Tentativa de golpe: STF inicia depoimentos das testemunhas da defesa do ex-presidente, Jair Bolsonaro

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o então ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, estão entre as testemunhas ouvidas nesta sexta-feira (30). Primeira Turma do STF ouve depoimentos de testemunhas indicadas pela defesa do ex-presidente Bolsonaro A primeira turma do STF começou a ouvir as testemunhas indicadas pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro no julgamento sobre a tentativa de golpe. A primeira testemunha a depor foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos. Tarcísio confirmou que esteve com o ex-presidente cinco vezes depois das eleições – entre novembro e dezembro. Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e tinha acabado de ser eleito governador. O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, foi o único a fazer perguntas a Tarcísio. Celso: Em alguma dessas oportunidades, o senhor teve conhecimento de uma intenção do presidente Bolsonaro de praticar qualquer tipo de ato de ruptura institucional, golpe de Estado? "Jamais. Nunca. Assim como nunca tinha acontecido durante meu período no ministério de janeiro de 19 até março de 22, da mesma forma. Jamais tocou nesse assunto, jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura. Encontrei o presidente triste, resignado. Conversávamos sobre muita coisa e esse assunto nunca veio à pauta", respondeu Tarcísio. A defesa quis saber se, nessas reuniões, Bolsonaro demonstrou que aceitava o resultado das eleições. Tarcísio afirmou: "A primeira visita que eu fiz, que foi em novembro, naquela oportunidade, o presidente já tinha inclusive nomeado uma pessoa para a liderar a transição". O escolhido para comandar a transição para o governo Lula foi o então ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Ele foi ouvido como testemunha indicada pelas defesas de Bolsonaro, do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, perguntou: "Teve alguma manifestação que o senhor tenha percebido que o presidente demonstrasse intenção de ruptura do Estado Democrático de Direito?". Ciro respondeu: "Em hipótese nenhuma, nunca aconteceu isso. Todas as determinações que o presidente me deu foram para que fizesse a transição da melhor forma possível. O presidente, em minuto nenhum, quis obstaculizar qualquer tipo de situação para que a gente pudesse fazer a transição da melhor forma possível". Em seguida, foi ouvida a atual secretária de Desenvolvimento Social do Distrito Federal, Ana Paula Marra, testemunha de Anderson Torres. Ela falou sobre uma reunião realizada dois dias antes da invasão das sedes dos três poderes. Segundo ela, Torres quis saber se a secretaria poderia ajudar na desmobilização dos acampamentos em frente ao QG do Exército, e que Torres e o então comandante militar do Planalto, general Gustavo Dutra, trataram da possibilidade de expedição de mandados de prisão contra os líderes do acampamento. À tarde, Renato Lima França – ex-subchefe para Assuntos Jurídicos do governo Bolsonaro – confirmou que, depois do segundo turno, esteve com o ex-presidente no Palácio da Alvorada para tratar da transição. Ele negou ter havido qualquer comentário sobre eventual impedimento da posse de Lula ou sobre ruptura. Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro: Em algum momento o senhor ouviu algum comentário no sentido de impedir a posse do presidente eleito ou de aplicação da Lei da Garantia da Ordem, Estado de Defesa, Estado de Sítio ou alguma forma excepcional de ruptura institucional? Renato Lima França: Não, senhor. O general Gustavo Henrique Dutra, ex-comandante militar do Planalto, testemunhou em defesa de Anderson Torres, que foi secretário de Segurança Pública do DF durante os ataques às sedes dos três poderes. O general disse que apenas trataram da desmobilização do acampamento em frente ao QG do Exército. O último a depor foi o ex-secretário executivo da Casa Civil, Jhonatas Assunção Nery. Ele afirmou que não percebeu qualquer movimento que criasse algum tipo de embaraço à transição, que o processo ocorreu de forma colaborativa e que não se encontrou com o ex-presidente depois das eleições. Até agora já foram duas semanas de depoimentos de testemunhas do chamado “núcleo crucial da tentativa de golpe”. Essa fase da ação penal termina segunda-feira (2). Primeira Turma do STF ouve depoimentos de testemunhas indicadas pela defesa do ex-presidente Bolsonaro Reprodução/TV Globo LEIA TAMBÉM Bolsonaro não teve intenção golpista e estava 'triste e resignado' após derrota em 2022, diz Tarcísio Tentativa de golpe: Bolsonaro desiste de quatro testemunhas; veja quais

Mai 30, 2025 - 21:00
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Tentativa de golpe: STF inicia depoimentos das testemunhas da defesa do ex-presidente, Jair Bolsonaro

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o então ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, estão entre as testemunhas ouvidas nesta sexta-feira (30). Primeira Turma do STF ouve depoimentos de testemunhas indicadas pela defesa do ex-presidente Bolsonaro A primeira turma do STF começou a ouvir as testemunhas indicadas pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro no julgamento sobre a tentativa de golpe. A primeira testemunha a depor foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos. Tarcísio confirmou que esteve com o ex-presidente cinco vezes depois das eleições – entre novembro e dezembro. Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e tinha acabado de ser eleito governador. O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, foi o único a fazer perguntas a Tarcísio. Celso: Em alguma dessas oportunidades, o senhor teve conhecimento de uma intenção do presidente Bolsonaro de praticar qualquer tipo de ato de ruptura institucional, golpe de Estado? "Jamais. Nunca. Assim como nunca tinha acontecido durante meu período no ministério de janeiro de 19 até março de 22, da mesma forma. Jamais tocou nesse assunto, jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura. Encontrei o presidente triste, resignado. Conversávamos sobre muita coisa e esse assunto nunca veio à pauta", respondeu Tarcísio. A defesa quis saber se, nessas reuniões, Bolsonaro demonstrou que aceitava o resultado das eleições. Tarcísio afirmou: "A primeira visita que eu fiz, que foi em novembro, naquela oportunidade, o presidente já tinha inclusive nomeado uma pessoa para a liderar a transição". O escolhido para comandar a transição para o governo Lula foi o então ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Ele foi ouvido como testemunha indicada pelas defesas de Bolsonaro, do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, perguntou: "Teve alguma manifestação que o senhor tenha percebido que o presidente demonstrasse intenção de ruptura do Estado Democrático de Direito?". Ciro respondeu: "Em hipótese nenhuma, nunca aconteceu isso. Todas as determinações que o presidente me deu foram para que fizesse a transição da melhor forma possível. O presidente, em minuto nenhum, quis obstaculizar qualquer tipo de situação para que a gente pudesse fazer a transição da melhor forma possível". Em seguida, foi ouvida a atual secretária de Desenvolvimento Social do Distrito Federal, Ana Paula Marra, testemunha de Anderson Torres. Ela falou sobre uma reunião realizada dois dias antes da invasão das sedes dos três poderes. Segundo ela, Torres quis saber se a secretaria poderia ajudar na desmobilização dos acampamentos em frente ao QG do Exército, e que Torres e o então comandante militar do Planalto, general Gustavo Dutra, trataram da possibilidade de expedição de mandados de prisão contra os líderes do acampamento. À tarde, Renato Lima França – ex-subchefe para Assuntos Jurídicos do governo Bolsonaro – confirmou que, depois do segundo turno, esteve com o ex-presidente no Palácio da Alvorada para tratar da transição. Ele negou ter havido qualquer comentário sobre eventual impedimento da posse de Lula ou sobre ruptura. Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro: Em algum momento o senhor ouviu algum comentário no sentido de impedir a posse do presidente eleito ou de aplicação da Lei da Garantia da Ordem, Estado de Defesa, Estado de Sítio ou alguma forma excepcional de ruptura institucional? Renato Lima França: Não, senhor. O general Gustavo Henrique Dutra, ex-comandante militar do Planalto, testemunhou em defesa de Anderson Torres, que foi secretário de Segurança Pública do DF durante os ataques às sedes dos três poderes. O general disse que apenas trataram da desmobilização do acampamento em frente ao QG do Exército. O último a depor foi o ex-secretário executivo da Casa Civil, Jhonatas Assunção Nery. Ele afirmou que não percebeu qualquer movimento que criasse algum tipo de embaraço à transição, que o processo ocorreu de forma colaborativa e que não se encontrou com o ex-presidente depois das eleições. Até agora já foram duas semanas de depoimentos de testemunhas do chamado “núcleo crucial da tentativa de golpe”. Essa fase da ação penal termina segunda-feira (2). Primeira Turma do STF ouve depoimentos de testemunhas indicadas pela defesa do ex-presidente Bolsonaro Reprodução/TV Globo LEIA TAMBÉM Bolsonaro não teve intenção golpista e estava 'triste e resignado' após derrota em 2022, diz Tarcísio Tentativa de golpe: Bolsonaro desiste de quatro testemunhas; veja quais