Quarenta curiosidades no aniversário de 40 anos do título brasileiro do Coritiba

Em 31 de julho de 1985, exatamente há 40 anos, o Coritiba venceu o Campeonato Brasileiro pela primeira vez, superando gigantes do eixo e calando 91 mil torcedores na final contra o Bangu. Conheça 40 curiosidades que mostram como esse título foi construído com personagens improváveis, bastidores curiosos, momentos tensos e uma dose generosa de […]

Jul 31, 2025 - 10:30
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Quarenta curiosidades no aniversário de 40 anos do título brasileiro do Coritiba

Em 31 de julho de 1985, exatamente há 40 anos, o Coritiba venceu o Campeonato Brasileiro pela primeira vez, superando gigantes do eixo e calando 91 mil torcedores na final contra o Bangu.

Conheça 40 curiosidades que mostram como esse título foi construído com personagens improváveis, bastidores curiosos, momentos tensos e uma dose generosa de ousadia.

1. “Fui campeão primeiro”

A primeira vez que um clube do Paraná venceu o Brasileirão em 1985, com o Coritiba. Antes, só o Torneio do Povo de 1973 tinha dado visibilidade nacional ao estado, mas sem o mesmo peso de um título do Brasileiro. A conquista virou grito orgulhoso dos torcedores e campanha do clube em lançamento de uniforme.

2. Chef Rafael

Toda sexta-feira, o goleiro Rafael Camarotta assumia o fogão na concentração. Preparava macarronada com frango para o elenco, num ritual que virou superstição. O momento de descontração antes dos jogos ajudava a unir o grupo e, segundo os próprios atletas, era parte do segredo do sucesso do time.

3. Previsão ousada

Assim que chegou do rival Athletico, o goleiro Rafael Camarotta deixou claro qual era sua missão: “Vim para ser campeão brasileiro”. A declaração foi recebida com receio por alguns, mas virou símbolo da confiança do grupo. Ao levantar a taça no Maracanã, Rafael confirmou que não estava brincando.

4. Final improvável no Maracanã

Coritiba campeão brasileiro 1985

A final foi disputada no Maior do Mundo, contra o Bangu, que tinha o bicheiro Castor de Andrade como presidente. Com mais de 90 mil pessoas nas arquibancadas, o empate por 1 a 1 no tempo normal levou aos pênaltis. Ado desperdiçou e o Coxa venceu por 6 a 5, fechado o placar de uma histórica e tensa decisão.

5. Herói Gomes

Coube ao zagueiro e capitão Gomes a responsabilidade da última cobrança de pênalti. E ele não tremeu: deslocou o goleiro Gilmar e correu para o abraço. O gol eternizou seu nome na história do Coritiba e o transformou em um dos grandes símbolos da conquista alviverde.

6. Invasão histórica: torcedor virou prefeito

Logo após a última cobrança, a torcida coxa-branca não se conteve nas arquibancadas e invadiu o gramado do Maracanã. Entre os que celebraram com os jogadores estava o então jovem Gustavo Fruet, que anos se tornaria prefeito de Curitiba, eleito em 2013.

7. Luz caiu na semifinal

Na semifinal contra o Atlético-MG, o estádio Couto Pereira foi tomado por um blecaute. A partida ficou paralisada por mais de 20 minutos. A torcida, então, usou isqueiros e lanternas para iluminar o estádio até que a luz voltasse. Um dos momentos mais marcantes da campanha histórica.

8. Festança carioca com samba e mulatas

A comemoração no hotel da delegação no Rio teve de tudo: pagode, churrasco e até show com mulatas. A festa foi improvisada por torcedores e organizada pelos próprios jogadores. Era a celebração de um título improvável, construído com superação e garra.

9. Toby, o camisa 10 do título

Toby Coritiba

Toby, revelado pelo próprio clube, ele chegou ao Alto da Glória aos 16 anos. Começou como volante, virou meia, foi emprestado, voltou como coadjuvante. Até que em 1985, aos 23 anos, explodiu como titular e referência técnica. Na final contra o Bangu, foi o cérebro da equipe de Ênio Andrade, usando a 10 e sendo fundamental na armação.

10. Treinos pesados no estilo “rolo compressor”

Ênio Andrade implantou uma rotina de treinos intensos, com foco em resistência física e disciplina tática. O elenco treinava forte mesmo em semanas com dois jogos, numa preparação que visava superar adversários tecnicamente superiores. A preparação física, comandada por Odivonsir Frega, também era destaque do time que viria a ser campeão.

11. Sem medalhas da CBF

Apesar do título, os jogadores nunca receberam as medalhas oficiais da CBF. O clube, torcedores e ex-atletas fizeram réplicas por conta própria. Só décadas depois, algumas homenagens simbólicas foram feitas para corrigir essa ausência histórica. A CBF disse que vai reparar o erro, com medalhas para os campeões do Coxa.

12. Torcida invadiu o Maracanã

Cerca de 25 mil torcedores do Coritiba viajaram até o Rio de Janeiro, transformando o Maracanã em uma espécie de “Couto Pereira carioca”. O Bangu tinha apoio de torcedores de outros times cariocas, levando o público à marca de 91.527 pagantes, mas quem comemorou no final foi a torcida paranaense.

13. Jandir e o pênalti silencioso

Volante firme e discreto, Jandir foi um dos cobradores de pênalti na final. Dizem que não comemorou após converter, apenas olhou para o céu e voltou andando. O peso da decisão era tão grande que, diz a lenda, ele ficou em silêncio por horas depois da partida.

14. Supervisor “Feiticeiro”

Coritiba 1985 Hélio Alves Feiticeiro

João Hélio Alves, o “Feiticeiro”, era supervisor do Coxa, mas também o responsável por criar os rituais espirituais que, segundo o grupo, afastavam a má sorte. Ele organizava rezas coletivas e andava com patuás no bolso nos dias de jogo. Uma verdadeira lenda do futebol paranaense.

15. Banho de cachaça

Em um de seus rituais, realizado já na fase final da Taça Ouro, Hélio Alves lavou as traves do Couto Pereira com cachaça e água do mar, acendeu velas e espalhou pólvora ao redor do campo. A intenção era purificar o ambiente no Alto da Glória. Dito e feito, Coritiba campeão.

16. Assalto no Rio

Após a semifinal contra o Atlético-MG, parte da delegação foi assaltada no Rio de Janeiro, para o onde o grupo viajou diretamente de Belo Horizonte. Apesar do susto, ninguém se feriu e o episódio virou tema de conversa nos bastidores do Coxa até o dia da grande final.

17. Carona de Kombi

Mesmo como titular absoluto, Rafael não tinha carro e ia aos treinos de Kombi, pegando carona com colegas ou torcedores. O gesto mostrava sua humildade e o quanto estava integrado à vida comum de Curitiba.

18. Caminho mais difícil

Coritiba Corinthians Dunga

É consenso que o caminho do Coritiba até a final contra o Bangu foi muito mais difícil do que o do rival. O Coxa precisou enfrentar times como o Atlético-MG, São Paulo, Cruzeiro, Flamengo, Vasco e Corinthians, da Primeira Divisão. A equipe carioca pegou adversários de menor expressão no caminho

19. Rildo cortado da final

Atacante experiente e querido pela torcida, Rildo foi surpreendido com o corte na reta final da competição. A decisão foi técnica, e ele não escondeu a frustração, mas permaneceu com o grupo até o fim.

20. Recepção de campeão

Curitiba entrou no mapa do futebol brasileiro em 1985. A Gazeta do Povo destacou que a comemoração do título passou por locais emblemáticos da cidade e envolveu uma celebração coletiva que renovou o orgulho paranaense. Curiosamente, havia uma certa dúvida sobre o tamanho da festa que receberia os jogadores na capital paranaense.

21. O primeiro campeão da Nova República

Com o fim da ditadura, o Brasil vivia 1985 como uma nova democracia. O Coritiba se tornou “o primeiro campeão da Nova República” ao derrotar o Bangu no Maracanã. O título ganhou ainda mais significado político e simbólico por causa deste marco.

22. Renda milionária

Com público de mais de 91 mil pessoas, a receita de bilheteria também foi alta para a época, apesar de ingressos baratos. A renda divulgada foi de Cr$ 848.064.000,00, que na conversão para o real em 2025 é de R$ 2.594.188.94.

23. Ênio Andrade: tricampeão nacional

Brilhante e vencedor, Ênio Andrade entrou para a história como o segundo técnico a conquistar o Brasileirão por três clubes diferentes: antes de levar o Coxa à glória, ele comemorou à frente do Internacional (1979) e do Grêmio (1981).

24. Mudança decisiva

O estilo de Ênio mudou a trajetória do Coritiba. Ele substituiu Dino Sani na quarta rodada, e traçou estratégia que levou o time a se tornar forte defensivamente e mortal nos contra-golpes, muito bem postado taticamente para fazer frente aos considerados “grandes” do cenário nacional.

25. Impedimento polêmico de Marinho

A decisão teve um lance polêmico que rende até hoje. Aos 38 minutos do segundo tempo, o atacante Marinho teve um gol anulado pelo árbitro Romualdo Arppi Filho, apesar de o bandeirinha validar o lance. A decisão causou indignação na torcida da equipe carioca e poderia mudar os rumos do campeonato.

26. Juventude e experiência

O elenco do Coritiba tinha equilíbrio entre jovens apostas (como Dida, Toby e André) e jogadores experientes (como Rafael, Gomes, Almir). Essa mistura garantiu solidez defensiva e sangue frio na hora certa, transformando o azarão em um conjunto capaz de derrubar gigantes.

27. São Rafael e foto de campeão

Coritiba Atletico-MG semifinal 1985

No segundo jogo da semifinal contra o Atlético-MG, o goleiro Rafael fechou o gol e foi chamado de “santo” pela torcida. Sua performance a meta zerada, mas antes da partida outro fato também foi crucial para o resultado: time do Galo participou de uma sessão de fotos “de campeão” durante a semana, informação que vazou e motivou ainda mais o elenco alviverde.

28. Lela decide contra o Corinthians

Em um jogo tenso e estratégico, o Coxa venceu por 1 a 0 com gol de Lela, após jogada iniciada por André e cruzamento preciso de Índio. A vitória colocou o time na vice-liderança do grupo da Taça de Ouro. A aposta do técnico Ênio Andrade em um meio-campo mais marcador, com Marildo, deu equilíbrio ao time diante do estrelado adversário.

29. Campeão com saldo de gols negativo

Além do título inédito, o Coritiba entrou para a história como o único campeão brasileiro com saldo de gols negativo. Foram 25 tentos marcados e 27 sofridos na campanha de 29 jogos. Nada que tire o brilho da conquista alviverde, mas a situação gera comentários de rivais ainda hoje.

30. Jovem lateral chamou atenção

O lateral-esquerdo Dida, apenas 19 anos, declarou que “muita gente nem sabia quem era o Coritiba”. O título foi um passo decisivo para inserir não só o Coxa, mas o futebol paranaense em si no cenário nacional, juntando-se a paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos como campeões nacionais.

31. Um time sem estrelas, mas com muita alma

O Coritiba de 1985 não tinha jogadores midiáticos, mas contava com um elenco aguerrido e muito unido. Era um time de operários, comprometido com o coletivo e com um estilo de jogo aplicado e competitivo.

32. CBF confirma final em jogo único no Maracanã

A dois dias da final, a CBF definiu que o campeonato seria decidido em jogo único, conforme o regulamento original da Taça de Ouro. Como o Bangu teve melhor campanha, escolheu o Maracanã como palco da decisão. Apesar de Castor de Andrade tentar usar sua influência, a partida aconteceu numa quarta-feira e não em um domingo, como queria o bicheiro.

33. Técnico sondado na seleção

No dia seguinte à vitória sobre o Atlético-MG, uma notícia agitou os bastidores do Coritiba: Ênio Andrade passou a ser cotado para assumir a seleção brasileira, ao lado de Zagallo. A possibilidade surgiu após Telê Santana, então técnico do Brasil, considerar uma proposta do futebol árabe. Ele não foi e ficou para conquistar a maior glória coxa-branca.

34. Lela e suas caretas

O Coritiba venceu o Joinville por 1 a 0, com gol de Lela, e ficou muito próximo da semifinal da Taça de Ouro de 1985. O atacante que ficou marcado pela comemoração dos gols com caretas é pai de Alecsandro e Richarlison, que também fizeram carreiras de sucesso. Alecgol, inclusive defendeu o Coxa entre 2017 e 2018.

35. Chefe atleticano deu folga

Em 1985, a paixão pelo futebol falou mais alto do que a rivalidade entre clubes: um chefe atleticano surpreendeu ao liberar seus funcionários coxas-brancas para assistirem à final da Taça de Ouro, no Maracanã, conforme relatado pelo jornal Gazeta do Povo na época, fato que demonstra a importância do jogo para o estado do Paraná.

36. Suspeita de espionagem agita o Alto da Glória

Antes do duelo contra o Sport, um homem desconhecido foi flagrado observando os treinos do Coritiba com prancheta na mão. Suspeitou-se que fosse um espião do adversário, mas Ênio Andrade desconversou: “Vai que é só funcionário da Força e Luz mesmo.” Coincidência ou não, o time testava novidades importantes no meio-campo e na defesa.

37. “Time meu não tem salto alto”

Mesmo com o Coritiba líder do grupo e jogando por um empate em casa para chegar à semifinal da Taça de Ouro, o técnico Ênio Andrade manteve os pés no chão. Alertou contra o “salto alto” e mostrou mais preocupação com a possível ausência do volante Almir do que com a empolgação da torcida.

38. Evangelino promete “bicho molhado” contra o Corinthians

Na véspera do jogo contra o Corinthians, o Coritiba recebeu reforços importantes: Almir e Marco Aurélio voltaram ao time. Para motivar ainda mais o elenco, o presidente Evangelino da Costa Neves prometeu um “bicho molhado” de 800 mil cruzeiros pela vitória.

39. Bicho da final ficou em aberto

Apesar da cultura de pagar premiações ainda no vestiário, o chamado “bicho molhado”, o Coxa não acertou os valores do relativos ao título com grande parte do elenco campeão. O goleiro Rafael Cammarota, por exemplo, tem grande mágoa com o clube por causa disso. O ponta-esquerda Edson Gonzaga, no entanto, deu sorte e conseguiu pegar o presidente Evangelino em um dia bom, como contou no podcast Carneiro & Mafuz.

40. Camarão na praia?

A confiança do Bangu com o título era tão grande que, à vésperas do jogo final, o técnico Moisés apareceu nos programas esportivos comendo camarão e tomando chope, falando que a partida seria tranquila para o time de Castor de Andrade. “A gente ficou revoltado com aquilo… A gente achou aquilo um absurdo e nos motivou ainda mais “, conta o ponta-esquerda Edson Gonzaga, no podcast Carneiro & Mafuz.

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