Taxista responsabiliza passageiro por vidro quebrado em tentativa de assalto; Procon diz que é ilegal
Mais de 500 celulares foram roubados ou furtados por dia na cidade de São Paulo em 2024 Um homem chamou um táxi na Avenida Paulista na noite de segunda-feira (25) e, ao entrar no veículo, foi surpreendido com uma placa, fixada em um dos bancos. O texto avisava que o passageiro seria responsabilizado por eventuais prejuízos, caso criminosos quebrassem o vidro do automóvel em uma tentativa de roubo de celular. "É obrigatório o uso do cinto de segurança. Em caso de dano no vidro durante a viagem devido ao uso do celular, o usuário será responsável pelo prejuízo", diz o texto (veja abaixo). ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp A prática, no entanto, é ilegal. O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon) explicou que o prestador de serviço não pode repassar para o consumidor o prejuízo causado por um terceiro. "Para problemas com táxis em São Paulo, capital, o passageiro pode entrar em contato com a prefeitura através do portal SP156 para registrar a reclamação. Para outras cidades, deve-se consultar a prefeitura municipal", disse. No texto, o taxista afirmou que responsabilizaria o passageiro caso de criminosos quebrassem o vidro do automóvel em uma tentativa de roubo de celular. Arquivo pessoal Segundo o Procon, quando se tratar de aplicativos de transporte, o consumidor pode questionar a cobrança indevida diretamente na plataforma. "Em casos de assalto, o Procon-SP recomenda que motorista e passageiro registrem Boletim de Ocorrência." A Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) e o Departamento de Transportes Públicos (DTP) também disseram que taxistas não podem cobrar valores além do que aparece no taxímetro. Segundo os órgãos, motoristas flagrados exigindo taxas indevidas estão sujeitos a multa e até mesmo à apreensão do veículo. O que o consumidor deve fazer em caso de cobranças indevidas ou roubos: Denunciar: podem ser feitas pelo telefone 156. Devem ser informadas a placa do carro, o local e o horário da ocorrência; Acionar a PM: em casos de roubo, a orientação é que passageiro ou taxista acionem imediatamente a Polícia Militar. Em razão da nova tarifa de táxi, a prefeitura informou que está autorizada apenas a afixação, no vidro dos veículos, da tabela de conversão temporária até que o taxímetro seja aferido com os novos valores. Vigente desde 11 de agosto, as tarifas de táxi na cidade de São Paulo tiverem reajuste de 9,17%. Veja novos valores. Furtos e roubos Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), não há dados oficiais sobre a prática de estourar vidros de automóveis para subtrair algum item interno do automóvel, geralmente um celular. No entanto, os crimes de furto e roubos de celulares na cidade de São Paulo representam 18,5% das ocorrências de todo o Brasil. Segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram quase 170 mil aparelhos subtraídos na capital em 2024 — o equivalente a 19 celulares levados por hora. O estudo aponta que os roubos e furtos de celular deixaram de ser um ato isolado e passaram a funcionar como parte de uma cadeia organizada, que inclui receptadores, especialistas em desbloqueio, golpistas digitais e até exportadores de aparelhos. Algo em uma escala quase industrial. Segundo o doutor em Ciência Política Guaracy Mingardi, um dos autores do relatório, essa estrutura funciona como uma linha de produção: "O criminoso da ponta é o elo mais fraco e visível. Assim que rouba o celular, ele repassa para o receptador e logo parte para outro crime", apontou o especialista. Mingardi explica que, após a pandemia de Covid-19, os aparelhos passaram a mediar quase todos os aspectos da vida das pessoas. Isso intensificou o interesse dos criminosos pelos equipamentos, ditando a dinâmica da criminalidade no país, especialmente nos grandes centros urbanos. "Existem pelo menos dois caminhos conhecidos para os celulares roubados: venda local e no exterior do hardware do equipamento ou desmonte e comercialização de suas peças em lojas e assistências técnicas irregulares" O 1º passo é tentar acessar banco e redes sociais da vítima Logo após o crime, o objetivo é acessar dados da vítima, especialmente informações bancárias, senhas e contas de redes sociais. Se o aparelho estiver desbloqueado ou se o criminoso conseguir alterar a senha, os lucros podem ser imediatos. Caso contrário, o serviço fica por conta dos especialistas em desbloqueio, geralmente ligados a organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Quando o golpe não dá certo, entra o “desmonte” ou a exportação Se o uso fraudulento do aparelho não for possível, o crime entra em uma segunda etapa: revenda das peças ou envio para o exterior. A desmontagem é feita em oficinas clandestinas e assistências técnicas que operam fora da legalidade, principalmente no Centro de São Paulo. "Um fenômeno interessante é que as peças dos aparelhos mais novos não têm tanta saída, já que as partes (a tela é a mais vendida) estão disponíveis e, apesar de


Mais de 500 celulares foram roubados ou furtados por dia na cidade de São Paulo em 2024 Um homem chamou um táxi na Avenida Paulista na noite de segunda-feira (25) e, ao entrar no veículo, foi surpreendido com uma placa, fixada em um dos bancos. O texto avisava que o passageiro seria responsabilizado por eventuais prejuízos, caso criminosos quebrassem o vidro do automóvel em uma tentativa de roubo de celular. "É obrigatório o uso do cinto de segurança. Em caso de dano no vidro durante a viagem devido ao uso do celular, o usuário será responsável pelo prejuízo", diz o texto (veja abaixo). ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp A prática, no entanto, é ilegal. O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon) explicou que o prestador de serviço não pode repassar para o consumidor o prejuízo causado por um terceiro. "Para problemas com táxis em São Paulo, capital, o passageiro pode entrar em contato com a prefeitura através do portal SP156 para registrar a reclamação. Para outras cidades, deve-se consultar a prefeitura municipal", disse. No texto, o taxista afirmou que responsabilizaria o passageiro caso de criminosos quebrassem o vidro do automóvel em uma tentativa de roubo de celular. Arquivo pessoal Segundo o Procon, quando se tratar de aplicativos de transporte, o consumidor pode questionar a cobrança indevida diretamente na plataforma. "Em casos de assalto, o Procon-SP recomenda que motorista e passageiro registrem Boletim de Ocorrência." A Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) e o Departamento de Transportes Públicos (DTP) também disseram que taxistas não podem cobrar valores além do que aparece no taxímetro. Segundo os órgãos, motoristas flagrados exigindo taxas indevidas estão sujeitos a multa e até mesmo à apreensão do veículo. O que o consumidor deve fazer em caso de cobranças indevidas ou roubos: Denunciar: podem ser feitas pelo telefone 156. Devem ser informadas a placa do carro, o local e o horário da ocorrência; Acionar a PM: em casos de roubo, a orientação é que passageiro ou taxista acionem imediatamente a Polícia Militar. Em razão da nova tarifa de táxi, a prefeitura informou que está autorizada apenas a afixação, no vidro dos veículos, da tabela de conversão temporária até que o taxímetro seja aferido com os novos valores. Vigente desde 11 de agosto, as tarifas de táxi na cidade de São Paulo tiverem reajuste de 9,17%. Veja novos valores. Furtos e roubos Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), não há dados oficiais sobre a prática de estourar vidros de automóveis para subtrair algum item interno do automóvel, geralmente um celular. No entanto, os crimes de furto e roubos de celulares na cidade de São Paulo representam 18,5% das ocorrências de todo o Brasil. Segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram quase 170 mil aparelhos subtraídos na capital em 2024 — o equivalente a 19 celulares levados por hora. O estudo aponta que os roubos e furtos de celular deixaram de ser um ato isolado e passaram a funcionar como parte de uma cadeia organizada, que inclui receptadores, especialistas em desbloqueio, golpistas digitais e até exportadores de aparelhos. Algo em uma escala quase industrial. Segundo o doutor em Ciência Política Guaracy Mingardi, um dos autores do relatório, essa estrutura funciona como uma linha de produção: "O criminoso da ponta é o elo mais fraco e visível. Assim que rouba o celular, ele repassa para o receptador e logo parte para outro crime", apontou o especialista. Mingardi explica que, após a pandemia de Covid-19, os aparelhos passaram a mediar quase todos os aspectos da vida das pessoas. Isso intensificou o interesse dos criminosos pelos equipamentos, ditando a dinâmica da criminalidade no país, especialmente nos grandes centros urbanos. "Existem pelo menos dois caminhos conhecidos para os celulares roubados: venda local e no exterior do hardware do equipamento ou desmonte e comercialização de suas peças em lojas e assistências técnicas irregulares" O 1º passo é tentar acessar banco e redes sociais da vítima Logo após o crime, o objetivo é acessar dados da vítima, especialmente informações bancárias, senhas e contas de redes sociais. Se o aparelho estiver desbloqueado ou se o criminoso conseguir alterar a senha, os lucros podem ser imediatos. Caso contrário, o serviço fica por conta dos especialistas em desbloqueio, geralmente ligados a organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Quando o golpe não dá certo, entra o “desmonte” ou a exportação Se o uso fraudulento do aparelho não for possível, o crime entra em uma segunda etapa: revenda das peças ou envio para o exterior. A desmontagem é feita em oficinas clandestinas e assistências técnicas que operam fora da legalidade, principalmente no Centro de São Paulo. "Um fenômeno interessante é que as peças dos aparelhos mais novos não têm tanta saída, já que as partes (a tela é a mais vendida) estão disponíveis e, apesar de custarem mais, possuem locais de venda oficiais ou semioficiais. Já para os que não estão mais no mercado, a situação é outra. Segundo lojistas, quando a peça é vendida como similar, tem boa probabilidade de ser legítima; quando ela é original, no entanto, é provável que seja fruto de delito", diz o documento. Marcas ou modelos não mais comercializados no país não têm estoques legítimos, e as empresas nem se interessam por repô-los. Portanto, quem compra uma peça dessas tem grande chance de lidar com mercadoria ilícita. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) afirmou que as forças de segurança seguem atuando no combate à criminalidade na capital paulista. "Os resultados dos primeiros seis meses de 2025 refletem esse trabalho: entre janeiro e junho, os roubos em geral registraram o menor índice em 25 anos, com uma queda de 14,09%, o que representa 8.411 ocorrências a menos em comparação ao mesmo período de 2024." O número de furtos, no entanto, aumentou. Segundo dados da SSP, passaram de 119.112 ocorrências em 2024 para 123.734, no primeiro semestre de 2025. Aumento de 3,8%. O que fazer se seu aparelho foi furtado ou roubado Se já tiver registrado a ocorrência, o próximo passo é aguardar ser contatado pela polícia, caso seu celular esteja entre os recuperados; Não registrou a ocorrência? Então faça o BO pela delegacia eletrônica, que pode ser acessada neste link; Informe, no BO, o número de Imei do aparelho, sigla em inglês para "Identidade Internacional de Equipamento Móvel"), uma espécie de "RG" que identifica cada celular. Isso é primordial; Se não tiver com o número do Imei na hora que fizer o BO, procure na caixa do aparelho ou entre em contato com a operadora, que tem essa informação. O sistema operacional das principais fabricantes (Google, Apple ou Samsung) também ajuda a descobrir o número em poucos passos, como você pode conferir neste link; Quando estiver com o Imei, entre novamente no site da delegacia eletrônica e complemente o BO; Mantenha os dados pessoais atualizados no boletim de ocorrência, pois eles serão usados em uma eventual devolução.