Ex-jogador Cláudio Adão conta que advogada sumiu com seus investimentos: 'Era a única economia'

Ex-jogador Cláudio Adão conta que advogada sumiu com seus investimentos: 'Era a única economia' Ídolo dos quatro grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro, o atacante Cláudio Adão, de 70 anos, conta que foi vítima da advogada Joana Prado de Oliveira. A advogada é acusada por jogadores e pelo treinador Oswaldo de Oliveira de fazer, sem autorização, retiradas do FGTS desses profissionais. Ela responde a dois inquéritos na Polícia Federal no Rio de Janeiro. Procurada pelo g1 e pela TV Globo, Joana Prado não se pronunciou. Ao lado da esposa, Paula Barreto, o ex-jogador aceitou contar sobre o que passa com a advogada desde que aceitou a ideia de investir R$ 155 mil com ela. Há um ano, Cláudio Adão vem tentando receber de volta o dinheiro que aplicou. Na última mensagem que enviou para a advogada Joana, há pouco mais de um ano, o ex-jogador disse a ela que a não devolução do dinheiro aplicado agravou a sua crise de pânico. "Já caí três vezes e a questão do dinheiro me faz muito mal e só piora meu quadro. Esse dinheiro é a única economia que eu consegui fazer em toda a minha vida", diz Cláudio Adão. Segundo contam, os problemas do casal começaram em fevereiro de 2022 quando decidiram investir na ideia da advogada. "Ela se aproximou da gente através de amigos. Ela, advogada, trouxe a possibilidade de um investimento um pouco melhor do que um banco. Não era nada tão grande que assustasse", explicou Cláudio Adão. O ex-atacante chegou a fazer um contrato com a advogada para se certificar de que não teria problema. O combinado era que, quando eles quisessem os valores de volta deveriam avisá-la com seis meses de antecedência. "A gente foi aplicando, foi aplicando, tudo que o Cláudio economizava, ganhava cachê, botava para lá. Fazia um trabalho, um evento, botava para lá. Quando a gente pediu o dinheiro de volta, ela teria que nos dar R$ 180 mil em maio de 2024. E chegou o tempo da gente precisar e nós pedimos. Passou seis meses, e ela disse: 'Não tô podendo agora, porque confiscaram tudo da minha conta'", explicou Paula Barreto. Paula Barreto conta que o casal disse à advogada que precisava do dinheiro para arcar com o tratamento de Cláudio Adão, que tem doença de Parkinson. Na ocasião, o casal Cláudio Adão e Paula Barreto tinham se comprometido ainda a ajudar a filha, que precisava pagar despesas médicas nos Estados Unidos. "Nós falamos para ela: a gente está precisando. A gente prometeu ajudar nossa filha, mas não adiantou nada", contou Paula. O ex-jogador de futebol Cláudio Adão Richard Pinheiro/GloboEsporte.com Cláudio Adão completa: "Trouxe um problema muito grande porque eu contava com esse dinheiro, né? Fiz essa aplicação com ela", afirma o ex-jogador. "Me traz a angústia até de perder amizade dela. Era uma pessoa maravilhosa. Uma advogada trabalhando no Botafogo, do meio do esporte e aí começou a enrolar todo mundo, diz Cláudio Adão. Paula Barreto interrompe o marido e conta: "A gente se sente traído. Entrou na nossa família. Era tudo mentira", diz. A resposta de Joana ao ex-jogador veio por uma mensagem de áudio: "Oi, Cláudio, bom dia. É, pois é, eu estou lutando aqui diariamente para resolver essa situação. (...) Mas eu tenho certeza que será resolvido. Nós vamos resolver. Eu faço questão de estarmos juntos pessoalmente". Até esta sexta-feira (8), a situação não foi resolvida. O casal Cláudio Adão e Paula Barreto entrou com uma ação contra a advogada Joana Prado. A indenização e o valor da ação chegam a R$ 180 mil. "A gente acreditou que ela nunca teve dinheiro investido em instituição nenhuma. Que foi tudo blablablá. Tipo uma pirâmide. Ela ia pegando de um, pegando de outro, paga os jurinhos que ela prometeu ali", afirmou Paula Barreto. Advogado reclama pagamento Com o advogado Theotônio Chermmont, o tombo dado por Joana foi de R$ 250 mil, segundo ele. Quando foi demitida do Botafogo, em 2015, Joana Prado contratou Theotonio para processar o clube, já que tinha direito a verbas trabalhistas. O advogado ganhou a causa, mas até hoje não recebeu os honorários. "Ela estava é com bastante pressa de fazer o acordo. No dia seguinte à homologação do acordo, ela, sem nós sabermos, sem nos avisar, sem nos comunicar, deu esse crédito em garantia para um empréstimo", disse. Durante anos atuando no futebol, Joana Prado de Oliveira construiu uma grande rede de contatos. Nas redes sociais, ela mostra uma vida de alto padrão. São viagens e exibição de produtos de consumo de alto poder aquisitivo. Além do Botafogo, onde foi diretora jurídica, Joana Prado atuou em ações pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro. E aos poucos foi conquistando a confiança entre pessoas do esporte. "Ela é uma pessoa que se apresenta muito bem, uma pessoa despachada. Passa uma credibilidade assim: anda vestida com grifes, carro importado, mora muito bem. E você acha que ela é uma milionária, uma advogada de alto sucesso. Isso obviamente ajuda na captação, atração de clientes", explica o advogado Theotônio Chermont de Brito. "Ela leva uma vida de milionária. E depois, lá na frente, você acaba descobrindo que as coisas acontecem de uma maneira diferente", completou o advogado. O que diz Joana Prado A advogada Joana Prado foi procurada pela reportagem do g1 e da TV Globo para uma entrevista pela primeira vez na tarde de quarta-feira (6). Voltou a ser procurada na tarde de quinta-feira (7) e da sexta-feira (8). Enviou apenas uma nota, através de sua assessoria, sobre o caso: A respeito da matéria veiculada nesta data envolvendo o nome da advogada Joana Prado, sua defesa vem a público esclarecer: Joana Prado reconhece que enfrenta dificuldades financeiras, cuja origem está relacionada a um golpe do qual foi vítima. A advogada apresentou notícia-crime à Polícia Federal e aguarda a conclusão das investigações pelas autoridades competentes. Quanto a eventuais falhas em sua gestão profissional, informa que já estão sendo tomadas as providências necessárias para a devida reparação. Lamenta, sinceramente, qualquer transtorno causado a clientes ou parceiros. Reitera-se, com veemência, que não houve má-fé ou intenção de causar prejuízos. Todas as situações estão sendo tratadas com transparência, responsabilidade e seriedade".