Cegueira pós-caipirinha: mulher relata o drama da intoxicação por metanol em bar de São Paulo

Intoxicação por metanol: Mulher volta pra casa sem enxergar após 15 dias no hospital Radharani Domingos, 43 anos, saiu do trabalho direto para uma comemoração com amigas em um bar nos Jardins, zona nobre de São Paulo. Era uma sexta-feira comum, até que três caipirinhas mudaram sua vida para sempre. Dias depois, ela acordaria em uma UTI, sem enxergar absolutamente nada. "É o breu total. Totalmente preto", recorda. A empresária passou por um processo de internação que incluiu coma induzido e entubamento. O diagnóstico só veio dez dias depois: intoxicação por metanol, uma substância tóxica que pode causar danos irreversíveis ao sistema nervoso, incluindo a cegueira. “Acordei passando mal. Eu achava que ia ver minhas paredes, mas só tateava”, contou Radharani, emocionada. "Ela estava desorientada, com a visão turva e vomitando o tempo inteiro", recorda a irmã, Lalita Domingos. O susto foi ainda maior porque os primeiros exames não indicaram nada. A suspeita inicial era de burnout ou ataque de pânico; cogitou-se até que fosse um AVC. Só após agravamento do quadro, os médicos cogitaram a presença da substância. O nível de metanol encontrado em seu organismo ultrapassava 400 -- acima de 150 já gera sequelas graves: "Os valores que deram, teoricamente, não são compatíveis com a vida", afirmou Fábio Ejzenbaum, médico neuro-oftalmologista que atendeu Radharani. A rápida ação da equipe médica foi decisiva para sua sobrevivência. Apesar do diagnóstico de cegueira irreversível, ela iniciou um tratamento alternativo, ainda sem comprovação científica, inspirado em protocolos usados em outros países. A esperança, segundo os médicos, é que haja alguma recuperação ao longo dos meses. Cegueira pós-caipirinha: mulher relata o drama da intoxicação por metanol em bar de São Paulo Reprodução/Fantástico Radharani agora enfrenta o desafio de se adaptar à nova realidade. Com a orientação de Agnaldo Silva, que é consultor de mobilidade física, ela reaprende tarefas simples do dia a dia, como tomar banho ou preparar café. “Coisas que eram automáticas agora exigem aceitação”, desabafa. O caso reacende o debate sobre adulteração de bebidas alcoólicas e a fiscalização em bares e restaurantes. “Me envenenaram. E estão envenenando outras pessoas”, afirma Radharani, cobrando respostas e punições. “Recebi apoio que jamais imaginei”, diz. E uma frase do marido marcou sua recuperação: “Você perdeu um dos seus sentidos. Mas podia ter perdido tudo. É realmente a noção da sobrevivência, a gratidão de estar viva”, resume. Investigação do caso O bar Ministrão, onde a bebida foi consumida, foi fechado por autoridades sanitárias e policiais, por risco à saúde pública. Em nota, o estabelecimento afirmou que o fechamento foi preventivo e que aguarda os resultados da perícia. A direção também pediu que não se façam julgamentos precipitados. A perícia ainda não divulgou os resultados das análises feitas nas garrafas do bar. Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida. BICHOS NA ESCUTA O podcast 'Bichos Na Escuta' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts.

Out 12, 2025 - 21:00
 0  1
Cegueira pós-caipirinha: mulher relata o drama da intoxicação por metanol em bar de São Paulo

Intoxicação por metanol: Mulher volta pra casa sem enxergar após 15 dias no hospital Radharani Domingos, 43 anos, saiu do trabalho direto para uma comemoração com amigas em um bar nos Jardins, zona nobre de São Paulo. Era uma sexta-feira comum, até que três caipirinhas mudaram sua vida para sempre. Dias depois, ela acordaria em uma UTI, sem enxergar absolutamente nada. "É o breu total. Totalmente preto", recorda. A empresária passou por um processo de internação que incluiu coma induzido e entubamento. O diagnóstico só veio dez dias depois: intoxicação por metanol, uma substância tóxica que pode causar danos irreversíveis ao sistema nervoso, incluindo a cegueira. “Acordei passando mal. Eu achava que ia ver minhas paredes, mas só tateava”, contou Radharani, emocionada. "Ela estava desorientada, com a visão turva e vomitando o tempo inteiro", recorda a irmã, Lalita Domingos. O susto foi ainda maior porque os primeiros exames não indicaram nada. A suspeita inicial era de burnout ou ataque de pânico; cogitou-se até que fosse um AVC. Só após agravamento do quadro, os médicos cogitaram a presença da substância. O nível de metanol encontrado em seu organismo ultrapassava 400 -- acima de 150 já gera sequelas graves: "Os valores que deram, teoricamente, não são compatíveis com a vida", afirmou Fábio Ejzenbaum, médico neuro-oftalmologista que atendeu Radharani. A rápida ação da equipe médica foi decisiva para sua sobrevivência. Apesar do diagnóstico de cegueira irreversível, ela iniciou um tratamento alternativo, ainda sem comprovação científica, inspirado em protocolos usados em outros países. A esperança, segundo os médicos, é que haja alguma recuperação ao longo dos meses. Cegueira pós-caipirinha: mulher relata o drama da intoxicação por metanol em bar de São Paulo Reprodução/Fantástico Radharani agora enfrenta o desafio de se adaptar à nova realidade. Com a orientação de Agnaldo Silva, que é consultor de mobilidade física, ela reaprende tarefas simples do dia a dia, como tomar banho ou preparar café. “Coisas que eram automáticas agora exigem aceitação”, desabafa. O caso reacende o debate sobre adulteração de bebidas alcoólicas e a fiscalização em bares e restaurantes. “Me envenenaram. E estão envenenando outras pessoas”, afirma Radharani, cobrando respostas e punições. “Recebi apoio que jamais imaginei”, diz. E uma frase do marido marcou sua recuperação: “Você perdeu um dos seus sentidos. Mas podia ter perdido tudo. É realmente a noção da sobrevivência, a gratidão de estar viva”, resume. Investigação do caso O bar Ministrão, onde a bebida foi consumida, foi fechado por autoridades sanitárias e policiais, por risco à saúde pública. Em nota, o estabelecimento afirmou que o fechamento foi preventivo e que aguarda os resultados da perícia. A direção também pediu que não se façam julgamentos precipitados. A perícia ainda não divulgou os resultados das análises feitas nas garrafas do bar. Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida. BICHOS NA ESCUTA O podcast 'Bichos Na Escuta' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts.