Fukushima: como está região atingida pelo maior terremoto da história do Japão, 14 anos após desastre
Muita gente ainda não conseguiu voltar para a casa. Catorze anos depois, a reportagem revelou o que foi feito para evitar novas tragédias. Catorze anos depois, Fukushima ainda parece uma cidade-fantasma Como é a vida em um lugar marcado por um desastre? O Fantástico foi até Fukushima, região atingida pelo maior terremoto da história do Japão, em 2011. A usina nucelar tremeu, e até hoje os níveis de radiação precisam ser monitorados. Muita gente ainda não conseguiu voltar para a casa. Catorze anos depois, a reportagem revelou o que foi feito para evitar novas tragédias. Veja no vídeo acima. A tragédia de 2011 Em 2011, um terremoto de magnitude 9 — o maior da história do Japão — atingiu a região de Fukushima. A barreira de contenção de tsunamis não resistiu às ondas de 15 metros de altura. 18,5 mil pessoas morreram. Muitas foram atingidas pela água tentando fugir de carro. A usina nuclear de Fukushima também foi afetada e fez com que os reatores ficassem sem resfriamento. Eles superaqueceram e explodiram. Cerca de 150 mil pessoas tiveram que ser evacuadas em um raio de 20 km da usina. 14 anos depois, muitos ainda não conseguiram voltar para casa. Em 2011, um terremoto de magnitude 9 atingiu a região de Fukushima, no Japão Reprodução Alguns vilarejos continuam bloqueados, e a radiação continua sendo monitorada nas estradas. Quanto mais próximo da usina, maiores os níveis detectados. As áreas mais contaminadas só podem ser acessadas por equipes especializadas. A radiação ainda representa risco de infertilidade, câncer e alterações genéticas. A descontaminação da área pode levar até 30 anos. Radiação A TEPCO, empresa responsável pela usina recebeu o Fantástico em Tóquio e explicou que, desde o desastre, lavava o interior dos reatores e armazenava a água radioativa em tanques. Com mais de mil reservatórios cheios, o Japão iniciou em agosto de 2023 o despejo da água tratada no Oceano Pacífico. Mesmo após passar por sistemas de filtragem, a água ainda contém trítio, um tipo de hidrogênio radioativo. A empresa alega que não há tecnologia para removê-lo, mas afirma que os níveis são baixos e seguem os padrões internacionais. O despejo provocou reação de países vizinhos. A China baniu os frutos do mar japoneses. Hong Kong e Macau restringiram produtos da região de Fukushima e a Coreia do Sul reduziu importações. Já os Estados Unidos ampliaram as compras. O Brasil voltou a importar frutos do mar do Japão em 2018. Como tentativa de demonstrar segurança, a TEPCO passou a criar peixes na água tratada e divulgar os níveis de trítio monitorados — que estariam dentro do aceitável. "Tanto a China quanto a Coreia do Sul entendem cientificamente que o trítio apresenta um risco muito baixo. A preocupação deles reflete o sentimento de suas populações sobre o Japão e sobre a nossa empresa". E o que não vai para o mar? O restante do material radioativo, separado da água, está sendo armazenado em caixas de concreto. No entanto, o local atual não é à prova de terremotos. A empresa planeja construir uma estrutura em ponto mais alto e seguro para guardar os resíduos até que novas tecnologias permitam tratá-los. Lições e reviravoltas Desde o acidente, o Japão passou a investir ainda mais em prevenção. Uma “grande muralha” de mais de 400 km foi construída ao longo do litoral para conter novos tsunamis. Em alguns trechos, a barreira passa dos 15 metros de altura. Uma grande muralha de mais de 400 km foi construída para conter novos tsunamis em Fukushima Reprodução Segundo a TEPCO, a usina de Fukushima nunca voltará a operar. Após o acidente, o Japão reduziu sua dependência da energia nuclear. Mas essa política começa a mudar. Com a crescente demanda por eletricidade — impulsionada, por exemplo, pela inteligência artificial — o país planeja elevar a participação da energia nuclear de 8% para 20% até 2040. Esse movimento se repete em outros países. A Alemanha, que desativou todas as usinas nucleares em 2023, discute reativar reatores. Os Estados Unidos querem triplicar sua capacidade até 2050. Grandes empresas de tecnologia investem em reatores próprios para alimentar seus data centers. Até mesmo ambientalistas passaram a defender a energia nuclear como alternativa limpa, já que os reatores não emitem gases de efeito estufa — o vapor visível é apenas água. Reconstrução e esperança Ayumi Tochimoto voltou para a cidade natal depois da liberação da área. Os pais, que sonhavam em retornar, morreram antes disso. Hoje, ela comanda um pequeno restaurante especializado em onigiri — bolinhos de arroz tradicionais. Sua meta é ajudar a reerguer a comunidade. "Quero criar um ambiente em que quem quiser voltar, possa realmente voltar. E quando eles voltarem, quero estar aqui para dizer: sejam bem-vindos", afirma Ayumi. Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o s


Muita gente ainda não conseguiu voltar para a casa. Catorze anos depois, a reportagem revelou o que foi feito para evitar novas tragédias. Catorze anos depois, Fukushima ainda parece uma cidade-fantasma Como é a vida em um lugar marcado por um desastre? O Fantástico foi até Fukushima, região atingida pelo maior terremoto da história do Japão, em 2011. A usina nucelar tremeu, e até hoje os níveis de radiação precisam ser monitorados. Muita gente ainda não conseguiu voltar para a casa. Catorze anos depois, a reportagem revelou o que foi feito para evitar novas tragédias. Veja no vídeo acima. A tragédia de 2011 Em 2011, um terremoto de magnitude 9 — o maior da história do Japão — atingiu a região de Fukushima. A barreira de contenção de tsunamis não resistiu às ondas de 15 metros de altura. 18,5 mil pessoas morreram. Muitas foram atingidas pela água tentando fugir de carro. A usina nuclear de Fukushima também foi afetada e fez com que os reatores ficassem sem resfriamento. Eles superaqueceram e explodiram. Cerca de 150 mil pessoas tiveram que ser evacuadas em um raio de 20 km da usina. 14 anos depois, muitos ainda não conseguiram voltar para casa. Em 2011, um terremoto de magnitude 9 atingiu a região de Fukushima, no Japão Reprodução Alguns vilarejos continuam bloqueados, e a radiação continua sendo monitorada nas estradas. Quanto mais próximo da usina, maiores os níveis detectados. As áreas mais contaminadas só podem ser acessadas por equipes especializadas. A radiação ainda representa risco de infertilidade, câncer e alterações genéticas. A descontaminação da área pode levar até 30 anos. Radiação A TEPCO, empresa responsável pela usina recebeu o Fantástico em Tóquio e explicou que, desde o desastre, lavava o interior dos reatores e armazenava a água radioativa em tanques. Com mais de mil reservatórios cheios, o Japão iniciou em agosto de 2023 o despejo da água tratada no Oceano Pacífico. Mesmo após passar por sistemas de filtragem, a água ainda contém trítio, um tipo de hidrogênio radioativo. A empresa alega que não há tecnologia para removê-lo, mas afirma que os níveis são baixos e seguem os padrões internacionais. O despejo provocou reação de países vizinhos. A China baniu os frutos do mar japoneses. Hong Kong e Macau restringiram produtos da região de Fukushima e a Coreia do Sul reduziu importações. Já os Estados Unidos ampliaram as compras. O Brasil voltou a importar frutos do mar do Japão em 2018. Como tentativa de demonstrar segurança, a TEPCO passou a criar peixes na água tratada e divulgar os níveis de trítio monitorados — que estariam dentro do aceitável. "Tanto a China quanto a Coreia do Sul entendem cientificamente que o trítio apresenta um risco muito baixo. A preocupação deles reflete o sentimento de suas populações sobre o Japão e sobre a nossa empresa". E o que não vai para o mar? O restante do material radioativo, separado da água, está sendo armazenado em caixas de concreto. No entanto, o local atual não é à prova de terremotos. A empresa planeja construir uma estrutura em ponto mais alto e seguro para guardar os resíduos até que novas tecnologias permitam tratá-los. Lições e reviravoltas Desde o acidente, o Japão passou a investir ainda mais em prevenção. Uma “grande muralha” de mais de 400 km foi construída ao longo do litoral para conter novos tsunamis. Em alguns trechos, a barreira passa dos 15 metros de altura. Uma grande muralha de mais de 400 km foi construída para conter novos tsunamis em Fukushima Reprodução Segundo a TEPCO, a usina de Fukushima nunca voltará a operar. Após o acidente, o Japão reduziu sua dependência da energia nuclear. Mas essa política começa a mudar. Com a crescente demanda por eletricidade — impulsionada, por exemplo, pela inteligência artificial — o país planeja elevar a participação da energia nuclear de 8% para 20% até 2040. Esse movimento se repete em outros países. A Alemanha, que desativou todas as usinas nucleares em 2023, discute reativar reatores. Os Estados Unidos querem triplicar sua capacidade até 2050. Grandes empresas de tecnologia investem em reatores próprios para alimentar seus data centers. Até mesmo ambientalistas passaram a defender a energia nuclear como alternativa limpa, já que os reatores não emitem gases de efeito estufa — o vapor visível é apenas água. Reconstrução e esperança Ayumi Tochimoto voltou para a cidade natal depois da liberação da área. Os pais, que sonhavam em retornar, morreram antes disso. Hoje, ela comanda um pequeno restaurante especializado em onigiri — bolinhos de arroz tradicionais. Sua meta é ajudar a reerguer a comunidade. "Quero criar um ambiente em que quem quiser voltar, possa realmente voltar. E quando eles voltarem, quero estar aqui para dizer: sejam bem-vindos", afirma Ayumi. 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