Municipal Severino Cabral lotado para o Festival de Inverno de Campina Grande em 2022 Divulgação/FICG Jubileu de Ouro Para comemorar a 50ª edição, o Festival terá uma edição histórica, com atividades no Teatro Municipal Severino Cabral, Praça da Bandeira, Centro Artístico e Cultural da UEPB (CAC), Feira Central de Campina Grande e no Parque Evaldo Cruz (Açude Novo), local que recebe o nome do prefeito que apoiou a realização da primeira edição do evento. O FICG 2025 vai contar com a participação de artistas reconhecidos nacionalmente. Nesta quinta-feira (14) a programação conta com solenidade de abertura no Teatro Municipal Severino Cabral e shows de Luís Kiari e Elba Ramalho no Parque Evaldo Cruz. Carlinhos de Jesus, Denise Stoklos, Bráulio Tavares, José Umbelino Brasil, Estela Paula e a Cia de Dança Cisne Negra, que marcaram outras edições do evento, estão confirmados para este ano. Mayana Neiva, Luís Kiari e outros artistas estão estreando na programação. Outra novidade da edição é a extensão da mostra de dança para o nível internacional, com a Cia ELELEI, da Espanha. A programação segue com várias atividades culturais gratuitas até o dia 24 de agosto. O encerramento do evento será com um show gratuita da cantora Vanessa da Mata. Elba Ramalho faz show gratuito na abertura do Festival de Inverno 2025 de Campina Grande Divulgação Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba