MP investiga pulverização de agrotóxico sobre comunidade indígena de MS

Indígenas Guarani e Kaiowá retomam área de fazenda em Caarapó, em 25 de setembro, e pedem fim de pulverização de agrotóxicos. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou investigação para apurar denúncias de pulverização de agrotóxicos sobre a Terra Indígena Guyraroká, em Caarapó (MS). Segundo o órgão, ofícios foram enviados à Polícia Militar Ambiental (PMA), Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), para que verifiquem a possível aplicação irregular de agrotóxicos na região . ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp A Câmara Municipal de Caarapó também foi requisitada e deverá prestar informações sobre se o município tem legislação específica sobre pulverização aérea. A medida do Ministério Público estadual acontece após os Guarani e Kaiowá retomarem uma fazenda, chamada Iputiã, e reivindicarem que os proprietários parem de pulverizar agrotóxico na área indígena. Os Guarani e Kaiowá também pede a resolução da demarcação das terras, que está parada há mais de uma década. Guyraroká Um vídeo, registrado na última quinta-feira (25) no local da retomada, traz o relato de uma indígena que mostra a situação dos integrantes que fazem a ocupação na fazenda. “Eles estão todos ali na fazenda, queimaram tudo o que tinha. Aqui está a comunidade. Pessoal está rezando por quem passou mal. Teve mulher grávida que tomou tiro e está desmaiada e não tem Sesai para socorrer. É por nossa terra que estamos passando por isso. Estamos cansados de esperar, já reclamamos tanto, chegamos até na ONU e ninguém resolveu. Aqui nós estamos pela nossa terra, por nosso povo Guarani e Kaiowá. Fazendo assim para que possam olhar para o nosso povo e demarcar a nossa terra”, diz a indígena no vídeo. ➡️A fala da indígena no vídeo, feita em Guarani, foi traduzida por Simão Guarani e Kaiowá. Conforme o Cimi, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), foi acionada e os indígenas pedem que a Corte internacional acelere os processos judiciais que envolvem a demarcação da Terra Indígena Guyraroká, já que a medida pode ser a “única capaz de solucionar o problema definitivamente e garantir a sobrevivência física e cultural da comunidade”, publicou o conselho. O g1 não conseguiu localizar o contato da administração da Fazenda Iputiã até a última atualização desta reportagem. Também não obtivemos retorno da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Caso internacional Em 2019, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), concedeu uma medida (ainda vigente) que exige do Estado brasileiro medidas para proteger o direito à vida e à integridade pessoal do povo Guarani e Kaiowá da comunidade Guyraroká. Na ocasião, a corte internacional considerou que os indígenas vivem sob situação de risco devido às constantes ameaças, abusos e atos de violência “supostamente por parte de fazendeiros no marco de uma controvérsia propriedade de terras”. Demarcação Conforme consta no relatório da Comissão Internacional, em 2009 o Estado brasileiro reconheceu que as terras onde a fazenda está inserida pertencem aos indígenas. Contudo, em 2016, a decisão foi revertida e o processo segue no Supremo Tribunal Federal (STF). Os Guarani Kaiowá buscam a retomada da terra desde 1999. No documento é evidenciado que, entre os problemas enfrentados pelos indígenas está o uso de agrotóxicos lançados nas plantações, casas, escola e posto de saúde da comunidade. “Apesar de Guyraroká ser uma terra já declarada, com 11 mil hectares, mas os indígenas [cerca de 200] vivem em 50 hectares, num acampamento provisório, sem mínimas condições de dignidade”, explica ao g1, Matias Benno, coordenador do Cimi Regional Mato Grosso do Sul. Um estudo, publicado na Associação Brasileira de Saúde Coletiva da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) avaliou a presença de agrotóxicos nas águas da retomada Guyraroká e encontrou mais de 20 substâncias que causam "efeitos graves à saúde e 68% são proibidos na União Eruopeia", aponta a publicação. Indígenas Guarani e Kaiowá pedem fim da pulverização de agrotóxicos em Caarapó (MS). Divulgação/Cimi Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:

Out 2, 2025 - 13:30
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MP investiga pulverização de agrotóxico sobre comunidade indígena de MS

Indígenas Guarani e Kaiowá retomam área de fazenda em Caarapó, em 25 de setembro, e pedem fim de pulverização de agrotóxicos. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou investigação para apurar denúncias de pulverização de agrotóxicos sobre a Terra Indígena Guyraroká, em Caarapó (MS). Segundo o órgão, ofícios foram enviados à Polícia Militar Ambiental (PMA), Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), para que verifiquem a possível aplicação irregular de agrotóxicos na região . ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp A Câmara Municipal de Caarapó também foi requisitada e deverá prestar informações sobre se o município tem legislação específica sobre pulverização aérea. A medida do Ministério Público estadual acontece após os Guarani e Kaiowá retomarem uma fazenda, chamada Iputiã, e reivindicarem que os proprietários parem de pulverizar agrotóxico na área indígena. Os Guarani e Kaiowá também pede a resolução da demarcação das terras, que está parada há mais de uma década. Guyraroká Um vídeo, registrado na última quinta-feira (25) no local da retomada, traz o relato de uma indígena que mostra a situação dos integrantes que fazem a ocupação na fazenda. “Eles estão todos ali na fazenda, queimaram tudo o que tinha. Aqui está a comunidade. Pessoal está rezando por quem passou mal. Teve mulher grávida que tomou tiro e está desmaiada e não tem Sesai para socorrer. É por nossa terra que estamos passando por isso. Estamos cansados de esperar, já reclamamos tanto, chegamos até na ONU e ninguém resolveu. Aqui nós estamos pela nossa terra, por nosso povo Guarani e Kaiowá. Fazendo assim para que possam olhar para o nosso povo e demarcar a nossa terra”, diz a indígena no vídeo. ➡️A fala da indígena no vídeo, feita em Guarani, foi traduzida por Simão Guarani e Kaiowá. Conforme o Cimi, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), foi acionada e os indígenas pedem que a Corte internacional acelere os processos judiciais que envolvem a demarcação da Terra Indígena Guyraroká, já que a medida pode ser a “única capaz de solucionar o problema definitivamente e garantir a sobrevivência física e cultural da comunidade”, publicou o conselho. O g1 não conseguiu localizar o contato da administração da Fazenda Iputiã até a última atualização desta reportagem. Também não obtivemos retorno da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Caso internacional Em 2019, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), concedeu uma medida (ainda vigente) que exige do Estado brasileiro medidas para proteger o direito à vida e à integridade pessoal do povo Guarani e Kaiowá da comunidade Guyraroká. Na ocasião, a corte internacional considerou que os indígenas vivem sob situação de risco devido às constantes ameaças, abusos e atos de violência “supostamente por parte de fazendeiros no marco de uma controvérsia propriedade de terras”. Demarcação Conforme consta no relatório da Comissão Internacional, em 2009 o Estado brasileiro reconheceu que as terras onde a fazenda está inserida pertencem aos indígenas. Contudo, em 2016, a decisão foi revertida e o processo segue no Supremo Tribunal Federal (STF). Os Guarani Kaiowá buscam a retomada da terra desde 1999. No documento é evidenciado que, entre os problemas enfrentados pelos indígenas está o uso de agrotóxicos lançados nas plantações, casas, escola e posto de saúde da comunidade. “Apesar de Guyraroká ser uma terra já declarada, com 11 mil hectares, mas os indígenas [cerca de 200] vivem em 50 hectares, num acampamento provisório, sem mínimas condições de dignidade”, explica ao g1, Matias Benno, coordenador do Cimi Regional Mato Grosso do Sul. Um estudo, publicado na Associação Brasileira de Saúde Coletiva da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) avaliou a presença de agrotóxicos nas águas da retomada Guyraroká e encontrou mais de 20 substâncias que causam "efeitos graves à saúde e 68% são proibidos na União Eruopeia", aponta a publicação. Indígenas Guarani e Kaiowá pedem fim da pulverização de agrotóxicos em Caarapó (MS). Divulgação/Cimi Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: