Boi Falô: como a lenda campineira ajuda a entender o apagamento do protagonismo negro na cidade

Como lenda do 'Boi Falô' revela apagamento de protagonismo negro em Campinas Enterrado na alameda principal do Cemitério da Saudade, espaço historicamente reservado às figuras mais importantes de Campinas (SP), o escravizado Toninho divide terreno com o túmulo do Barão Geraldo de Rezende. Seu jazigo ainda recebe inúmeras placas de agradecimento por graças atribuídas a ele — tantas que se espalham pela cruz e chegam até a calçada. Esse reconhecimento popular contrasta com sua presença na lenda do Boi Falô. Mesmo sendo o personagem central do episódio que deu origem à história, Toninho costuma aparecer em segundo plano nas versões que se tornaram populares. Para Alessandra Ribeiro, historiadora especialista em matriz africana, esse apagamento revela como o racismo estruturou a construção da memória da cidade, diminuindo a participação negra na formação de Campinas e reforçando a ideia de que o protagonismo histórico não caberia a pessoas negras.

Nov 20, 2025 - 08:00
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Boi Falô: como a lenda campineira ajuda a entender o apagamento do protagonismo negro na cidade

Como lenda do 'Boi Falô' revela apagamento de protagonismo negro em Campinas Enterrado na alameda principal do Cemitério da Saudade, espaço historicamente reservado às figuras mais importantes de Campinas (SP), o escravizado Toninho divide terreno com o túmulo do Barão Geraldo de Rezende. Seu jazigo ainda recebe inúmeras placas de agradecimento por graças atribuídas a ele — tantas que se espalham pela cruz e chegam até a calçada. Esse reconhecimento popular contrasta com sua presença na lenda do Boi Falô. Mesmo sendo o personagem central do episódio que deu origem à história, Toninho costuma aparecer em segundo plano nas versões que se tornaram populares. Para Alessandra Ribeiro, historiadora especialista em matriz africana, esse apagamento revela como o racismo estruturou a construção da memória da cidade, diminuindo a participação negra na formação de Campinas e reforçando a ideia de que o protagonismo histórico não caberia a pessoas negras.