Lula não esperava carta de Trump, e governo prepara reação nas redes: 'Bolsonaro quer taxar o Brasil'

Presidente demonstrou surpresa com o tom da carta do republicano e, nos bastidores, aliados preparam mote de enfrentamento à oposição nas redes sociais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi pego de surpresa pela carta enviada por Donald Trump nesta quarta-feira (9), segundo relatos de auxiliares próximos que participaram das conversas no Palácio do Planalto. A avaliação interna é de que o tom da mensagem do republicano foi mais duro do que o esperado, com ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo brasileiro. Por isso, a resposta de Lula foi cuidadosamente construída para rebater ponto a ponto: reafirmar a soberania do Judiciário, defender a independência institucional do país e corrigir, com dados oficiais dos EUA, a informação de que os americanos têm déficit comercial com o Brasil — o que, segundo o governo, é falso. Além da nota formal, integrantes do governo e do PT preparam uma reação nas redes sociais, com um mote já em circulação nos bastidores: “Lula quer taxar os super-ricos. Bolsonaro quer taxar o Brasil.” A frase deve ser explorada por perfis aliados, parlamentares da base e redes do PT para fazer frente à narrativa já em curso no bolsonarismo, que tenta atribuir ao governo Lula a culpa pelo tarifaço anunciado por Trump — que impôs alíquota de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Dentro do governo, a percepção é de que o bolsonarismo está “batendo bumbo” e tentando colar em Lula a responsabilidade pela medida americana. A estratégia agora, segundo assessores, é deixar claro que quem agiu nos bastidores para acionar Trump foi o entorno de Jair Bolsonaro, especialmente o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que publicou uma carta nesta tarde defendendo a decisão do republicano. Embora o presidente Lula e o Planalto não devam assumir formalmente o mote, a ideia é que as redes assumam esse enfrentamento com força, sobretudo como forma de desvincular o governo de uma medida que atinge negativamente a economia brasileira como um todo. O Planalto vê nessa ofensiva uma tentativa de usar a retaliação de Trump como ferramenta de campanha política no Brasil, e avalia que a melhor resposta é expor a contradição: Lula tributa os mais ricos, enquanto Bolsonaro abriu caminho para que o país inteiro fosse taxado.

Jul 9, 2025 - 20:30
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Lula não esperava carta de Trump, e governo prepara reação nas redes: 'Bolsonaro quer taxar o Brasil'
Presidente demonstrou surpresa com o tom da carta do republicano e, nos bastidores, aliados preparam mote de enfrentamento à oposição nas redes sociais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi pego de surpresa pela carta enviada por Donald Trump nesta quarta-feira (9), segundo relatos de auxiliares próximos que participaram das conversas no Palácio do Planalto. A avaliação interna é de que o tom da mensagem do republicano foi mais duro do que o esperado, com ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo brasileiro. Por isso, a resposta de Lula foi cuidadosamente construída para rebater ponto a ponto: reafirmar a soberania do Judiciário, defender a independência institucional do país e corrigir, com dados oficiais dos EUA, a informação de que os americanos têm déficit comercial com o Brasil — o que, segundo o governo, é falso. Além da nota formal, integrantes do governo e do PT preparam uma reação nas redes sociais, com um mote já em circulação nos bastidores: “Lula quer taxar os super-ricos. Bolsonaro quer taxar o Brasil.” A frase deve ser explorada por perfis aliados, parlamentares da base e redes do PT para fazer frente à narrativa já em curso no bolsonarismo, que tenta atribuir ao governo Lula a culpa pelo tarifaço anunciado por Trump — que impôs alíquota de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Dentro do governo, a percepção é de que o bolsonarismo está “batendo bumbo” e tentando colar em Lula a responsabilidade pela medida americana. A estratégia agora, segundo assessores, é deixar claro que quem agiu nos bastidores para acionar Trump foi o entorno de Jair Bolsonaro, especialmente o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que publicou uma carta nesta tarde defendendo a decisão do republicano. Embora o presidente Lula e o Planalto não devam assumir formalmente o mote, a ideia é que as redes assumam esse enfrentamento com força, sobretudo como forma de desvincular o governo de uma medida que atinge negativamente a economia brasileira como um todo. O Planalto vê nessa ofensiva uma tentativa de usar a retaliação de Trump como ferramenta de campanha política no Brasil, e avalia que a melhor resposta é expor a contradição: Lula tributa os mais ricos, enquanto Bolsonaro abriu caminho para que o país inteiro fosse taxado.