Palestinos deixam Cidade de Gaza após Israel dizer que ofensiva começou
Bombardeio israelense na cidade palestina de Jabalia, ao norte da Cidade de Gaza, na quarta-feira (20). AFP/Getty Images via BBC Um grande número de palestinos continua a fugir da Cidade de Gaza depois que o Exército de Israel iniciou as primeiras etapas de uma ofensiva terrestre planejada, segundo autoridades locais. As tropas israelenses estabeleceram uma base nos arredores da cidade — que abriga mais de um milhão de palestinos — após dias de intensos bombardeios e disparos de artilharia. Israel quer sinalizar que está levando adiante seu plano de capturar toda a Cidade de Gaza, apesar das críticas internacionais. Isso levou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a renovar os apelos por um cessar-fogo imediato "para evitar a morte e a destruição" que um ataque "inevitavelmente causaria". Um porta-voz militar disse que as tropas já estavam operando nas regiões de Zeitoun e Jabalia para preparar o terreno para a ofensiva, que o ministro da Defesa, Israel Katz, aprovou na terça-feira (19/08), e que será apresentada ao gabinete de segurança ainda esta semana. Cerca de 60 mil reservistas estão sendo convocados para o início de setembro, a fim de liberar o pessoal da ativa para a operação. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que estava "encurtando os prazos" para tomar o que descreveu como "os últimos redutos do terrorismo" em Gaza. Em comunicado, o Hamas acusou o líder israelense de continuar uma "guerra brutal contra civis inocentes na Cidade de Gaza", e criticou o que chamou de "desprezo" por uma nova proposta de cessar-fogo dos mediadores regionais. Israel ainda não respondeu formalmente à proposta. A expectativa é de que centenas de milhares de palestinos na Cidade de Gaza recebam ordens para se retirar e se dirigir a abrigos no sul de Gaza, à medida que os preparativos para o plano israelense de tomada de controle avançam. Muitos dos aliados de Israel condenaram o plano, com o presidente da França, Emmanuel Macron, alertando na quarta-feira (20/08) que ele "só pode levar ao desastre para ambos os povos, e corre o risco de mergulhar toda a região em um ciclo de guerra permanente". O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou, por sua vez, que novos desalojamentos e uma intensificação das hostilidades "correm o risco de agravar uma situação já catastrófica" para os 2,1 milhões de habitantes de Gaza. O governo de Israel anunciou sua intenção de conquistar toda a Faixa de Gaza depois que as negociações indiretas com o Hamas sobre um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns fracassaram no mês passado. Israel disse que vai assumir o controle da Cidade de Gaza. Getty Images via BBC Em pronunciamento televisionado na quarta-feira, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), brigadeiro-general Effie Defrin, disse que o Hamas estava "devastado e machucado" após 22 meses de guerra. "Vamos aprofundar os danos ao Hamas na Cidade de Gaza, um reduto do terror governamental e militar para a organização terrorista", acrescentou. "Vamos aprofundar os danos à infraestrutura terrorista acima e abaixo do solo, e cortar a dependência da população em relação ao Hamas." Mas Defrin disse que as FDI "não estavam esperando" para iniciar a operação. "Já iniciamos as ações preliminares e, neste momento, as tropas das FDI estão controlando os arredores da Cidade de Gaza." Segundo ele, duas brigadas estavam operando no bairro de Zeitoun, onde nos últimos dias localizaram um túnel subterrâneo que continha armas, e uma terceira brigada estava operando na região de Jabalia. Para "minimizar os danos aos civis," ele disse que a população civil da Cidade de Gaza seria avisada para se retirar para sua segurança. Um porta-voz da Defesa Civil de Gaza, administrada pelo Hamas, Mahmoud Bassal, disse à agência de notícias AFP na terça-feira que a situação era "muito perigosa e insuportável" nos bairros de Zeitoun e Sabra da cidade. A agência noticiou que os ataques e disparos israelenses haviam matado 25 pessoas em todo o território na quarta-feira. Entre elas, três crianças e seus pais, cuja casa na região de Badr, no acampamento de refugiados de Shati, a oeste da Cidade de Gaza, foi bombardeada. Defrin disse que as FDI também estavam fazendo todo o possível para evitar danos aos 50 reféns ainda mantidos pelo Hamas em Gaza, dos quais se acredita que 20 estejam vivos. Suas famílias temem que aqueles que estão na Cidade de Gaza possam estar em perigo devido a uma ofensiva terrestre. O CICV alertou para uma situação catastrófica tanto para os civis palestinos quanto para os reféns se as atividades militares em Gaza se intensificassem. "Após meses de hostilidades implacáveis e repetidos desalojamentos, o povo de Gaza está completamente exausto. O que eles precisam não é de mais pressão, mas de alívio. Não de mais medo, mas de uma chance de respirar. Eles devem ter acesso ao essencial para viver com dignidade: alimentos, suprimentos médicos e de higiene, água potável


Bombardeio israelense na cidade palestina de Jabalia, ao norte da Cidade de Gaza, na quarta-feira (20). AFP/Getty Images via BBC Um grande número de palestinos continua a fugir da Cidade de Gaza depois que o Exército de Israel iniciou as primeiras etapas de uma ofensiva terrestre planejada, segundo autoridades locais. As tropas israelenses estabeleceram uma base nos arredores da cidade — que abriga mais de um milhão de palestinos — após dias de intensos bombardeios e disparos de artilharia. Israel quer sinalizar que está levando adiante seu plano de capturar toda a Cidade de Gaza, apesar das críticas internacionais. Isso levou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a renovar os apelos por um cessar-fogo imediato "para evitar a morte e a destruição" que um ataque "inevitavelmente causaria". Um porta-voz militar disse que as tropas já estavam operando nas regiões de Zeitoun e Jabalia para preparar o terreno para a ofensiva, que o ministro da Defesa, Israel Katz, aprovou na terça-feira (19/08), e que será apresentada ao gabinete de segurança ainda esta semana. Cerca de 60 mil reservistas estão sendo convocados para o início de setembro, a fim de liberar o pessoal da ativa para a operação. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que estava "encurtando os prazos" para tomar o que descreveu como "os últimos redutos do terrorismo" em Gaza. Em comunicado, o Hamas acusou o líder israelense de continuar uma "guerra brutal contra civis inocentes na Cidade de Gaza", e criticou o que chamou de "desprezo" por uma nova proposta de cessar-fogo dos mediadores regionais. Israel ainda não respondeu formalmente à proposta. A expectativa é de que centenas de milhares de palestinos na Cidade de Gaza recebam ordens para se retirar e se dirigir a abrigos no sul de Gaza, à medida que os preparativos para o plano israelense de tomada de controle avançam. Muitos dos aliados de Israel condenaram o plano, com o presidente da França, Emmanuel Macron, alertando na quarta-feira (20/08) que ele "só pode levar ao desastre para ambos os povos, e corre o risco de mergulhar toda a região em um ciclo de guerra permanente". O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou, por sua vez, que novos desalojamentos e uma intensificação das hostilidades "correm o risco de agravar uma situação já catastrófica" para os 2,1 milhões de habitantes de Gaza. O governo de Israel anunciou sua intenção de conquistar toda a Faixa de Gaza depois que as negociações indiretas com o Hamas sobre um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns fracassaram no mês passado. Israel disse que vai assumir o controle da Cidade de Gaza. Getty Images via BBC Em pronunciamento televisionado na quarta-feira, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), brigadeiro-general Effie Defrin, disse que o Hamas estava "devastado e machucado" após 22 meses de guerra. "Vamos aprofundar os danos ao Hamas na Cidade de Gaza, um reduto do terror governamental e militar para a organização terrorista", acrescentou. "Vamos aprofundar os danos à infraestrutura terrorista acima e abaixo do solo, e cortar a dependência da população em relação ao Hamas." Mas Defrin disse que as FDI "não estavam esperando" para iniciar a operação. "Já iniciamos as ações preliminares e, neste momento, as tropas das FDI estão controlando os arredores da Cidade de Gaza." Segundo ele, duas brigadas estavam operando no bairro de Zeitoun, onde nos últimos dias localizaram um túnel subterrâneo que continha armas, e uma terceira brigada estava operando na região de Jabalia. Para "minimizar os danos aos civis," ele disse que a população civil da Cidade de Gaza seria avisada para se retirar para sua segurança. Um porta-voz da Defesa Civil de Gaza, administrada pelo Hamas, Mahmoud Bassal, disse à agência de notícias AFP na terça-feira que a situação era "muito perigosa e insuportável" nos bairros de Zeitoun e Sabra da cidade. A agência noticiou que os ataques e disparos israelenses haviam matado 25 pessoas em todo o território na quarta-feira. Entre elas, três crianças e seus pais, cuja casa na região de Badr, no acampamento de refugiados de Shati, a oeste da Cidade de Gaza, foi bombardeada. Defrin disse que as FDI também estavam fazendo todo o possível para evitar danos aos 50 reféns ainda mantidos pelo Hamas em Gaza, dos quais se acredita que 20 estejam vivos. Suas famílias temem que aqueles que estão na Cidade de Gaza possam estar em perigo devido a uma ofensiva terrestre. O CICV alertou para uma situação catastrófica tanto para os civis palestinos quanto para os reféns se as atividades militares em Gaza se intensificassem. "Após meses de hostilidades implacáveis e repetidos desalojamentos, o povo de Gaza está completamente exausto. O que eles precisam não é de mais pressão, mas de alívio. Não de mais medo, mas de uma chance de respirar. Eles devem ter acesso ao essencial para viver com dignidade: alimentos, suprimentos médicos e de higiene, água potável e abrigo seguro", afirmou a organização em comunicado. "Qualquer intensificação adicional das operações militares só vai aprofundar o sofrimento, desfazer mais famílias e ameaçar uma crise humanitária irreversível. A vida dos reféns também pode ser colocada em risco", acrescentou. O CICV pediu ainda um cessar-fogo imediato e a passagem livre e rápida para assistência humanitária por Gaza. Em paralelo, o secretário-geral da ONU pediu a libertação incondicional dos reféns mantidos pelo Hamas. Há receio de que o plano force o desalojamento de mais palestinos. Getty Images via BBC O Catar e o Egito, que atuam como mediadores, estão tentando garantir um acordo de cessar-fogo, e apresentaram uma nova proposta para uma trégua de 60 dias e a libertação de cerca de metade dos reféns, que o Hamas disse ter aceitado na segunda-feira (18/08). Israel ainda não apresentou uma resposta formal, mas autoridades israelenses insistiram na terça-feira que não aceitariam mais um acordo parcial, e exigiram um acordo abrangente que resultaria na libertação de todos os reféns. Na quarta-feira, o Hamas acusou Netanyahu de desprezar a proposta de cessar-fogo dos mediadores, e disse que ele era o "verdadeiro obstáculo a qualquer acordo", segundo uma declaração citada pela agência de notícias Reuters. As Forças Armadas israelenses lançaram uma campanha militar em Gaza em resposta ao ataque liderado pelo Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 251 foram levadas como reféns. Pelo menos 62.122 pessoas foram mortas em Gaza desde então, de acordo com o Ministério da Saúde do território. Os dados do ministério são citados pela ONU e outras organizações como a fonte mais confiável de estatísticas disponíveis sobre vítimas.