Ex-articulador da SAF do Paraná Clube acredita que novo plano “invabiliza qualquer tipo de investidor”

A desistência da NextPlay Capital Holding S.A. colocou um balde de água fria nas pretensões do Paraná Clube em vender a Sociedade Anônuma do Futebol (SAF) ainda neste ano. A empresa, que havia feito uma proposta vinculante, recuou do negócio após a aprovação do novo plano da Recuperação Judicial (RJ) durante a Assembleia Geral dos […]

Nov 21, 2025 - 16:00
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Ex-articulador da SAF do Paraná Clube acredita que novo plano “invabiliza qualquer tipo de investidor”

A desistência da NextPlay Capital Holding S.A. colocou um balde de água fria nas pretensões do Paraná Clube em vender a Sociedade Anônuma do Futebol (SAF) ainda neste ano. A empresa, que havia feito uma proposta vinculante, recuou do negócio após a aprovação do novo plano da Recuperação Judicial (RJ) durante a Assembleia Geral dos Credores na última quarta-feira (19).

De acordo com o economista Pedro Weber, que liderava as negociações entre os investidores e o Tricolor, o documento aprovado pelos credores “invabiliza qualquer tipo de participação”.

“O que os credores colocaram, basicamente, no modificativo inviabiliza qualquer tipo de participação, até em um âmbito de leilão. As condições que eles colocaram inviabilizam a venda da SAF separada. Eles colocam o comprador da SAF como solidário para garantir o valor da Kennedy. Pela situação do Paraná hoje, a divisão em que ele está, inviabiliza qualquer tipo de investidor. A gente não entendeu muito o objetivo dos credores neste sentido. Vamos ver se a juíza homologa esse novo modificativo e ficar atento aos próximos passos”, destaca o ex-presidente do Azuriz, que atualmente disputa a elite do Campeonato Paranaense.

“A conversa com o Paraná sempre foi cordial, a diretoria atual está tentando buscar as alternativas no mercado, mas, infelizmente, quem decide hoje são os credores, que são soberanos e têm que buscar soluções alternativas para se trazer esses investidores que vão conseguir atender os clientes deles e dar algum retorno, além de deságios bons para todas as classes”, acrescenta Weber, em entrevista ao UmDois Esportes.

O posicionamento é semelhante ao dado pelo Paraná Clube logo após definição do novo plano. “O texto aprovado gera insegurança jurídica relevante à independência da UPI SAF, afasta potenciais investidores, inviabiliza a construção de qualquer proposta séria e compromete, de forma direta e objetiva, a estabilidade e o desfecho regular do Processo de Recuperação Judicial do Paraná Clube”.

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Após o anúncio dado pelo Tricolor da desistência da NextPlay, a empresa dificilmente vai fazer uma nova proposta pela SAF. Segundo Pedro Weber, não existe um pensamento em comum entre os credores para que haja um acordo que agrade a todas as partes.

“Hoje é difícil, porque a gente não está vendo muito, principalmente os credores que dominam as classes III e IV, interessados numa solução. Sempre sentaram à mesa, mas ninguém se interessou em chegar a algum acordo e discutir alguma coisa que a gente poderia atender. Vamos aguardar o desenrolar da RJ e aguardar algumas alternativas no mercado. É um momento bom para buscar, tem muita oferta e pouco investidor”, diz o economista.

A proposta vinculante da NextPlay se tornou pública em abril, durante entrevista do presidente paranista Ailton Barboza de Souza para o podcast Carneiro & Mafuz. Em outubro, o Tricolor detalhou os valores mínimos para investimento em diversas categorias, com base na proposta vinculante:

  • R$ 42 milhões para o pagamento das dívidas com a Receita Federal e o Banco Central
  • R$ 10 milhões para a construção de centro de treinamento
  • R$ 60 milhões para investimento na Vila Capanema
  • R$ 10 milhões para o futebol em anos sem divisão no Campeonato Brasileiro
  • R$ 21,9 milhões na Série D
  • R$ 28 milhões na Série C
  • R$ 46,8 milhões na Série B
  • R$ 85 milhões na Série A

Apesar da negociação encaminhada nos últimos meses, Weber negou que já estivesse trabalhando no dia a dia do Paraná Clube. “A nossa participação era nenhuma, a gente estava mais aguardando como um processo de compra de empresa normal. Se o modificativo indicado pela maioria da classe 1 (trabalhistas) fosse o aprovado, viabilizaria nossa proposta e poderíamos estar no processo como proponente âncora. Aí sim teríamos espaço para uma construção de um processo de transição num curto espaço de tempo”, afirma.

Como é o novo plano da Recuperação Judicial

O plano aprovado pelos credores, que ainda precisa da aprovação da juíza da RJ, Mariana Gusso, prevê que a venda da SAF do Tricolor e da Sede da Kennedy ocorram através de leilões independentes. Mas a grande divergência foi na forma de pagamento dos credores. O plano defendido pelo Paraná Clube e pelos investidores previa que a dívida fosse quitada exclusivamente com a venda da Sede da Kennedy.

No entanto, para evitar que muitos ficassem sem receber, caso a venda fosse um valor abaixo do esperado, os credores aprovaram que, até a venda definitiva da UPI Kennedy, as cotas da SAF serão a garantia dos credores.

Sem uma proposta na mesa, o Tricolor agora corre contra o tempo para encontrar um investidor por dois motivos: montar um elenco competitivo para a disputa da Segunda Divisão do Campeonato Paranaense e, principalmente, evitar falência. O prazo, no entanto, é curto para viabilizar um novo investidor que cumpra todos os requisitos. Uma nova assembleia está marcada para fevereiro de 2026 para a validação do plano da RJ.

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