Brasileira vítima de Jeffrey Epstein fala ao Fantástico: ‘Perdi a noção do que era certo ou errado’
'Cinco a dez meninas por dia': vítima brasileira conta como conheceu Jeffrey Epstein
A brasileira Marina Lacerda, de 37 anos, falou ao Fantástico sobre os abusos que sofreu do financista Jeffrey Epstein, acusado de comandar um dos maiores esquemas de pedofilia e tráfico humano dos Estados Unidos.
Neste mês, ela também depôs no Congresso americano e, pela primeira vez, contou em público o que viveu. Ao lado de outras vítimas, relatou que tinha 14 anos quando começou a ser violentada na mansão de Epstein, em Nova Iorque.
Mineira de Belo Horizonte, Marina se mudou para os Estados Unidos ainda criança, em 1996, com a mãe e outros familiares. Cresceu no Queens, onde sofreu bullying na escola e, ainda na infância, foi abusada por um homem da família.
O primeiro contato
Aos 14 anos, Marina foi levada por uma amiga à mansão de Epstein, um imóvel de sete andares avaliado em R$ 480 milhões (US$ 88 milhões), a poucos metros do Central Park. “Olhei para aquela porta enorme e pensei: 'Uau, o que é isso?' Não esperava tanto luxo”, relembrou.
Foi ali que conheceu o financista. Segundo Marina, a proposta era simples: uma massagem em troca de dinheiro.
“Ele tinha um quarto de massagem, um quarto escuro, sem janelas. Só tinha uma cama e uma prateleira cheia de cremes”, contou.
"Ele chegou e falou: 'Oi, eu sou o Jeffrey', e começou a conversar comigo. 'Quantos anos você tem', 'de onde você é'... começou a perguntar da minha vida, e eu comecei a responder", afirmou.
Inicialmente, os encontros eram apresentados como sessões de massagem. Poucos meses depois, se transformaram em relações sexuais pagas, que eram, na prática, estupros.
"As coisas começaram a piorar. Começou tirando a blusa. Depois, o sutiã. Depois de tirar o sutiã, ele começava a se tocar, aí começou a me tocar, e foi evoluindo. Não sei como aceitei isso, mas eu aceitei", afirmou.
“Perdi a sensibilidade do era certo ou errado em termos de sexo ou abuso. Ele me via duas ou três vezes por semana. Depois passou a me pedir que levasse amigas”, disse.
Segundo os investigadores, o esquema funcionava em rede: cada adolescente tinha que apresentar outras meninas. Estima-se que o número de vítimas ultrapasse mil. “O Jeffrey tinha dias em que via de cinco a dez meninas”, relatou Marina ao Fantástico.
Ela foi dispensada por Epstein aos 17 anos.
“Ele disse que eu estava ficando velha e não tinha mais interesse.”
Pouco depois, foi procurada pelo FBI. Em 2008, o financista conseguiu um acordo judicial que lhe garantiu apenas 13 meses de prisão na Flórida.
Em 2018, novos procuradores em Nova Iorque retomaram as investigações e ouviram Marina novamente. Reconhecida pelo FBI como “vítima menor número um”, ela deu informações que foram decisivas para a prisão de Epstein em 2019. Pouco depois, ele foi encontrado morto na cela.
A parceira dele, Ghislaine Maxwell, foi julgada e condenada a 20 anos de prisão por abusar de menores. Parte da documentação do caso, no entanto, segue sob sigilo da Justiça americana.
Hoje, Marina vive em Nova Iorque e diz que decidiu contar sua história para encorajar outras mulheres.
“Use a sua voz. Não tenha vergonha. Não tenha medo. Esqueça o que os outros pensam. A paz é a coisa mais importante que existe na vida.”
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Neste mês, ela também depôs no Congresso americano e, pela primeira vez, contou em público o que viveu. Ao lado de outras vítimas, relatou que tinha 14 anos quando começou a ser violentada na mansão de Epstein, em Nova Iorque.
Mineira de Belo Horizonte, Marina se mudou para os Estados Unidos ainda criança, em 1996, com a mãe e outros familiares. Cresceu no Queens, onde sofreu bullying na escola e, ainda na infância, foi abusada por um homem da família.
O primeiro contato
Aos 14 anos, Marina foi levada por uma amiga à mansão de Epstein, um imóvel de sete andares avaliado em R$ 480 milhões (US$ 88 milhões), a poucos metros do Central Park. “Olhei para aquela porta enorme e pensei: 'Uau, o que é isso?' Não esperava tanto luxo”, relembrou.
Foi ali que conheceu o financista. Segundo Marina, a proposta era simples: uma massagem em troca de dinheiro.
“Ele tinha um quarto de massagem, um quarto escuro, sem janelas. Só tinha uma cama e uma prateleira cheia de cremes”, contou.
"Ele chegou e falou: 'Oi, eu sou o Jeffrey', e começou a conversar comigo. 'Quantos anos você tem', 'de onde você é'... começou a perguntar da minha vida, e eu comecei a responder", afirmou.
Inicialmente, os encontros eram apresentados como sessões de massagem. Poucos meses depois, se transformaram em relações sexuais pagas, que eram, na prática, estupros.
"As coisas começaram a piorar. Começou tirando a blusa. Depois, o sutiã. Depois de tirar o sutiã, ele começava a se tocar, aí começou a me tocar, e foi evoluindo. Não sei como aceitei isso, mas eu aceitei", afirmou.
“Perdi a sensibilidade do era certo ou errado em termos de sexo ou abuso. Ele me via duas ou três vezes por semana. Depois passou a me pedir que levasse amigas”, disse.
Segundo os investigadores, o esquema funcionava em rede: cada adolescente tinha que apresentar outras meninas. Estima-se que o número de vítimas ultrapasse mil. “O Jeffrey tinha dias em que via de cinco a dez meninas”, relatou Marina ao Fantástico.
Ela foi dispensada por Epstein aos 17 anos.
“Ele disse que eu estava ficando velha e não tinha mais interesse.”
Pouco depois, foi procurada pelo FBI. Em 2008, o financista conseguiu um acordo judicial que lhe garantiu apenas 13 meses de prisão na Flórida.
Em 2018, novos procuradores em Nova Iorque retomaram as investigações e ouviram Marina novamente. Reconhecida pelo FBI como “vítima menor número um”, ela deu informações que foram decisivas para a prisão de Epstein em 2019. Pouco depois, ele foi encontrado morto na cela.
A parceira dele, Ghislaine Maxwell, foi julgada e condenada a 20 anos de prisão por abusar de menores. Parte da documentação do caso, no entanto, segue sob sigilo da Justiça americana.
Hoje, Marina vive em Nova Iorque e diz que decidiu contar sua história para encorajar outras mulheres.
“Use a sua voz. Não tenha vergonha. Não tenha medo. Esqueça o que os outros pensam. A paz é a coisa mais importante que existe na vida.”
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