Dyson e Shark fabricam secadores que viralizaram nas redes sociais. Por que eles são tão caros?
Por que alguns secadores de cabelo são tão caros? PlayStation 5, iPhone, Ferrari. Todos esses objetos de desejo são comparáveis em status aos secadores de cabelo das marcas Dyson (inglesa) e Shark (americana), que viralizaram nas redes sociais recentemente. Eles ficaram populares por secar e modelar rapidamente os cabelos, com a promessa de evitar danificar os fios. E pelo preço bem alto. O Dyson Supersonic saía por R$ 5.000, e o Shark SpeedStyle, por R$ 2.000, nas lojas da internet no começo de agosto. Os dois modelos foram lançados recentemente no Brasil. Para comparação, um secador "normal" custava por volta de R$ 180 (ou até menos). ✅Clique aqui para seguir o canal do Guia de Compras do g1 no WhatsApp Mas o que esses produtos têm de tão diferente para justificar os valores altos? A resposta simples é “tecnologia”. A mais complexa envolve terras raras. No TikTok, Dyson e Shark competem pelo título de melhor secador – ou será o mais caro? TikTok/Reprodução Ayrton Peel, engenheiro-chefe de inovação e design da Dyson, explicou que o motor do Supersonic é um “motor digital” de somente 27 milímetros de diâmetro. O motor fica instalado na parte inferior do cabo, sugando o ar por essa parte do secador e fazendo o motor girar em alta velocidade. Para a Dyson, isso ajuda a deixar o produto mais fácil de usar, pela questão de ergonomia. Só que o termo “motor digital” não quer dizer muita coisa. Segundo a professora de engenharia elétrica Milene Galeti, do Centro Universitário FEI, é apenas um nome moderno para o motor “brushless” (sem escovas internas). Esse tipo de motor é mais durável, silencioso e potente do que os utilizados em secadores convencionais. Mas, que, no mundo dos eletrodomésticos, não é novidade – só é mais caro. “Ele precisa de controle digital, um circuito eletrônico que ativa as funcionalidades”, diz Galeti. Dentre essas funções estão o controle do fluxo de ar e de temperatura presentes nos modelos da Dyson e da Shark, que acaba deixando esse tipo de produto com mais aura de “premium”. Para comparação, outros produtos como drones e aspiradores de última geração usam motores como o do Supersonic. Esses motores “digitais” utilizam ímãs de neodímio em sua parte interna, que ajudam a aumentar o preço. O neodímio é um dos elementos presentes nas chamadas terras raras, tema que se tornou uma constante no noticiário recente por conta do interesse dos Estados Unidos. As terras raras são minerais compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, incluindo o neodímio. Reprodução/Jornal Nacional Como é nos secadores comuns? Secadores convencionais – daqueles mais baratos e barulhentos – usam motores universais, mais baratos de produzir, mas que se desgastam mais rápido na comparação com os "brushless". Por conta disso, acabam precisando de reparos. Ou até mesmo a troca do secador com mais frequência. Eles não usam processadores ou alta tecnologia para controle de fluxo de ar, ou calor. Seu design se resume ao motor para puxar o ar e uma resistência para aquecer. Independentemente da tecnologia, eles fazem o mesmo que os "digitais": secar o cabelo. Ah, sim, o consumo de energia é parecido, independentemente do tipo de secador. O Dyson Supersonic tem 1.600W de potência. O Shark SpeedStyle, 1.700W. São valores similares aos encontrados nos secadores convencionais. Circulação de ar Secadores Dyson Supersonic (à esquerda) e Shark SpeedStyle (à direita): por que são tão caros? Henrique Martin/g1 Além do motor, os secadores da Dyson e da Shark utilizam mecanismos proprietários (feitos pela própria empresa) que conduzem o ar dentro do equipamento – e isso também ajuda a encarecer o produto. No secador da Dyson, segundo Peel, é uma tecnologia chamada de “multiplicação de ar”. Ele explica que o vento que sai do anel na frente do secador atrai mais ar através do orifício central. “Isso resulta em um fluxo amplificado, que ajuda a secar o cabelo mais rápido”, afirmou o engenheiro. Os secadores também utilizam sensores para medir a temperatura em tempo real durante o uso do produto. Dyson Supersonic: secador permite controlar velocidade e temperatura do ar Henrique Martin/g1 A Shark diz que o SpeedStyle “mede e regula a temperatura mil vezes por segundo”. Tudo para tentar evitar danos aos fios de cabelo. Shark SpeedStyle: secador também permite controle de temperatura e velocidade do ar Henrique Martin/g1 Some a tudo isso o gasto com pesquisa e desenvolvimento para inventar e testar esses produtos diferentes – a Dyson diz ter gasto 40 mil libras (quase R$ 300 mil) apenas em cabelo humano real para avaliar os produtos nos laboratórios. "Acaba se tornando um produto que é mais caro, mas que inclui muito mais recursos tecnológicos", afirma Hervè Baurez, responsável pelo marketing da Shark Beauty (dona da Shark) na América Latina. Adicione ainda os impostos de importação, já que nem Dyson, nem Shark têm fábricas no Brasil, e temos a receita para um secador de R$ 2.000 ou mais. ⚠️ Aten


Por que alguns secadores de cabelo são tão caros? PlayStation 5, iPhone, Ferrari. Todos esses objetos de desejo são comparáveis em status aos secadores de cabelo das marcas Dyson (inglesa) e Shark (americana), que viralizaram nas redes sociais recentemente. Eles ficaram populares por secar e modelar rapidamente os cabelos, com a promessa de evitar danificar os fios. E pelo preço bem alto. O Dyson Supersonic saía por R$ 5.000, e o Shark SpeedStyle, por R$ 2.000, nas lojas da internet no começo de agosto. Os dois modelos foram lançados recentemente no Brasil. Para comparação, um secador "normal" custava por volta de R$ 180 (ou até menos). ✅Clique aqui para seguir o canal do Guia de Compras do g1 no WhatsApp Mas o que esses produtos têm de tão diferente para justificar os valores altos? A resposta simples é “tecnologia”. A mais complexa envolve terras raras. No TikTok, Dyson e Shark competem pelo título de melhor secador – ou será o mais caro? TikTok/Reprodução Ayrton Peel, engenheiro-chefe de inovação e design da Dyson, explicou que o motor do Supersonic é um “motor digital” de somente 27 milímetros de diâmetro. O motor fica instalado na parte inferior do cabo, sugando o ar por essa parte do secador e fazendo o motor girar em alta velocidade. Para a Dyson, isso ajuda a deixar o produto mais fácil de usar, pela questão de ergonomia. Só que o termo “motor digital” não quer dizer muita coisa. Segundo a professora de engenharia elétrica Milene Galeti, do Centro Universitário FEI, é apenas um nome moderno para o motor “brushless” (sem escovas internas). Esse tipo de motor é mais durável, silencioso e potente do que os utilizados em secadores convencionais. Mas, que, no mundo dos eletrodomésticos, não é novidade – só é mais caro. “Ele precisa de controle digital, um circuito eletrônico que ativa as funcionalidades”, diz Galeti. Dentre essas funções estão o controle do fluxo de ar e de temperatura presentes nos modelos da Dyson e da Shark, que acaba deixando esse tipo de produto com mais aura de “premium”. Para comparação, outros produtos como drones e aspiradores de última geração usam motores como o do Supersonic. Esses motores “digitais” utilizam ímãs de neodímio em sua parte interna, que ajudam a aumentar o preço. O neodímio é um dos elementos presentes nas chamadas terras raras, tema que se tornou uma constante no noticiário recente por conta do interesse dos Estados Unidos. As terras raras são minerais compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, incluindo o neodímio. Reprodução/Jornal Nacional Como é nos secadores comuns? Secadores convencionais – daqueles mais baratos e barulhentos – usam motores universais, mais baratos de produzir, mas que se desgastam mais rápido na comparação com os "brushless". Por conta disso, acabam precisando de reparos. Ou até mesmo a troca do secador com mais frequência. Eles não usam processadores ou alta tecnologia para controle de fluxo de ar, ou calor. Seu design se resume ao motor para puxar o ar e uma resistência para aquecer. Independentemente da tecnologia, eles fazem o mesmo que os "digitais": secar o cabelo. Ah, sim, o consumo de energia é parecido, independentemente do tipo de secador. O Dyson Supersonic tem 1.600W de potência. O Shark SpeedStyle, 1.700W. São valores similares aos encontrados nos secadores convencionais. Circulação de ar Secadores Dyson Supersonic (à esquerda) e Shark SpeedStyle (à direita): por que são tão caros? Henrique Martin/g1 Além do motor, os secadores da Dyson e da Shark utilizam mecanismos proprietários (feitos pela própria empresa) que conduzem o ar dentro do equipamento – e isso também ajuda a encarecer o produto. No secador da Dyson, segundo Peel, é uma tecnologia chamada de “multiplicação de ar”. Ele explica que o vento que sai do anel na frente do secador atrai mais ar através do orifício central. “Isso resulta em um fluxo amplificado, que ajuda a secar o cabelo mais rápido”, afirmou o engenheiro. Os secadores também utilizam sensores para medir a temperatura em tempo real durante o uso do produto. Dyson Supersonic: secador permite controlar velocidade e temperatura do ar Henrique Martin/g1 A Shark diz que o SpeedStyle “mede e regula a temperatura mil vezes por segundo”. Tudo para tentar evitar danos aos fios de cabelo. Shark SpeedStyle: secador também permite controle de temperatura e velocidade do ar Henrique Martin/g1 Some a tudo isso o gasto com pesquisa e desenvolvimento para inventar e testar esses produtos diferentes – a Dyson diz ter gasto 40 mil libras (quase R$ 300 mil) apenas em cabelo humano real para avaliar os produtos nos laboratórios. "Acaba se tornando um produto que é mais caro, mas que inclui muito mais recursos tecnológicos", afirma Hervè Baurez, responsável pelo marketing da Shark Beauty (dona da Shark) na América Latina. Adicione ainda os impostos de importação, já que nem Dyson, nem Shark têm fábricas no Brasil, e temos a receita para um secador de R$ 2.000 ou mais. ⚠️ Atenção: é comum ver reclamações nas redes sociais de pessoas que compraram o item no exterior e não conseguem usar no Brasil, porque os produtos não são bivolt. As opções são de 127V ou 220V apenas e é preciso prestar atenção se são compatíveis com a voltagem da sua cidade. Veja a seguir uma lista de 9 secadores – convencionais ou “digitais” – à venda nas lojas da internet no começo de agosto. Os preços iam de R$ 180 a R$ 5.000. BaBylissPro Nano Titanium Portofino Dyson Supersonic Gama IQ3 Perfetto Mondial By Juliette Panasonic Nanocare Philco PSC3600 Philips Essential BHC010 Shark SpeedStyle Taiff Turbe Digital Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. Esclarecemos que a Globo não possui qualquer controle ou responsabilidade acerca da eventual experiência de compra, mesmo que a partir dos links disponibilizados. Questionamentos ou reclamações em relação ao produto adquirido e/ou processo de compra, pagamento e entrega deverão ser direcionados diretamente ao lojista responsável. Celulares dobráveis em 2025: mais opções, mas bem mais caros